sábado, 14 de março de 2015

LIÇÃO 11 - NÃO DARÁS FALSO TESTEMUNHO

  Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP. 50040 – 000       Fone: 3084 1524

(Êx 20.16; Dt 19.15-20)

INTRODUÇÃO
            Nesta lição, estudaremos o Nono Mandamento “Não dirás falso testemunho[...]”. Veremos que a obediência a esta orientação bíblica está relacionada diretamente com o uso da língua. Analisaremos ainda, o que a Bíblia tanto no AT como no NT nos diz sobre este assunto, bem como, quais os pecados que estão relacionados com a quebra deste Mandamento e ainda verificaremos diversos ensinamentos sobre como evitar a desobediência desta instrução divina.            

I – O NONO MANDAMENTO: DEFINIÇÃO EXEGÉTICA E INTERPRETAÇÃO

1.1 Definição exegética. O verbo “dizer” em “Não DIRÁS falso testemunho contra teu próximo” (Êx 20.16; Dt 5.20) no AT hebraico é “anah” que significa “responder, testemunhar, falar”, usado também em um processo jurídico, tanto nos tribunais humanos (Dt 19.16) como no tribunal divino (Is 3.9; 59.12; Jr 14.7). O termo hebraico “ed shaqer” significa “falso testemunho, falsa acusação” (Sl 27.12; Pv 6.19; 14.5; 19.5, 9; 25.18). A palavra “ed” “declaração, testemunho” indica alguém com conhecimento de primeira mão acerca de uma acontecimento ou que pode testemunhar com base num relato que ouviu... Já a palavra hebraica “sheqer” significa “mentira, falsidade, engano”, diz respeito a qualquer atividade  falsa, tudo aquilo que não se baseia em fatos ou realidades... A expressão “shaw” quer dizer “fraude, engano, falsidade, desonestidade (HARRIS et al, 1998, p. 1083 apud SOARES, 2015, p. 123 – acréscimo nosso).      

1.2 Interpretação. O Nono Mandamento: “Não Darás Falso Testemunho...” (Êx 20.16), nos mostra que a conduta da falsa testemunha nos rouba a boa reputação. Seja no tribunal ou em outro lugar, nossa palavra sempre deve ser verdadeira. A repetição da fofoca é imoral. Quando falarmos, até onde sabemos, sempre devemos dizer a verdade. Esse mandamento também proíbe a maledicência (Êx 23.1; Pv 10.18; 12.17; 19.9; 24.28; Tt 3.1,2; Tg 4.11; 1Pe 2.1) (BEACON, 2012, vol. 1, p. 192). A língua é um órgão do corpo humano, cuja função principal está relacionada a fala. É em face dessa atribuição que esse membro do corpo aparece na Bíblia como uma poderosa força. Afirma-se que a morte e a vida estão no seu poder (Pv 18.21). Tiago compara a língua como uma fera indomável e um mal incontido, cheio de veneno mortal (Tg 3.8) e como fogo, um mundo de iniquidade (Tg 3.6). Paulo, por sua vez, refere-se à língua como um instrumento de engano (Rm 3.13), caracterizando o homem não regenerado. Jesus ensinou que os homens terão de prestar contas de sua vida na terra, incluindo “toda palavra frívola que proferirem” (Mt. 12.36). (MERRILL, sd, vol. 3. p. 933).

