sexta-feira, 14 de agosto de 2015

LIÇÃO 07 – A ENCARNAÇÃO DO REDENTOR



Leitura bíblica em Classe Jo 1.1-5, 14-16


Introdução
Nesta lição destacaremos a Encarnação do Filho de Deus analisando alguns aspectos fundamentais que servirão de grande importância na compreensão do Tema .

 I. VIVENDO NA ETERNIDADE
A encarnação de Jesus não é um mero conceito teológico; é um dos maiores mistérios das Sagradas Escrituras, sem a qual seria impossível a nossa redenção.

a) O Verbo de Deus. Abrindo o seu evangelho, escreve João: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14). Deixa o evangelista bem patente que o Filho de Deus, que se encontrava no seio do Pai, foi concebido pelo Espírito Santo para habitar entre nós (Sl 2.7; Is 7.14; Jo 1.18;3.16). Por que João denomina-o Verbo de Deus? Sendo Cristo o executivo do Pai, todas as coisas vieram à existência por intermédio dele sem Ele, nada do que é, existiria.

b). O esvaziamento de Cristo. Em sua encarnação, o Cristo tornou-se em tudo semelhante a nós, exceto quanto à natureza pecaminosa e ao pecado (Fp 2.7,8 - ARA).
Em que consistiu o auto-esvaziamento de Cristo? Certamente não esvaziara-se Ele de sua divindade; porquanto, em todo o seu ministério terreno, manteve-a incólume. Aliás, foi Ele, em seu estado de humilhação, reconhecido como Deus (Jo 1.49; 20.28). Consideremos, ainda, a sua oração sacerdotal no Getsêmane. Ele não reivindica ao Pai a sua divindade, porquanto esta lhe é um atributo intrínseco; reivindica, sim, aquela imarcescível e eterna glória (Jo 17.5).

c). A concepção virginal do Filho de Deus.  conforme profetizou Isaías: “Eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel” (Is 7.14; Mt 1.25-24; Lc 1.35). Seu nascimento ocorreu em Belém conforme o registro de Lc 2.3-12.
Maria, como as demais mulheres, sentiu as dores de parto ao dar à luz a Cristo; e, Jesus, à nossa semelhança, deixou o ventre materno, natural e não sobrenaturalmente, ao nascer em Belém de Judá. Portanto, se o seu nascimento foi natural, a sua concepção, frisamos, foi um ato miraculoso operado pelo Espírito Santo, conforme registra Lucas 1.30-35.

 Cristo é eterno. E verdade que, como Filho do homem, o seu nascimento marcou uma fase da história. Contudo, quando o contemplamos do ponto de vista divino, Ele é eterno. E não somente isso; é o “Pai da eternidade” (Is 9.6). Miquéias também acrescenta que aquele que nasceria em Belém e seria Senhor em Israel já existia “desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5.2).

Jesus tanto é eterno como histórico. Muitos afirmam que Ele somente existiu como homem, enquanto outros negam até a sua existência no contexto histórico. Entretanto, negar a eternidade de cristo e sua encarnação  é negar a própria História, à qual estão atrelados inúmeros fatos sobre Jesus. Basta observar as siglas a.C. e d.C., que significam “antes de Cristo” e “depois de Cristo”. Cristo é o mesmo. O Novo Testamento diz que “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente” (Hb 13.8). Essas três dimensões da sua existência revelam a sua eternidade. Elas refletem o que Ele foi, é e será para sempre, o Pai da eternidade (Is 9.6), acerca do qual está escrito, em Colossenses I.I5-17:

O Redentor era Deus A igreja do período apostólico enfatizava a divindade e a humanidade de Jesus, especialmente a sua origem divina e o milagre de sua encarnação no ventre de Maria. Isto é, Jesus, ao andar na Terra, era verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. O conceito de que Ele era 50% homem e 50% Deus não tem fundamento bíblico. Filho do homem e Filho de Deus são a mesma pessoa.

