sábado, 26 de março de 2016

LIÇÃO 13 – VIDA FELIZ

Objetivo
Professor (a) ministre sua aula de forma que ao término, seu aluno possa definir e entender que a verdadeira felicidade não é algo como nos contos de fadas, mas que consiste em momentos de alegria e na paz e satisfação interior que nos garante estamos vivendo na vontade de Deus

Para refletir
Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença, eterno prazer à tua direita.” (Sl 16.11 - NVI).

Texto Bíblico: Mt 19.16-22; Mc 10.17-27.

O jovem rico
Nosso texto de hoje é uma narrativa bem conhecida de todos os crentes. Muitos de nós já devem ter ouvido esse relato bíblico uma dezena de vezes - talvez você seja um desses. No entanto, pode ser também que você apenas a ouviu uma única vez, mas já crê que conhece todo ensinamento que tais palavras querem ensinar ao coração. Não importando em qual das qualificações você se encaixe, a palavra de Deus nos é sempre útil e necessária para nossa transformação à imagem e semelhança do Senhor (2 Tm 3.16,17), visto que somos pecadores e somente em Cristo precisamos buscar nossa conformidade com Seus preceitos.

No texto que acabamos de ler, Mateus é bastante específico com relação à pessoa que conversava com o Senhor; enquanto o evangelho de Marcos o chama apenas de "homem" (Mc 10.17), e Lucas, de "príncipe", o evangelista Mateus dá uma característica importante para tal indivíduo: ele era um jovem. Não nos é dito qual a idade de tal homem, talvez pudesse ser bastante jovem, ou talvez nem tanto. Não somos informados da onde viera para se encontrar com Jesus, porém, nos é dito que era um jovem. Não sabemos quem são seus pais, se era casado e/ou se possuía filhos, no entanto, era um jovem. Se assim é a descrição de Mateus, então precisamos dar valor para essa qualificação, pois todo cristão precisa entender que não há sequer uma palavra sem sentido nas Escrituras, absolutamente todas elas, desde a mais "bela" até a mais "estranha", todas tem um significado especial e que contribui para nosso crescimento. A palavra de hoje de Mateus nos informa: um jovem veio falar com o Senhor Jesus, o Messias salvador.

Os versículos anteriores à nossa narrativa descrevem Jesus dizendo: "Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim; porque dos tais é o reino dos céus" (Mt 19.14). Todos os três evangelistas parecem desejar ligar um acontecimento ao outro. Marcos é enfático ao registrar que logo após essas palavras de Jesus, "correu para ele um homem, o qual se ajoelhou diante dele, e lhe perguntou: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?" (Mc 10.17) - um homem jovem correu até o Senhor. Esse jovem talvez estivesse vendo e ouvindo Jesus tomando as crianças em seu colo e as abençoando pelo Seu poder soberano. Esse jovem muito provavelmente estava nesse local, observava as atitudes do Mestre, via-o proferir palavras de bênção à crianças tão pequenas e aparentemente indefesas. Então esse jovem deve ter pensado: "Esse homem que dizem ser o Messias, o libertador de Israel, está abençoando criancinhas que sequer sabem talvez falar e precisam ser levadas por seus pais até Jesus... creio que também chegará a minha vez, pois logo os jovens devem ir até Ele". Porém, se o jovem assim pensou, logo viu-se em frustração, pois tão logo Jesus acabara de abençoar os pequeninos, "partiu dali" (Mt 19.15).

