Texto Áureo: Mc. 2.17 – Leitura Bíblica: Mc.
12.13-17; At. 2.37-41
Objetivo: Mostrar
aos alunos que a igreja, seguindo a ordenança de Jesus, tem a missão de
transformar a sociedade na qual está inserida.
INTRODUÇÃO
A sociedade, em virtude da sua condição de pecado,
se apresenta como um desafio para a igreja cristã. Formos chamados por Jesus
não para sair do mundo (Jo. 17.15), mas para fazer a diferença nessa sociedade
corrompida, como sal da terra e luz do mundo (Mt. 5.13,14), nas palavras de
Paulo, como luzeiros no mundo (Fp. 2.15).
Na aula de hoje estudaremos a respeito
do papel transformador da igreja da sociedade na qual está inserida. A
princípio, definiremos sociedade enquanto objeto de estudo da sociologia. Em
seguida, caracterizaremos a sociedade moderna e seus desafios para a igreja. Ao
final, apresentaremos encaminhamentos para que a igreja faça a diferença na
transformação da sociedade moderna.
1. SOCIOLOGIA E SOCIEDADE
A sociologia é a ciência que estuda a sociedade,
sua origem remete ao humanismo e ao ceticismo do século XIX. A industrialização
exigiu dos pensadores uma melhor compreensão da sociedade. Marx Weber
(1864-1920) explorou, por exemplo, como a burocracia influenciava a
nação-estado. Um dos pensadores que mais influenciou nessa área certamente foi
Karl Marx (1818-1883). Marx defendia que a história humana é constituída pela
luta de classes entre trabalhadores e seus empregadores na forma de se conduzir
uma economia. A religião, no contexto vivenciado por Marx, fez com que ele a denominasse
de “ópio do povo”. Augusto Comte (1798-1857) determinou o final da fase
teológica e militar e propôs a existência do paradigma científico, denominado
por ele de positivista. Durkheim (1858-1917) propôs um posicionamento moral da
sociologia, distinto dos parâmetros religiosos, em virtude do seu descrédito.
Recentemente, os estudos sociológicos de Zygmunt Bauman (1925-) apontam para a
existência de uma modernidade líquida, que marca os relacionamentos na
sociedade atual. A modernidade líquida se caracteriza pelas descartabilidade
dos relacionamentos, caracterizados pela inconstância e instabilidade. A
sociologia, enquanto ciência, apresenta formas distintas de perceber a
sociedade. Em linhas gerais essa pretende descrever crenças e costumes de determinadas
comunidades e como essas influenciam as práticas sociais. Algumas percepções
sociológicas não necessariamente são anticristãs, elas, quando avaliadas à luz
das Escrituras, podem contribuir para a explicação de determinados fenômenos
sociais.
2. A IGREJA NA SOCIEDADE MODERNA
A partir das contribuições dos estudos sociológicos
anteriormente mencionados, destacamos que a sociedade moderna é marcada pela
industrialização tecnológica, diferenças socioeconômicas, cientificização, e
por isso, se apresenta menos voltada à religiosidade e mais propensa ao
ateísmo. As mudanças pelas quais a sociedade passou, em decorrência do
positivismo, favoreceram a expansão do conhecimento, mas não diminui, na mesma
proporção a pobreza e a miséria. Mesmo com a invenção de artefatos tecnológicos
de comunicação, como a tv, a internet, e o telefone, as pessoas não conseguem
dialogar em prol da paz. O desafio da igreja, por conseguinte, é o de responder
às necessidades da sociedade com base nos princípios revelados na Palavra de
Deus. Existem igrejas que deixaram de ser relevantes na sociedade, elas não
conseguem mais salgar e muito menos iluminar a sociedade. Tais igrejas foram
totalmente cooptadas pelo pensamento humano. Algumas delas pensam que estão
testemunhando de Cristo, mas, na verdade, estão reproduzindo valores terrenos.