II – A BÍBLIA E O USO DA LÍNGUA
            A Bíblia nos mostra que a língua pode ser um instrumento de bênção ou de destruição. Salomão, em Provérbios 6.16-19, elenca seis pecados que Deus aborrece e um que abomina. Dos sete pecados, três estão ligados ao pecado da língua: “a língua mentirosa, a testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos”. Devemos ter muito cuidado com isso, pois as palavras podem dar vida ou matar: “A morte e a vida estão no poder da língua...” (Pv 18.21); "A língua deles é uma flecha mortal" (Jr 9.8). Jesus disse que é a língua que revela tudo que há no coração (Mt 12.34-37), e ainda ensinou que o que sai da boca contamina o homem (Mt 15.11), e reflete o conteúdo do coração (Mt 15.18-19).      Nas páginas do AT encontramos sérias advertências quanto a pecados que podem ser cometidos através da língua (Êx 20.16; Lv 19.11,16; Pv 6.16-19; 15.1,2,23; 16.21,24; 12.19; 17.20; 18.21; 21.23). O apóstolo Tiago em sua epístola trata de forma severa esse tema (Tg 3.1-12), bem como Pedro e João (I Pe 3.10; I Jo 3.18).

III – PECADOS RELACIONADOS AO NONO MANDAMENTO
            A lei condenava o falso testemunho através de punição como a pena capital (Êx 23.1; Dt 19.16-21). A fala e os fatos devem concordar entre si. (Dt 13.14; 17.4,5; 22.20,21; Jr 9,5; Pv 12.19; 14.25; 22.21) (CHAMPLIN, 2001, vol. 1, p. 393). Em toda a Escritura encontramos a reprovação de Deus quanto ao mal uso da língua. Vejamos:

EXEMPLOS DE:
DEFINIÇÃO
REPROVAÇÃO BÍBLICA
MENTIRA
(Ananias e Safira)
“Ato de mentir; engano, impostura, fraude, falsidade”.
Lv 19.11; Sl 5.6; Sl 101.7; Pv 6.16-19; 19.5,9; Jo 8.44; Ef 4.25; Ap 21.27; 22.15
MALEDICÊNCIA
(Israel no deserto)
“Detratação, difamação, murmuração”
Sl 62.4; Sl 139.20; Pv 24.2; I Co 5.11; 6.10; Cl 3.8; Tg 4.11
MEXERICO
(A mulher de Potifar)
“Enredo, intriga, fofoca, bisbilhotice”
Lv 19.16; Pv 11.13; Pv 18.8;
II Co 12.20; I Tm 5.13
CALÚNIA
(Jezabel a mulher de Acabe)
“Difamação por meio de acusações
conscientemente falsas”
Êx 20.16; Dt 5.20; Pv 25.18;
II Tm 3.1-3; Tt 2.3
IV – O NONO MANDAMENTO E O USO DA VERDADE

4.1 O Nono Mandamento ressalta que as relações humanas devem ser baseadas na honestidade e verdade. Aqui, Deus pede honestidade com respeito à reputação de nosso próximo. O falso testemunho (Êx 20.16) ocorre sempre que difamamos ou mentimos sobre alguém. Esse tipo de discurso é moralmente errado, pois abala a integridade do mentiroso como também a reputação do indivíduo que é alvo da mentira. As palavras mentirosas têm consequências sérias; além de destruir relacionamentos. Mais adiante, Deus expande esse mandamento: “Não espalharás notícias falsas, nem darás mão ao ímpio [...] nem deporás, numa demanda, inclinando-te para a maioria, para torcer o direito” (Êx 23.1-2). Devemos nos lembrar de que testemunhas falsas foram usadas até no julgamento injusto de nosso Senhor (Mt 26.59-62; Jo 19.12) (ADEYEMO, 2010, p. 114).

4.2 O Nono Mandamento tem uma íntima conexão com o terceiro visto que ambos enfocam o falar a verdade. Em linhas gerais, temos aqui a defesa da honra (SOARES, 2015, p. 121). Os dez mandamentos terminam com uma ênfase no bom relacionamento com nosso próximo, pois o segundo maior mandamento é amar ao próximo como a si mesmo (Mt 22.34-40; Lv 19.18). Se amamos nosso próximo, não cobiçamos o que ele tem, não roubamos o que é dele, não mentimos sobre ele nem fazemos qualquer uma das coisas que Deus proíbe em sua Palavra (WALTON, 2003, p. 96).