Mas o nosso personagem da narrativa não era um senhor idoso ou alguém com problemas de saúde: ele era um jovem. Como bom jovem, logo se pôs a correr em direção a Jesus que estava deixado o local, afinal, muito provavelmente estava nos ao redores enquanto Jesus tinha as crianças consigo e as tratava de forma muito bondosa e carinhosa. Alcançando a Jesus, nosso jovem pergunta: "Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?" (Mt 19.16). Talvez, perplexo por ter Jesus abençoado somente as crianças e não ter chamado também os mais crescidos, nosso jovem pergunta o que ele deve fazer para também ter a vida eterna assim como Ele havia-a dado àquelas crianças de pequena idade (a palavra em grego para crianças, nessa narrativa, denota crianças de colo, gente de muita pouca idade). Jesus então lhe responde: "Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus" (Mt 19.17), como querendo dizer: "Por que achas que eu sou bom? Eu não afirmo constantemente que sou o enviado de Deus? Não lhes digo que sou o Filho do Pai? Também já não sabem vocês que Eu e o Pai somos um? Por que então dizes que sou bom? Acaso achas que Eu sou diferente de meu Pai que está nos céus? Meu jovem, Eu sou Deus, não sou um homem pecador - quem vê a mim, vê a Deus (Jo 14.9); você está vendo e falando com o próprio Senhor". Jesus então continua dizendo ao jovem: "Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos." Nosso Salvador comunica ao jovem que caso quisesse ter a vida eterna - conforme havia questionado-o - deveria guardar os mandamentos do Senhor. Esse é um ponto muito importante, pois Jesus poderia ter dito que bastaria a "fé" n'Ele e tudo estaria resolvido; que para herdar o reino dos céus precisaria somente de algumas boas obras na terra e viver de maneira politicamente correta; que sendo uma pessoa na sociedade (ou nas palavras de Lucas, um bom "príncipe") e agindo conforma a moralidade da época exige, já se estaria satisfazendo os requisitos para a salvação. No entanto, Jesus afirma que é preciso guardar os seus mandamentos.

Agora, depois de ouvir tais palavras de Jesus, nosso jovem questiona: "Disse-lhe ele: Quais?" (Mt 19.18). O jovem sabia quais eram mandamentos, ele conhecia as ordenanças de Jesus - não era um ignorante. Como sei disso? Veja que após Jesus enumerar os mandamentos, nosso jovem diz que "Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade" (Mt 19.20). Ninguém consegue guardar (obedecer) um mandamento que não conhece, não há quem possa buscar viver uma vida reta diante do Senhor se não conhece a Lei do Senhor - certamente esse jovem as conhecia. Agora, Jesus passa a lhe apresentar os 6 mandamentos referentes ao próximo: "Não matarás [Êx 20.13], não cometerás adultério [Êx 20.14], não furtarás [Êx 20.15], não dirás falso testemunho [Êx 20.16]; Honra teu pai e tua mãe [Êx 20.12], e amarás o teu próximo como a ti mesmo [Êx 20.17]" (Mt 19.18, 19). Como vimos, o jovem responde afirmativamente a esses mandamentos, dizendo que a todos eles havia cumprido; que vivia de modo diligente e centrado em seu propósito de não ferir os mandamentos do Senhor; que era piedoso em suas tarefas, afinal, jamais havia matado, adulterado, furtador, dado falso testemunho, deixado de honrar pai e mãe e sempre sendo amoroso para com o próximo - aqui,  aparentemente temos o relato de um jovem puro, íntegro; um exemplo para a sociedade israelita. Mas, como que não entendendo as palavras de Jesus, após afirmar ser exímio cumpridor dos mandamentos, pergunta: "que me falta ainda?". Essas palavras ecoam o seguinte pensamento de nosso jovem: "Mas Mestre, quando eu fui ter com o Senhor, lhe havia perguntado como ter a vida eterna; lembro-me então que foi apresentado os mandamentos. Pois bem, aqui estou a professar que pratico todos eles e que de fato tenho-os guardados desde a mais tenra idade - o que me falta então para ter a vida eterna, haja vista que já sou cumpridor dos mandamentos? Acaso o Senhor está querendo dizer que já tenho a vida eterna?" Jesus então lhe responde: "Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me" (Mt 19.21).

Ao contrário do que o jovem esperava, Jesus lhe dá 4 diretrizes de como deveria proceder caso quisesse de fato cumprir todo o requerido pelo Senhor e então ter a vida eterna.

