Texto Áureo: At. 20.7 – Leitura Bíblica: Ne. 13.7-12; At. 20.7-12
Pb. José Roberto A. Barbosa
Objetivo:
Mostrar aos alunos que o domingo, como dia de adoração e serviço, é o
referencial mínimo que o crente deve consagrar ao Senhor.
INTRODUÇÃO
A
restauração da obra de Deus, nos tempos de Neemias, envolveu o retorno
ao uso apropriado do Dia do Senhor. Isso porque muitos judeus,
conforme estudaremos na lição de hoje, utilizaram indevidamente o
Sabat. Para iniciar o estudo, explicaremos o que é
bíblico-teologicamente, o dia do Senhor, em seguida, mostraremos o que
acontece quando o dia do Senhor é profanado, e por fim, destacaremos a
relevância da adoração e serviço no dia do Senhor.
1. SÁBADO/DOMINGO, O DIA DO SENHOR
O
Dia do Senhor, sabat, em hebraico, que significa “dia de descanso do
trabalho” é um marco desde o Paraíso, quando o homem se encontrava ainda
na inocência (Gn. 2.2). Esse dia foi separado para que o homem
descansasse do seu labor, e pudesse refazer as suas forças. Em Ex.
20.11, o povo israelita recebeu a incumbência de lembrar do sabat do
Senhor para o santificar. A Lei de Moisés apresenta regulamentos
específicos para a observância do Sabat (Ex. 35.2,3; Lv. 23.3; 26.34).
Ao longo do tempo os israelitas foram instruídos a considerarem o Dia do
Senhor (Is. 56.2-7; 58.13,14; Jr. 17.20-22; Ne. 13.19). Mas os
próprios israelitas perverteram religiosamente o Sabat, impondo
tradições humanas. O Senhor Jesus orientou quanto ao uso correto do
Sabat, destacando sua natureza e propósito (Mt. 12.10-13; Mc. 2.27; Lc.
13.10-17). O princípio da observância do Dia do Senhor permanece e é
universal, tendo em vista as necessidades do ser humano que exigem o
descanso. O homem precisa do Sabat, ainda que esse tenha sido cada vez
mais negado, em virtude da ganância desenfreada da era industrial. O
Domingo, primeiro dia da semana, passou a ser observado como o Dia do
Senhor. Isso porque o próprio Jesus assim o direcionou, tendo em vista
que Ele tem autoridade (Mc. 2.23-28) e é o Senhor do Sabat (Jo. 1.3; Hb.
1.10). O antigo sabat era um pacto específico para Israel, e apontava
para o ato da criação, agora, em Cristo, o novo sabat está relacionado à
redenção. Os primeiros cristãos, conforme nos relata os escritores
bíblicos e os pais da igreja, foram direcionados pelo Senhor para o
serviço no Domingo, por causa da ressurreição do Senhor, que aconteceu
nesse dia (Mt. 28.1; Mc. 16.2; Lc. 24.1; Jo. 20.1). Após a ressurreição,
Jesus apareceu aos seus discípulos sempre no Domingo (Mt. 28.9; Lc.
24.34; Jo. 20.19-23, 26). A descida do Espírito Santo, no dia de
Pentecoste, também ocorreu no Domingo, o Dia do Senhor (At. 2.1),
conduzindo os discípulos do Senhor a seguir o exemplo ao longo da
história (At. 20.3-7; I Co. 16.1,2).
2. QUANDO O DIA DO SENHOR É PROFANADO
Tenhamos
cuidado com a tradição dos tírios que mercadejam no Dia do Senhor, como
aconteceu em Ne. 13.16, justamente em Jerusalém. O povo, que
anteriormente se dirigiam ao Templo, para adorar ao Senhor, agora iam
somente para comercializar. Nos nossos dias, marcados pelo consumismo,
os shoppings estão cheios aos domingos, enquanto que os templos estão
ficando cada vez mais vazios. Há crentes que preferem ir à praia, aos
domingos, do que ir para o templo, freqüentar a Escola Dominical. Não
que isso deva ser tomado dogmaticamente, é possível que, uma vez ou
outra, o cristão se ausente da igreja, para ter um momento de lazer com
a família. Mas deixar de freqüentar o templo, e de se congregar com os
irmãos, é falta de espiritualidade. Não pensemos que isso é uma mera
obrigatoriedade, uma exigência legalista da igreja institucionalizada.
