Texto
Áureo: Jo. 16.33 – Leitura Bíblica: Jo. 16.20,21, 25-33
Prof. José
Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
A
teologia da ganância, em consonância com as perspectivas humanas da autoajuda,
nega a realidade das aflições. A sociedade moderna não admite o sofrimento das
pessoas, tendo em vista a cultura da felicidade, ainda que essa seja aparente.
Nas lições bíblicas deste trimestre estudaremos a respeito das aflições da
vida, destacaremos que Deus permite que os seus sejam afligidos, prometendo estar
com eles nas tribulações.
1.
DIFINIÇÃO DE AFLIÇÕES
A
palavra hebraica para aflições é ani, que descreve alguém que foi afetado pelas
circunstâncias e que, por essa razão, se encontra sob a dependência de outros.
O verbo ana, em hebraico, está associado ao ato de sofrer violência ou opressão
(Sl. 94.5; Is. 53.4,7). Diferentemente do que acontece em determinados
contextos cristãos, o salmista agradece a Deus pelo fato de ter sido afligido,
o que o conduziu à obediência (Sl. 119.67, 71, 75). Esse posicionamento diante
da adversidade encontra eco na declaração de Paulo, em 2 Co. 7.9-10. Ninguém
está livre da aflição, o próprio Servo Sofredor, de Isaias 53, encarna essa
realidade. Ele sofreu, em todas as dimensões, físicas e psicológicas, a fim de
que possamos, no presente e no porvir, ter saúde e paz. Nas escrituras
hebraicas, a aflição não necessariamente provém de Deus, há casos em que o
sofrimento é infligido por outros, por um governo, por exemplo, o egípcio (Ex.
1.11,12). A linguagem hebraica atribui a Deus, considerando que dEle provém
todas as coisas, a origem final das aflições (Is. 45.7; Am. 3.6). No entanto,
devamos saber que nem todos os males vêm diretamente de Deus, mesmo que Ele os
utilize, às vezes, para punir (1 Rs. 8.35; 2 Rs. 17.0; Sl. 90.15; Ne. 1.12). No
Novo Testamento, a palavra grega tlipsis está relaciona à condição de ser
pressionado em um lugar estreito. Essa pressão pode ser causada pela posição
social, o necessitado, por causa da injustiça, é afligido (Tg. 1.27). Mas a
aflição pode ser também de natureza religiosa, Cristo foi perseguido pelos
líderes fariseus e saduceus da Sua época. Satanás pode causar aflições, assim
como aconteceu com Jó, mas é preciso que este receba a permissão de Deus para
tal (Jó. 1.6-12; 2 Co. 12.7).
2.
NO MUNDO TEMOS AFLIÇÕES
O
cristão não está imune às aflições no mundo, Jesus deixou isso bem claro, Ele
prometeu vitória na tribulação, mas não sobre esta (Jo. 16.33). Algumas
aflições resultam de pecado, isso tem a ver, por exemplo, com atitudes que
tomamos e das quais arcamos com consequências. Mas nem todas as aflições vêm de
pecado (1 Pe. 1.6-7; Jo. 9.1-3). Jó padeceu, mesmo sendo reconhecido como um
homem íntegro (Jo. 1.1,8), do mesmo modo, há crentes que são afligidos por
razões que estão além das explicações humanas. Os amigos de Jó quiserem
justificar seu sofrimento, encontrar uma relação de causa-efeito para aquela
condição. As igrejas estão cheias de pessoas, sem conhecimento bíblico, que
querem encontrar motivos para as dores dos irmãos. Na maioria dos casos Deus
está esperando que a pessoa que está perto seja a resposta às orações, o alívio
para o necessitado, ao invés de ficar tentando encontrar um pecado. As aflições
podem não ser originadas em Deus, mas Ele as permite, e trabalha por meio delas
a fim de desenvolver nossa paciência (Tg. 1.2-4). Diante das aflições, não
podemos desfalecer, pois estas podem servir como disciplina para o
amadurecimento espiritual (Hb. 12.5-11). As aflições angustiam o cristão, caso
não esteja alicerçado na Palavra, poderão distanciá-lo de Deus. Mas quando esse
se coloca debaixo da soberania do Senhor, se dar conta de que as aflições de
Deus é uma demonstração de amor (Hb. 12.6). Paulo orou três vezes, em virtude
de uma aflição, até que compreendeu que poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza
(2 Co. 12.7-10), e que tudo coopera para o bem daquele que amam a Deus (Rm.
8.28).
3.
MAS TENHAMOS ÂNIMO
Não
permitamos que as aflições nos distanciem de Deus, nem nos queixemos que elas
são maiores do que podemos suportar, pois Ele conhece os nossos limites (1 Co.
10.13). Diante das aflições, a maioria deles além do entendimento humano,
devemos permanecer firmes no Senhor, confiantes nos desígnios de Deus (Rm.
11.33-36). Ao contrário do que faz o mundo, podemos aprender a regozijar nos
sofrimentos, sabendo que esse pode produzir perseverança, caráter e esperança
(Rm. 5.3; Tg. 1.2-4). Não podemos esquecer que as aflições do tempo presente
não se comparam à glória que em nós será revelada (Rm. 8.18). Na medida em que
caminhamos até chegar a Cidade Celestial, passaremos, tal como Cristão, do
Peregrino de John Bunyan, por muitas adversidades. Os obstáculos enfrentados ao
longo da jornada podem fortalecer nossa fé, purifica-la como ouro refinado, a
fim de que Cristo seja honrado e glorificado (1 Pe. 1.7-8). Nos momentos de
aflição, aprendamos a experimentar os cuidados de Deus, apesar das lágrimas,
louvamos ao Deus que cuida de nós (Sl. 27.7-6). Como Paulo e Silas na prisão,
louvemos ao Senhor, pois bem-aventurados são aqueles que padecem por causa do
evangelho de Cristo (Mt. 5.11; At. 16.25). As aflições que nos afligem podem
inclusive ser testemunhas da nossa fé, e fazer com que outros sejam levados aos
pés de Cristo (Fp. 1.12-14). Portanto, em meio às aflições, tenhamos ânimo, não
venhamos a desfalecer, Deus nos fortalece a cada dia, permaneçamos confiantes
nas promessas eternais (2 Co. 4.16-18).
CONCLUSÃO
Deus
não prometeu uma vida cristã sem aflições, muito pelo contrário, todos aqueles
que piamente querem viver para Cristo padecerão perseguições, as mais diversas,
econômicas e sociais (2 Tm. 3.12-14). Conforme estudaremos ao longo das lições
seguintes, podemos, inclusive, ser vitimas de catástrofes, doenças e morte, mas
em tudo isso somos mais do que vencedores, pois nada nos separará do amor de
Deus em Cristo Jesus (Rm. 8.31-39).
BIBLIOGRAFIA
GERSTENBERGER,
E. S., SCHRAGE, W. Por que sofrer? São Leopoldo: Sinodal, 2007.
RHODES,
R. Por que coisas ruins acontecem se Deus é bom? Rio de Janeiro: CPAD,
2010.
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