sábado, 6 de dezembro de 2014

LIÇÃO 10 – AS SETENTA SEMANAS



Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP. 50040 – 000       Fone: 3084 1524



(Dn 9.20-27)

INTRODUÇÃO
            Em Daniel 9.3-27 vemos a oração do profeta, para que Deus desse inicio ao regresso de seu povo, do cativeiro Babilônico. Diante do clamor insistente de Daniel, Deus lhe envia um mensageiro angélico com a resposta da sua petição, mostrando-lhe o panorama profético, por Deus estabelecido para restaurar completamente a nação de Israel.

I – O CENÁRIO HISTÓRICO DA PROFECIA
            “No ano primeiro de Dario, filho de Assuero, da linhagem dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus” (Dn 9.2). “A expressão No primeiro ano de Dario […] constituído sobre o reino dos caldeus”, nos mostra que Daniel não o confunde com Ciro. Ele (Dario) não era constituído rei sobre o império medo-persa, mas apenas sobre a Babilônia. Este registro histórico data aproximadamente de 539-538 a.C. sessenta e sete anos depois de Daniel ter sido levado no verão de 605 a.C.; cerca de cinquenta e nove anos do começo do cativeiro do Rei Jeoaquim (II Cr 36.9,10;              Ez 1.1); um pouco menos que cinquenta anos a partir da destruição final de Jerusalém em 586 a.C. Isto explica o interesse de Daniel em Jerusalém (Dn 9.2). Ele imaginou que o tempo já estava sendo contado” (MOODY, sd, p. 57).

II – A ATITUDE DE DANIEL ANTE O TÉRMINO DO CATIVEIRO DE JUDÁ
            O texto de Daniel capítulo 9 nos mostra que o profeta desejou compreender melhor a vontade de Deus a cerca do povo de Israel. Para tanto, ele resolveu tomar duas sábias decisões:

2.1 Examinou a profecia a cerca da restauração do povo (Dn 9.2). Daniel possuía uma biblioteca, cujos livros ele estudava. Ele menciona aqui, no versículo 2, as profecias de Jeremias. A profecia de Jeremias, em apreço, diz: “Toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto; estas nações servirão ao rei de Babilônia setenta anos. Acontecerá, porém, que, quando se cumprirem os setenta anos, castigarei a iniquidade do rei de Babilônia...” (Jr 25.11,12). Esse rei de que fala a profecia já fora castigado (Dn 5). Daniel considerava então que já estava no tempo para terminarem as “assolações de Jerusalém”, a qual continuava destruída” (GILBERTO, 2010, p. 45 – acréscimo nosso) .    

2.2 Daniel intercedeu pela restauração do seu povo (Dn 9.3). A oração, na vida de Daniel, era um costume regular. No seu aposento de janelas abertas, na direção de Jerusalém, ele podia ser encontrado orando três vezes por dia (Dn 6.10). “Nesse tempo desta oração, quase setenta anos que Daniel fora levado para o cativeiro. Ele tinha mais de oitenta anos de idade, e breve iria “pelo caminho de toda terra”. Mas o coração ainda ardia pela revificação espiritual da obra do Senhor, pelo retorno do povo de Deus à terra da promessa, pela reedificação da cidade querida e pela reconstrução do seu Templo em ruínas” (BOYER, p. 73, 2009).

III – CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS SETENTA SEMANAS REVELADAS A DANIEL

3.1 O sentido da profecia. A profecia das setenta semanas foi dada a Daniel, esta diz respeito ao futuro IMEDIATO e ESCATOLÓGICO de Israel. Enquanto Daniel, orava, no período de três da tarde (Dn 9.21), um anjo, chamado Gabriel, foi enviado por Deus para lhe entregar uma mensagem explicativa “Daniel, agora saí para fazer-te entender o sentido” (Dn 9.22-b). “O anjo apresenta a profecia no sentido completo, e depois mostra a Daniel as suas divisões (Dn 9.24), que são vistas nos versos 25 a 27. A recomendação a Daniel feita pelo anjo “considera, pois, a palavra, e entende a visão” (Dn 9.23-b), foi, sem dúvida, por tratar-se de uma profecia cujo tema era de alcance muito vasto; ela alcança séculos e milênios. Entre os hebreus, em lugar da palavra “semana” usava-se a palavra “shabua”. Em hebraico “shabua” significa, literalmente, um “sete”. Pode ter o sentido de um “sete” de dias como também um “sete” de anos. Precisamente nesta profecia tem o sentido profético de anos e não de dias (Nm 14.34; Ez 4.6). Assim sendo, estas “setenta semanas” são setenta “grupos de sete anos”, ou seja, 490 anos (SILVA, 1986, p. 178 – acréscimo nosso).

