INTRODUÇÃO
O ensino sempre teve papel primordial na cultura judaico-cristã, a
palavra de Deus sempre ocupou lugar primordial na instrução, desde a infância.
Por isso, na aula de hoje, trataremos a respeito desse importante ministério
eclesiástico. Mostraremos, a princípio, a relevância da Escola dos Profetas nos
tempos de Eliseu. Em seguida, apontaremos os fundamentos bíblicos para o ensino
da igreja. Ao final, destacaremos a necessidade do ensino sistematizado da
Bíblia na Igreja local.
1. A ESCOLA DOS PROFETAS
A escola dos profetas, ao que tudo indica, teria sido o primeiro
seminário teológico dos tempos bíblicos. Essa escola teria sido organizada por
Samuel, que acumulou o ministério de profeta, sacerdote e Juiz (I Sm. 10.5;
19.20). Elias e Eliseu foram os responsáveis pela consolidação da escola dos
profetas, a contribuição deles fez com que essa escola funcionasse como
resistência à apostasia que havia se estabelecido no reino do norte (II Rs.
2.3; 4.38; 6.1). A escola dos profetas estava fundamentada no ensinamento
bíblico, por isso, as instruções eram tanto morais quanto espirituais. Não era
uma escola apenas para dotar os alunos com conhecimento, mas, sobretudo, para
que esses tivessem uma profunda experiência com Deus. Os profetas não aprendiam
apenas conteúdo bíblico, eles também eram inseridos no sobrenatural, nos
milagres de Deus. A escola dos profetas foi estabelecida em Ramá, e
provavelmente, em Gibeá (I Sm. 19.20; 10.5,10).
Centros de estudos também estavam espalhados em Gilgal, Betel e Jericó
(II Rs. 4.38; 2.3,5,7,15; 4.1; 9.1).
Cerca de cem estudantes faziam parte da escola dos profetas comandada por
Eliseu em Gilgal (II Rs. 4.38,42,43). Quando Elias e Eliseu foram ao rio Jordão
encontrava-se com eles cinquenta estudantes da escola dos profetas (II Rs.
2.7,16,17). O estilo de vida deles era em comunidade, em uma casa comum, na
companhia dos profetas (II Rs. 6.1). Alguns deles eram casados e tinham filhos
(II Rs. 4.1) e acompanhavam os homens de Deus, por isso eram chamados de filhos
dos profetas. A escola dos profetas dava também aos estudantes uma formação
musical, a fim de que pudessem oferecer ao Senhor música de qualidade para a
adoração a Deus (I Sm. 10.5).
2.
FUNDAMENTOS CRISTÃOS PARA O ENSINO NA IGREJA
O ensino bíblico-teológico sempre teve relevância na igreja cristã,
não podemos esquecer que a Grande Comissão destacava a necessidade de fazer
discípulos, e de ensiná-los a Palavra de Deus (Mt. 28.20). Os próprios mestres,
aqueles que ensinam na igreja, são dádivas de Deus, e portanto, devem ser
considerados como ministros do Senhor (Ef. 4.11). A ausência de ensinamentos
bíblicos bem fundamentados é danosa para a igreja, já que possibilita a entrada
de falsos mestres, e a manifestação da apostasia (Hb. 6.1). Por isso Paulo
orienta o jovem pastor Timóteo para que esse invista no ensino, que escolha
mestres para ensinaram e repassarem a mensagem às novas gerações (II Tm. 2.2).
Tais pessoas devem se esmerar no ministério do ensino, ou seja, a ele se
dedicarem (Rm. 12.7). Elas devem ensinar não apenas com palavras, mas também
com o exemplo (At. 12.25). Paulo é um modelo de mestre na Palavra, um homem que
não se esquivou de ensinar os decretos de Deus (At. 20.20). Não por ocaso
conclamava seus ouvintes e leitores a serem seus imitadores (I Co. 4.15; 11.1;
Fp. 3.17). Mas o maior Ensinador foi o próprio Jesus, reconhecido como Mestre
da parte de Deus (Jo. 3.2). Aqueles que O ouviam ficavam pasmos diante dos seus
ensinamentos, com a autoridade com a qual falava (Mt. 7.28,29). As pessoas se
dirigiam a Ele com o título de Rabi, mestre (Mt. 26.15,49; Mc. 9.5; 11.21; Jo.
