sábado, 11 de julho de 2015

LIÇÃO 02 – O EVANGELHO DA GRAÇA

  Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
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3º TRIMESTRE DE 2015
(I Tm 1.3-10)

INTRODUÇÃO
Veremos nesta lição, a definição do termo graça; a diferença entre graça comum e graça especial ou salvadora. Também analisaremos            quais as advertências quanto aos inimigos da fé que o apóstolo Paulo trás ao jovem Ministro Timóteo; e, por fim, estudaremos quais as características dos falsos mestres e as consequências de seus falsos ensinos.

I – DEFINIÇÃO DO TERMO GRAÇA
            A graça de Deus é a qualidade pela qual Ele dá favor aos que não o merecem. A palavra graça vem do grego “charis” e tem vários significados: (a) aquilo que dá deleite; (b) disposição da qual procede de um ato benevolente especialmente com referência ao favor divino (VINE, 2002, pp. 679,680). A graça de Deus é o dom da salvação em Cristo, como dádiva de Deus ao pecador, indigno e merecedor do justo juízo de Deus (Tt 2.11). A graça do Senhor é a dádiva das bênçãos diárias que recebemos dEle, sem merecê-las (Jo 1.16). E, ainda, a dádiva da capacitação divina no crente, para este realizar a obra de Deus (I Co 15.10; Hb 12.28; 1Co 3.10) (GILBERTO, et al, 2008, p. 352).

II - A GRAÇA COMUM E A GRAÇA ESPECIAL OU SALVADORA

2.1 A graça comum ou universal (alcança todos indiscriminadamente) (Sl 104.10-30). É extensiva a todos os homens: “Abres a mão e satisfazes os desejos de todos os viventes” (Sl 145.16). Diz respeito ao favor de Deus dispensado bondosamente aos seres humanos, no sentido de prover os meios de subsistência a todos, sem distinção “Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos"  (Mt 5.45) (GILBERTO, et al, 2008, p. 351 – acréscimo nosso). A graça comum de Deus e sua longanimidade são evidentes no fato dEle dá ampla oportunidade para todos os homens buscá-lo, dando-lhes as bênçãos da vida, apesar de serem rebeldes contra Ele (At 14.16-17; Rm 9.22) (FERREIRA, 2002, p. 86).

2.2 A graça salvadora ou especial (alcança alguns através do seu livre arbítrio) (Tt 2.11, 3.4,5). Esta graça está diretamente relacionada com a salvação (Ef 2.8,9). É a atitude (ou provisão) graciosa do Senhor para com o indigno transgressor da sua lei (Rm 3.9-26). Ela resulta da parte de Deus para com o pecador em: misericórdia (1Tm 1.2; 2Tm 1.2; Tt 1.4; 2 Jo v.3; Jd v.2I); benevolência (Lc 2.14b); paz (resultado da misericórdia de Deus no coração do homem); gozo (que é mais interior), bem como alegria, beleza e adorno espirituais que são mais externos (Rm 12.6). A provisão divina para com o indigno transgressor da lei existia desde o AT (Êx 33.13; Jr 3.12; 31.2). A passagem de Atos 15.10,11 não deixa dúvidas quanto a isso. No NT, a graça de Deus para salvar o pecador é mencionada de maneira mais direta             (Ef 2.7,8; I Tm 1.13,16; Rm 5.20; Jo 1.16,17) (GILBERTO, et al, 2008, pp. 351-352).

III -  CARACTERÍSTICAS DOS HEREGES
            Paulo lembra Timóteo do propósito do seu trabalho como evangelista em Éfeso: a correção do erro. “Certas pessoas” estavam deixando de ensinar a doutrina de Cristo em favor de “outra doutrina” e “fábulas e genealogias sem fim”. Por causa destas coisas, alguns não estavam crescendo no “serviço de Deus”, mas estavam se perdendo em discussões inúteis (1Tm 1.3-4). Timóteo precisava exortar a igreja acerca de “amor... de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia” (1Tm 1.5). Onde não há amor pela verdade de Deus e pelas pessoas que precisam da salvação, a consciência se engana, e ao seguir e ensinar com fervor as doutrinas de homens, a fé e as obras se tornam vãs e hipócritas (1Tm 1.6-7; veja 2Ts 2.9-12; 1Tm 4.1-2; 2Tm 4.1-4; Mt 15.7-20). Vejamos algumas advertências:

3.1 Falsos mestres contradizem a sã doutrina (1Tm 6.3). Um falso mestre é qualquer um de dentro da igreja que se oponha ao que a Bíblia ensina (2 Jo 9). “Guardai-vos dos cães” (Fp 3.2-a). Os cães eram considerados animais imundos na sociedade oriental. Eles não eram domesticados como hoje, pois eram selvagens e viviam soltos como os lobos. Paulo faz uso dessa comparação, para dizer que a igreja deveria ter cuidado com os judaizantes afin de que suas doutrinas e  práticas não viessem macular a pureza da igreja. Semelhantemente, a Igreja necessita estar vigilante quanto às heresias, ou seja, falsos ensinos e doutrinas, que podem surgir, inclusive, no meio do povo de Deus (Gl 5.20; I Tm 4.1; II Pe 2.1-3).

3.2 Falsos mestres promovem imoralidade (2 Tm 3.5,6). Paulo se referiu aos falsos obreiros, como em (II Co 11.13) onde ele chama de obreiros fraudulentos. Pedro diz que tais mestres negam o Senhor Jesus ao perseguirem “suas práticas libertinas” (II Pe 2.2). Com certeza, estes eram homens que não tinham o chamado divino para o ministério e nem as qualidades, tais como: fidelidade e zelo pela doutrina, como Timóteo e Epafrodito (Fp 2.19, 25). Tal qual nos dias de Paulo, muitos falsos mestres têm se levantado no meio do povo de Deus, principalmente na mídia televisiva, pregando um evangelho distorcido, sem cruz e sem renúncia (Mc 8.34; Lc 9.23), conduzindo as massas a uma falsa espiritualidade, onde os valores monetários são mais importantes do que as virtudes da vida cristã  (II Pe 2.3; I Co 13.13).
3.3 Falsos mestres diminuem a gravidade do pecado e do juízo (2Tm 4.3-4). Os falsos mestres se desviaram daquilo que Paulo chama de “a fé” (1Tm 1.2,19; 3.9; 4.1,6,21); “a verdade” (1Tm 2.4,7; 3.15; 4.3; 6.3,5); “a sã doutrina” (1Tm 1.10; 6.3) e “o que te foi confiado” (1Tm 6.20). A preocupação de Paulo era manter a sã doutrina livre das contaminações de doutrinas falsas, deixando claro que existe uma doutrina que é a correta, enquanto as demais são falsas. A palavra “heterodidaskaleô” (I Tm 1.3; 6.3) enfatiza o caráter objetivo da fé cristã, que não pode ser misturado ou igualado a outras doutrinas religiosas ou filosóficas de nosso tempo e que dela os falsos mestres haviam se desviado.

3.4 Falsos mestres são motivados por ganância e ganho egoísta (1Tm 6.5). Paulo diz que os falsos mestres supõem “que a piedade é fonte de lucro” (1Tm 6.5). São mercenários, não seguindo o chamado de Deus. Transformam o ministério em fonte de lucro, motivados por ganância. Da mesma forma Pedro diz que, em sua “avareza”, falsos mestres se aproveitam do povo de Deus com “palavras fictícias” (2Pd 2.3). De fato, o coração deles é “exercitado na avareza” (2 Pd 2.14).

3.5 Falsos mestres causam divisão (1Tm 1.18-19). Timóteo precisava ficar firme na luta contra falsa doutrina. Falsos mestres irão tentar convencer o rebanho que a sã doutrina causa divisão. Mas isso é uma mentira (Jd 3,4; 18-21). Esse é, na verdade, o falso ensinamento que busca dividir e conquistar o povo de Deus.  Hoje há muitos que têm “rejeitado a boa consciência” e ensinam como doutrina coisas que não fazem parte do evangelho do Senhor (1Tm 1.19; 4.1-3; 2 Jo 8-9). Devemos manter a fé assim como Timóteo, pregando fielmente a Palavra do Senhor para corrigir os que “blasfemam” com doutrinas falsas (1Tm 1.20).