3.2 O porque deste tempo de castigo. A Bíblia nos mostra que Deus puniu o seu povo com o cativeiro por pelo menos dois motivos: (1) eles haviam dado as costas ao Senhor e serviram aos ídolos (Jr 3.13; 18.11; 19.13; 25.5,6; 35.15);                          e, (2) os setenta anos de cativeiro sobre a nação foi para “que a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da desolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram” (2 Cr 36.21). “Deus ordenou a Israel, no deserto, que trabalhasse seis dias em sete e, semelhantemente, seis anos em sete (Êx 20.9,10; Lv 25.1-7). A guarda do sábado a risca foi observada por Israel logo no deserto, e um homem foi morto porque o violou (Nm 15.32-36). A segunda ordem de Deus para que se guardasse o ano sabático só entraria em vigor com a entrada da nação na terra prometida (Lv 25.2-4) Isto significa que todo o “tempo pertence a Deus”. Durante esse ano de repouso, a terra não era lavrada, o fruto era livre, e a confiança do povo em Deus era provada. Aprendemos de Deuteronômio 31.10-13, que este ano era empregado para dar instrução religiosa ao povo. Durante os 490 anos da monarquia, esta lei não foi observada, como devia ter sido por 70 vezes. Por isso, foram dados ao povo 70 anos de cativeiro” (SILVA, 1986, p. 166).
IV – CRONOGRAMA JUDAICO DOS ACONTECIMENTOS PROFÉTICOS ACERCA DE ISRAEL
            Além do cronograma gentio (Dn 2;7;8), Daniel também recebeu um cronograma judaico dos acontecimentos proféticos sobre Israel (Dn 9). Essas profecias são muito mais exatas quanto aos anos e dias, e localizam os acontecimentos principais da redenção e restauração de Israel. Esta profecia é o futuro de Israel no plano de Deus. 

SEMANAS
REFERÊNCIA BÍBLICA
MOMENTO HISTÓRICO
1ª período
(7 semanas – 49 anos)
“Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém até o ungido, o príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas: as praças e tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos” (Dn 9.25).
As Setenta Semanas tiveram inicio com a ordem expedida por Artaxerxes, em 445 a.C. para que os judeus voltassem à sua terra e reconstruíssem o Santo Templo e reerguessem os muros de Jerusalém (Ne 2.1-6). Nessas sete semanas, ou quarenta e nove anos, puderam os judeus, sob a liderança de Neemias, Esdras, Zorobabel, Ageu, Zacarias e o sumo sacerdote Josué, reaver parte da glória que lhes tirara Nabucodonosor. Os tempos porém eram de angústia, aflição e apertos.
2º período
(62 semanas – 434 anos)
“E depois de sessenta e duas semanas será cortado o ungido, e nada lhe subsistirá; e o povo do príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até o fim haverá guerra; estão determinadas assolações”  (Dn 9.26).
Desde a reconstrução de Jerusalém até a morte do Cristo, passar-se-iam sessenta e duas semanas, ou seja: 434 anos. Este foi o tempo transcorrido desde a ordem de Artaxerxes até a crucificação do Filho de Deus. Apesar de algumas pequenas divergências entre os vários estudiosos, a profecia cumpre-se de maneira surpreendente. Em seguida, o profeta fala da destruição de Jerusalém por Roma, o que se deu em 70 d.C.
3º período
(1 semana -
7 anos)
“E ele fará um pacto firme com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador; e até a destruição determinada, a qual será derramada sobre o assolador”  (Dn 9.27).
Último período das Setenta Semanas, durante o qual terá lugar o reinado do Anticristo e a Grande Tribulação. Esta semana será inaugurada logo após o arrebatamento da Igreja (2 Ts 2.7;                    Ap 3.11). Como as demais, terá a duração de sete anos; será dividida em duas partes de três anos e meio cada: a primeira de uma aparente paz e segurança; a segunda será marcada pela Grande Tribulação (Ap 11.2,3, 12.6). No final dessa semana, aparecerá o Senhor Jesus, juntamente com a sua Igreja, para implantar na Terra o Reino Milenial.

