INTRODUÇÃO
Nínive, a capital do império Assírio, compõe uma boa parte do livro de
Naum. Nesta lição veremos que a notícia de sua iminente destruição
trouxe alívio para o Reino do Sul (Judá-Jerusalém), que estava sujeita a
dominação assíria. O profeta portador das boas novas noticiou que Judá
não seria mais forçada a pagar tributos como um seguro contra invasões e
isto proporcionou alegria aos judeus por saberem que Deus é Justo e que
ainda estava no controle. Veremos ainda que Nínive é um exemplo para
todos os governantes, nações e pessoas do mundo, de que todo aquele que
volta contra Deus, vivendo dissolutamente em pecado, irá sofrer a devida
punição.
I – INFORMAÇÕES SOBRE O PROFETA NAUM
1.1 Nome. Do hebraico Nahum significa “conforto ou confortador”.
Como podemos ver, o seu nome revela o propósito de Deus em levantá-lo
como profeta, que é o de trazer consolo ao Reino do Sul (Judá-Jerusalém)
(Na 1.7). Este homem de Deus é mais um que pertence ao grupo de
profetas sem biografia, exceto que ele é descrito como “o elcosita” (Na
1.1), ou seja, um nativo da vila de Elcos, cuja localização é incerta.
Todavia, a maioria dos estudiosos supõe que esta vila pertencia a cidade
de Cafarnaum, que significa “vila de Naum” (cidade em que Jesus fora
criado) (Mt 9.1). Ela está localizada na parte norte da Galiléia.
Sugere-se ainda que Naum fosse profeta de Judá, pois o Reino do Norte
(Israel-Samaria), já tinha sido levado ao cativeiro.
1.2 Livro. Seu livro é o sétimo dos profetas Menores e
contém apenas três capítulos. É um dos três livros proféticos do AT,
cuja mensagem é dirigida quase que exclusivamente a uma nação
estrangeira (os outros dois são Obadias e Jonas). Naum teve duplo
propósito em seu livro: (1) Deus o usou para pronunciar a destruição
iminente da ímpia e cruel Nínive (Na 1.1-6; 3.1-4); (2) Ao mesmo tempo, o
profeta entrega uma mensagem de consolo ao povo de Deus (Na
1.12,13,15). Este consolo advém, não da destruição dos inimigos, mas em
saber que Deus preserva a justiça no mundo. Há uma referência do livro
do profeta no NT, onde o apóstolo Paulo usou a linguagem figurada “dos
pés formosos” para destacar que, assim como o mensageiro no AT foi
acolhido com júbilo pelo povo de Deus ao trazer-lhe as boas novas de paz
e livramento das mãos da Assíria (Na 1.15), de igual forma os
mensageiros do Novo Concerto levam as boas novas de salvação ao mundo
(Rm 10.15).
1.3 Período que profetizou. Naum é um dos Profetas
Menores que não menciona o período em que profetizou, no entanto,
indícios internos, existentes no seu livro, oferecem evidências
fidedignas que nos dão condições de datar o seu ministério entre 663 e
612 a.C. pois, em (Na 3.8-10), refere-se o profeta a queda de Nô-Amon (a
cidade egípcia de Tebas) como evento passado, ocorrido em 663 a.C. E,
em (Na 1.14), ele profetizou a queda de Nínive que historicamente
ocorreu em 612 a.C.
1.4 Contemporâneos. Considerando que Naum profetizou
entre 663 a 612 a.C, os profetas que profetizaram neste período foram
Sofonias e Jeremias no Reino no Sul (Sf 1.1; Jr 1.3).
