APRENDENDO COM AS PORTAS DE JERUSALÉM
Texto Áureo: Ne. 4.6 – Leitura Bíblica: Ne. 3.1-15
Pb. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
Objetivo: Mostrar aos
alunos que as crises, apesar do seu desconforto, sempre nos abre
grandes e oportunas portas, principalmente quando dispomos de
cooperadores comprometidos com o Reino de Deus.
INTRODUÇÃO
Na
lição de hoje estudaremos a respeito das portas de Jerusalém, fazendo
algumas aplicações a respeito de cada uma delas. Em seguida, abordaremos
particularidades do ministério de Neemias, ressaltando o segredo do seu
sucesso, que não dependia dele mesmo, mas de Deus. Ao final,
meditaremos a respeito das características dos cooperadores da obra do
Senhor.
1. AS PORTAS DE JERUSALÉM
As
portas de Jerusalém tinham um significado especial, elas estavam
associadas ao julgamento. Os juizes davam o veredicto às causas do povo a
partir das portas. Por esse motivo, Neemias teve a iniciativa de
priorizá-las na recondução do serviço do Senhor. As portas precisavam
ser reedificadas, e o sumo-sacerdote Eliasibe, como símbolo da
restauração espiritual, deveria orientar os trabalhos. Nenhuma
reconstrução se sustenta na sociedade a menos que Deus assuma o primeiro
lugar. O sumo-sacerdote reedificou a Porta das Ovelhas (Nm. 3.1) que se
situava na entrada mais oriental do lado norte das muralhas de
Jerusalém (Ne. 12.39; Jô. 5.2). Nessa porta as ovelhas eram lavadas
antes de serem conduzidas ao templo para o sacrifício. Ela aponta para o
sacrifício ao Senhor, que não deva ser apresentado de qualquer jeito,
mas com corações puros (Mt. 5.8). Aos filhos de Hessaná coube a reforma
da Porta do Peixe (Ne. 3.3), provavelmente por ser aquele o lugar onde
os peixes eram comercializados. Devemos lembrar, a esse respeito, que
somos “pescadores de homens” (Mt. 4.19; 13.47,48). O cristianismo era
simbolizado, pelos primeiros crentes, através da figura de um peixe,
isso porque a palavra grega para peixe é ICHTHUS, formando o acrônimo
Iesus Christus Theou Huios Soter, que quer dizer: Jesus Cristo Filho de
Deus Salvador. A Porta Velha (Ne. 3.6), localizada na parte mais antiga
da cidade, também foi restaurada, essa pode representar os fundamentos
da fé, a doutrina bíblica que não pode ser substituída pelos modismos (I
Tm. 3.14; I Jo. 2.24). A Porta do Vale (Ne. 3.13) foi reparada por
Hanun e os moradores de Zenoa, e, a respeito dessa, é possível aplicar
que a vida cristã está repleta de altos e baixos, montanhas e vales (Dt.
11.11). Com o Senhor, isto é, nas situações adversas, os vales se
enchem de trigo (Sl. 65.13). A Porta do Monturo (Ne. 3.14) também foi
restaurada. Essa porta recebeu esse nome por causa do lixo da cidade que
era levado por meio dela para o vale de Hinom, a fim de ser queimado.
Na vida do cristão essa porta precisa estar aberta para que todos os
dejetos que o distanciam da presença do Senhor sejam retirados (Mt.
5.30). Se deixarmos de salgar e iluminar o mundo, para nada mais
prestaremos, senão para sermos lançados fora e pisados pelos homens (Mt.
5.13). Salum, filho de Col-Hozé, reparou a Porta da Fonte (Ne. 3.15),
que ficava situada próximo ao Tanque de Siloé. Jesus é a fonte que jorra
para a vida eterna (Jo. 4.14). Não são poucos os que se distanciam
dessa fonte, preferem ir após cisternas rotas (Jr. 2.13). Depois
Malquias restaurou a Porta da Guarda, localizada na seção nordeste de
Jerusalém, adjacente ao Templo. Como cristãos, devemos lembrar de
guardar os mandamentos de Jesus (Jô. 14.15), pois a Palavra de Deus é
lâmpada para os nossos caminhos, devemos guardá-la no coração para não
pecar contra o Senhor (Sl. 119.11).
2. O SUCESSO SEGUNDO DEUS
O
capítulo 3 de Neemias favorece também a meditação a respeito do
sucesso. Não o sucesso conforme apregoam os adeptos da auto-ajuda, pois o
sucesso verdadeiro é aquele que vem de Deus. Para que tenhamos êxito na
obra do Senhor, precisamos: 1) não nos conformarmos com o caos, ao
invés de tão somente lamentarmos, devemos fazer alguma coisa para mudar a
realidade; 2) saber escolher as pessoas certas para fazerem obras
específicas (Ne. 3.2-15); 3) busque desempenhar as tarefas em integração
com as pessoas, saiba trabalhar em equipe: e por fim, 4) não dispense
as facilidades, Neemias não colocou empecilhos à realização da obra,
antes aproveitou as pessoas que moravam nas localidades das portas (Ne.