V – O QUE ACONTECERÁ COM ISRAEL DURANTE A ÚLTIMA SEMANA DE 7 ANOS
            “Essas semanas tratam das provações e sofrimentos pelos quais Israel terá de passar antes que o seu Libertador apareça, para que, como diz o final do versículo 24 da profecia em estudo, os pecados de Israel tenham fim, e para trazer a justiça eterna. Estas "semanas" não se referem à Igreja, mas a Israel. "Sobre o teu povo [o povo de Daniel], e sobre a tua santa cidade" (a cidade de Jerusalém - v. 24)” (GILBERTO, 2010, pp. 48,49). Nesse período seriam realizados os seguintes seis importantes eventos (Dn 9.24): (a) fazer cessar a transgressão”. Esta declaração indica por fim à rebelião secular de Israel contra Deus. Israel crucificou o Messias quando Ele chegou ao mundo, e consequentemente foi castigado. Sua incredulidade será transformada em fé à Segunda Vinda de Cristo, quando essa nação aceitará Jesus como Messias. Toda a nação “nascerá de novo” (Rm 11.25-29; Is 66.7-10; Ez 36.24-30); (b) dar fim aos pecados”.  Isto é, por um ponto final aos muitos pecados e à rebelião de Israel, evento que se realizará depois da Tribulação (Ez 36.24-30; 37.24-27; 43.7; Zc 14.1-21); (c) expiar a iniquidade”. Realizar a expiação em favor desse povo espiritualmente perverso. Isso aconteceu na cruz do Calvário em favor do mundo todo, mas Israel, como nação, até hoje não se valeu dessa maravilhosa providência divina. Mas à vinda de Cristo, Israel se arrependerá dessa atitude (Zc 13.1-7; Rm 11.25-27); (d) trazer a justiça eterna”. Isto é, a justiça que Cristo proveu pela morte na cruz (Is 9.6,7; 12.1-6;                               Dn 7.13,14,18,27; Mt 25.31-46; Rm 11.25-27); (e) selar a visão e a profecia”. Isto é, chegar ao cumprimento das profecias concernentes a Israel e Jerusalém. Todos conhecerão ao Senhor, desde o menor até ao maior deles (Jr 31.34;               Is 11.9); e, (f) “ungir o Santo dos Santos”. Está claro que isto significa a purificação do lugar santíssimo do templo dos judeus e a cidade de Jerusalém dos efeitos da “abominação da desolação” e demais sacrilégios praticados pelos gentios durante a Tribulação. Incluirá também a consagração do templo milenial previsto em (Ez 40-43; Zc 6.12,13).

CONCLUSÃO          
            Através das visões concedidas a Daniel, aprendemos que Deus não desistiu de Israel. Pelo contrário, ele tem estabelecido um plano onde irá restaurar física, moral e espiritualmente o seu povo escolhido, cumprindo assim as suas palavras anunciadas através dos seus santos profetas.

REFERÊNCIAS


·         GILBERTO, Antonio. Daniel & Apocalipse. CPAD.
·         OLSON, Nels Laurence. O plano divino através dos séculos. CPAD.
·         PFEIFFER, Charles F. Comentário Bíblico Moody: Daniel. Editora Batista Regular.
·         SILVA, Severino Pedro da. Daniel versículo por versículo. CPAD.

  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.  CPAD.


Fonte: http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/baixar-licao/cod/351

0 comentários:

Postar um comentário