sexta-feira, 28 de novembro de 2014

LIÇÃO 09 – O PRENÚNCIO DO TEMPO DO FIM

(Dn 8.1,3-11)

INTRODUÇÃO
            O livro de Daniel é um tratado de Escatologia histórica e profética. Nele encontramos diversas profecias acerca do “tempo do fim” (Dn 8.17,19; 11.6,13,27,35,40; 12.4,9). No capítulo 2 a Pérsia e a Grécia são simbolizadas pelos braços de prata e ventre de cobre; no capítulo 7 elas são simbolizadas por um urso com três costelas em sua boca e um leopardo com quatro asas e quatro cabeças; já no capítulo 8, ele descreve uma visão de um carneiro e um bode, que representam também essas duas potências. Nesta visão, estes dois animais domésticos, exibem  de forma precisa o surgimento, ascensão e queda destes impérios como veremos a seguir.

I –  A VISÃO DE UM CARNEIRO: O IMPÉRIO MEDO-PERSA

1.1 A Época e local da visão (Dn 8.1,2). Cronologicamente, este capítulo vem antes do 5. O capítulo 8 tem lugar no ano terceiro de Belsazar, ao passo que o capítulo 5, como já vimos, marcou o final do governo de Belsazar (Dn 5.30). Portanto, quando esta visão ocorreu a Daniel, o seu povo continuava exilado em Babilônia. A visão ocorreu em Susã, que era a capital de Elão e a residência de inverno dos reis persas. Aí tem lugar a história de Neemias e Ester. A visão ocorreu próximo ao rio Ulai, que é modernamente chamado de Chapur (GILBERTO, 2010, p. 41).

1.2 “E levantei os meus olhos e vi, e eis que um carneiro estava diante do rio...” (8.3). Esse carneiro representa a segunda potência mundial, a saber, o Império Medo-persa (Dn 8.20). Ele tinha dois chifres (Almeida Revista e Atualizada), ou pontas (Almeida Revista e Corrigida), que representavam, exatamente, a união dos dois povos, a saber, os medos e os persas. O chifre que subiu por último representa a Pérsia, a qual se tornou o reino dominante com a subida de Ciro ao trono. “Daniel contempla na sua visão da noite, que o audacioso carneiro se encontrava “diante do rio”. Isso descreve o momento em que o general Ciro, comandando seus exércitos medo-persas já se encontrava as margens do rio Ulai preparando-se para o “assalto” a Babilônia” (SILVA, 1986, p. 150). 

1.3 “Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte e para o meio dia; e nenhum dos animais lhe podiam estar diante dele... ” (Dn 8.4). A expressão “dar marradas” significa bater forte com a cabeça. Esta profecia anuncia as conquistas do império medo-persa, que guerreou fortemente contra o ocidente (Babilônia); contra o norte (Lídia) e contra o sul, descrito no texto como “meio dia” referindo-se ao (Egito). Essa é também a interpretação das três costelas na boca do urso (Dn 7.5). “Ciro, não só conquistou as potências acima mencionadas, mas ainda todas as demais nações daqueles dias. Foi, realmente o que diz e representa a visão contemplada: “Nenhuns dos animais [povos e reinos] podiam estar diante dele” (SILVA, 1986, p. 151 – acréscimo nosso).

1.4 “... e ele fazia conforme a sua vontade e se engrandecia” (Dn 8.4b). Em 550 a.C., Ciro, o persa, se rebelou contra os medos, que até então detinha o poder e se tornou cabeça dos dois povos; esse acontecimento fez com que a Pérsia se elevasse sobre a Média. Esse também é o significado das passagens registradas em Daniel 7.5, onde lemos que o urso “se levantou sobre um dos seus lados”; e de Daniel 8.3 onde lemos que um chifre era “mais alto que o outro; e o mais alto subiu por último”.