Em primeiro lugar, a ordem foi: "vai, vende tudo o que tens". Jesus sequer questionou aquele jovem se ele estaria de acordo em vender tudo o que possuía ou se teria condições de viver sem as posses que havia adquirido (ou ganho por herança). Jesus simplesmente não questiona, não argumenta, não senta com o pecador e tenta firmar um contrato bom para ambas as partes - Jesus não é esse tipo de pessoa. O chamado "bom Mestre" tão somente coloca as cartas na mesa e diz: "Meu jovem, desejas ser perfeito? Se sim, comece vendendo tudo o que tens". Observemos que esse é o padrão de Jesus: justo, direto, certeiro - mas com amor. A maioria das palavras de Jesus são registradas como sendo "direto ao ponto", sem rodeios ou desculpas esfarrapadas; Ele simplesmente diz o que deve ser feito e pronto - não há diálogo para poder questionar o decreto divino.

Em segundo lugar, após ouvir sobre que deveria vender seus bens, o jovem ouviu: "e dá-o aos pobres". Não é uma regra, mas a maioria dos ricos e possuidores de muita posse trata com desdém os pobres - ou quando muito, veem neles apenas um potencial para lucrarem ainda mais. Entretanto, independente dessa regra ter sido válida para nosso jovem, o Senhor o admoesta a entregar tudo o que tem. Para quem deveria entregar? Ao sumo sacerdote? Aos levitas? Aos administradores da época? A algum fundo de investimento para que gere rendimentos futuros? Não. Dever-se-ia ser entre aos pobres, àqueles que estão à margem da sociedade e padecem de todo tipo de dificuldade financeira. É nesse momento que o jovem toma um tiro em sua consciência; pois como pode ser "justo", pensa ele, "trabalhar durante algum tempo ou ainda receber como herança muitas propriedades e altas quantias em dinheiro e da noite para o dia ter de entregar tudo aos pobres e miseráveis que não fizeram coisa alguma para ganhar o que lhes estou dando?" Jesus nem ao menos disse que deveria dar sua riqueza a um único pobre, para talvez alegrar o jovem rico fazendo-o pensar que ao menos algum ficaria rico em seu lugar e daria continuidade à sua riqueza, mas sim, mando-o dar aos pobres, isto é, dividir com quem encontrasse e que fosse necessitado.

Em terceiro lugar, caso fizesse tudo isso, Jesus lhe afirma: "e terás um tesouro no céu". O jovem agora ouve um consolo e percebe que há esperança para ele. Apesar de ter de vender seus bens e dá-los aos pobres, ouve que terá um tesouro nos céus - isso certamente chamou-lhe a atenção. Não é incomum que ao falarmos com pessoas sobre os tesouros no céu, a cidade celestial feita de ouro, os diamantes mais belos e formosos refletindo a luz que a todos ilumina, elas não ficarem encantadas. Não há quem fique indiferente à essa visão de João em Apocalipse, pois todos, de algum modo, são atraídos por algum tipo de riqueza e regalia. Assim também se deu com nosso jovem. Vocês conhecem o final da história - ele irá negar a Cristo; mas por quê? Porque não entendeu o significado das palavras de Jesus. Quem sabe ao medir suas riquezas de terras, contar as somas gigantescas de sua fortuna e as comparar com "um tesouro no céu", isto mesmo, apenas um, seu coração já deve ter-se posto em tristeza e lamentação, pois não entendia como poderia ser mais benéfico trocar "tudo" o que tinha, por apenas "um" tesouro, e que ainda não estava na terra, mas sim nos céus, um lugar inalcançável pelas mãos.

Em quarto lugar, não bastasse tudo o que o jovem já tinha ouvido e pensado, o Senhor se pronuncia com a sentença final: "e vem, e segue-me". Aquele jovem completamente estarrecido em seu coração, que talvez a poucos minutos atrás (antes de ir falar com Jesus) pensava que poderia ter a vida eterna numa breve conversa com o "bom mestre", e continuaria então a poder desfrutar da beleza e o sustento que suas riquezas lhe proporcionavam, agora se vê obrigado, além de vender, doar tudo aos pobres e ter ouvido que teria um único tesouro num lugar supostamente inalcançável, também é inquirido para que passe a seguir Jesus por onde quer que ele fosse. Em outra narrativa e ocasião de Mateus, Jesus havia dito: "As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça" (Mt 8.20). O que levaria um jovem a largar toda sua riqueza e seguir um homem que sequer tinha uma casa própria ou um lugar adequado para banhar-se? As faculdades mentais do jovem lhe diziam: "Não siga esse conselho, ele não é bom e lhe levará a perder tudo o que você tem". Por outro lado, lembremos que o jovem era desejoso de ter a vida eterna, o que também deve tê-lo levado a pensar: "Mas ainda que eu perca tudo, o 'bom Mestre' ofereceu-me a vida eterna e era justamente isso que eu queria!" - nosso jovem estava confuso.

