sexta-feira, 14 de setembro de 2012

LIÇÃO 12 - AS DORES DO ABANDONO

O termo “abandono” deriva-se do hebraico ‘azabh e do grego enkataleypo, deixar, retirar, deixar de mão, deixar para trás em algum lugar.
O abandono é uma realidade da qual nenhum filho de Deus está isento de vivenciar.
O Abandono dos Amigos
Procura vir ter comigo depressa. Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica; Crescente, para a Galácia, Tito, para a Dalmácia. Só Lucas está comigo. Toma Marcos e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério. Também enviei Tíquico a Éfeso. Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos. (2 Tm 4.9-13)
 
São várias as causas dos amigos nos abandonarem. Dentre elas podemos citar:
- Quando somos objetos de perseguição ou rejeição por nossa postura contrária aos padrões que não se conformam com a Palavra. O medo de comprometimento, do sofrimento, da retaliação e de coisas semelhantes faz com eles queiram distancia, e até fazem de conta que não nos conhecem.
- Quando perdemos prestígio ao sermos destituídos de cargos e honrarias. Os falsos amigos nos valorizam apenas por aquelas posições de honra que alcançamos.
- Quando passamos por crises financeiras. Os falsos amigos nos valorizam por quanto temos. Atentam apenas para a possibilidade de desfrutar do dinheiro que ganhamos, do que ele pode proporcionar.
- Quando ficamos enfermos e doentes. Não são poucos os casos de amigos que nos abandonam quando adoecemos, quando temos que passar por períodos de tratamento e internamento hospitalar.
- Quando caímos em pecado, mesmo arrependidos e reconciliados. Os falsos amigos não são misericordiosos e se acham acima de qualquer possibilidade de tropeço. Se acham pessoas de primeira classe espiritual, imunes ao pecado. Na realidade não passam de hipócritas, que com o pecado alheio tentam desviar o foco de suas próprias concupiscências e pecados secretos.
O exemplo de Paulo nos ensina que as possibilidades acima existem também nas relações ministeriais, entre obreiros e líderes.
O pedido de Paulo reflete sua plena humanidade. Ele pede que Lucas venha depressa, o que aponta para a sua necessidade de conforto, amizade verdadeira e companheirismo, principalmente em momentos de extrema adversidade, onde ficamos emocionalmente instáveis.
Quando abandonados, não devemos desesperar da vida. Em meio ao desamparo, podemos desfrutar de momentos com Deus, de crescimento através da leitura e dos estudos, e de profícua produção literária. As adversidades podem ser transformadas em oportunidades.
O Abandono da Família
A família pode nos abandonar pelos mesmos motivos que os amigos. A Bíblia é clara quando trata da responsabilidade mútua nas relações familiares:
- Quem não governa bem (cuida, administra, etc.) a sua casa, não serve para ser obreiro e líder na igreja (1 Tm 3.4-5).
- As viúvas devem ser amparadas e cuidadas pelos seus familiares (filhos ou netos), pois isso agrada ao Senhor (1 Tm 5.4).
- Quem não cuida dos seus, principalmente dos familiares, negou a fé e é pior que o infiel (1 Tm 5.8).
Na vida em família, os principais casos de abandono acontecem com os idosos. No momento em que precisam mais de amparo são largados em asilos, ou isolados em fundos de quintais. Precisamos tratar os velhos como gostaríamos de ser tratados na velhice.
Os pais de amparar os filhos.
Os cônjuges devem cuidar um do outro.
Vivemos em família e em sociedade para promover o amparo ao próximo (Lc 10.25-37).
Deus não nos Desampara ou Abandona
O amparo divino é um tema bastante recorrente nas Escrituras:
- A misericórdia de Deus faz com que ele não desempare seus filhos, quando estes se voltam para Ele em oração, e deixam os seus pecados (Dt 4.30-31). Sua bondade e sua misericórdia em torno das alianças que em graça faz com os seus filhos, o leva a poupá-los da destruição.
- A fidelidade de Deus garante o seu amparo àqueles por Ele comissionados para fazer a sua obra (Js 1.5). Ao comissionar Josué, o sucessor de Moisés, a presença constante do Senhor seria a garantia de suas vitórias e conquistas.
- Quem conhece a Deus sabe que Ele nunca desampara os que o buscam (Sl 9.10). Conhecer a Deus implica em desfrutar de um relacionamento de amizade e intimidade com Ele.
- Quando pai e mãe nos desamparam, o Senhor nos recolhe em sua proteção (Sl 27.10)
- O reto juízo de Deus o leva a não desamparar os seus santos. Estes são preservados para sempre (Sl 37.28).
- O apóstolo Paulo tinha convicção do amparo divino diante das adversidades da vida (2 Co 4.8-9).
O Sentimento de Abandono
Apesar de termos a certeza de que Deus não nos desampara, o sentimento de desamparo ou abandono pode se apoderar de nós.
Davi, que escreveu sobre o amparo divino, teve os seus momentos de crise:
[Salmo de Davi para o cantor-mor, sobre Aijelete-Hás-Saar] Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas das palavras do meu bramido e não me auxilias? (Sl 22.1)
Observarei os teus estatutos; não me desampares totalmente. (Sl 119.8)
Mas os meus olhos te contemplam, ó Deus, SENHOR; em ti confio; não desampares a minha alma. (Sl 41.8)
Os textos acima, longe de afirmarem a possibilidade de Deus desamparar, ou de amparar seus filhos parcialmente, são apenas demonstrações dos temores humanos.
Jesus, citando o salmo messiânico de Davi, também verbalizou o seu sentimento de desamparo, quando na cruz morria por causa dos nossos pecados:
E, perto da hora nona, exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lemá sabactâni, isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? (Mt 27.46)
Podemos nos sentir desamparados ou abandonados pelo Pai celestial, mas é apenas sentimento. O seu silêncio e a sua aparente falta de ação não são sinais de descaso ou de abandono. Nem sempre percebemos, mas podemos ter a certeza, e isso com base em sua Palavra, de que Ele trabalha para aquele que nele espera (Is 64.4).
Não vivemos por aquilo que sentimos, mas por aquilo que o Pai diz. Sua palavra é a verdade (Jo 17.17). Creia que você está debaixo do seu amparo e dos seus cuidados!

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