Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas
Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José
Alves
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(Tg 4.11-17)
INTRODUÇÃO
Novamente o apóstolo Tiago volta ao assunto do abuso da linguagem. Veremos que os dois pecados que o apóstolo
Tiago trata nestes versículos 11-17 do capítulo 4 estão diretamente
relacionados a língua, a saber: a maledicência e a presunção.
Verificaremos também quais ensinamentos podemos extrair destes versículos para
nossa edificação.
I – DEFINIÇÃO DAS PALAVRAS JULGAMENTO E MALEDICÊNCIA
O
termo julgamento vem do grego “krisis” que denota: “separação,
juízo, julgar”. Já a palavra maledicência que é o julamento injusto no grego é “katalalia”
que significa: “difamação, mexerico, falar mal, maldizer” vem de “kata”
que é: “contra” e “laleo”
que significa: “falar mal de”, do substantivo “kataginosko” que
é: “culpar, acusar, condenar”. (PALAVRAS CHAVES, 2011, p. 2256).
II – ENSINOS DE TIAGO
SOBRE A MALEDICÊNCIA: TIAGO 4.11-12
Mais
uma vez, Tiago aborda a questão do cuidado com aquilo que falamos. Sabemos que
é possível falar com as pessoas exortando-as, aconselhando-as e ensinando-as a
serem melhores e estarem mais próximas de Deus. Mas também é possível fazermos
o contrário. Tiago trata do perigo de nos colocarmos no lugar de Deus para
exercer juízo contra uma pessoa. O apóstolo não está dizendo que a igreja
não pode exercer um julgamento para agir de forma disciplinar em alguns casos. Não podemos lançar no mundo uma pessoa que Jesus
salvou, mas não podemos também compactuar com um pecado cometido, como se nada
de errado houvesse ocorrido. É evidente que não é sobre esse tipo de julgamento que
Tiago está falando, e sim sobre o ato de uma pessoa da congregação emitir de
forma indevida uma opinião sobre uma outra pessoa de forma injusta (COELHO;
DANIEL, 2014, pp. 124-128). Vejamos:
2.1
“Irmãos, não faleis mal uns dos outros...”. No grego é usado o termo “katalaleo”,
que quer dizer: “falar mal de, degradar, difamar”. Esse termo é frequentemente
aplicado ao ato de dizer palavras duras contra os ausentes, os quais, por isso
mesmo, não podem defender-se. Trata-se de um uso impróprio da fala, dando a
entender que quem assim faz busca suplantar a lei, que é o verdadeiro agente
condenador nas mãos de Deus. (Ef. 5.4; Sl. 101.5; II Co. 12.20; I Pe. 2.1; Rm.
1.30). O que está em foco aqui é a indulgência daqueles que falam sem gentileza
(CHAMPLIN, 2002, Vol. 6, p. 68). O princípio, neste versículo, não proíbe a
ação adequada de uma igreja contra um membro que está agindo em flagrante
desobediência a Deus (1 Co 5.6). O texto não é contra a ideia de fazermos
juízos morais, de tentar ajudar a outros a corrigirem os seus caminhos
tortuosos.
2.1.1
Quem fala mal de um irmão, e julga a seu irmão, fala mal da lei, e julga a
lei...” (Tg 4.11-a). É óbvio que se um crente não pudesse fazer juízos dessa natureza, então
a instrução cristã se tornaria vaga e inoperante. Nada existe no texto à nossa
frente que tire a severidade da instrução ou da reprimenda morais. Contudo,
quando vemos um irmão em uma falta flagrante, devemos procurar “restaurá-lo”
com amor e paciência (Gl. 6.1). O que o texto condena, pois, é a atitude
de censurar, que degrada a outrem, ao mesmo tempo que exalta a si mesmo, ou que
profere críticas negativas, que não edificam, mas apenas degradam. Na
verdade, Tiago está preocupado com as palavras que condenam ou julgam as ações
dos outros e a sua posição perante Deus injustamente. A crítica positiva se dá
quando um crente, no espírito de amor, busca ajudar a um outro por aquilo que
diz, e aprende a dizê-lo com gentileza, sem motivo de auto-exaltação.
