Igreja
Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas
Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
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(Tg 3.13-18)
INTRODUÇÃO
Nos dias de Tiago, muitos mestres
se diziam sábios, mas, viviam em contendas, se auto gloriando e eram invejosos.
Por isso, o apóstolo adverte que a verdadeira sabedoria não se manifesta, necessariamente,
em discursos e palavras, mas, principalmente, em obras: “Quem dentre vós
é sábio e inteligente? Mostre, pelo seu bom trato, as suas obras em mansidão de
sabedoria” (Tg 3.13). Em outras palavras: aquele que é sábio não é
invejoso e nem contencioso. Nesta lição veremos a definição de sabedoria;
estudaremos o contraste entre a sabedoria que vem de Deus e a que vem do diabo;
e, finalmente, a diferença entre o mestre que é carnal e o que é espiritual.
I – DEFINIÇÃO
O termo grego para sabedoria é “sophia”
e significa “habilidade nas questões da vida”, “sabedoria prática”,
“administração sábia e sensata” ou “uso correto do conhecimento” (Lc 21.15; At
6.3; 7.10; Cl 1.28; 3.16; 4.5). “A sabedoria é a
capacidade espiritual de ver e avaliar nossa vida e conduta do ponto de vista
de Deus. Inclui fazer escolhas acertadas e praticar as coisas certas de
conformidade com a Palavra de Deus e na
direção do Espírito Santo (STAMPS, 1995, p. 1926). “Ter sabedoria é pensar bem
e agir bem em qualquer empreendimento realizado, seja secular ou espiritual”
(CHAMPLIN, 2004, p. 7).
II
– DOIS TIPOS DE SABEDORIA
No capítulo 3 de sua epístola, o apóstolo Tiago enumera
dois tipos de sabedoria. Vejamos:
2.1
A sabedoria que não vem do alto (Tg 3.15). Esta sabedoria não procede de Deus e possui três características
principais: é terrena, animal e diabólica. É a sabedoria que produz maus frutos
e não promovem a paz e a comunhão. Vejamos:
·
É terrena. O termo deriva-se do grego “epigeios” e
significa “da terra”, “terrestre”. É a sabedoria deste mundo, em
contraste com a que procede do céu (Jo 3.12; I Co 1.20,21; Tg 1.5). É uma sabedoria limitada, egocêntrica, como a dos inimigos da cruz de
Cristo, que só pensam nas coisas terrenas (Fp 3.19).
·
É animal. Ou seja, não
é espiritual. A palavra grega para animal é “psykikos” e é traduzida
por natural em contraste com a sobrenatural ou espiritual (ICo 2.14; 15.44,46).
É uma sabedoria totalmente à parte do Espírito de Deus.
·
É diabólica. O termo grego é “daemon” e significa
“demoníaca” ou “diabólica”. Essa foi a
sabedoria usada pela serpente para enganar Eva, induzindo-a a querer ser igual
a Deus e fazendo-a descrer de Deus para crer nas mentiras do diabo (Gn 3.1-5).
O diabo tenta os homens de várias formas: pela cobiça (Lc 22.3); pelo ódio (Jo
8.44) e pelo engano e pela malícia (II Co 11.3).
2.2
A sabedoria que vem do alto (Tg 3.17). “A verdadeira sabedoria vem de Deus, do alto,
visto que ela é fruto de oração (Tg 1.5), ela é dom de Deus (Tg 1.17). Essa
sabedoria está em Cristo: Ele é a nossa sabedoria (ICo 1.30). Em Jesus temos
todos os tesouros da sabedoria (Cl 2.3). Essa sabedoria está na Palavra, visto
que ela nos torna sábios para a salvação (2Tm 3.15). Ela nos é dada como
resposta de oração” (Ef 1.17; Tg 1.5). (LOPES, 2006, p. 77)
·
É pura. A sabedoria de Deus é incontaminada, sem qualquer defeito moral e
livre de impureza. O termo deriva-se do grego “hagnos” e pode ser
traduzido por “limpo”, “puro”, “inocente”. A sabedoria que vem do alto não pode
conduzir o homem ao pecado e impureza (Pv 2.7; 4.11).
·
É pacífica. A palavra deriva-se de dois termos gregos “eirene”, que
significa “paz” e “poeiõ”, que quer dizer “fazer” e pode ser
traduzida por “pacificador” ou “fazer a paz”. A sabedoria divina não é
contenciosa, nem facciosa (Pv 3.17; Mt 5.9). Logo, aquele que é sábio não vive
em contendas e dissenções (Tg 3.14).
·
É moderada. O termo grego traduzido
por moderada é “piekes”, e significa: “cheio de consideração”,
“gentil”, qualidades essas que os homens facciosos e ambiciosos não possuem (Tg
3.14,16). Essa característica da sabedoria do alto trata da atitude de não
criar conflitos nem comprometer a verdade para manter a paz.
·
É tratável. A palavra grega é eupeithes e significa “facilmente persuadido” ou “contrário de obstinado”. Essa
sabedoria é aberta à razão. É ser uma pessoa comunicável, de fácil acesso, que
é capaz de mudar de opinião quando necessário (Fp 3.7).