II – A SITUAÇÃO DE JUDÁ NO PERÍODO DE NAUM
Apesar do livro de Naum estar repleto de profecias concernentes a
Nínive, a capital da Assíria, encontramos também registros proféticos
direcionados ao Reino do Sul (Judá-Jerusalém) (Na 1.7,12,13,15). Estas
mensagens anunciadas pelo profeta traziam alento e consolação para os
judeus, visto que estavam amedrontados, pois o Reino do Norte já havia
sido levado ao cativeiro pelos assírios em 722 a.C conforme profetizado
por Oseias e Amós (Os 11.7; Am 7.11). Vejamos qual a situação de Judá no
período do profeta:
2.1 Situação política. Estudiosos afirmam que o rei de
Judá no tempo de Naum era Josias. Ele foi o rei de Judá no período de
640 a 609 a.C. (II Rs 22.23; 2 Cr 34 e 35). Seu avô, o perverso rei
Manassés reinara por 55 anos; perseguiu as pessoas piedosas e reprimiu a
verdadeira religião em Judá. Seu pai, Amom, governou apenas 2 anos (II
Re 21.19-26; 2 Cr 33.21-25) e deu continuidade às práticas malignas de
Manassés; seu reinado foi interrompido por intrigas na corte que
culminaram com seu assassinato (II Rs 21.24). Nessa época difícil,
Josias chegou ao trono, com apenas 8 anos de idade (II Re 22.1).
2.2 Situação social. O reinado de Josias concedeu a
Judá um certo alívio da pressão Assíria, que durante um século controlou
a política, a religião e a vida social dos judeus. Porém, no final do
século VII, o extenso império assírio foi ameaçado pelos caldeus, quando
Nínive não teve forças para enfrentar Nabopolassar, rei da Babilônia
(625 a 605 a.C). Por isso, entrou em colapso após a queda de sua
principal cidade, Nínive (612 a.C), conforme profetizado por Naum (Na
1.8,14).
2.3 Situação espiritual. O Rei Josias introduziu
reformas religiosas maravilhosas em Judá, e, devido a este reavivamento
espiritual, Deus os defendeu (2 Reis 22 e 23). Seu perfil espiritual
assemelha-se ao de Davi, no sentido de que “E fez o que era
reto aos olhos do SENHOR...”; e andou em todo o caminho de Davi, seu
pai, e não se apartou dele nem para a direita nem para a esquerda” (II
Rs 22.2). A Bíblia ainda diz que Ele buscou a Deus (II Cr 34.3); aos 16
anos erradicou sistematicamente o paganismo (II Re 23.4-16); e aos 20
anos acabou com a profanação da terra e a purificou, quando destruiu os
lugares altos, os postes ídolos. Até os túmulos dos sacerdotes idólatras
foram profanados e seus ossos queimados sobre os altares pagãos (II Cr
34.3-7; I Rs 13.2). Quando Naum chamou o povo de Judá a celebrar as suas
festas (Na 1.15), sem dúvida ele relembrou a famosa celebração da
páscoa nos dias de Josias, como registra as Escrituras (2 Rs 23.21).
III – A MENSAGEM DE DEUS ATRAVÉS DE NAUM
No original hebraico (Na 1.2-8) representa um salmo ou poema em três
estrofes descrevendo a majestade de Deus quando Ele se manifesta na
terra. Vejamos alguns atributos morais de Deus descritos por Naum em seu
livro:
3.1 “O SENHOR é Deus zeloso e vingador...” (Na
1.2). De modo semelhante a Miqueias (Mq 1.3-7), o profeta Naum
principia sua profecia dando ênfase a grande ira do Senhor contra o
pecado e sua vinda para trazer julgamento aos perversos (Na 1.2,6).
Nessa passagem, entretanto, encontramos sua ira dirigindo-se mais aos
inimigos de Israel do que aos israelitas (Na 1.12,13). Naum descreve o
Senhor como como um Deus “zeloso e vingativo”,
que virá com ira abrasadora contra seus inimigos. Esse caráter zeloso
de Deus foi apresentado em (Êx 20.5), e mais tarde com mais detalhes em
(Dt 32.21).
3.2 “O SENHOR é tardio em irar-se...” (Na
1.3). A expressão “tardio em irar-se” alude a longanimidade ou paciência
de Deus em relação ao homem (Êx 34.6,7; Nm 14.18; Ne 9.17; Sl 103.8; Jl
2.13). A longanimidade é a qualidade de autodomínio em face da
provocação que não retalia impetuosamente ou castiga prontamente.
