Superintendência das
Escolas Bíblicas Dominicais
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José Alves
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LIÇÃO 07 – O DIVÓRCIO - 2º
TRIMESTRE 2013
(Mt 19.3-12)
INTRODUÇÃO
O divórcio sempre foi um assunto delicado, mesmo no
Antigo e Novo Testamento. Isto porque
com o crescimento do pecado, a banalização do casamento, o homem cada vez mais se distancia do
principio original de Deus para o matrimônio: a indissolubilidade. Nesta lição,
aprenderemos o que a Bíblia diz sobre o assunto e enfatizar acima de tudo que o
divórcio não é um mandamento divino, mas uma permissão humana.
I – O QUE É O DIVÓRCIO?
“Divórcio
é a dissolução do vínculo matrimonial, ficando a parte inocente livre para
contrair novas núpcias. Não é, portanto, a mera separação de corpos. Segundo o
dicionário bíblico exegético VINE o vocábulo grego “apostasion”,
significa primariamente “abandono”. O termo ocorre apenas três vezes no
NT (Mt. 5.31;19.7; Mc 10.4), e quatro na Septuaginta (tradução do hebraico para
o grego), como o termo hebraico “sepher kritut”, em passagens como (Dt 24.1,3, Is 50.1; e Jr. 3.8). A outra
palavra grega com o sentido de divórcio é “apolyo”, que significa “repudiar”,
“libertar”, “livrar”. Em (Mt 15.23), significa “despachar”. Esse verbo é
também usado para “divorciar”, em (Mt 5.31; Mc 10.2,4,11), pois com o divórcio
a mulher ficava livre para casar-se novamente, conforme (Dt 24.1-4). Há ainda o
verbo grego “chorizo”, que aparece treze vezes no NT (1 Co 7.10,11,15),
e significa “separar”, “apartar” (SOARES, 2012, p.63).
II – O DIVÓRCIO NO AT
É
importante pontuar que o divórcio não se originou nas Escrituras. Muito antes
de Moisés, na história na humanidade já existem registros da prática entre os
povo antigos. Um exemplo bem prático disso é o código de Hamurabi (código
de lei e ética caldeu - 1792-1750
a.C.), que legislava claramente sobre o
divórcio, e entre os diversos motivos para o divórcio estavam:
·
a)
O casamento sem contrato escrito; b) a mulher do prisioneiro que não
tiver renda para se sustentar; c) a mulher de um foragido por qualquer
motivo desde que sejam respeitados os direitos dos dotes; d) mulher de
má índole; e) marido relaxado, impotente, irresponsável ou desonesto; f)
mulher acometida de doença incurável, sendo neste caso, o marido obrigado a
cuidar dela” (LOPES, 2005, p.101).
A
passagem mais importante no AT sobre o divórcio está em (Dt 24.1-4). A Lei de
Moisés prescreve as razões para essa prática em termos tão gerais que torna-se
quase impossível explicar os motivos que justificam o divórcio. A expressão em Dt. 24.1 no hebraico
“erwar dabar” e na Septuaginta (LXX) que é a versão do AT hebraico
para o grego “aschemon
pragma” significa “coisa vergonhosa”. No português é “coisa indecente nela” (ARA –
Almeida Revista e Corrigida), “por nela achar coisa feia” (ARC –
Almeida Revista e Corrigida); para os hebreus a expressão não parecia tão
clara, sendo portanto objeto de controvérsia dando origem as duas principais
escolas dos rabinos Shammai e Hillel. Entretanto, o Senhor Jesus como veio
cumprir a Lei e não ab-rogá-la (Mt. 5.17), deu o verdadeiro sentido ao termo,
utilizando uma expressão mais específica: porneia “relações sexuais
ilícitas” (Mt 19.6).
Só
em duas situações a Lei de Moisés proibia o homem de conceder o divórcio à
esposa: a) Se sua esposa fosse acusada falsamente de pecado
sexual pré-marital pelo marido (Dt 22.13-19); b) Quando um homem
desvirginasse uma jovem, e o pai dela o compelisse a desposá-la (Êx.22.16,17;
Dt. 22.28,29). O pastor Ezequias Soares citando o Dr. Alfred Edersheim, judeu
cristão que viveu no séc. XIX com
profundo conhecimento em cultura judaica, afirma que para os judeus da época,
era motivo para o divórcio:
·
a) a
mulher apresentar-se em público com os cabelos soltos; b) andar pelas
ruas desnecessariamente; c) falar
com familiaridade com homens; d) maltratar os pais do marido na presença
dele; e) gritar com o marido de
maneira que os vizinhos pudessem ouvi-la; f) ter má reputação, fraudes
antes do casamento (SOARES, 2012, p.28).
No
AT em caso de adultério, em linhas gerais, a pena era a morte, e não o divórcio
(Lv. 20.10; Dt.22.22). Há duas citações em que o divórcio foi determinado
quando os judeus retornavam do exílio de Babilônia por causa do caso de
casamento mistos (Ed 9 e 10; Ne 13.23). Embora a lei mosaica incluísse
prescrições que regulamentavam o divórcio, o AT DEIXA CLARO QUE DEUS NUNCA
APROVOU O DIVÓRCIO (Ml 2.16).
Moisés não ordenou o divórcio, apenas permitiu, o divórcio não era
mandamento, apenas permissão.
