Texto Áureo: Jo. 13.14 – Leitura Bíblica: Jo.
13.12-17; At. 2.42-47
Objetivo: Mostrar aos alunos que a vida cristã somente faz
sentido quando servimos a Deus e ao próximo em perfeito amor.
INTRODUÇÃO
O serviço cristão é uma das formas mais eficazes de
testemunho da igreja. A atuação dos crentes da igreja em Jerusalém para o
serviço resultou na conversação de muitas pessoas (At. 2.47). Na aula de hoje
estudaremos a respeito da relevância do serviço cristão.
No início da aula
definiremos o significado bíblico-teológico de serviço. Em seguida,
ressaltaremos o exemplo de Cristo a ser seguido na execução do serviço. Ao final,
refletiremos sobre a prática do serviço cristão na igreja primitiva em
Jerusalém.
1. SERVIÇO CRISTÃO, DEFINIÇÕES
No Antigo Testamento, o termo hebraico para serviço
é abad, usando tanto no contexto religioso quando de trabalho. Um exemplo de
serviço é a condição de servidão de Esaú em relação a Jacó (Gn. 25.23). Quando
o termo serviço, em hebraico, está relacionado ao contexto religioso, tem o
sentido de adoração. O verbo hebraico sarat também denota “ministrar, servir,
oficializar”, comumente usado para se referir aos trabalhos realizados no
palácio real (II Sm. 13.17; I Rs. 10.5) ou nos serviços públicos (I Cr. 27.1;
28.1; Et. 1.10) Sarat aponta para a condição de “ministro” ou “servo”, como
Josué que servia a Moisés (Ex. 24.13; 33.11; Nm. 11.28) e aos anjos que servem
a Deus (Sl. 104.4) O conceito bíblico de serviço, No Novo Testamento, vem do
grego diakonia, do verbo diakoneo, e diz respeito, inicialmente, ao ato de
servir às mesas (At. 6.1-6), serviço ministrado pelos diáconos (I Tm. 3.10,13).
O ato de Jesus ter entregue a Si mesmo pelos outros é descrito como um ato de
serviço (Mt. 20.28). O verbo douleuo, em grego, também se refere ao serviço do
cristão, com uma singularidade, esse termo também é usado para “ser escravo”,
ou de “alguém que se conduz em total serviço ao próximo”. Jesus destaca, em Mt.
6.24, que ninguém pode servir a dois senhores. Em Rm. 6.6, Tt. 3.3 e Gl. 4.8,9
Paulo explica que todos aqueles que se encontra fora da esfera da graça são
servos do pecado. Mas quando passamos a servir a Cristo, passamos a servir uma
ao outro em amor (Gl. 5.13). Em sentido amplo, o serviço cristão não está
restrito àqueles que exercem o ministério de diáconos, pois desde os
primórdios, os crentes serviam uns aos outros, conforme a necessidade de cada
um (At. 4.32-37; II Co. 9.13) para a edificação do Corpo de Cristo (Ef. 4.12).
2. CRISTO, UM EXEMPLO DE SERVO
Jesus quis deixar aos seus discípulos o exemplo de
serviço, e isso se fazia necessário porque, naqueles dias, assim como
atualmente, são poucos os que querem servir, a maioria deseja mesmo é ser
senhor (Mt. 20.20-27). Mesmo entre os discípulos havia a disputa a respeito de
quem seria o maior no Reino de Deus. Em oposição a esse padrão, Jesus sempre se
apresentou como um servo, que teria vindo ao mundo para servir, e não para ser
servido (Mc. 10.45). Paulo reafirma essa doutrina ao declarar aos crentes de
Filipos que Cristo, ao vir a terra, esvaziou-se da glória celeste, e assumiu a
forma de servo (Fp. 2.5-8). No capítulo 13 de João, o Senhor revela a beleza do
serviço cristão, e esse, na verdade, não se reverte, pelo menos na dimensão
terrena, em ostentação, mas em sacrifício e humildade. Primeiramente, a
motivação do relacionamento de Jesus com os discípulos era pautada no amor, Ele
os amou até o fim (Jo. 13.1). O fundamento de todo e qualquer relacionamento
deva ser o amor, aqueles que se assenhoreiam com base no poder jamais terão
amigos de verdade. Aquela seria a celebração da última ceia antes de ser
entregue às autoridades romanas para ser crucificado, o Diabo já havia se
apossado do coração de Judas para trair o Senhor (Jo. 13.2). Mas Jesus sabia
que tudo estava entregue nas mãos do Pai, e que Ele, em Sua soberania,
controlaria todas as coisas (Jo. 13.3). Quando o cristão tem convicção do Senhorio
de Deus, Ele não se adianta na busca por cargos, pois sabe que o Senhor tem as
situações em Suas mãos. Com base nessa certeza, Jesus pegou a toalha e cingiu
os lombos, numa atitude de alguém disposto a servir (Jo. 13.4). Em seguida,
passou a lavar os pés de cada um dos seus discípulos, inclusive o de Judas, e a
enxugá-los com a toalha (Jo. 13.5). Jesus mostrou condescendência até mesmo com