2.1.1.1
“...e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz” (Tg 4.11-b). Nesta passagem parece que os interesses do irmão e da lei se
identificam. Falar mal do irmão ou julgá-lo é falar contra a lei e tonar-se
juiz da lei. Nossos lábios devem ser governados pela lei da bondade, da verdade
e da justiça. Devemos
evitar as ofensas e as agressões pois "o irmão ofendido é mais
difícil de conquistar do que uma cidade forte; e as contendas são como
ferrolhos de um palácio" (Pv 18.19). As
divergências entre irmãos tornam-se como as muralhas que guardam um castelo e
não podem ser quebradas tão facilmente. Irmãos unidos são mais fortes do que um
castelo; eles resistem juntos com maior vigor do que as barras de ferro de
proteção de um castelo (CHAMPLIN, Vol. 6, 2002,
p. 2630).
2.2 “Há só um legislador que pode salvar e
destruir. Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?” (Tg 4.12). A palavra para “julgar” no grego é “krinein”, também
significa “separar, criticar, segregar”. Paulo afirma: “Não julgueis
antes do tempo” (1Co 4.5). Tiago diz que: “Há só um Legislador” (a
origem da lei) e “um Juiz” (que faz a lei vigorar). Nós, que somos responsáveis
diante da lei de Deus, não podemos nos colocar no lugar de Deus. À vista disto, Tiago pergunta, “quem és, que julgas ao próximo?”.
Quando condenamos as pessoas
estamos condenando aqueles que foram “... feitos à imagem de Deus” (Tg
3.9). Aqueles que julgam de forma
injusta seus semelhantes estão se posicionando como juízes acima da lei, em vez
de submeterem-se a ela. Apenas Deus pode fazer e executar o julgamento, por
isso devemos rejeitar tal procedimento (Rm 1.29,30; 2Co 12.20; 1 Pe 2.1)
(CHAMPLIN, Vol. 6. p. 69).
III – ENSINOS
DE TIAGO SOBRE A PRESUNÇÃO: TIAGO 4.13-17
A
Carta de Tiago apresenta outro assunto muito corrente em nossos dias: o fazer
planos para o futuro. Ele entende que podemos fazer planos, desde que
dependamos de Deus para realizá-los. Não conhecemos o nosso futuro nem
sabemos o que é melhor para nós. Se Deus quiser iremos, compraremos,
ganharemos. Como Tiago nos diz que podemos nos proteger da presunção? Vejamos:
3.1 Tendo consciência da nossa imprevisibilidade: “Eia agora vós, que dizeis: Hoje, ou
amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e
ganharemos” (Tg 4.13). Tiago, agora, vai falar sobre o risco da presunção que é fazer os nossos
planos como se estivéssemos no total controle do futuro. É viver como se nossa
vida não dependesse de Deus. A presunção é um sério pecado. Ela envolve tomar
em nossas próprias mãos a decisão de planejar e comandar a vida à parte de
Deus. Obviamente Tiago não está combatendo a questão do planejamento, mas
combatendo o planejamento sem levar Deus em conta. É claro que a vida é feita
de nossas escolhas (Pv 16.1, 9, 16-33; 21.31; Sl 37.23).
3.2 Tendo consciência da nossa ignorância: “Digo-vos que não sabeis o que acontecerá
amanhã...” (Tg 4.14). Precisamos ter alvos, planos, sonhos, mas não presunção. A presunção
envolve tomar em nossas próprias mãos o nosso destino (Tg 4.16). Também envolve
uma declarada desobediência ao conhecido propósito de Deus (Tg 4.17). Deus condena planejamentos?