3.6 Falsos mestres enganam o rebanho (2 Tm 3.5). O falso mestre nunca aparece com uma placa pendurada no pescoço onde se lê “sou um falso mestre”. O pseudo mestre aparece disfarçado de cristã. Ele possui a forma da piedade, mas nega seu poder (Mt 7.15,16). Paulo sabia que Timóteo precisava da Palavra de Deus para fazer o trabalho. Ele não ordenava que Timóteo se apoiasse na sua “experiência”. Em vez disso Paulo mandou: "tem cuidado de ti mesmo e da doutrina... porque,  fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes" (1Tm 4.16).

IV – ADVERTÊNCIAS PAULINAS QUANTO AOS INIMIGOS DA FÉ           
Uma das marcas de identificação de um falso mestre é que eles se recusam a aderir ao ensino religioso bíblico (1Tm 6.3). A tarefa de Timóteo na cidade de Éfeso não era pequena. Paulo o havia deixado com o cargo de corrigir “certas pessoas” que estavam promovendo erro doutrinário (1Tm 1.3). Na primeira carta, para ajudá-lo a combater estes falsos mestres, Paulo ensina a Timóteo “como se deve proceder na casa de Deus” (1Tm 3.15). Embora que Timóteo fosse ainda jovem (1Tm 4.12), ele teria que ensinar e ordenar estes mandamentos de Deus aos irmãos de Éfeso (1 Tm 4.6,11,16).Vejamos:

4.1 Paulo iniciou esta carta a Timóteo com alertas sobre falsos mestres (1Tm 1.3). Ele também refutou alguns dos ensinamentos perigosos (1Tm 4.1; Fp 3.18-a). Segundo Paulo, eram muitos aqueles que procuravam perverter o evangelho. Deve-se ressaltar também que esses “inimigos da cruz” eram crentes professos que viviam no seio da igreja. A Bíblia na versão ARA (Almeida Revista e Atualizada) traduz (Fp 3.18-a) da seguinte forma: “Pois muitos andam entre nós”. Pelas palavras do apóstolo, percebemos que ele já havia advertido os crentes a respeito desses homens que propagavam heresias “dos quais muitas vezes vos disse” (Fp 3.18-b).

4.2 “Que são inimigos da cruz de Cristo” (Fp 3.18). Dois grupos de pessoas se destacam aqui como os “inimigos da cruz de Cristo”: os gnósticos e os judaizantes. Paulo encorajou Timóteo a continuar pregando a palavra, corrigindo e repreendendo “com toda a longanimidade e doutrina” (2Tm 4.2), mesmo no meio de muitas perseguições pelas mãos dos infiéis (2 Tm 1.8; 2.3; 3.12-13; 4.5). A ênfase de Paulo nestas duas cartas está sempre voltada à Palavra de Deus. Tudo o que Timóteo precisava, tanto para corrigir erros doutrinários como para ficar firme no meio de tribulação, ele poderia achar na Palavra do Senhor (1Tm 4.13; 2Tm 2.15).

CONCLUSÃO          
            Ao término desta lição, podemos concluir que Deus, o autor da nossa salvação, nos providenciou sua maravilhosa graça, tanto a comum como a salvadora, a fim de nos garantir a vida eterna. No entanto, devemos ter muito cuidado, pois, o inimigo de nossa fé, tem levantado muitos falsos mestres, para nos desviar do plano redentor e nos conduzir a perdição eterna.

REFERÊNCIAS


  • ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
  • BOYER, Orlando. Espada Cortante. CPAD.
  • CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
·         HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento.  CULTURA CRISTÃ.

  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.  CPAD.
Fonte: http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/baixar-licao/cod/387

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