II – A VISÃO DE UM BODE: O IMPÉRIO GREGO

2.1 “E, estando eu considerando, eis que um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; e aquele bode tinha um chifre notável entre os olhos” (Dn 8.5). Este bode representa o reino da Grécia (Dn 8.5-8,21). Daniel descreveu que ele vinha “sem tocar no chão”. Isso significa que não houve dificuldade ou barreira durante o rápido processo de conquistas realizadas pelo Império Grego. “O “chifre notável entre os olhos” representava Alexandre o Grande. A história diz que Alexandre, quando jovem, educou-se aos pês de Aristóteles, como Paulo aos pés de Gamaliel (At 22.3). Aristóteles foi discípulo de Platão. Juntos, esses dois filósofos eram chamados de “os dois olhos da Grécia” (SILVA, 1986, p. 152 – acréscimo nosso).

2.2 “Dirigiu-se ao carneiro que tinha as duas pontas, ao qual eu tinha visto diante do rio; e correu contra ele com todo o ímpeto da sua força. [...] e feriu o carneiro e lhe quebrou as duas pontas [...] e o lançou por terra  e o pisou aos pés; não houve quem pudesse livrar o carneiro da sua mão” (Dn 8.6,7). Daniel descreve uma profecia que já teve seu cumprimento na história, a saber, o império Grego simbolizado pelo bode, guerreando contra o império Persa, simbolizado por um carneiro. O poderoso bode não apenas feriu o carneiro como também lhe quebrou ambos os chifres. “O presente versículo foi escrito antes de seu cumprimento (talvez 200 anos antes). Alexandre combateu, de fato, o Império Medo-persa, mais ou menos em 331 a.C. E esta profecia foi escrita por Daniel, mais ou menos em 539 a.C.                 É uma predição notável o choque de dois Impérios  mundiais” (SILVA, 1986, p. 153 – acréscimo nosso).
2.3 “E o bode se engrandeceu em grande maneira; mas, estando na sua maior força, aquela  grande ponta foi quebrada; e subiram no seu lugar quatro também notáveis, para os quatro ventos do céu” (Dn 8.8). A grande ponta, como já vimos, diz respeito a Alexandre, o Grande, “um dos guerreiros mais brilhantes dos tempos antigos. Ele foi rei da Macedônia, fundador do helenismo, gênio militar e propagador da cultura grega e grande imperador grego. Em doze anos de reinado Alexandre tinha o mundo a seus pés. Morreu em 323 a.C., em Babilônia, aos 33 anos de idade. As quatro pontas notáveis que surgiram em seu lugar diz respeito a seus quatro generais que assumiram o império grego depois de sua morte: Cassandro ficou com a Macedônia; Lisímaco com a Trácia e quase toda a Ásia Menor; Selêuco ficou com a Síria, Babilônia e Palestina; Ptolomeu ficou com o Egito. Essas divisões correspondem hoje  à Grécia, Turquia, Síria, Iraque e Egito” (GILBERTO, 2010, p. 41).

2.4 “E de uma delas saiu uma ponta mui pequena, a qual cresceu muito para o meio dia, e para o oriente, e para a terra formosa” (Dn 8.9). “Trata-se do rei selêucida Antíoco Epifânio, o opressor de Israel no AT, o qual procedeu da Síria, uma das divisões do império grego, de que já falamos. Ele é conhecido como o "Anticristo do Antigo Testamento", tal a perseguição que infligiu ao povo judeu no século II a.C., durante o chamado Período Inter-bíblico (período que vai de Malaquias a Mateus - cerca de 400 anos). Antíoco reinou de 175 a 167 a.C. Ele decidiu exterminar o povo judeu e sua religião. Chegou a proibir o culto a Deus. Recorreu a todo tipo de torturas para forçar os judeus a renunciarem à sua fé em Deus. Isto deu lugar à famosa Revolta dos Macabeus, uma das páginas mais heroicas da história de Israel. Epifânio quer dizer o magnífico. Ele era assim chamado por seus amigos. Seus inimigos o chamavam "Epimânio", que quer dizer “louco” (GILBERTO, 2010, p. 41). 

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