MIQUÉIAS O nome Miquéias, que significa
“Quem é como Jeová”, era muito comum entre os hebreus. Ele foi um profeta,
autor do livro que leva o seu nome (Mq 1.1; Jr 26.18). Viveu em Moresete-Gate
(Mq 1.1,14), uma cidade em Judá, perto da cidade de Gate dos filisteus e que,
possivelmente, esteve alguma vez sob o governo de Gate. Essa cidade estava 30 ou 40
quilômetros a sudeste de Jerusalém. Eusébio e Jerônimo citam a tradição que
colocou esse local não muito longe do leste de Eleuterópolis, que tem sido
identificada com Beit Jibrin, situada em um vale que leva da planície costeira
ao interior da Judéia, perto de Jerusalém. Dessa forma, o profeta viveu onde
era capaz de observar a longa estrada por onde, durante séculos, haviam passado
os exércitos invasores, assim como os pioneiros e as caravanas comerciais.
Miquéias foi contemporâneo de Isaías. Ele
pregou durante os reinados de Jotão (aprox. 742-735 a.C.), Acaz (aprox. 735-715
a.C.) e Ezequias (aprox. 715-687 a.C.), reis de Judá, e serviu tanto ao reino
do norte como ao do sul, e dirigiu-se a Samaria e a Jerusalém. Têm havido
discussões a respeito do título do livro (1.1), mas seu conteúdo confirma tanto
a data atribuída ao profeta como os objetos de seu ministério, as capitais de
Israel e de Judá. Enquanto Isaías ministrava em Jerusalém, supõe-se que
Miquéias profetizava entre as classes humildes da nação. Mas ele poderia
facilmente ter profetizado também na capital, pois denunciou os líderes do
reino e, em grande parte, fez de Jerusalém o centro de suas mensagens.
Faltam evidências para consubstanciar a
opinião de que Miquéias era um homem do campo, simplesmente porque residia em
uma cidade do interior da Judéia. Ele menciona lugares do interior (1.10-15),
mas também lugares em outras partes de ambos os reinos (2.12; 4.8; 5.2; 7.14).
Seu estilo não mostra que era uma pessoa rústica. Suas rápidas transições de um
tema para outro mostram apenas que tinha um espírito jovial e que possuía uma
certa coragem ao falar. As tradições a respeito de sua origem, morte e local
de sepultamento são obtidas, em parte, da confusão feita com Micaías, filho de
Inlá, contemporâneo de Acabe, rei de Israel (1 Rs 22.8). Tem sido conjeturado,
a partir de 2.2, que Miquéias era um fazendeiro e que aquela propriedade que
foi tomada com violência pode ter sido sua. Mas Miquéias era capaz de falar
diretamente e demonstrar uma forte indignação. Era um escritor de grande
habilidade e sublimes declarações (6.1-8), assim como Isaías. Não se pode
duvidar que Miquéias, assim como Isaías, exerceram grande influência sobre o
rei Ezequias em sua reforma da vida espiritual do reino (veja Jr 26.18).
Miquéias era um homem capaz de ter grande
simpatia pelos oprimidos e sensibilidade pelos sofrimentos de seus
conterrâneos, e enfrentava a oposição com evidente coragem. Sua linguagem
mostra que deve ter sido um homem de grande força emocional e elevados ideais
de moralidade.
MIQUÉIAS, LIVRO DE Miquéias é o sexto
livro dos profetas menores. O estilo de sua profecia é simples e vigoroso. O
profeta gostava de perguntas e empregava a metáfora, o jogo de palavras e a
ironia. Miquéias deixou apenas um resumo de suas pregações, mas o que
registrou mostra que era um digno contemporâneo de Isaías através da precisa
denúncia dos pecados da nação e de seus líderes, e pelo brilhante fervor de
suas profecias messiânicas. Ao ministrar no século VIII a.C., ele observou
que o poder ameaçador sobre Judá era a Assíria, o império que havia destruído o
reino do norte de Israel (5.5ss.). Ele testemunhou a queda de Samaria em
722a.C.
A profecia de Miquéias apresenta inúmeras
semelhanças com o livro de Isaías. A semelhança mais notável é a passagem em
Miquéias 4.1ss., onde ele repete quase palavra por palavra o que se encontra
em Isaías 2.2ss. As explicações têm variado entre atribuir a profecia a
Isaías, a Miquéias ou a um profeta mais antigo, mas nenhum argumento tem sido
suficiente para satisfazer a maioria dos intérpretes.
Alguns estudiosos atribuíram certas partes do livro a outros
escritores além de Miquéias. Esses argumentos são puramente subjetivos e têm
sido habilmente respondidos pelos defensores da opinião tradicional, isto é, de
que todo o livro foi escrito por um único autor, Miquéias, o morastita.