Claro que não! Tiago, de forma direta, nos desafia a incluir Deus em nossos
planos, e de forma indireta nos ensina que isso implica a busca pela vontade de
Deus em nossas vidas. Se temos de fazer planos, devemos fazê-los de acordo com
os projetos de Deus para nós. Deus não é contra fazermos planos, mas
orienta-nos a que os apresentemos a Ele. “Do homem são as preparações do
coração, mas do SENHOR, a resposta da boca” (Pv 16.1). Planejar não é
mau na verdade, o problema a que Tiago se refere, entretanto, é quando Deus não
está incluído nestes planos.
3.2.1 Tendo consciência da nossa fragilidade: “... porque, que é a vossa vida? É um
vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece” (Tg 4.14). Nada há de mau em tal planejamento
propriamente dito, pois para o cristão um planejamento cuidadoso fará parte da
fidelidade que se exige de um bom administrador (Lc 12.42; 1Co 4.2).
Entretanto, alguns ignoravam dois pontos. O primeiro é a limitação dos seres
humanos, o que limita seu conhecimento “não sabeis o que sucederá amanhã”.
O segundo é a incerteza da vida, a qual Tiago compara à neblina, ou à fumaça “...
porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se
desvanece”. Podemos estabelecer a hora e o minuto do nascer e do por do
sol pela manhã, mas não podemos precisar a que horas a névoa se dissipará.
3.3 Tendo consciência da nossa total dependência de Deus: “Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor
quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo” (Tg 4.15). Um homem cristão, ao fazer os seus
planos, deve reconhecer a sua dependência de Deus (At 17.25-28). Tão curta, tão
passageira e dada a murchar é a vida humana, e toda a prosperidade e o prazer que
a acompanham; porém, a benção ou a maldição serão para sempre, conforme a nossa
conduta neste momento passageiro. Nossos tempos não estão em nossas mãos, mas à
disposição de Deus. “Nas tuas mãos estão os meus dias” (Sl
31.15). Façamos
projetos e invistamos neles dentro de nossas possibilidades, mas nunca nos
esqueçamos de que nossa vida é muito breve, e que Deus tem sempre planos
melhores do que os nossos: “Porque eu bem sei os pensamentos que penso de
vós, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que
esperais” (Jr 29.11).
3.4 Tendo consciência da nossa finitude: “Mas agora vos gloriais em vossas
presunções; toda a glória tal como esta é maligna” (Tg 4. 16). Mas o reconhecimento da dependência
de Deus não era o caso entre os leitores de Tiago. Antes, eles se gloriavam
presunçosamente “Mas agora vos gloriais em vossas presunções...” (Tg
4.16). Tiago denuncia a gabolice (aquele que se auto exalta, a prática
de auto-elogios) como um mal. Mas Deus, o nosso Pai, é tudo em todos por Cristo
Jesus, o nosso Senhor (Cl 3.11). A gravidade da presunção e da arrogância
humana pode ser comprovada na segunda parte do versículo dezesseis: "toda
glória tal como esta é maligna" (Tg 4.16b).
3.5 Tendo consciência da nossa fraqueza: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e
não o faz, comete pecado” (Tg 4.17). Uma advertência final para os negociantes autoconfiantes. Portanto
sabiam que a humildade e dependência de Deus são essenciais na vida cristã.
Saber e não fazer, é pecado. Os pecados de omissão e os de comissão serão
levados a juízo. Será condenado tanto aquele que não faz o bem que sabe
que deve fazer, quanto aquele que faz o mal sabendo que não o deve fazer (Tg
4.17).
CONCLUSÃO
Concluímos e aprendemos que nunca
devemos fazer qualquer julgamento que seja resultante de algum mexerico ou
maledicência, e que devemos entender que nossa vida estar nas mãos do nosso
Grande Deus juntamente com nosso futuro e nossos planos.
REFERÊNCIAS
·
CHAMPLIN, R. N. Dicionário
de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
·
BARCLAY, William. Comentário Biblico de Tiago. PDF
·
MOODY, D. L. Comentário Biblico de Tiago. PDF
·
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
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