Igreja
Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco Superintendência das Escolas
Bíblicas Dominicais Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz
Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524
2º
TRIMESTRE DE 2016 (Rm 13.1-8)
INTRODUÇÃO
Neste capítulo 13 de
Romanos, o apóstolo Paulo trata de três tópicos importantes sobre as
responsabilidades do crente para com as autoridades civis (Rm 13.1-7); para com
o próximo (Rm 13.8-10) e para com sua vida pessoal (Rm 13.11-14). Paulo
escreveu esta seção visando o ambiente sociopolítico das igrejas que se reuniam
em casas romanas. Ele tinha plena consciência das realidades sociais e
políticas que confrontavam os cristãos em Roma. O apóstolo não pretendia
apresentar uma teoria geral de relacionamento Igreja-Estado. Sua intenção era
mostrar que, assim como Deus ordenou toda a criação, devemos manter em ordem a
comunidade social e política.
I - DEFINIÇÃO DA PALAVRA AUTORIDADE
Paulo
menciona “autoridades superiores” em Romanos 13.1 referindo-se ao Estado, com
seus representantes oficiais. O termo do grego “exousia”
significa “autoridade” e aparece 102 vezes no NT e destas 4 vezes só no
capítulo 13 de Romanos com o sentido, neste contexto, de “governantes civis”. O
princípio da autoridade constituída, ou delegada, vem de Deus, e por isso o
crente tem o dever de se submeter a ela (Jo 19.10,11; Rm 13.1,2; Tt 3.1; 1Pd
2.13,14,17,18). Este mesmo sentido é mostrado no AT, onde é mostrado que nenhum
governante exerce autoridade fora do domínio de Deus (Pv 8.15,16; Dn 2.21;
4.17,25,32; 5.21; Is 45.1-7) (GONÇALVES, 2015, p. 71 – acréscimo nosso) . “A
autoridade é, em primeiro plano, o poder efetivo de fazer algo; em segundo
lugar, o direito de exercer tal poder; e, em última análise, é o poder
político, síntese do direito e do poder” (LOPES, 2010, p. 424).
II - A SUBMISSÃO AS AUTORIDADES E
OS LIMITES
Em
Romanos 13 o apóstolo Paulo vai falar sobre a “origem” da
autoridade (Rm 13.1), em segundo lugar, a “natureza” da
autoridade (Rm 13.4,5), e em terceiro lugar, a “finalidade” da
autoridade (Rm 13.3,4). Paulo ensina que o crente deve respeitar
e se submeter às autoridades legitimamente constituídas. Porém, isso não
significa que ele deva concordar com o pecado daqueles que estão em uma posição
de liderança (Dn 6.1-10). A desobediência civil só se justifica no caso de
conflito entre a lei humana e a lei divina, onde o cristão, em razão da sua
consciência para com Deus se submete a “sofrer” as consequências por este ato
(At 4.19; 5.29; 1Pd 2.19- 21). Há um limite básico para a obediência do cristão
ao governo: ele tem que obedecer a Deus antes que ao homem. “Se o Estado
exige aquilo que Deus proíbe, ou então proíbe o que Deus ordena,
então, como cristãos, nosso dever é claro: resistir, não sujeitar-nos,
desobedecer o Estado a fim de obedecer a Deus (1Rs 21.3; Dn 3.18; 6.12; Mc
12.17; At 4.19; 5.29; Hb 11.23)” (STTOT apud LOPES, 2010, p. 424).
Quando pessoas corruptas alcançam o poder, pervertem a instituição de
Deus, contribuindo para a injustiça, a violência, a exploração, a desordem e a
corrupção (Pv 29.2; 28.12,28) (CABRAL, 2005, p.139).
III - O CRENTE E SEUS DEVERES
CIVIS
O
salvo deve ser sempre um bom cidadão. A finalidade espiritual da obediência às
autoridades, do cumprimento dos deveres civis, é “taparmos a boca dos
ignorantes que falam mal do Evangelho” (1Pe 2.15). O cristão não pode
ser revolucionário, isso não quer dizer que se acomode à maldade e à injustiça.
Em Romanos capítulo 13 Paulo escreveu esta seção visando o ambiente
sociopolítico das igrejas. Ele tinha plena consciência das realidades sociais e
políticas que confrontavam os crentes em Roma. O apóstolo queria evitar a
anarquia e, consequentemente, uma perseguição desnecessária, pois, o princípio
de governo e da autoridade provém de Deus, então fica estabelecido que os
cristãos, ao invés de insubordinarem-se devem ser, ao contrário, os melhores
cidadãos. E quais são seus deveres? Vejamos:
3.1 Devemos honrar e obedecer as autoridades. Deus autoriza a existência do governo civil e manda os
cristãos obedecerem, pois fazendo isso mostramos que amamos ao Senhor
(Ec 8.2; 1Pd 2.13). Temos uma responsabilidade de sujeição (Rm 13.1-7), e o
cristão deve obediência às autoridades de sua pátria (Rm 13.1; Jr 29.7). Essa
obediência não se deve originar do temor a elas, mas sim da própria consciência
(Rm 13.5), que reconhece ser a obediência a elas da vontade de Deus (1Pd
3.15-17; Tt 3.1; 1Pd 2.13,14). A honra que se deve às autoridades é o respeito,
a dignificação, o enobrecimento das autoridades por todos os cristãos é para
vivermos uma vida tranquila (1Tm 2.1,2). É pecado o trato desdenhoso,
zombeteiro, de deboche e de desprestígio para com as autoridades.