1.38,49; 4.31; 9.2; 11.8). Jesus mesmo se reconhecia como tal (Mt. 23.8; Jo.
13.13). Seu ensino era eficaz, por isso muitos se maravilhavam (Jo. 7.46), também
dos seus feitos, associados ao ensino (At. 1.1,2). Seus ensinamentos partiam de
temas simples do cotidiano, recorria com frequências às parábolas (Mt. 22.1);
indagações (Mt. 22.46), discursos (Mt. 5-7), citações (Mt. 5.18; 22.41-45; Lc.
24.27) e símbolos (Jo. 13.4-7; Mc.
6.11). Os temas tratados por Jesus em seus ensinamentos eram: Deus (Mt.
22.34-40); Ele mesmo (Jo. 8.42; 8.58; 16.28); o Espírito Santo (Jo. 3.5;
7.38,39; Mt. 12.27,28; 14.16,17); as Escrituras (Mt. 5.18; Mc. 2.1,2; Mt. 7.13;
Jo. 17.17); a vida cristã (Jo. 5.24; 6.35; 8.12; 14.6; 11.25; 17.17; Mc.
12.30,31); o Reino de Deus (Lc. 17.17; Mt. 6.10; 4.23); a igreja (Mt.
16.18); e a escatologia (Mt. 12.30,31;
Jo. 10.28).
3. A IMPORTANCIA DO
ENSINO SISTEMÁTICO DA BÍBLIA
A igreja cristã não pode fugar da responsabilidade do ensinamento
sistemático da Bíblia. Ciente da importância desse ministério, muitas igrejas
fundaram universidades e investiram maciçamente na educação. Nesses últimos
anos a igreja se distanciou dessa tarefa, e o secularismo ganhou espaço. O
ideal seria que as igrejas evangélicas tivessem suas escolas confessionais, a
fim de instruírem as crianças, desde cedo, na palavra de Deus, sem
desconsiderar a formação enciclopédica, com vistas à formação profissional. Por
menor que seja uma igreja local, ela é a principal responsável pela instrução
dos seus fiéis na palavra de Deus. Os cultos de instrução (ou doutrina) devem
ser valorizados, os pastores precisam separar tempo necessário para a exposição
da Palavra de Deus. As escolas dominicais merecem maior atenção, atentado
inclusive para seus espaços físicos. O estudo teológico, outrora tratado com
preconceito, deve ser estimulado, pois sem uma formação ortodoxa as pessoas
tenderão ao liberalismo. A esse respeito, é preciso reconhecer que não existe
apenas um liberalismo racionalista – que nega a revelação em prol da razão, mas
também o sentimentalista - que nega a revelação em favor da emoção. O movimento
pentecostal, desde o princípio, orientou sua liderança para que obtivesse
formação bíblica. Os cursos teológicos eram poucos, tendo em vista o contexto
distinto, mas havia escolas bíblicas para obreiros e escolas dominicais.
Esperava-se pelo menos que os obreiros tivessem o conhecimento das principais
doutrinas da Bíblia. Nesses últimos anos, em virtude da descaracterização do movimento
evangélico no Brasil, percebemos a necessidade premente de obreiros com
fundamentação bíblica. As escolas bíblicas dominicais, os cultos de instrução e
estudos bíblicos precisam ser revitalizados nas igrejas locais. Caso contrário,
estaremos fadando as gerações futuras à mediocridade, a falta de fundamentos
sólidos, a heterodoxia bíblica, que cedo ou tarde os distanciaram do evangelho.
CONCLUSÃO
A criação da escola dos profetas por Samuel, e o estabelecimento dela
através de Elias e Eliseu, deve servir de motivação para investimos no
ensinamento bíblico-teológico em nossas igrejas. Para tanto, devemos não apenas
repassar conteúdos, mas, sobretudo, oportunizar momentos espirituais, nos quais
os nossos alunos possam ter uma experiência profunda com o Senhor. Uma igreja
que não investe no ensino não está cumprindo a Grande Comissão, que a de fazer
discípulos, e instruí-los na Verdade, que é o próprio Cristo.
BIBLIOGRAFIA
DILLARD, R. B. Faith in the
face of apostasy: the gospel according to Elijah and Elisha. New Jersey: P&R, 1999.
RUSSEL, D. Men of courage: a study of Elijah and
Elisha. Oxford: Christian Focus, 2011.Fonte: http://subsidioebd.blogspot.com.br/
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