4.3 O Nono Mandamento não é somente válido nas cortes de justiça, mas em qualquer situação. Se bem que inclui perjúrio (jurar falsamente), também estão implícitas todas as formas de escândalos e maledicência, toda a conversação ociosa e charlatanice, todas as mentiras e os exageros deliberados que distorcem a verdade. Estamos proferindo falso testemunho quando aceitamos certos rumores maliciosos  e logo os transmitimos, ou quando os usamos para outra pessoa para a prejudicar criando impressões falsas, tanto no nosso silêncio como por nosso discurso” (STOTT, 2002, p. 69  apud SOARES, 2015, p. 122).

4.4 O Nono Mandamento diz respeito ao nosso próprio bom nome, e ao do nosso próximo. Este Mandamento proíbe: (a) Falar falsamente sobre qualquer assunto, com mentiras, com equívocos intencionais, e de qualquer maneira planejada para enganar o nosso próximo. (b) Falar injustamente contra o nosso próximo, para o prejuízo da sua reputação. (c) Dar falsos testemunhos contra o próximo, acusando-o de coisas de que ele não tem conhecimento, seja judicialmente, sob juramento (com o que são infringidos o terceiro e o sexto mandamento, além deste). Ou extrajudicialmente, em conversação comum, caluniando, difamando, inventando estórias, piorando o que é feito erroneamente e tornando-o pior do que já é, e de alguma maneira empenhando-se em aumentar a sua própria reputação sobre a ruína da do seu próximo (HENRY, 2010, vol. 1, p. 296).

V - A PERSPECTIVA DE TIAGO A RESPEITO DO USO DA LÍNGUA
            A epístola de Tiago, irmão do Senhor, apresenta a sua mensagem seguindo o modelo do Senhor Jesus, recheada de ilustrações. Suas exortações e repreensões se tornam mais claras, a partir da linguagem que faz das comparações. Eis abaixo algumas figuras de linguagem que o apóstolo faz em (Tg 3.1-12) para falar da língua:

COMPARAÇÃO
INTERPRETAÇÃO
LEME
um bem pequeno leme”
(Tg 3.4)
Um pequeno leme de um grande navio ajuda a dirigir o curso da navegação. A língua é apenas um pequeno membro, mas muitas vezes se orgulha do que pode fazer. A língua tanto dirige o navio (nosso corpo) no curso certo, como pode levá-lo ao desastre (Tg 3.4).
FOGO
“A língua também é um fogo...”
(Tg 3.6)
Uma pequena faísca pode incendiar uma floresta inteira, o que resulta num grande estrago. Era justamente isso que Tiago tinha em mente quando comparou a língua com um fogo “vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia” (Tg 3.5).
MANANCIAL
“...alguma fonte...”
(Tg 3.9-12)
O mesmo manancial não pode jorrar água doce e amarga. Terá de ser um ou outro tipo. Assim é com a língua. Dela vem o mal ou o bem, veneno ou bálsamo curador, maldição ou benção, frutas bravas ou figos, água salobra ou potável (Tg 3.10-12).

CONCLUSÃO          
            Nessa lição aprendemos sobre o cuidado que devemos ter com o ouvir e o falar. Por causa dessa tendência da natureza humana de pecar com a língua, a Bíblia exorta a “todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar...”  (Tg 1.19). Antes de abrirmos a boca, precisamos avaliar se a nossa palavra é verdadeira, amorosa, boa e edificante “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem (Ef 4.29).        

REFERÊNCIAS


·         HENRY, Matthew. Comentário bíbl ico Antigo: Testamento Gênesis a Deuteronômio. CPAD
·         WALTON, John H. Comentário bíblico Atos: Antigo Testamento. ATOS
·         ADEYEMO, Tokunboh. Comentário bíblico africano. Mundo Cristão
·         SOARES, Esequias. Os Dez Mandamentos. CPAD.
·         STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.  CPAD.
Fonte: http://www.portalebd.org.br/files/1T2015_L11_recife.pdf

0 comentários:

Postar um comentário