Jesus na eternidade estava com Deus e era Deus (Jo I.I). Ao humanizar-se, não deixou de ser divino, pois atributos exclusivos da deidade foram manifestos por Ele entre os homens. Ao abrir mão, voluntariamente, de sua glória junto ao Pai, limitou-se, esvaziou-se, aniquilou-se a si mesmo, a fim de sofrer pela humanidade (Fp 2.6-8). No ventre de Maria, pois, uniram-se duas naturezas: a divina e a humana. Por amor de nós, para nos salvar, Deus se fez Homem.

O redentor tudo criou:
1.3 — Todas as coisas foram feitas (gr. ginomai) por ele. Antes da criação, o Verbo já existia Quando o 1.1). O tempo verbal aqui aponta para a Sua existência eterna.
Deus Pai criou o mundo (Gn 1.1) por meio do Filho (Cl 1.16; Hb 1.2). Jesus não foi parte da criação. Todas as coisas foram criadas por Jesus; Ele é o Deus Criador. O ensinamento bíblico sobre a criação, confirmado por esse versículo, esclarece que ela foi completa. Aqueles que creem na teoria da evolução e em reencarnação afirmam que a criação é uma obra contínua. No entanto, a criação foi realizada de forma plena, completa, por Deus, como vemos em Génesis 1; Ele agora está apenas cuidando de tudo que criou (Jo 5.17).

O Redentor é a fonte da Vida;
Quatro relações do Verbo são descritas em 1.3-5 se referindo-se a Jesus a verdadeira fonte de vida.

1. Com o Mundo
Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez (3; cf. SI 33.6,9; Cl 1.15-17; Hb 1.2). A última oração, que é enfática, foi acrescentada para se guardar contra as falsas doutrinas do século I “que atribuíam a origem de certas existências a criadores inferiores, ou consideravam a matéria como auto-existente”.

2. Com a Vida e a Luz
Nele, estava a vida e a vida era a luz dos homens (4). Aqui, o Verbo é visto como a Fonte da vida. A vida biológica vem dele, com certeza, mas há mais. Regularmente usada neste Evangelho, a palavra vida (zoe, 36 vezes; nunca bios, vida biológica) se refere à vida “do alto” (3.3), à “vida eterna” (3.15-16; 20:31), à vida abundante (10.10). Como Ele é a Fonte de toda a vida, também é Ele a Fonte de toda a luz. A primeira criação do Verbo divino foi a luz (Gn 1.3). Da mesma forma, o salmista fala da vida e da luz juntas: “porque em ti está o manancial da vida; na tua luz veremos a luz” (SI 36.9). O Verbo encarnado descreve a si mesmo como “a luz do mundo” (Jo 8.12). A luz e a vida estão na ofensiva. A morte está destinada à derrota (11.26); as trevas do túmulo são dispersadas pela luz penetrante e resplandecente.

3. Com o Homem

E a vida era a luz dos homens (4). O Verbo é a Revelação pessoal de Deus aos homens. E pessoal porque procede de Deus e é direcionada aos homens. O Verbo é “a luz verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo” (1.9).

4. Com as Trevas
E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam (5). O Verbo eterno, em figuras de luz e vida, veio aos homens que estão em trevas e morte. Por todo o quarto Evangelho, estão os retratos da consequente luta entre a Luz e as trevas geralmente coroados de vitória pela Luz, mas às vezes não. Jesus deu vista (luz) a um homem cego de nascença (cap. 9). Ele trouxe Lázaro do túmulo, da morte e das trevas (cap. 11). Mas um que estava próximo a Ele, Judas Iscariotes, entrou na noite de trevas eternas (13.30). A palavra traduzida como compreenderam, significando “entender”, também significa “vencer”.

1.4 — Veja que não esta escrito aqui que a vida foi criada; ela já existia em Cristo (Jo 5.26; 6.57; 10.10; 11.25; 14.6; 17.3; 20.31). O homem depende de Deus para viver. Nossa existência, física e espiritual depende do poder provedor de Deus. Mas o Filho, por outro lado, em si mesmo tem a vida por toda a eternidade. A vida, Jesus Cristo,  também é a luz dos homens. Essa figura de linguagem nos traz o conceito da revelação. Por ser a luz, Jesus Cristo releva ao homem tanto Deus como o pecado (SI 36.9).