Quanto mais insensíveis nos tornamos às coisas espirituais, mais nos
devotamos ao secularismo. A desconsideração do Dia do Senhor é apenas
um indício do distanciamento espiritual que acontece no íntimo do ser
humano. Nos tempos de Jeremias, a descaso em relação ao Sabat tinha a
ver com a idolatria, a profanação não apenas no Dia, mas do próprio
Senhor (Jr. 17.19-27). Justamente por esse motivo o povo judeu foi
conduzido ao cativeiro babilônico. Neemias, ciente do perigo espiritual
que o povo corria, repreendeu os mercadores, para que esses não
profanassem o Dia do Senhor (Ne. 13.21). O materialismo não poderia ser
o fundamento das relações humanas, como também não pode acontecer
atualmente. A busca desenfreada pelo dinheiro não pode ser a razão da
existência humana. O deus mercado, chamado de Mamom por Jesus, não pode
tomar o lugar de Deus (Mt. 6.24).
3. ADORAÇÃO E SERVIÇO NO DIA DO SENHOR
Nos
dias de Neemias, como aconteceu em outros momentos da história de
Israel, o povo de Judá profanou o Dia do Senhor. O comércio e o trabalho
foram vistos, nesse dia, como algo normal (Ne. 13.15-17). Eles
deixaram de atentar para o pacto do Senhor com Israel, a fim de que
separassem o Dia Santo do Senhor (Ex. 16.23-29), no qual era
terminantemente proibido trabalhar (Ex. 35.3; Nm. 15.32). A guarda do
Sabat era um marco, tratava-se de um sinal, uma aliança entre Deus e o
Seu povo (Ez. 20.12,20). O secularismo fez com que os judeus não se
apercebessem da importância de observar o Sabat. O lucro tornou-se o
fundamento daquelas pessoas, o que acontece também nos dias de hoje. As
pessoas não respeitam mais os limites do corpo, trabalham
exaustivamente, sem parar para o descanso. Os empresários, cada vez
mais gananciosos, usurpam os direitos dos trabalhadores, fazendo com
que esses cumpram jornadas acima das suas possibilidades. A ausência do
culto ao Senhor, no Domingo, é um forte indício de fraqueza
espiritual. Espera-se que os crentes, pelo menos nesse dia, estejam no
culto, para a adoração e serviço ao Senhor. Os desigrejados estão
apregoando cultuar a Deus em casa, ou via internet, mas isso não
substitui o contato presencial, na congregação, na comunhão do Corpo de
Cristo (Hb. 10.25). Jamais encontraremos igrejas perfeitas aqui na
terra, muito menos líderes que não sejam atraídos por algum tipo de
pecado, mas isso não deva justificar a ausência no culto ao Senhor. A
igreja está repleta de pessoas imperfeitas, a normalidade é justamente a
anormalidade, por isso, estar no templo, com os irmãos e irmãs, no Dia
do Senhor, é uma possibilidade exercitar a graça e de edificação
mútua.
CONCLUSÃO
Em
tempos de crise espiritual o povo se distancia do templo e deixa de se
congregar. Os interesses econômicos se sobrepõem aos espirituais,
contribuindo para uma cultura do consumo e do entretenimento. Precisamos
resgatar o interesse pelos valores espirituais, para tanto, a comunhão
é fundamental, estar com o Senhor, no Dia do Senhor, com os servos do
Senhor é o caminho para a edificação. Não adotamos uma postura
legalista em relação ao Domingo, como faziam os fariseus, por outro
lado, não podemos desconsiderar esse dia como uma oportunidade para nos
congregar e crescermos espiritualmente.
BIBLIOGRAFIA
BROWN, R. The message of Nehemiah. Downer Grove: IVP, 1998.
KIDNER, D. Esdras e Neemias: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1985
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