3.2 O crente e suas obrigações com o governo. É pecado o tratamento desonroso que muitos usam ao se
referirem às autoridades. Anedotas, zombarias, xingamentos, são naturais
para o mundo, mas não para o cristão, que deve obedecer e honrar as
autoridades. Paulo mostra que o cristão é um cidadão de “dois mundos” e de
“duas ordens” e que a sujeição por parte dos cristãos às autoridades
governamentais deve-se primeiramente por razões de obediência. Então, podemos
dizer que: a) o cristão deve orar pelos funcionários do governo (Jr
29.7; 1Tm 2.1-2); b) deve pagar os impostos (Mt 22.21; Rm 13.6-7; Lc
20.19-26); c) deve obedecer o governo e suas leis desde que estas leis
não firam os preceitos bíblicos (At 4.19), e d) deve honrar o governo
(Rm 13.7; 1Pe 2.17).
Paulo apresenta uma lista de
ações que compõe um estilo de vida aprovada por Deus. Notemos:
4.1 Cumprir com os compromissos. O apóstolo
aconselhou a não ficarem em débito com ninguém: "A ninguém devais
coisa alguma [...]" (Rm 13.8). Em palavras atuais, significa que o crente deve ter o
"nome limpo na praça" . Não podemos dever nada
a ninguém, exceto o amor (Rm 13.8). Amar o próximo é uma obrigação moral que
temos para com a raça humana.
4.2 Pagar tributos
e impostos. Um crente fiel paga seus impostos e nunca “burla” a
lei usando de falcatruas. “Por esta razão também pagais tributos,
porque são ministros de Deus [...] (Rm 13.6,7; Mt 22.21).
4.3 Manter relações interpessoais sadias (Rm 13.9). O crente precisa obedecer princípios morais
estabelecidos por Deus, e isso fez o apóstolo ter interesse em falar das
relações interpessoais quando ele cita esses mandamentos.
4.4 Deixar as obras das trevas (13.12b). A vida cristã é um campo de batalha e não basta estarmos
acordados, precisamos despojar-nos das obras das trevas. Não é
suficiente apenas tirarmos as vestes noturnas, precisamos vestir-nos das armas
da luz. Um soldado não vive de pijamas, ele se atavia com roupas próprias para
o combate.
4.5 Andarmos como filhos da luz (Rm 13.13,14). Paulo lista aqui seis pecados, em três pares, tratando
da falta de controle nas áreas da bebida, do sexo e dos relacionamentos.
Paulo passa da vestimenta adequada ao comportamento apropriado. A falta de
controle próprio contradiz totalmente um comportamento cristão decente (Gl
5.22; 1Tm 3.3; Tt 1.8).
4.6
Amar o próximo
(Rm 13.10). Paulo reforça o seu
argumento sobre a lei do amor citando Levítico 19.18. Ele conclui dizendo
que " o cumprimento da lei é o amor". O mandamento do
amor sintetiza todos os outros preceitos que promovem as relações (Rm 13.9). O
mandamento do amor suplanta todos os 613 mandamentos da Torá. “Amarás o
teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12.30). “Um novo
mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós...” (Jo
15.34). “Nisto conhecemos o amor: que
Cristo deu a sua vida por nós. E nós
devemos dar a nossa vida pelos irmãos”
(1 Jo 3.16; ver ainda 1Jo 4.20,21).
V - O CRENTE E SEUS DEVERES
ESPIRITUAIS
Podemos enumerar alguns deveres
que temos com o testemunho cristão. Vejamos:
5.1
Glorificar a Deus (1Pd 4.11). Todo cristão deve ter como principal objetivo, glorificar a Deus (Rm
11.36; Ap 1.6).
5.2 Edificar a
Igreja (Ef 4.16). Todo cristão deve ter o objetivo de promover a
edificação do corpo de Cristo. Diversos textos das Escrituras nos
ensinam este princípio (Rm 14.19; 15.2; 1Co 14.12,26).
5.3 Servir ao
próximo (Mt 20.28). O cristão sempre exercerá sua obrigação servindo ao
próximo, atendendo suas necessidades físicas, emocionais, sociais e
espirituais (At. 2.42-47;Tg 2.14-17; Rm 12.13).
5.4 Adorar a Deus
(Jo 4.24; Rm 12.1). A palavra “adoração” significa “chegar-se a Deus, de
modo reverente, submisso e agradecido, a fim de glorificá-lo. Adorar é um ato de total
rendição, gratidão e exaltação a Deus”. Adorar a Deus é um sublime ato de serviço a Deus (Sl
95.3-6; Hb 12.28,29).
5.5 Evangelizar
aos perdidos (Mc 16.15; At 1.8). A tarefa da Evangelização foi entregue pelo Senhor
Jesus à sua igreja. Todo cristão deve estar ocupado com esta tarefa, com
o objetivo de conduzir os pecadores a Cristo.
5.6 Discipular aos
noviços (Mt 28.18-20). O discipulado é uma ação conjunta com a evangelização,
pois não há como discipular sem evangelizar (2Tm 2.2).
CONCLUSÃO
Nesta lição, vimos as
responsabilidades que o cristão deve assumir, tanto no convívio social como
espiritual. Como ser social, temos deveres para com o Estado. Devemos respeitar
a ordem estabelecida. Todavia, como ser moral e espiritual temos deveres para
com o outro. Não somos apenas cidadão do céu (Fp 3.20), somos também cidadãos
da Terra. Devemos investir nos relacionamentos horizontais, mantendo sempre em
mente que o salvo em Cristo não é uma ilha. Precisamos uns dos outros.
REFERÊNCIAS
·
GILBERTO,
et al. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
·
CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática.
CPAD.
·
CABRAL, Elienai. Romanos: O evangelho da
justiça de Deus. CPAD.
·
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
0 comentários:
Postar um comentário