Portanto, Deus é cheio de compaixão e graça (Sl 86.15) e sua
longanimidade visa o benefício do homem tentando conduzi-lo ao
arrependimento (Rm 2.4; 9.22,23). Deus havia estendido sua clemência a
Nínive em resposta ao seu arrependimento mediante a pregação de Jonas
(Jn 3.8-10; 4.2). No entanto, aproximadamente 150 anos mais tarde, o
profeta Naum é levantado por Deus para desta vez pronunciar o
irremediável juízo contra esta sanguinária cidade, a quem Deus
destruiria completamente (Na 1.14).
3.3 “O SENHOR é bom...” (Na 1.7). Enquanto
Deus se mostra para os ninivitas como um Deus “zeloso, vingativo e
paciente”, para Judá (Reino do Sul), Ele se apresenta como um Deus bom,
que protege seu povo e destrói seus inimigos. O Senhor conhece aqueles
que lhe pertencem e serve de refúgio para os que nele confiam (Na 1.7).
Deus iria romper com o jugo assírio que estava sobre o seu povo (Na
1.13), e restaurar a sua condição (Na 2.2), por isso o convida a
celebrar as festas religiosas em gratidão ao Senhor, porque seus
inimigos seriam de todo consumidos (Na 1.15).
IV – O JULGAMENTO DIVINO SOBRE NÍNIVE
Nenhum outro livro da Bíblia é tão enfático na mensagem de julgamento e
misericórdia não aproveitada, como no Livro de Naum. Ele é o livro que
sem dúvida Jonas desejaria ter escrito (ELLISEN, 2012, p. 318). Nele o
profeta anuncia a queda de Nínive, capital da Assíria, uma grande
potência mundial, que parecia uma nação aparentemente impossível de ser
detida. No entanto, por meio do profeta, Deus diz que não reteria a sua
ira para sempre, pois além de ser “zeloso e vingador” (Na 1.2), “...ao culpado não tem por inocente...” (Na
1.3). Ou seja, desta vez o Senhor não os pouparia e iria destruir esta
pomposa cidade com seus habitantes (Na 1.8). A história diz que aliando
entre si as suas forças, medos e babilônios vieram contra a Assíria,
efetuando a destruição de Nínive, em 612 a.C. No espaço de poucos anos, o
forte império assírio foi absorvido pelos vencedores. De acordo com a
profecia de Naum, aconteceu que uma súbita enchente do rio Tigre fez
ruir uma grande parte da muralha, o que ajudou o exército atacante a
destruir a cidade “as portas dos rios se abrirão, e o palácio será dissolvido” (Na 2.6) (MEARS, 1997, p. 278).
V – A ATUALIDADE DA MENSAGEM DE NAUM PARA A IGREJA
Como podemos perceber, a visão de Naum acerca de Nínive constitui-se
num alerta quanto a realidade de que Deus pune aqueles que rejeitam o
seu convite de arrependimento (Ez 7.9; Am 3.2). Nínive simboliza todas
as nações que voltam as costas para Deus. Portanto, o indivíduo, ou a
nação, que deliberada e definitivamente rejeita a Deus, escolhe a sua
própria ruína. Na verdade, Ele não está alheio aos pecados cometidos
pelos homens, pois tem reservado um dia em que julgará os vivos e mortos
por meio de seu Filho Jesus Cristo (At 17.31). O fato é que Deus, por
sua longanimidade está concedendo tempo ao mundo para que se arrependa
(II Pe 3.9,10).
CONCLUSÃO
Concluímos dizendo que embora o pecado e a violência possam ficar sem
punição por algum tempo dentro da longanimidade de Deus, todavia, não
serão esquecidos (Ez 7.3; I Pe 4.3-5). É interessante destacar que
apesar de Ele ser “tardio em irar-se” e estar sempre interessado em
mostrar-se misericordioso (Ez 33.11; I Tm 2.4), não é absolutamente
imune à ira quando a sua Lei não é obedecida e o seu favor desprezado
(Os 4.6; Ap 2.21). Enquanto que o livro de Jonas apresenta a
misericórdia aos que se arrependem, o livro de Naum, mostra o juízo
sobre os impenitentes.
REFERÊNCIAS
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD
• GARNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA
• ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
• MEARS, Henrietta C. Estudo Panorâmico da Bíblia. VIDA
Fonte: http://www.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 19 nov. 2012.
Fonte: PortalEBD
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