Texto Áureo: Mt. 25.34-36 – Leitura
Bíblica: Is. 58.6,8,10,11; Tg. 2.14-17
Objetivo: Refletir com os alunos
sobre a atuação social da igreja, a fim de que sejamos zelosos no cuidado aos
necessitados e na diminuição da desigualdade social.
INTRODUÇÃO
Ao
Longo deste trimestre o assunto da atuação social da igreja tem voltado à tona
nas lições estudadas. Tal ênfase é justificada em virtude da relevância desse
tema para a igreja. Infelizmente, poucas igrejas atentam para a
responsabilidade social, não reconhecem que se trata de uma doutrina bíblica. A
fim de demonstrar a fundamentação desse ensino
na Palavra de Deus, discorremos, na aula de hoje, sobre a atuação social no
Antigo e no Novo Testamento.
1.
ATUAÇÃO SOCIAL, UMA NECESSIDADE
A
atuação social é uma necessidade tanto no contexto da igreja quanto fora dela.
No Brasil, o déficit social é histórico, muito ainda precisa ser feito para
diminuir a desigualdade social. É bem verdade, conforme destacou o Senhor
Jesus, que os pobres sempre teremos conosco (Jo. 12.1), por outro lado, isso
não deve eximir a igreja da sua responsabilidade social, considerando suas
limitações e possibilidades. A pirâmide social brasileira é composta por uma
base de pobres que trabalha intensamente, quando esses conseguem emprego.
Ademais, os salários são baixos, enquanto que uma minoria vive regaladamente.
Um dos problemas dessa realidade está na constituição cultural da riqueza, que,
em sua maioria, é insensível à causa do pobre. Estudos comprovam que a
realidade da riqueza e pobreza tem algumas particularidades culturais. Os ricos
ostentam seus bens e atribuem aos pobres a incompetência pela miséria. Essa é
uma condição da sociedade distanciada dos valores cristãos. Mesmo entre os
evangélicos, Max Weber que o diga, existe a crença difundida de que a
prosperidade material, para ser usufruída egoisticamente, é benção de Deus,
ainda que essa seja angariada desonestamente. A atuação da igreja, diante dessa
realidade, deve ser a de criar meios para diminuir a condição extrema de
pobreza das pessoas, sejam evangélicas ou não. Além de “dar o peixe”, e
preciso, às vezes, “ensinar a pescar”, investindo na formação educacional e
profissional das pessoas. Mas isso apenas não é suficiente, é preciso instruir
os membros da igreja para não se envolverem o apoiarem práticas sociais que
impliquem retenção dos direitos comuns das pessoas. A estrutura social precisa
ser modificada, é preciso que os pobres tenham maiores oportunidades, e para
isso, devemos cobrar dos governantes garantias constitucionais, investimento em
políticas públicas de saúde, educação e segurança, fiscalizando a fim de que os
recursos sejam honestamente aplicados. Isso tem tudo a ver com o Reino de Deus,
considerando que os súditos do Reino de Deus têm uma visão diferenciada da
política e da economia. A política da Igreja é a de Jesus, que põe o amor, a
generosidade e solidariedade em primeiro plano. A economia de Jesus é a dos
tesouros celestiais, onde o ladrão não rouba, nem a traça corrói, e que coloca
pessoas, não o dinheiro em primeiro lugar. Deus, tanto no Antigo quanto no Novo
Testamento, aborda a questão da justiça social, a Bíblia revela o cuidado
do Senhor em relação aos necessitados.
2.
ATUAÇÃO SOCIAL NO ANTIGO TESTAMENTO
Ao
longo do Antigo Testamento, existem várias passagens bíblicas que tratam sobre
temas sociais. No Pentateuco - contra o preconceito em relação às necessidades
especiais: “Não amaldiçoarás ao surdo, nem porás tropeço diante do cego; mas
temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor” (Lv. 19.14); do idoso: “Diante das cãs te
levantarás, e honrarás a face do ancião; e temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor”
(Lv. 19.19.32); na aplicação da justiça: “Não cometereis injustiça no juízo,
nem na vara, nem no peso, nem na medida. Balanças justas, pesos justos, efa
justo, e justo him tereis. Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra
do Egito” (Lv. 19.35,36); contra a opressão ao assalariado: “Não oprimirás o
diarista pobre e necessitado de teus irmãos, ou de teus estrangeiros, que está
na tua terra e nas tuas portas. No seu dia lhe pagarás a sua diária, e o sol
não se porá sobre isso; porquanto pobre é, e sua vida depende disso; para que
não clame contra ti ao Senhor, e haja em ti pecado” (Dt. 24.14,15). Nos
Provérbios – sobre o cumprimento das promessas: “Não digas ao teu próximo: Vai,
e volta amanhã que to darei, se já o tens contigo” (Pv. 3.28); na utilização de
meios escusos contra o povo: “Balança enganosa é abominação para o Senhor, mas
o peso justo é o seu prazer” (Pv. 11.1); contra as pessoas que somente
valorizam os ricos: “O pobre é odiado até pelo seu próximo, porém os amigos dos
ricos são muitos. O que despreza ao seu próximo peca, mas o que se compadece
dos humildes é bem-aventurado” (Pv. 14.20,21); “O que escarnece do pobre
insulta ao seu Criador, o que se alegra da calamidade não ficará impune” (Pv.