Outras igrejas, por não serem capazes de refletir a luz de Cristo, estimulam um
estilo de vida de isolamento, alienados das mudanças sociais. Essa alienação se
concretiza em práticas que não se coadunam com os princípios cristãos, dentre
eles destacamos: prosperidade material, consumismo exacerbado, desrespeito ao
meio ambiente e naturalização da miséria. Jesus nos deixou o exemplo de como
viver em sociedade. No Seu tempo, não se comprometeu com as agendas dos grupos
vigentes: saduceus, fariseus, essênios e zelotres. Os saduceus estavam ligados
ao partido político de Herodes, e dele tiravam proveito para se perpetuarem no
poder. Os fariseus consideravam-se o exemplo maior de moralidade, não se misturavam
com os pecadores. Os essênios fugiam para o deserto, a fim de não se
contaminarem com as práticas mundanas. Os zelotes apregoavam e se envolviam na
revolução armada, a fim de desbancar o governo romano. Jesus não se afinou com
nenhum desses modelos de interpretação da sociedade, não se agregou a quaisquer
desses grupos, antes fez opção pelos pecadores. Ele repreendeu a ambição pelo
poder dos saduceus, reprovou o legalismo e a hipocrisia dos fariseus, viveu
diferentemente do que apregoavam os essênios, e se opôs a revolução armada dos
zelotes. Jesus, como exemplo para a igreja, pôs-se ao lado dos oprimidos e
pecadores. Em resposta às críticas dos fariseus, respondeu: “Os são não
necessitam de médico, mas sim os que estão doentes; eu não vim chamar os justos,
mas sim os pecadores” (Mc. 2.17).
3. A IGREJA E A TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE
A igreja é uma agência de transformação da
sociedade, mas essa não pode ocorrer de forma impositiva, é resultante de uma
revolução amorosa. Existem muitos cristãos que querem transformar a sociedade
por meio da força, essa estratégia, no entanto, resulta apenas em oposição
contrária. Se quisermos ganhar essa sociedade para Cristo precisamos,
primeiramente, compreendê-la, e, então, responder aos seus anseios com base na
revelação bíblica, e, sobretudo, com amor. Em resposta à coisificação do ser
humano, resultante da industrialização e tecnologização, que ver a pessoa
apenas como mero objeto, o cristianismo precisa resgatar a dignidade da pessoa
humana, independentemente da idade, seja no ventre da mãe ou nos últimos dias
de vida. Para isso, deve assumir uma posição pró-vida, contra o aborto e a
eutanásia. Em resposta a uma sociedade cientificizada, pautadada pelo ateísmo,
precisamos mostrar, pela Palavra e pela própria ciência, que Deus é uma
realidade e que dEle necessitamos, e também de obedecermos a Sua vontade, para
o bem da própria sociedade. Em resposta à gritante desigualdade social,
precisamos nos voltar para uma atuação política, não apenas assistencialista, a
fim de melhorar a condição social imediata das pessoas, mas também, na
transformação de estruturas sociais injustas, que se fundamentam no acúmulo
irresponsável de bens e na expansão da miséria. O envolvimento político da
igreja é legítimo, mas de nada adianta se for apenas para satisfazer os
interesses de alguns poucos, que se beneficiam em detrimento da maioria que
padece. Em resposta à modernidade líquida, a igreja precisa dar o exemplo,
favorecendo a consolidação de relacionamentos estáveis, não só no casamento,
mas também na esfera das relações eclesiásticas. Há igrejas em que as pessoas
não se conhecem, apenas se aglomeram semanalmente. Os membros somente se
encontram nas redes sociais de computadores, mas não se envolvem, não partilham
as necessidades.
CONCLUSÃO
A igreja é, ou pelo menos deveria ser, agência
transformadora da sociedade. Para tanto, faz-se necessário que essa seja
relevante, que assuma sua condição profética. Uma igreja que anda de braços
dados com o pecado não poderá denunciá-lo, que ama mais o dinheiro do que
pessoas, não poderá propagar um estilo de vida simples, que investe em
relacionamentos descartáveis, não poderá favorecer a formação de vínculos
sólidos. A igreja do Senhor Jesus é, e sempre será, “coluna e firmeza da
verdade” (I Tm. 3.15), age como Corpo de Cristo (Ef. 1.22,23; 5.23) e completa,
na terra, a obra que o Seu Senhor já iniciou (Fp. 1.29; Cl. 1.24).
BIBLIOGRAFIA
LIMA, P. C. Teologia da ação política e social
da igreja. Rio de Janeiro: Renascer, 2005.
LYON, D. O cristão e a sociologia. São
Paulo: Abu, 1996.
Pb. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
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