II. SAINDO DA ETERNIDADE

 A encarnação refere- se exclusivamente a ação pela qual o Filho de Deus, frequentemente citado como a Segunda Pessoa da Divindade, tornou-se homem. Isto pressupõe a divindade essencial e a eterna filiação da Pessoa que se tornou encarnada.  Quando Joao escreve: “E o Verbo se fez carne” (Jo 1.14), o Verbo já havia sido identificado como eternamente subsistente, como eternamente com Deus, e sendo o próprio Deus (Jo 1.1-3). Quando Paulo diz que Cristo Jesus “aniquilou-se a si mesmo... fazendo-se semelhante aos homens” (Fp 2.7), ele quer dizer que esta Pessoa era originalmente em forma de Deus e, portanto, era igual a Deus (Fp 2.6).

 O fato. A encarnação e o mistério da Divindade, o grande milagre da fé crista. Aquele que nunca começou a ser, mas que existia eternamente, e que continuou a ser o que eternamente foi, começou a ser o que eternamente não foi. Este foi um evento que ocorreu no tempo, com referencia Aquele que foi e continua sendo eterno.

Existem, portanto, os contrastes sustentados: o Eterno entrou no tempo e tornou-se sujeito as suas condições; o Infinito tornou-se finito; o Imutável tornou-se mutável; o Invisível tornou-se visível; o Todo-Poderoso tornou-se fraco e fragilizado; o Criador tornou- se a criatura; Deus tornou-se homem. Foi a este mundo de pecado, de miséria, e de morte. O fato de Ele ter entrado em um mundo assim, indica a peculiaridade da humilhação sofrida, e o proposito redentor criado. Ele veio, portanto, “em semelhança da carne do pecado” (Rm 8.3).

O modo e geralmente citado como o nascimento virginal. Cristo de fato nasceu de uma virgem, porque Maria ainda não havia conhecido um homem. O modo foi, portanto, sobrenatural. Três considerações mostram o caráter sobrenatural.

1. Jesus não foi concebido pela conjunção de homem e mulher. Ele foi gerado no ventre de Maria pelo poder do Espirito Santo (Mt 1.20; Lc 1.35). O milagre aparece em primeiro lugar em uma procriação sobrenatural, A este respeito não e rigorosamente correto dizer que Jesus foi concebido pelo Espirito Santo. Foi Maria que concebeu e a nossa  atenção e expressamente atraída para este fato (Lc 1.31). Isto e dito de Maria e também e dito de Isabel (Lc 1.24,36). Mas Maria só concebeu porque o Espirito Santo havia gerado Jesus em seu ventre e, consequentemente, o nascimento foi virginal. Paulo reflete esta doutrina em Gálatas 4.4 quando escreve: “Deus enviou seu Filho, nascido de mulher”. A profecia de Isaias 7,14 predisse a maneira sobrenatural do nascimento de Jesus.
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2. Não foi um mero bebe que fora concebido por Maria. Foi o Eterno Filho de Deus. Somente no que diz respeito a sua natureza humana Ele foi formado no ventre; mas se tratava dele mesmo, em sua identidade imutável.

3. O dogma da concepção imaculada de Maria é um embuste: não há garantia dos dados da revelação . O sobrenatural é evidente na preservação do menino Jesus da contaminação que fazia parte de sua mãe humana. A geração sobrenatural foi necessária para preservar a imunidade da depravação hereditária, porque “o que é nascido da carne é carne” (Jo 3.6). Contudo, isto não parece ser de per si uma explicação adequada da pureza imaculada de Jesus. Ele era um descendente de Davi, segundo a carne. Esta semente era corrupta. Mas Jesus era santo, puro, e separado dos pecadores.

Jesus veio de um modo sobrenatural e, portanto, de um modo coerente com sua pessoa sobrenatural. O Senhor veio de um modo que garantiu que Ele não se contaminasse com o pecado e, portanto, de um modo coerente com sua perfeição divina e com o plano redentor  de sua vinda. Mas Ele veio de um modo que preservou completamente sua ligação genética com a humanidade pecadora. Este é o sentido da concepção através de um nascimento virginal e de uma virgem que foi concebida em pecado, assim como todos os outros que vieram através de Adão pela geração natural. E isto pertence ao prodígio e graça da encarnação.