I.
Primeiro
Oráculo, Capítulos 1-2
A.
Denúncia,
1.2-16
B.
Ameaça,
2.1-11
C.
Promessa,
2.12-13
II.
Segundo
Oráculo, Capítulos 3-5
A.
Denúncia,
3.1-11
B.
Ameaça,
3.12
C.
Promessa,
4.1-5.15
III.
Terceiro
Oráculo, Capítulos 6-7
A.
Denúncia,
6.1-5
B.
Ameaça,
6.6-7.6
C.
Promessa,
7.7-20
Quase todos os intérpretes dividem o livro
em três seções indicadas pelas palavras da introdução “Ouvi todos”. A primeira
profecia cobre os capítulos 1 e 2, e seu tema é o julgamento de Samaria e
Jerusalém, as capitais dos dois reinos. Esse julgamento está se aproximando,
por causa dos pecados da nação (1.2- 5), e surpreenderá Samaria por seus
hábitos idólatras (1.6,7). Mas Judá será devastada e seu povo será exilado
pelas mesmas ofensas (1.8-16), sendo que o castigo será desenhado com a figura
de um exército destruído. A destruição e o cativeiro estavam aguardando os
líderes que haviam oprimido o povo com um tratamento injusto e iníquo (2.1-5) e
com falsos profetas igualmente culpados por suas previsões que tranquilizavam o povo e o
convencia a dormir em sua complacência moral (2.6-11). Em seguida, ele inclui
a promessa de uma bênção final ao remanescente de Israel que irá retomar
(2.12,13).
A segunda profecia amplia os pecados dos
príncipes, dos falsos profetas, dos juízes injustos e dos sacerdotes iníquos. Novamente, os líderes
políticos e religiosos da nação são censurados pelo completo desprezo ao que é
justo e pela sua preocupação com o ganho pessoal (3.1-11). Consequentemente, o Senhor entregará Sião aos seus inimigos (3.12). Tão
potente era esse último discurso, que foi lembrado um século mais tarde (Jr
26.18). A última parte da segunda profecia (capítulos 4-5) revela que o reino
de Deus se estabelecerá com poder, paz e abundância (4.1-8). Nesse ínterim,
somente a tristeza e o cativeiro aguardam a nação por causa de seu inveterado
hábito de pecar (4.9,10), mas seu castigo será seguido pelo juízo de Deus sobre
seus inimigos (4.11-13). Existe um clímax no anúncio do nascimento, em Belém,
do Messias que libertará Sião do domínio dos assírios e pastoreará o seu
rebanho (5.1-6). O remanescente não será apenas preservado dos ataques hostis,
mas do temor das nações inimigas (5.7-9). O Messias estabelecerá um reino de
paz (5.10-15).
A terceira profecia apresenta o caminho
para a redenção oferecida por Deus sob a figura de uma controvérsia legal entre
o Senhor e o seu povo. As questões apresentadas no início estão entre as mais
impressionantes de toda literatura profética. O argumento está baseado nos
muitos sinais de bênçãos de Deus sobre Israel e de sua ingratidão mostrada
através de seus prevalecentes pecados (6.1-5). São estabelecidas as exigências
básicas para essas bênçãos (6.6-8) e, em seguida, Miquéias mostra que eles
não estão cumprindo sequer o mínimo necessário (6.9-7.6). O profeta conclui com a previsão de futuras
bênçãos por causa da fidelidade de Deus à sua aliança com Abraão (7.7-20). Por
fim, a nação, em sua convicção do pecado, se voltará ao Senhor com
arrependimento e confissão. Ao confiar no Senhor, Israel experimentará várias
bênçãos que serão por Ele concedidas: a compaixão, o restabelecimento de Sião
com a dominação de todos os inimigos, e a renovação de seus atos sobrenaturais
em benefício do seu povo. O livro termina com um louvor pela maravilhosa graça
de Deus (7.18-20).
Bibliografia. Gleason L. Archer, “Micah”, NBC. B. A. Copass e E. L. Carlson, A Study of the Prophet Micah, Grand Rapids. Baker, 1950. J. Marsh, Amos and Micah. Introduction and Commentary, Londres. SC.M Press, 1959. Norman H. Snaith, Amos, Hosea and Micah, Londres. Epworth, 1956. A. S. van der Woude, “Micah in Dispute with the Pseudo-Prophets”, VT, XIX (1969), 244-260.
C. L. F.
Fonte: http://dos-reis.blogspot.com.br/2012/11/miqueias-importancia-da-obediencia.html
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