17.5); “O homem pobre que oprime os pobres é como a chuva impetuosa, que causa
a falta de alimento” (Pv. 28.3). Os livros dos profetas estão repletos de
denúncias contra as injustiças sociais, em relação aos que acumulam
propriedades à custa da opressão dos pobres: “Ai dos que ajuntam casa a casa,
reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e fiquem como únicos
moradores no meio da terra!” (Is. 5.8); “Ai daquele que edifica a sua casa com
injustiça, e os seus aposentos sem direito, que se serve do serviço do seu
próximo sem remunerá-lo, e não lhe dá o salário do seu trabalho” (Jr. 22.13).
“Porque sei que são muitas as vossas transgressões e graves os vossos pecados;
afligis o justo, tomais resgate, e rejeitais os necessitados na porta” (Am.
5.12); “Ai daquele que, para a sua casa, ajunta cobiçosamente bens mal
adquiridos, para pôr o seu ninho no alto, a fim de se livrar do poder do mal!”
(Hc. 2.9).
3.
ATUAÇÃO SOCIAL NO NOVO TESTAMENTO
Ao
longo do Novo Testamento nos deparamos com vários textos que se opõem à
injustiça social e conclamam a igreja à atuação social. Jesus, em suas
palavras, foi bastante contundente a esse respeito: “E o segundo, semelhante a
este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do
que estes. E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que
há um só Deus, e que não há outro além dele; E que amá-lo de todo o coração, e
de todo o entendimento, e de toda a alma, e de todas as forças, e amar o
próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios. E
Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do
reino de Deus. E já ninguém ousava perguntar-lhe mais nada”. (Mc. 12.28-34). No
Atos dos Apóstolos, no tocante ao cuidado com os necessitados da igreja: “E era
um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa
alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. E
os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor
Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Não havia, pois, entre eles
necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as,
traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E
repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha” (At. 4.32-35);
e própria instituição do diaconato tinha como fim diminuir as necessidades
sociais na igreja: “Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos,
houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram
desprezadas no ministério cotidiano. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete
homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais
constituamos sobre este importante negócio” (At. 6.1-7). Na Epístola de Tiago -
contra o preconceito em relação ao pobre: “Meus irmãos, não tenhais a fé de
nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas. Porque, se
no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com trajes
preciosos, e entrar também algum pobre com sórdido traje, E atentardes para o
que traz o traje precioso, e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui num lugar de
honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé, ou assenta-te abaixo do meu
estrado, Porventura não fizestes distinção entre vós mesmos, e não vos fizestes
juízes de maus pensamentos?” (Tg. 2.1-4); do auxílio para o sustento: “E, se o
irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, E
algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes
derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?” (Tg.
2.15-17); e contra a opressão do pobre pelos ricos: “Eia, pois, agora vós,
ricos, chorai e pranteai, por vossas misérias, que sobre vós hão de vir. As
vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas de traça. O
vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua ferrugem dará testemunho
contra vós, e comerá como fogo a vossa carne. Entesourastes para os últimos
dias. Eis que o jornal dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e que
por vós foi diminuído, clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos
ouvidos do Senhor dos exércitos. Deliciosamente vivestes sobre a terra, e vos
deleitastes; cevastes os vossos corações, como num dia de matança. Condenastes
e matastes o justo; ele não vos resistiu (Tg. 5.1-6). Esses textos são
autoexplicativos e suficientes para mostrarem a relevância que a igreja deve
dar à atuação social.
CONCLUSÃO
Muitas
igrejas ainda desprezam a Palavra de Deus no que tange à atuação social. Há uma
ilustração apropriada sobre a passagem de um mendigo, em dias distintos, na
casa de um espírita, de um católico e de um evangélico. Conta-se que em cada
uma das casas o mendigo recebeu respostas diferentes à sua necessidade,
detalhe, tanto o espírita quanto o católico e o evangélico tinham apenas um
pão. O espírita, apelando para a filantropia como forma de salvação, deu o pão
inteiro ao mendigo e ficou com fome. O católico, na dúvida se a salvação seria
somente pela fé, repartiu o pão ao meio e deu a metade ao mendigo. O evangélico,
crendo na salvação pela graça, por meio da fé, respondeu que somente tinha um
pão, e que, por isso, iria comê-lo e orar pelo mendigo. Essa é uma ilustração
que reflete a ausência de atuação social de muitas igrejas evangélicas. O
evangélico tem toda razão ao afirmar que a salvação é pela graça, por meio da
fé, não vem das obras para que ninguém se glorie (Ef. 2.8.9), mas esquecem do
versículo 10, que diz que fomos salvos “para as boas obras, as quais Deus
preparou para que andássemos nelas”.
BIBLIOGRAFIA
CAVALCANTI,
R. Cristianismo e política. Viçosa: Ultimato, 2002.
LIMA,
P. C. Teologia da ação política e social da igreja. Rio de Janeiro:
Renascer, 2005.
Pb. José Roberto A.
Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
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