A narrativa bíblica então encerra com as lamentáveis palavras do jovem e também com um aviso do Senhor: "E o jovem, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades. Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no reino dos céus" (Mt 19.22, 23). Por fim, desejo-lhes expor algumas verdades e aplicações dessa passagem para nossas vidas.

  1. Ele era um jovem. Essa qualidade já comentada no início precisa ficar clara para nós. Marcos nos diz que era um homem, e Lucas, que era um príncipe - daí entendermos que ele era um homem, príncipe e jovem. Grave muito bem essa qualificação, pois dela depende muito do entendimento dessa passagem. Não nos é dito que era um idoso, ele era jovem; não recebemos a informação de que era uma criança de colo, era um jovem; não estava doente ou passava por dificuldades físicas, era um jovem saudável, disposto e que buscava andar na direção daquilo que desejava. No entanto, atente para isso: mesmo sendo jovem, ele morreu. Não morreu fisicamente, não é isso que o texto nos diz, porém, morreu prematuro, pois decidiu seguir os prazeres desse mundo em lugar do tesouro nos céus. Algum de vocês já se identificou com nosso jovem? Você já teve atitudes semelhantes a dele? Já parou, ficou ouvindo o Senhor falar às crianças e então correu até Ele? Se isso lhe é familiar, como você recebeu as palavras de Jesus, "vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me"? Se você é um jovem, sua responsabilidade é dupla nesse dia. Primeiro porque nossa narrativa fala de um jovem, e assim você o é. Segundo, porque Cristo censurou nosso jovem, o que deveria levar você a temer por sua idade, pois apesar de jovem, você pode perecer e morrer afastado de Cristo.

  1. O jovem correu. Nosso jovem expressou o vigor que é característico de sua idade: ele correu. E notemos nesse momento: ele correu até Jesus. O texto nos informa que quando Jesus saiu daquele lugar, o jovem correu, pois queria saber como poderia obter a vida eterna; no entanto, ouviu as duras palavras de Jesus. Note ainda outro detalhe: a Bíblia não nos revela que ele voltou correndo para o mundo, mas sim que "retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades" (Mt 19.22). Um homem triste não corre mais, não vai atrás daquilo que lhe dá prazer, suas forças logo acabam, sua esperança é atacada pelos ladrões do desespero e em breve o máximo que você irá desejar é a morte. Meus amados, vocês podem correr muito nessa vida. Podem ir a muitos retiros "cristãos", podem sair com seus amigos cristãos e ficar até a alta madrugada conversando sobre qualquer assunto. Assim como nosso jovem da história, você pode correr, mas também pode perder a vida eterna. Não nos é sem motivo que as Escrituras descrevem esse homem como uma pessoa que correu, mas que, no entanto, retornou chorando. Quantos são os homens e mulheres que num primeiro momento vão até Cristo, correm até Ele, dizem ter entregado suas vidas ao Salvador, leem a Bíblia, oram, buscar estar com os irmãos da Igreja, mas nunca "venderam tudo o que tinham e seguiram o Senhor". Nosso jovem é bastante semelhante ao filho pródigo - foi para a cidade distante com grande alegria, jubiloso de que iria encontrar a verdadeira felicidade, mas tão logo acabaram suas economias e o "fogo do momento", que se viu obrigado a trabalhar com porcos e até mesmo ser alimentado como um deles. Ou ainda, se posso dar outro exemplo, lembre-se de Judas: provavelmente um homem de meia idade, saudável, responsável pelas ofertas recebidas, participante das atividades juntamente com Cristo e seus discípulos, mas que considerou suas 30 moedas de prata (Mt 26.15) mais valorosas que o "tesouro nos céus" descrito e prometido pelo Senhor.

