sábado, 26 de julho de 2014

LIÇÃO 04 - É POSSÍVEL AMAR O INIMIGO?

TEXTO BÍBLICO

Mateus 5.38-48.


ENFOQUE BÍBLICO

“Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem”  (Mateus 5.44).

OBJETIVOS

Reafirmar o dever cristão de amar os inimigos da mesma forma que amigos e irmãos.
Reconhecer que o cristão não deve vingar-se de seus adversários.
Destacar o significado e a importância da renúncia para a vida cristã..


O significado da renúncia

Todos temos de renunciar a muitas coisas: podemos renunciar a um passatempo para estudar, podemos renunciar a um passeio devido a um curso, uma prova. Renunciamos algo, porque julgamos ter , diante de nós, uma opção mais significativa. Os pais renunciam muitas coisas para estar ao lado dos filhos.

Entretanto, é difícil renunciar a algo, que na aparência, não apresenta vantagem pessoal. Afinal de contas, hoje, os homens estão à procura de vantagens.A vida cristã é uma vida de alegria, mas também de  renúncias para se fazer a vontade Deus. Renúncias implicam a morte do “eu”, na morte de certas tendências do homem natural. Muitas vezes, perdendo-se é que se ganha.

Entretanto, aqui o Mestre ensina sobre uma  renúncia mais forte: a desistência de vingar-se, de inimigos, seres humanos como nós, quando julgamos que estamos certos, quando achamos que é nosso direito tomar uma  atitude vingativa ou compensatória. Pensamos que o estamos “ensinando”, ou o colocando no seu “devido”  lugar. Ou ainda que a pessoa merece sofrer, porque “mexeu” conosco. Especialmente, quando alguém procurar nos prejudicar de modo ostensivo, visível, o desejo natural do ser humano é a retaliação, a vingança. Na primeira oportunidade, despeja-se sobre ele a  ira, visando também deixá-lo em uma situação vexatória, uma  situação em que fique humilhado, envergonhado diante de todos.

A pessoa que revida  a ofensa normalmente sente-se vitoriosa: conseguiu o seu objetivo. Mas será que obteve mesmo vitória?  È necessário pedir graça  e força ao Senhor para resistir ao insulto. Pessoas fazem provocações ao crente, esperando que este saia “no braço”, que perca a paciência e diga palavras destrutivas.

A quem pertence a vingança?  “Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: o Senhor julgará o seu povo”  (Hb 10.30).

Ao ensinar sobre a não responder na mesma moeda, ou seja não prejudicar quem nos ofendeu, Jesus menciona o Antigo Testamento:  “Ouvistes o que foi dito: Olho por olho e dente por dente. Eu, porém vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra”  (Mt 5.38-39).

Jesus continua expor os princípios da Lei e a ressaltar a superioridade de Seu ensino. No Antigo Testamento, a lei  de retribuição dos crimes, impunha limites à vingança das pessoas. Ninguém deveria se exceder em uma ação contra o seu próximo, não poderia ultrapassar a lesão original. Havia tribunais, porém em diversas ocasiões, as pessoas desejavam aplicar vingança pessoal e cometiam excessos.

No Antigo Testamento, havia, contudo, a recomendação dr aplicar-se a misericórdia, desistindo da vingança. “Não aborrecerás a teu irmão no íntimo; mas repreenderás o teu próximo e por causa dele não levarás sobre ti pecado. Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos de teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo: Eu sou o Senhor” (Lv 19.18);  “Não sejas testemunha sem causa contra o teu próximo; por que enganarias com os teus lábios? Não digas: Como ele me faz a mim, assim lhe farei a ele; pagarei a cada um segundo a sua obra” (Pv 24.28-29).
                                                                                                   