aquele que haveria de trai-lo, do mesmo modo, o Senhor nos desafia a servir
aqueles que nos fazem o mal. Pedro reconheceu que aquela era uma atitude
humilhante, por isso, se opôs ao ato de Jesus (Jo. 13.6). Pedro não havia
compreendido ainda a natureza do serviço cristão (Jo. 13.7). Há muitos hoje que
não sabem ainda o que significa servir a Cristo e ao próximo. Não são poucos os
que querem ser líderes na igreja, apenas para desfrutar das honrarias, que
consideram ser inerentes aos cargos. Pedro se mostrou relutante em ter seus pés
lavados por Jesus, reafirmou sua insatisfação diante daquela demonstração de
serventia (Jo. 13.8). Lavar os pés das visitas era uma atitude comum naqueles
tempos, mas geralmente desempenhada pelos mais simples serviçais da casa. Por
essa razão Pedro pediu ao Senhor que não apenas lavasse os pés, mas as mãos e a
cabeça (Jo. 13.9). Jesus destacou que eles estavam limpos, exceto Judas, mas
que todos precisavam daquela lição (Jo. 13.10,11). Após aquele ato de
demonstração de humildade e serviço Jesus interpretou, para os seus discípulos,
seu significado. Jesus revelou ser, de fato, Mestre e Senhor, no entanto, ao
invés de buscar honrarias, quis mostrar a sua disposição para o serviço (Jo.
13.12) e deixar a instrução para que seus discípulos fizessem o mesmo (Jo.
13.13,14). Portanto, aquele não era um ato apenas para ser admirado, mas para
ser imitado na prática cotidiana (Jo. 13.15,17), considerando que, no Reino de
Deus, maior é o que serve mais (Jo. 13.16).
3. UMA IGREJA QUE SERVE
A Igreja primitiva de Jerusalém aprendeu a lição do
Mestre Jesus. Aquela não era uma Igreja perfeita, compreendemos que na medida
em que essa começou a crescer, os problemas também apareceram (At. 6.1). O
exemplo daqueles cristãos é digno de imitação, pois esses “perseveravam na
doutrina dos apóstolos”, isto é, tinham disposição para o aprendizado, viviam
“na comunhão”, no “partir do pão” e nas “orações” (At. 2.42). Os primeiros
crentes temiam ao Senhor e “os que criam estavam juntos e tinham tudo em
comum”. Essa atitude não se tratava de um comunismo moderno, mas de uma
disposição voluntária para servir ao próximo, pois “vendiam sua propriedades e
fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade” (At. 2.44).
Não que essa fosse uma realidade em todas as igrejas do primeiro século. Alguns
estudiosos admitem que a pobreza dos irmãos de Jerusalém tenha resultado dessa
generosidade “precipitada”. Mas essa não é uma interpretação apropriada do
texto, pois Lucas, o escritor de Atos, aborda positivamente tal conduta.
Evidentemente não podemos estipular essa entrega total dos bens como doutrina,
já que não encontramos respaldo no contexto geral da Escritura, nem mesmo no
próprio livro de Atos (At. 5.3). Contudo, o princípio de partilhar com os
necessitados não pode ser descartado, pois o encontramos em várias passagens da
Bíblia, que nos orientam a esse respeito: II Co. 8.9-15; 9.6-15; I Jo. 3.16-18.
A Igreja que é cristã se preocupa com os necessitados, não fecha os olhos
aqueles que padecem privações. A pregação do evangelho sempre tem prioridade,
mas o ser humano precisa ser percebido em sua integralidade, isto é, espírito,
alma e corpo (I Ts. 5.23).
CONCLUSÃO
O chamado do cristão se assemelha ao de Cristo,
portanto, dever buscar servir, não sermos servidos. Esse é um desafio para o
individualismo moderno, poucos são os que estão dispostos a abrirem mão da zona
de conforto. Há até os que não querem qualquer envolvimento com as pessoas,
principalmente os que sofrem, para que não sejam “contaminados” com o
sofrimento dos outros. Paradoxalmente, o apóstolo Paulo orienta aos crentes a
“chorarem com os que choram” (Rm. 12.15). Somos cristãos não para “parar de
sofrer”, como propagam alguns, mas para sofrer com os que sofrem, somente assim
viveremos o amor de Cristo, isso porque não existe amor sem sacrifício. Deus
deu o exemplo maior de amor e sacrifício (Jo. 3.16; Rm. 5.8), assim devem agir
todos aqueles que são servos genuínos (Jo. 12.26).
BIBLIOGRAFIA
PEARLMAN, M. João: o evangelho do Filho de
Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
ZUCK, R. B. Teologia do Novo Testamento. Rio
de Janeiro: CPAD, 2008.
Pb. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
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