Texto
Áureo: Fp. 4.13 – Leitura Bíblica: Fp. 4.10-19
Pb.
José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
Um dos
principais problemas da Teologia da Ganância está na ausência de princípios
sólidos para a interpretação da Escritura. Seus adeptos utilizam textos
isolados e descontextualizados para justificar pontos de vistas antibíblicos.
Filipenses 4.13 é um exemplo desse tipo de equívoco, não poucos citam esse texto
para argumentar que podem fazer qualquer coisa. Na lição de hoje, estudaremos
essa passagem atentando para o contexto, que nos conduzirá a uma percepção mais
madura da fé, que nos orienta a confiar em Deus, independentemente das
circunstâncias.
1. PRESO, MAS
ALEGRE E CONFIANTE
A Epístola ao
Filipenses foi escrita por Paulo, por volta de 63 d. C., pouco tempo depois
desse mesmo Apóstolo ter plantado uma igreja naquela cidade, situada na
Macedônia oriental, a 16 km
do Mar Egeu (At. 16.9-40). Ao longo da Epístola, percebemos o forte laço de
amizade entre os irmãos filipenses e Paulo, tendo esses enviado ajuda
financeira ao Apóstolo várias vezes (II Co. 11.9; Fp. 4.15,16). Ao que tudo
indica, Paulo teria visitado essa igreja duas vezes durante sua terceira viagem
missionária (At. 20.1-6). A Epístola ao Filipenses é uma daquelas Cartas da
Prisão (Fp. 1.7, 13, 14), quando o Apóstolo estava encarcerado em Roma (At.
28.16-31). Um dos objetivos dessa Epístola é agradecer a generosidade dos
irmãos, em razão da oferta providenciada por eles (Fp. 4.14-19). Mesmo preso em
Roma, Paulo revela sua confiança em Deus, e roga aos irmãos para que não fiquem
desanimados por causa da sua condição (Fp. 1.12-26). Ele aproveita a
oportunidade para orientar os crentes para que estejam alegres – uma palavra
chave na Epístola aos Filipenses, chara em grego – em todas as circunstâncias
da vida (Fp. 1.4, 12; 2.17,18; 4.4, 11-13). Ao contrário do que defendem os
adeptos do pseudopentecostalismo, propondo um modelo triunfalista de cristianismo,
Paulo instiga à humildade e ao serviço cristão, ressaltando o exemplo de
Cristo, que mesmo sendo Deus, tomou forma humana, como servo (Fp. 2.1-16).
2. TUDO
PODEMOS, INDEPENDENTEMENTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS
A vida cristã
não é orientada pelas circunstâncias, tendo em vista que somos desafiados, a
todo o momento, a vivermos acima delas. Paulo nos ensina, nessa Epístola, a
vivermos contentes, a não nos deixarmos solapar pelas vicissitudes
existenciais. Mas o contentamento não é algo que se consegue do dia para a
noite, é resultado do fruto do Espírito (Gl. 5.22), trata-se de uma alegria que
não se deixa abalar, mesmo quando tudo parece não se ajustar ao nossos bem
estar. A esse respeito diz o Apóstolo: “Não digo isto por causa de necessidade, porque já aprendi
a contentar-me com as circunstâncias em que me encontre” (Fp. 4.11). O contentamento é resultado de aprendizado,
e muitas vezes, com provas difíceis, e certamente, com notas baixas. Às vezes,
é preciso perder bastante para aprender que é “grande fonte de lucro a piedade
com o contentamento” (I Tm. 6.6). A palavra
contentamento em grego é autarkes e diz respeito à suficiência, a convicção de
ter o que é preciso, a certeza de que o Senhor é o nosso Pastor e de que nada
nos fará falta (Sl. 23.1). É a certeza de que Deus providencia o que
necessitamos, uma satisfação por ter as carências básicas supridas pelo Senhor
(I Tm. 6.8; Hb. 13.5). A declaração de Paulo “tudo posso” precisa ser
compreendia nesse contexto, não como uma palavra mágica que pode ser utilizada
para fazer coisas que estão além da vontade soberana de Deus. O Apóstolo sabia
estar diante de Deus em toda e qualquer situação, tal como José que demonstrou
ser fiel tanto na fartura quanto na necessidade (Gn. 45.5; 50.20). Algumas
pessoas não sabem passar por necessidades, outras não conseguem lidar com a
fartura, mas o cristão maduro, pode, independentemente das circunstâncias,
viver para Deus (II Co. 6.16-18).
3. NAQUELE
QUE FORTALECE
A prosperidade
material, amplamente almejada nesses dias, tem causado mais malefícios do que
bênçãos. Muitas igrejas estão esquecendo de buscar ao Senhor, investiram
demasiadamente em construções, mas deixaram de dar o o devido valor à
edificação espiritual (Ap. 3.17). Cristo é o Mestre que nos ensina a não vivermos
ansiosos, a não estamos demasiadamente preocupados com as necessidades da vida
e a não depositar a nossa confiança nas riquezas (Mt. 6.25-34). A fonte da qual
recebemos contentamento, satisfação plena, é Cristo, pois sem Ele nada podemos
fazer (Jo. 15.5). Paulo não estava desprezando a oferta generosa dos irmãos
filipenses, antes os elogia pelo desprendimento. Ele destaca, fazendo um
contraponto, que eles foram de encontro com a necessidade dele, mas que Deus
iria de encontra a todas as suas necessidades, que Ele havia contribuído mesmo
na pobreza, mas que Deus supriria as suas necessidades em Suas riquezas em
glória (Fp. 4.18,19). É importante destacar que Deus não promete suprir todas
as nossas “ganâncias”, mas todas as nossas "necessidades". Muitas
pessoas não conseguem vivem contentes porque se deixam levar pelas supostas
necessidades criadas pela mídia, movida pela sociedade de consumo, que não
permite que se encontre plena satisfação.
CONCLUSÃO
Precisamos
aprender, como Paulo, a viver contentes, a encontrar plena satisfação em Cristo. Muitos
pedem, declaram, até citam Jo. 14.13, achando que receberão qualquer coisa que
pedirem, mas não relativizam, que muitos pedem, mas não recebem, porque pedem
mal, para esbanjar em seus deleites carnais (Tg. 4.2,3). Somente aqueles que
aprenderam na escola de Cristo a estarem satisfeitos nEle, podem dizer, com o
Apóstolo, que: “tudo podem naquele que me fortalece”.
BIBLIOGRAFIA
LOPES, H. D. Filipenses.
São Paulo: Hagnos, 2007.
MARTIN, R. P. Filipenses:
introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1986.
0 comentários:
Postar um comentário