  1. Ele era rico. Você já percebeu: nosso jovem, além de disposto, era rico. Isso é importante para nós, pois a riqueza na vida de um jovem é um faca de dois gumes. De um lado ele tem diante de si toda força, energia e disposição para serem gastas, do outro, uma enorme riqueza que pode lhe trazer sucesso, fama e ainda mais dinheiro. Nosso jovem não cuidou, não raciocinou conforme os mandamentos que Jesus lhe havia dito. Talvez para ele, suas riquezas eram sinônimo da bênção de Deus, pois ao mesmo tempo em que obedecia ao Senhor em todos os mandamentos apresentados, também enriquecia e de nada tinha falta. Mas atente para isso: não nos é informado a quantia de sua riqueza e de que espécie ela era. Talvez nosso jovem tivesse grandes quantias de terra e muitos barcos pesqueiros, ou talvez fosse dono de grandes quantias em moeda, de modo que as comercializava e dali retirava seu lucro. Mas, independente disso, o Senhor lhe disse: "vende tudo o que tens". Aqui, as palavras de Jesus não nos ensinam a vender literalmente tudo o que temos, mas, no entanto, nos alertam para um grande perigo: pode ser que até mesmo suas pequenas moedas estejam lhe fazendo errar o alvo e seguir o caminho largo. Nenhum de nós é como esse jovem rico em sua riqueza, no entanto, todos nós temos alguma riqueza e Cristo nos chama a "vendê-las" e não mais nos apegarmos a elas. Se a presente narrativa se fizesse presente em nossos, talvez Cristo diria: "Venda sua casa luxuosa que lhe traz uma falsa sensação de segurança, compre uma menor, distribua parte do dinheiro entre os pobres e siga-me; venda seu carro da última geração, pois vejo que ele o está levando a largos passos em direção ao inferno, e então, siga-me; venda aquele instrumento musical que tira seu tempo de oração, leitura e até mesmo toma grande quantia de seu dinheiro mensal, e siga-me; largue sua banda que o faz ficar orgulhoso e não ter tempo para mim, e siga-me; deixe seu computador e seu videogame de lado, e siga-me; pare de ser um mau mordomo do tempo que Deus lhe deu, aplique todo ele nas obras do Senhor, e siga-me". Meus queridos, ao escutar essas supostas palavras de Cristo, você resistiu a alguma delas? Talvez você tenha pensado que foram um pouco exageradas. Pois bem, lembre-se que o jovem rico também pensou o mesmo que você. Ele achou que Jesus havia dito algo "muito pesado", difícil de ser digerido, que foi além da prudência racional, que desejou tirar a sua "liberdade" e juventude, que desejou ceifar sua alegria da terra, que quis apenas lhe trazer alguns desprazes, que intentou levá-lo a ser ridicularizado por seus amigos... em meio a esses pensamentos de rebeldia, tema e lembre-se de nosso jovem e de qual foi o seu fim.