A natureza. A proposição “Deus tornou-se homem" não deve ser interpretada como significando que a divindade tenha sido trocada pela humanidade; isto não significa a subtração ou o despojamento irreversível. O Filho de Deus não deixou de ser o que era eternamente quando se tornou humano.
Em João 1.14, não há nenhuma sugestão de que o Verbo, tornando- se carne, tenha renunciado ao que havia sido definido nos vv. 1-3. João prossegue imediatamente prevenindo qualquer concepção deste tipo. E este Verbo, ele diz, que habitou entre nós, e vimos sua glória, como do unigénito do Pai. Para confirmar esta doutrina, João acrescenta que a revelação dada pelo Filho encarnado lhe foi confiada, pelo próprio Filho, em sua identidade como o Deus unigénito no seio do Pai .

III. A ENCARNAÇÃO É UM MISTERIO

Jesus é o Filho de Deus bendito, enviado por Deus ; vindo ao mundo, humanizou-se, ao ser gerado no ventre de uma virgem, a fim de cumprir a vontade divina. As instruções sobre o mistério de sua encarnação foram dadas a Maria, a qual recebeu a visita do anjo Gabriel. Entrando ele a sua casa, saudou-a: “Salve, agraciada; o Senhor é contigo: bendita és tu entre as mulheres”.

O anjo instruiu Maria quanto ao processo sobrenatural da encarnação de Jesus mediante o Espírito Santo (Lc 1.28,31-35) e, no tempo assinalado, o Senhor nasceu numa estrebaria, em Belém, vivendo entre os homens, cheio de graça e de verdade. Ninguém há, pois, que possa negar a sua existência, haja vista que isso significa negar o próprio Deus e tudo o que sabemos a seu respeito. Mas não devemos limitar Jesus Cristo ao tempo e à história. Ele é preexistente - existe antes que todas as coisas. Essa doutrina é clara nas Escrituras. .

A encarnação significa que o Filho de Deus assumiu a natureza humana em sua integridade primitiva, com todas as suas propriedades essenciais e limitações sem pecado, em união com sua pessoa Divina. Ele possui todos os atributos e prerrogativas divinas igualmente com Deus Pai, e com Deus, o Espirito Santo.  Alguns estudiosos encontram dificuldades para entenderem a combinação da divindade e da humanidade de Jesus Cristo. A maturidade cristã, o andar com Deus e a livre ação do Espírito Santo são vitais aqui. Este assunto, evidentemente, é mais ligado ao campo da revelação do que mesmo o da explicação. Contudo, quando bem analisado do ponto de vista investigativo e teológico, existe uma certa facilidade de ser entendido pela mente natural. Examinando o Novo Testamento e observando a cada detalhe, veremos como a humanidade e a divindade de Cristo se harmonizam.

Conclusão

A concepção de Jesus foi um ato miraculoso de Deus. A promessa divina de que isso aconteceria foi feita pelo próprio Deus: “Eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel” (Is 7.14b). Paulo disse que a encarnação de Cristo foi um milagre e a chamou de “mistério da piedade” (I Tm 3.16). o Novo Testamento afirma que Jesus tinha uma família do ponto de vista humano, a princípio pequena, formada por José, Maria e Jesus. Depois, mencionam-se os seus irmãos, Tiago, José, Judas e Simão, bem como suas irmãs (Mc 6.3). Há inúmeras referências à família biológica de Jesus nas Escrituras (SI 69.8; Mt 12.46-50; Mc 3.21,31-35; Lc 8.19-21; Jo 7.1-7; At 1.13,14; I Co 9.5; G1 I.I9;Tg 1.1; Jd v.I; etc.).

Obras consultadas

Lições Bíblicas CPAD Jovens e Adultos

Dicionário Bíblico Wyclíffe Teologia Sistemática Pentecostal Antônio Gilberto, Claudionor de Andrade» Ciro Sanches Zibordi, Elienai Cabral, Elinaldo Renovato, Esequias Soares, Geremias do Couto, Severing Pedro da Silva, Wagner Gaby  21 Edição

Elaborado pelo Dc. Aildo

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