Apesar das recomendações do Antigo Testamento referentes à resistência à vingança, todavia havia pessoas que preferiam olhar para a lei que mencionava a retaliação do ser humano que houvesse praticado um delito contra o seu próximo. Os judeus queriam encontrar justificativas para atos de violência na Lei; não consideravam a parte da lei que ordenava o amor. A Lei dada, ao impor uma punição ao que feria alguém, era para o agressor perceber que não valia a pena machucar alguém.    Muitos  se excediam. O Mestre vai além: quando alguém nos ferir, não devemos responder com ódio. Jesus. ensina a oferecer a outra face. Muitas vezes, o recebimento de uma pequena ofensa faz com que o insultado se julgue no direito de praticar uma ação absurda. Perdemos na aparência, mas essa perda pode significar um ganho futuro. Não respondermos ao insulto, pode deixar o nosso agressor desconcertado.

OBS:  “A proposta contraria qualquer lógica humana. Não retaliar a ofensa ainda é possível, dá para pensar, mas oferecer a outra face ao agressor é pedir demais. Por outro lado, quem se sente  à vontade para falar bem do inimigo e não reagir ao que lhe maltrata e persegue? Parece exagero, no entanto é por aí  que caminha a lógica da ética do Reino de Deus” (Geremias do COUTO. A transparência da vida cristã, p. 138-139).

Jesus citou três  exemplos no tocante ao nosso modo de agir com nossos opositores.  O . primeiro refere-se a  não revidarmos a ofensa com a ofensa, exemplo já estudado. O segundo: “E se alguém quiser processá-lo e tirar-lhe a túnica, deixe que leve  também a capa”  (Mt 5.40 -NVI). Em caso de disputa, deveria fazer-se, além do esperado, para cessar o problema.   Em razão de uma dívida, o credor poderia apossar-se, normalmente das vestes interiores até que a dívida fosse paga. A capa, que era o abrigo, uma espécie de cobertor, se fosse tomada, deveria ser entregue antes do pôr-do-sol. As Escrituras registram: “Se tomares em penhor a veste do teu próximo, lho restituirás antes do pôr-do-sol, porque aquela é a sua cobertura e a veste da sua pele; em que se deitaria? Será, pois, que, quando clamar a mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso” (Êx22. 26-27).

OBS:  Por que a capa teria de ser devolvida antes do pôr-do-sol? A veste, ou capa externa, era uma das posses mais valiosas do israelita. Sua confecção era difícil e consumia muito tempo. Como resultado, elas eram caras, e a maioria das pessoas possuía apenas uma. A capa servia para alguém cobrir-se, carregar coisas, sentar-se sobre ela, pagar dívidas e, é claro, para vestir-se  (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, nota a Êx 22.26, pág. 115).

O terceiro exemplo citado por Jesus, no relacionamento com o próximo é:  “E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas” (Mt 5.41).  A primeira milha é a da obrigação; a segunda do amor. Refere-se ao costume romano de obrigar as pessoas a levarem as bagagens  dos emissários ou representantes romanos. Especialmente, alguém poderia ser obrigado a  caminhar uma milha para entregar alguma correspondência. A  milha romana era, aproximadamente, de 1500 metros.

Havia casos no Antigo Testamento em que a vingança não foi aplicada, quando houve oportunidade de praticá-la, essa atitude foi descartada,

Pessoas que renunciaram à vingança em momentos difíceis

  Davi e Saul: “Eis que este dia os teus olhos viram que o Senhor, hoje, te pôs em minhas mãos nesta caverna, e alguns disseram que te matasse; porém a minha mão te poupou, porque disse: Não  estenderei  a minha mão contra o meu senhor, pois é o ungido do Senhor. Olha, pois, meu pai, vê aqui a orla do teu manto na minha mão; porque, cortando-te eu a orla do manto, te não matei. Adverte, pois, e vê que não há na minha mão nem mal nem prevaricação nenhuma, e não pequei contra ti; porém tu andas à caça da minha vida, para ma tirares” (1 Sm 24.10-11). Davi passou no teste de não retaliar aquele que desejava, por todos os meios, matá-lo.