  1. Ele era pobre. Não, não pense que há contradição. De fato a Bíblia nos revela que o jovem era rico, mas não pense você que Deus via-o dessa maneira - "porque o SENHOR não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração" (1 Sm 16.7). Nosso jovem achava-se que era muito rico, mas Jesus se pronunciou dizendo que era muito pobre. Era muito pobre porque quando admoestado a deixar tudo nesse mundo e seguir a Cristo, teve por bem que suas riquezas eram mais satisfatórias e poderiam comprar um bem maior que a cidade celestial - este jovem era muito pobre. Uma pessoa que não troca suas bijuterias por ouro puro, é alguém muito tolo; aquele que está diante do Mestre e tem à sua frente um "tesouro no céu", mas prefere agarrar-se ao esterco da vida à largar tudo o que julga possuir, é o mais tolo e miserável de todos os homens. Esse jovem trocou a riqueza pela pobreza; a saúde pela doença; a eternidade ao lado de Cristo pela eternidade de tormento; a felicidade pela tristeza; o amor pelo ódio; o tesouro por uma porção de terra. Mesmo o próprio Messias estando diante dele e testificando de que deveria ter poucas posses nessa terra caso quisesse adquirir a maior de todas as riquezas que um homem poderia alcançar, o jovem não captou a mensagem. E você, já a entendeu? Você entendeu que o sentido das palavras de Jesus eram para que o jovem entendesse sua pobreza espiritual, mesmo em face da sua riqueza material? Você compreende que, ou Cristo vem em primeiro lugar na sua vida e você cessa de gastar o tempo nesse mundo com festas, idas inúteis a casas de amigos mundanos (e até mesmo supostos crentes), pára de bisbilhotar a vida de seus amigos na internet (levando-o a quebrar o décimo mandamento [sim, esse mesmo que o jovem rico deveria também cumprir] que diz: "Não cobiçarás a casa do teu próximo... nem coisa alguma do teu próximo" (Êx 20.17)) e dedica sua vida inteira, cada minuto e segundo na obra do Senhor ou em breve você se retirará como nosso jovem, triste, pesaroso, sem mais esperança de ter a vida eterna, tudo porque julgava que as paixões materiais lhe eram mais prazerosas do que o Senhor? Você realmente compreendeu isso?

  1. Podemos ser ainda piores que o jovem rico. Se você até aqui tem se identificado com nosso jovem, deixarei abaixo uma exortação a você. No entanto, se você julga estar vivendo de maneira mais superior que nosso jovem, preciso lhe orientar e dizer que talvez você esteja sendo pior do que ele. Observe essas palavras: "E Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério... Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade" (grifo meu). Quem sabe você até aqui se vangloriou e pensou: "Obrigado, Senhor, pois não sou como esse jovem - amo mais a Tua palavra do que as riquezas desse mundo". Porém, o texto de hoje lhe faz uma última pergunta: você tem obedecido aos mandamentos do Senhor? Em nossos dias o professar do cristianismo se tornou algo normal e corriqueiro. Já não é incomum encontrarmos alguém "de repente" e ouvirmos que recentemente passou a frequentar uma igreja ou que iniciou a leitura de um novo livro religioso. Todavia, assim como nosso jovem foi advertido de seu proceder, nós também o somos, pois lemos: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus" (Mt 7.21 - grifo). Note a ligação: obedecer aos mandamentos, fazer a vontade de meu Pai e então ter um tesouro nos céus. Você que julgou-se superior ao nosso jovem, avalie em seu coração se fato você pode dizer como ele: "Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade". Você talvez afirmou confiar no Senhor e agradeceu a Ele por não ser semelhante ao jovem, mas você segue os mandamentos? Nosso jovem rico ao menos cumpria todos os mandamentos com relação ao próximo - você o imita ao menos nessa conduta? Sua vida ecoa as palavras do salmista que afirma ter, "o seu prazer na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite" (Sl 1.2)?

Conclusão
Não há idade para nos afastarmos do Senhor. Até mesmo o mais disposto dos homens da terra pode escutar o Senhor, correr até Ele e ouvir as severas palavras de reprovação. Se há alguém que tem vivido semelhante ao nosso jovem, isto é, achando-se rico, tendo a presunção de que está cumprindo os mandamentos, crê ser um crente fiel e desejoso da vida eterna, mas que na verdade nunca renunciou suas "riquezas" e desejos, lhe digo: olhe para a cruz - sim, para a cruz. Aquela armação grotesca de madeira sustentou o salvador de Seus filhos. A cruz que foi escândalo para os judeus, pode ser vida para você. Não julgue ser tão sábio como nosso jovem achou ser. Não creia, assim como ele fez, que as riquezas desse mundo são mais agradáveis que o tesouro eterno, por favor, não faça isso. Olhe somente para Cristo e deixe essas palavras cravarem em seu coração: "Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me" (Mt 16.24). Jesus afirma: é uma cruz, é um peso muitas vezes nada confortável, é doloroso, é difícil, mas é glorioso.

Colaboração para o Portal Escola Dominical - Profa. Jaciara da Silva
Fonte:PortalEBD

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