Texto Áureo: II Co. 6.14 – Leitura Bíblica: Ne. 13.23-29
Pb. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
Objetivo:
Mostrar aos alunos que o casamento não é um mero contrato social, mas
uma instituição divina que tem de ser levada a sério e firmada de acordo
com a vontade de Deus.
INTRODUÇÃO
O
casamento misto trouxe sérias consequências para o povo de Israel. Na
lição de hoje, com base me Ne. 13.23-29, discorreremos a respeito dos
perigos desse tipo de união. Primeiramente, explicaremos os termos
judaicos para o casamento, em seguida, atentaremos para o contexto nos
tempos de Neemias, e por fim, aplicaremos a realidade do casamento misto
à orientação quanto ao jugo desigual admoestada por Paulo.
1. O CASAMENTO NO CONTEXTO JUDAICO-CRISTÃO
O
termo casamento, em hebraico, é laqah, cujo significado primário é
“tomar pela mão”, principalmente no Pentateuco tem a ver com o ato de
“tomar uma mulher por esposa” (Gn. 19.14; Nm. 12.1; I Cr. 2.21). No Novo
Testamento, o substantivo gamos significa “se casar, celebrar um
casamento, ter relações sexuais” (Mc. 6.17; Lc. 14.10). A importância do
casamento repousa no mandamento de Deus, registrado na história da
criação (Gn. 2.24; Mt. 19.4,5; Mc. 10.6-7; I Co. 6.16; Ef. 5.31). Jesus
destacou a natureza sagrada do enlace matrimonial no Sermão do Monte,
proibindo o adultério (Mt. 5.31,32), e posteriormente, se opondo ao
divórcio (Mc. 10.2-12), permitindo-o apenas nos casos de infidelidade
conjugal (Mt. 5.32; 19.9). O casamento tem um caráter simbólico, haja
vista que esse representa o relacionamento do ser humano com Deus (Mt.
22.1-4). Paulo também destaca a relação espiritual do casamento como
figura da relação com Deus (Rm. 9.25) e um mistério no enlace entre
Cristo e a Igreja (Ef. 5.32). A fidelidade e amor de Cristo pela Igreja é
o fundamento e exemplo para o marido no casamento a esposa, por sua
vez, deva ser submissa, em amor, ao seu marido (Ef. 5.21-29). Em linhas
gerais, o casamento é uma ordenança divina, desde a criação (Gn. 2.18),
considerando a necessidade do homem de ter uma esposa (Gn. 3.16). Deus
criou o homem para mulher e a mulher para o homem desde o princípio,
estabelecendo, assim, o princípio monogâmico e heterossexual para o
casamento (Gn. 1.26,27). Trata-se de um chamado divino para viver em
amor, não apenas o eros (sexual), mas o sacrificial (ágape) na saúde ou
na doença, na fartura ou na escassez (Gn. 2.23-24; Ef. 5.21). Um dos
objetivos do casamento é a reprodução, para a criação de filhos no
caminho do Senhor (Gn. 2.23,24; Dt. 28.4; Js. 24.3,4; Sl. 127.3).
2. O CASAMENTO MISTO NOS TEMPOS DE NEEMIAS
O
casamento deveria ser realizado em conformidade com as instruções do
Senhor (Lv. 21.6-14; Dt. 23.8-11) e não poderia ser misto, isto é,
envolver pessoas que não partilhassem os mesmos princípios. Nos tempos
de Neemias, o povo desobedeceu a Palavra do Senhor e contraiu núpcias
com mulheres asdoditas, amonitas e moabitas, ou seja, mulheres que
adoravam deuses estranhos. Neemias destaca que o casamento misto estava
em desacordo com o propósito de Deus para o Seu povo (Ne. 13.27).