3.13; 28-30). Em uma sociedade patriarcal como a de Israel, Neemias não
dispensou o trabalho das mulheres. Elas desempenharam papel fundamental
na reconstrução da obra de Deus sob a direção de Neemias. A Bíblia está
repleta de exemplos de mulheres que foram usadas pelo Senhor: Miriam,
Débora, Ester, Maria, entre outras. No tempo de Jesus, como ainda
acontece nos dias atuais, as mulheres foram as principais mantenedoras
do Reino de Deus (Lc. 8.2,3). A Bíblia destaca o ministério de Dorcas,
uma mulher generosa, envolvida em obras caridosas (At. 9.36,39). A
Samaritana foi um baluarte no trabalho missionário, ao conduzir muitos a
Cristo através do seu testemunho (Jo. 4.28-30). Paulo, injustamente
acusado de machista, agradeceu a Deus pelo ministério das mulheres na
igreja do Senhor (Rm. 16.1,12; Fp. 4.13). No ministério do ensino,
Priscila, geralmente citada antes do marido, Áquila, ministrou a Palavra
com ousadia, reafirmando a fé de muitos crentes (Rm. 16.3). Para obter
sucesso na realização da obra do Senhor não podemos dispensar força,
principalmente a motivação dos irmãos, ainda que essa precise ser
supervisionada. As pessoas devam ser tratadas pelo nome, o
reconhecimento é parte fundamental, o texto de Neemias 3 cita
nominalmente as pessoas que atuaram na reconstrução. Não apenas as
grandes realizações devam ser apreciadas, mas também as pequenas, tanto
os moradores de Zanoa, que repararam uma porta e mais de 500 metros de
muro foram citados quanto Malquias que edificou apenas uma porta. Por
fim, é necessário dar instruções claras, a comunicação é imprescindível
na execução da obra de Deus, bem como atribuir tarefas, determinando,
antecipadamente, as atribuições das autoridades delegadas (Ne. 3.13,17).
3. OS COOPERADORES DA OBRA
Os
cooperadores da construção assumiram lugares específicos e determinados
para atuarem. Isso revela o senso de organização e planejamento de
Neemias. A Porta das Ovelhas foi a primeira, e teve um sumo-sacerdote a
frente em razão da sua prioridade. Com essa escolha Neemias também
demonstrou a necessidade da pessoa certa ocupar a posição apropriada. Os
construtores não trabalharam desordenamente, uns distanciados dos
outros, cada um não fazia o que bem entendia. Havia uma unidade da
parcialidade, isto é, cada um fazia a sua parte, a fim de chegar a uma
totalidade. A individualidade de cada um deles também foi respeitada. Os
cooperadores da obra de Deus não são diferentes, eles (e elas) têm
personalidades e características distintas. Deus não tem problema de
trabalhar com a diversidade, na verdade, Ele foi o Criador da diferença.
Há líderes que não têm essas mesmas características, querem que todos
trabalhem do mesmo jeito. É comum, no movimento neopentecostal (ou
pseudopentecostal) a imitação dos líderes. Não da fé e exemplo
espiritual, como Paulo ordenou a ser imitadores de Cristo, mas dos
trejeitos, modo de se vestir, entre outras características de menor
relevância (I Co. 11.1). Os cooperadores da obra não eram pessoas
interesseiras, não estavam edificando a cidade porque quisessem tirar
algum proveito pessoal. Pelo que inferimos do texto de Neemias 3, se
tratavam de pessoas das diversas regiões de Judá, mas que não mediram
esforços, sacrificaram seus interesses pessoais a fim de reconstruírem a
cidade. Em muitos arraiais evangélicos as pessoas somente se envolvem
no trabalho se tiverem algum retorno: financeiro ou a consagração para
algum cargo na hierarquia eclesiástica. Mas como acontece com todo
trabalho, havia também os orgulhosos, aqueles que não queriam se
envolver, que achavam ser um demérito fazerem a obra do Senhor. Em Ne.
3.5 está escrito que os nobres não se sujeitaram ao serviço do Senhor.
Sempre existirão, na obra de Deus, aqueles que se acham importantes
demais para determinadas atribuições. Os pastores “nobres” não querem
mais ministrar para poucas ovelhas. Eles amam as multidões,
principalmente os holofotes, adoram serem vistos pelos homens. Mas
louvamos a Deus pelos obreiros compromissados com a obra, os quais, a
exemplo de Paulo, estão integrados, que servem ao Senhor “com toda a
humildade, e com muitas lágrimas e tentações” (At. 20.19), que nada
esperam “senão prisões e tribulações” (At. 20.23), que não têm suas
vidas por preciosa (At. 20.24), que são constituídos pelo Espírito Santo
para apascentar o rebanho, não deles mesmos, mas “de Deus”, comprado
com o sangue de Cristo (At. 20.28).
CONCLUSÃO
A
obra de Deus carece de ceifeiros, o Senhor Jesus constatou que “A seara
é realmente grande, mas poucos os ceifeiros” (Mt. 9.37). E acrescentou:
“Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara”
(v. 38). Deus espera que oremos por obreiros comprometidos com a
edificação do Seu Reino, mais que isso, que sejamos esses cooperadores.
No meio evangélico, muitas portas estão derrubadas, algumas delas, como
nos tempos de Neemias, foram queimadas a fogo. Devemos orar a Deus para
que envie obreiros e para que também sejamos obreiros e obreiras que
respondam às exigências do Reino, que estejamos dispostos a sacrificar
nossos interesses pessoais em prol da realização de coisas grande e
pequenas para Deus.
BIBLIOGRAFIA
LOPES, H. D. Neemias. São Paulo: Hagnos, 2006.
TUNNERMANN, R. As reformas de Neemias. São Leopoldo: Sinodal, 2001.
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