·
É cheia de
misericórdia. A palavra misericórdia significa lançar
o coração na miséria do outro. É inclinar-se para socorrer o aflito e sentir
ternura pelo necessitado e estender-lhe a mão, ainda que ele nada mereça. A
verdadeira sabedoria produz profundo sentimento de misericórdia no homem
interior (Rm 12.30; Cl 2.12).
·
É cheia de
bons frutos. A sabedoria de Deus é prática. Ela muda
a vida e produz bons frutos para a glória de Deus. Nesse texto, os bons frutos
tem o sentido de boas obras (Gl 5.22; Ef 5.8; Fp 1.11). Uma das principais
características da epístola de Tiago é o ensino sobre a teoria e a prática. Ele
já havia ensinado sobre a necessidade de ouvir e praticar a Palavra (Tg
1.19-27); e entre a fé e as obras (Tg 2.14-16). Agora ele fala da necessidade
de demonstrar a sabedoria pelas obras (Tg 3.13-18).
·
É sem
parcialidade. A palavra grega é adiákritos e significa “não dividido em julgamento”. Quando temos a sabedoria de
Deus, julgamos conforme a verdade e não conforme a pressão ou conveniência (I
Rs 3.16-28).
·
É sem
hipocrisia. A palavra traduzida por hipocrisia é “anypokritos”
e significa “sinceridade”, “sem fingimento”, “sem disfarce”, “não fingido”. O
hipócrita é como um ator que representa um papel diferente ao da sua vida real.
Onde existe a verdadeira sabedoria não há lugar para hipocrisia (Rm 12.9; II Co
6.6).
III
- A DIFERENÇA ENTRE O MESTRE CARNAL E O ESPIRITUAL
“Quem dentre vós é sábio e inteligente?...” (Tg 3.13-a). Essa pergunta
de Tiago evidencia que entre os membros da igreja do primeiro século a quem ele
dirigiu esta epístola havia aqueles que se consideravam mestres e sábios, mas,
suas obras não demonstravam a prática da sabedoria. Por isso, o apóstolos os
exorta a demonstrarem sua “sabedoria” pelo seu proceder “...mostre, pelo seu bom trato, as suas obras em mansidão de
sabedoria?” (Tg 3.13-b). Para Tiago, o
mestre carnal difere do espiritual a partir dos seus frutos, conforme
destacaremos abaixo:
O MESTRE CARNAL (TG 3.14-16)
|
O MESTRE ESPIRITUAL (TG 3.13;17-18)
|
a) É invejoso. Considera os outros mestres como inimigos que têm que ser
aniquilados e não como amigos que devem ser persuadidos. A inveja é obra da
carne (I Co 3.3; Gl 5.16-21).
|
a) É moderado. Trata os outros mestres como superiores a ele, tendo-os em máxima
consideração. A Palavra de Deus nos diz que devemos considerar os outros como
superiores a nós mesmos (Fp 2.3).
|
b) Promove facção. Está mais disposto a dividir, atraindo discípulos para si, do que
para Cristo. Este era um dos problemas da igreja de Corinto (I Co 1.11-13;
3.1-4).
|
b) Promove unidade. Empenha-se ao ensino com o objetivo de unir,
conduzindo as pessoas a Cristo. A comunhão é uma característica do povo de
Deus (At 2.42; Ef 4.1-6).
|
c) Auto gloria-se. Toda sua atitude é orgulhar-se de seu próprio conhecimento,
antes, que humilhar-se por sua ignorância. A Bíblia ensina que ninguém deve
gloria-se, a não ser em conhecer ao Senhor (I Co 1.29,31; II Co 10.17).
|
c) É humilde.
O verdadeiro erudito está muito mais consciente daquilo que não
sabe, do que aquilo que já aprendeu. Sabedoria e humildade são duas virtudes que devem
andar juntas (Pv 11.2; Jr 9.23).
|
d) É mentiroso. Está mais interessado em exibir-se a si mesmo do que mostrar a
verdade. A mentira é um mal que não deve existir no meio do povo de Deus (Jo
8.44; Ef 4.25).
|
d) Fala a verdade. Tem maior interesse na verdade
do que em suas próprias opiniões. A Bíblia nos exorta a falar sempre a
verdade (Ef 4.15; 6.14).
|
CONCLUSÃO
Como
pudemos ver, a verdadeira sabedoria não deve ser demonstrada por discursos e
palavras, e sim, pelas ações. Alguém que se diz sábio e inteligente e vive em
contendas, invejas e auto glorificação, não pode ter a sabedoria de Deus, e
sim, a que é terrena e diabólica. A verdadeira sabedoria consiste em viver de
acordo com os preceitos divinos e é pura, pacífica, cheia de misericórdia e de
bons frutos. Assim, podemos identificar os verdadeiros e falsos mestres pelas
suas obras, assim como podemos identificar as árvores pelos seus frutos.
REFERÊNCIAS
·
Bíblia de
Estudo Palavras Chave. CPAD.
·
CHAMPLIN, R. N. Dicionário
de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
·
CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
·
COELHO,
Alexandre; DANIEL, Silas. Fé & Obras. CPAD.
·
LOPES, Hernandes
Dias. Tiago - transformando provas em
triunfo. HAGNOS.
·
STAMPS, Donald C.
Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
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