  Eliseu.  Quando o rei da Síria enviou um  exército contra Eliseu, o Senhor o feriu de cegueira e foi parar diante do rei de Israel. Este perguntou a Eliseu se deveria ferir aqueles homens.  A resposta de Eliseu:  “Não os ferirás; feririas tu os que tomasses prisioneiros com a tua espada e com o teu arco? Põe-lhes diante pão e água, para que comam e bebam e se vão para seu senhor. E apresentou-lhes um grande banquete, e comeram e beberam; e os despediu, e foram para seu senhor; e não entraram mais tropas de siros na terra de Israel” (2 Rs 6. 22b,23). A atitude de ajuda ao próximo fez com que o povo de Deus se livrasse de seus inimigos. O rei da Síria deve ter ficado estarrecido com a recepção e banquete dados ao inimigo!

  Israel. Nos dias de Acaz, Israel obteve vitória sobre seu irmão Judá.Entretanto, Israel excedeu em maldade no tratamento dado a Judá.: “Os filhos de Israel levaram presos de Judá, seu povo irmão, duzentos mil: mulheres, filhos e filhas; e saquearam deles grande despojo, e o trouxeram para Samaria” (2 Cr 28.8 – ARA). Observemos: Israel estava tratando seus irmãos, Judá, do mesmo país, como inimigos. Deus os repreendeu através de um profeta: “Mas estava ali um profeta do Senhor, cujo nome era Odede, o qual saiu ao encontro do exército que vinha para Samaria. E lhe disse:  Eis que, irando-se o Senhor Deus de vossos pais contra Judá, os entregou na vossa mão, e vós os matastes com tamanha raiva, que chegou até aos céus. Agora cuidais em sujeitar os filhos de Judá e de Jerusalém, para vos serem escravos e escravas; caso não sois vós mesmos culpados contra o Senhor vosso Deus?”  (2 Cr 28.9,10- ARA). Deus se indignou do tratamento de Israel para com Judá: a raiva foi tão forte “que chegou aos céus”. Ainda  Judá seria escravo de Israel, Felizmente, a palavra de Odede os fez despertar e eles tomaram uma feliz decisão: “Homens foram designados nominalmente os quais se levantaram e tomaram os cativos e do despojo vestiram a todos os que estavam nus; vestiram-nos, calçaram-nos e lhes deram de comer e beber, e os ungiram; a todos os que, por fracos, não podiam andar, levaram sobre jumentos a Jericó, cidade das palmeiras, a seus irmãos. Então voltaram para Samaria” (2 Cr 28.15- ARA).

 A importância da renúncia

Quando as pessoas percebem que não revidamos, não retribuímos com o mal, a vingança, percebem que existe uma ética diferente. Afinal não é fácil resistir às investidas a que, muitas vezes somos submetidos.

Assim, nossos atos destacam que existe em nós algo maior, somos seguidores de Cristo, .  dAquele que nos amou, e morreu na cruz por nós, recebendo toda sorte de insultos. È fácil reagir, agredir fisicamente ou verbalmente, o mais difícil é demonstrar que amamos aqueles que nos perseguem.

Observemos o exemplo de Jesus. Ele suportou as afrontas para que, por meio do seu sacrifício, pudéssemos ser salvos: “Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual , pelo gozo que lhe estava proposto, suportou  a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus”  (Hb 12.2).

Alguns sofrimentos de Jesus:

  “E, tecendo uma  coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e, em sua mão direita, uma cana; e, ajoelhando diante dele, o escarneciam , dizendo: Salve, Rei dos judeus! E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana e batiam-lhe com ela na cabeça”  (Mt 27. 29-30).
  “E da mesma maneira também os príncipes dos sacerdotes, com os escribas, e anciãos, e fariseus, escarnecendo, diziam: Salvou os outros  e a si mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça, agora, da cruz, e creremos nele; confiou em Deus; livre-o agora, se o ama; porque disse: Sou Filho de Deus.  E o  mesmo lhe lançaram também em rosto  os salteadores que com ele estavam crucificados” (Mt27.41-44).