Salomão é um exemplo negativo de casamento misto, pois o patriarca de
Israel pagou um alto preço por não observar esse princípio. O problema
foi mais grave porque os filos de Joiada, filho do sumo sacerdote
Eliasibe, casou-se com uma filha de Sambalá, um dos inimigos da obra de
Deus (Ne. 13.28). Casamentos mistos, na Igreja, causam sérios problemas,
as pesquisas comprovam que 75% desse tipo de enlace passam por
dificuldades e conduzem os jovens à ruína. Os filhos provenientes de
casamentos mistos acabam por ser penalizados na educação cristã, isso
porque ficam “falando misturado”, se voltam para costumes que não são
bíblicos (Ne. 13.24). Diante daquela situação, Neemias resolve tomar uma
decisão drástica, para não causar maiores prejuízos à nação, ele se
posicionou fortemente contra tais práticas. A atitude de Neemias não era
racial, mas espiritual, não podemos esquecer que Rute, uma moabita, se
converteu à fé judaica, e se tornou parte da genealogia do Messias (Mt.
1.5). Os jovens da Igreja devam ser orientados a não investirem em
casamentos mistos, o jugo desigual pode acarretar sérias consequências.
3. O PERIGO DO JUGO DESIGUAL NA IGREJA
Em
II Co. 6.14, Paulo admoesta os crentes de Corinto em relação ao perigo
do jugo desigual na igreja. Esse texto se aplica muito bem ao
relacionamento conjugal, e tem sido amplamente citado pela liderança
nesse sentido. No contexto da passagem, seu significado é mais
abrangente, e diz respeito ao perigo da associação dos crentes às
práticas pagãs dos incrédulos. Não podemos esquecer que Corinto era uma
cidade que promovia a devassidão, principalmente no que tange à
sexualidade. Os cristãos não podem viver como vivem aqueles que nada tem
com Deus. Aqueles que estão em Cristo são novas criaturas, as coisas
velhas já passaram tudo se fez novo (II Co. 5.17). Aplicando ao
casamento misto, esse versículo pode ter outras possibilidades de
interpretação. Uma delas está na dificuldade que jovens, mesmo sendo
evangélicos, podem ter para levar o casamento adiante, caso tenham
diferenças muito significativas. Não pretendemos dogmatizar, mas as
experiências comprovam que casamentos entre pessoas de formação
socioeconômica muito diferenciada pode também ser um jugo desigual. A
diferença significativa de idade pode também se tornar um empecilho, por
razões diversas, incompatibilizando o relacionamento. O casamento é uma
decisão séria, e, no contexto cristão, não pode, ou pelo menos não
deveria, ser desfeito com facilidade. Por essa razão, os jovens, antes
do casamento, devam avaliar suas reais condições. Como fez o damasceno
Eliezer, escolhido por Abrão para encontrar uma esposa para Isaque, é
preciso usar o bom senso, a sabedoria dada por Deus, não apenas se
pautar em revelações, algumas delas sem fundamento (Gn. 24.1-4). Eliezer
orou ao Senhor, pedindo a Sua direção, mas também ficou atento as
atitudes da moça, a fim de identificar suas habilidades pessoais (Gn.
24.14).
CONCLUSÃO
Como
nos tempos de Neemias, o casamento misto, também denominado de jugo
desigual, pode resultar em problemas para o relacionamento conjugal. Por
isso, esse não deva ser estimulado entre os jovens cristãos, a fim de
os cônjuges possam desfrutar, juntos, da benção do Senhor. O casamento
misto somente deva ser apoiado somente nos casos em que este tenha
acontecido antes de um dos cônjuges ter se convertido, ou quando um
deles se afastou dos caminhos do Senhor. Como regra geral, o casamento
deva ocorrer no Senhor, entre pessoas que partilham da fé em Jesus
Cristo, Senhor e Salvador do casal (I Co. 7.39).
BIBLIOGRAFIA
KIDNER, D. Esdras e Neemias: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1985.
LOPES, H. D. Neemias. São Paulo: Hagnos, 2006.
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