III – O DIVÓRCIO NO NOVO TESTAMENTO
Jesus
falou sobre o divórcio no seu célebre Sermão do Monte (Mt 5.31,32). O assunto
torna a aparecer quando os fariseus o trazem a Jesus (Mt. 19.3; Mc 10.2). Eles
queriam saber se Cristo tomaria partido de
uma escola de rabínicos chamada de Shammai, “(...) que dizia que o homem não podia se divorciar de sua esposa a
menos que encontrasse nela alguma indecência (coisa feia), e a Escola de
Hillel, que defendia que ele podia se divorciar até mesmo se ela tiver
estragado um prato que preparou para ele (...)” (KÖSTENBERG, 2011, p. 237).
Porém a resposta de Jesus transcende as discussões legalistas das duas escolas
rabínicas e atinge o cerne da questão. O Senhor Jesus em sua resposta focaliza
o propósito original do plano de Deus para o casamento e sua indissolubilidade
(Mt. 19.4-6), e argumenta que o divórcio contradiz, essencialmente o propósito
da criação de Deus.
POSICIONAMENTO
SOBRE DIVÓRCIO
|
|||
DIFERENÇAS
|
ESCOLA DE
SHAMMAI
|
ESCOLA DE HILLEL
|
JESUS
|
Texto do AT
sobre Casamento
|
Dt. 24.1-4
|
Dt. 24.1-4
|
Gn
1.27;2.24
|
Significado
de porneia
|
Comportamento
indecente ou imoralidade sexual
|
Qualquer
caso em que a esposa desagradasse o marido
|
Comportamento
imoral.
|
Divórcio
por causa de porneia
|
Exigido
|
Exigido
|
Permitido
|
IV
- DIVÓRCIO NOS EVANGELHOS
·
(Mt. 5.31,32) – ao contrário das escolas
rabínicas de Shammai e Hillel, o Senhor Jesus agora restringia o divórcio
“(...) exceto em caso de relações sexuais
ilícitas (gr. porneia)”. Ele não deve ser uma regra geral, nem
praticado indiscriminadamente. Jesus ao restringir combate os abusos de sua
época (Jo 4.18).
·
(Mt. 19.3-12) – Neste texto, Jesus deixa
claro que o divórcio não foi uma instituição divina, mas humana “(...) pela dureza do vosso coração é que Moisés
PERMITIU repudiar vossas mulheres; entretanto NÃO FOI ASSIM DESDE O PRINCÍPIO”
(Mt 19.8), logo o divórcio não veio por causa do adultério, mas foi
permitido por causa da degeneração da raça humana. Esse texto não quer dizer
que Jesus estava ensinando que a parte inocente deveria divorciar-se do cônjuge
infiel, mesmo tendo base legal para o divórcio. Jesus nunca estimulou ou
encorajou o divórcio. Mas que o único divórcio e novo casamento que não
equivalia ao adultério era o da parte inocente, cujo cônjuge fora infiel. O
divórcio não deve ser a primeira opção em infidelidade conjugal, mas o perdão
(Mt. 18.21-35; Lc 17.4).
·
Mc 10.2-12 – ainda que o texto não traga
a expressão “(...) exceto em caso de
relações sexuais ilícitas (...)”, a passagem está em perfeita harmonia
com (Mt 5.31,32 e 19.3-12).
V - DIVÓRCIO
NAS EPÍSTOLAS PAULINAS
·
Aos casais crentes (I Cor 7.10-11) – O apóstolo, nesta passagem, fala de
casais mistos e de casais crentes. No vers. 10 ele condena terminantemente a
separação do casal crente. Não existe, a luz da Bíblia base legal para o
divórcio, exceto em situação excepcional (Mt. 5.31,32). A lei do país, que
permite o divórcio, não está acima da Palavra de Deus. A conduta do cristão é
norteada pelas Escrituras. Os cristãos devem seguir o padrão bíblico do
casamento: a indissolubilidade.
·
Aos casais mistos (I Co 7.12-15) – Em caso de casamento misto, o apóstolo recomenda
que se o cônjuge descrente, consente em viver com o cristão, “(...) não a (o) deixe(...)”. Porém
se o cônjuge descrente quiser separar-se, o casamento não é obrigatório. Depois
da separação o cônjuge crente estará livre para contrair novas núpcias. Em outras palavras, o divórcio nas
Escrituras só é permitido
em dois casos: 1) a parte inocente pode divorciar-se de seu companheiro, caso
este seja culpado de imoralidade; 2) o crente pode concordar com a deserção de
seu cônjuge incrédulo, se este se recusar a continuar vivendo em sua companhia.
IMPORTANTE: Há situações que envolvem divórcios que são
extremamente complexas, nestes casos, é prática de nossa Igreja, levar o assunto ao Pastor da igreja
que dará a visão bíblica específica sobre o assunto.
CONCLUSÃO
Aprendemos com esta lição que o
projeto original de Deus sempre será a indissolubilidade do casamento.
Entretanto, por conta da natureza humana degenerada pelo pecado, Moisés
permitiu, não ordenou, a carta de divórcio. Na época do NT por coisas
banais o indivíduo se divorciava; É por isso que o Senhor Jesus o restringe
completamente a relações sexuais ilícitas, não estimulando ou ordenando, mas
reconhecendo que na condição de degradação humana, essa possibilidade
deveria existir como solução paliativa para uma humanidade mergulhada no
pecado.
REFERÊNCIAS
STAMPS, Donald C. Bíblia
de Estudo Pentecostal. CPAD.
SILVA, Esequias Soares de. Analisando o divórcio à luz da Bíblia.
CPAD.
LOPES,
Hernandes Dias. Casamento, divórcio e novo casamento.
HAGNOS.
VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.
Fonte: http://rbc1.com.br/
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