Nossa renúncia à vingança é um alto testemunho de nossa fé. Muitos adversários são calados, o nome do Senhor é enaltecido. E, sobretudo, muitas pessoas se convertem ao Evangelho diante da nossa decisão de fazermos o bem a quem nos ofendeu, caluniou-nos.

E se alguém que lhe fez mal pedir-lhe alguma coisa ...
O cristão deve socorrer, ajudar ao inimigo, aquele que lhe procurou fazer mal  (Mt 5.42).

OBS:  Ouvimos, em certa ocasião, a seguinte narrativa. Um cristão estava passando por grande necessidade. O vizinho, para afrontá-lo, colocava à sua porta, comida estragada, gêneros da pior espécie. Deus é que Deus de misericórdia socorreu ao cristão. Agora, ele tinha fartura. O vizinho, agora, estava numa situação difícil. O filho diz ao pai cristão:  — Pai, agora, vamos tratá-lo com ele sempre fez conosco. O pai disse ao filho: — Não! Vamos pegar os melhores alimentos e colocá-los à sua porta! (Assim, procede uma pessoa convertida, testificando do amor de Cristo a seu próximo).

É necessário estar olhando para Jesus para não desejar e deixar de socorrer uma pessoa que nos prejudicou. Quando chegar esse momento, é hora de ir à ação, pois as ações falam mais alto que as palavras.

O amor sem preconceito

Os judeus se baseavam na tradição,como Jesus disse: “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo”  (Mt 5.43). Quantos ensinamentos que não possuem base bíblica. È necessário conferi-los na Bíblia! Não havia recomendação para se odiar o inimigo.

Jesus mostrou a superioridade de Seu ensino: “Eu, porém vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem”  (Mt 5.44). Não devemos difamar de nossos inimigos e sim orar por eles.

Quantos se convertem ao ouvir alguém orando pelo  bem dce seu inimigo. Quem assim procede demonstra que seu Pai é Deus  (Mt 5.45).

Samuel, ao se despedir do povo, pois agora não teria a função de conduzi-los administrativamente e em guerras assim se expressou: “E, quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o Senhor, deixando de orar por vós; antes, vos ensinarei o caminho bom e direito” (1 Sm 12. 23). Esse é o verdadeiro amor, amor sem preconceito que pode ser estendido a todos, é um amor que não depende da ocasião.


Devemos ter paz com todos os homens
Andar em paz com todos os inimigos deve ser ação de todos os cristãos: “E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus”  (Mt 5.47-48).

Deus pode dar-nos a paz até com nossos perseguidores:  “Sendo os caminhos do homem agradáveis ao Senhor, até a seus inimigos faz que tenham paz com ele”  (Pv 16.7).

O Sermão do Monte aponta  quais as características do cidadão que faz parte do Reino de Cristo.

Não é fácil seguir  os passos de Jesus, contudo espelhamos nEle. Ele nos ama e nos dará forças para resistir ao mal e sermos vitoriosos.

CONCLUSÃO

A vida cristã inclui a renúncia aos desejos de retaliação.
Não buscamos o sofrimento, mas se tivermos de passar por ele, será para alcançarmos outras pessoas a Cristo, para seguirmos o padrão dEle.
Quanto à renúncia, lembremo-nos que foi Jesus que impôs a si próprio a maior renúncia: deixou Sua glória para viver no mundo, morrer por nós em favor da nossa salvação.
Louvemos a Deus: “Morri na cruz por ti:/Morri pra te livrar!/Meu sangue, ali, verti,/E posso te salvar”./ “Morri!morri na cruz por ti: – Que fazes tu por mim? Morri! Morri na cruz por ti: /– Que fazes tu por mim?”  (1a estrofe e estribilho do hino 569 da Harpa Cristã).

Colaboração para o Portal Escola Dominical:  Profª. Ana Maria Gomes de Abreu (Inn Memorian)
Fonte:PortalEBD

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