A carta à igreja de Pérgamo mostra-nos que não há comunhão do povo de Deus e o mundo.
INTRODUÇÃO
- Na sequência do estudo das cartas às igrejas da Ásia Menor, estudaremos a terceira carta, endereçada à igreja de Pérgamo.
- Nesta carta, o Senhor Jesus mostra que não há como termos vida espiritual verdadeira se nos misturarmos com o mundo.
I – O CENÁRIO DA CARTA Á IGREJA DE PÉRGAMO
- Prosseguindo o estudo das sete cartas que o Senhor Jesus mandou
enviar às igrejas da província romana da Ásia, que constitui a parte
substancial do estudo proposto pela CPAD para este trimestre no livro do
Apocalipse, estudaremos a terceira carta, a carta encaminhada ao anjo
da igreja e, por conseguinte, à igreja de Pérgamo.
- Pérgamo, palavra cujo significado é “cidadela”, “burgo”, “torre”, “castelo”, “fortificação”.
Entendem alguns que a palavra também significa “casamento”, “união”,
significado que é questionado por alguns. Uma antiga cidade grega que se
situava na Mísia, no noroeste da Anatólia (parte ocidental da Turquia),
a mais de 20 km do Mar Egeu numa colina isolada do vale do Rio Caicos
(atual Bakirçay). Existia desde o século V a.C., conquistou a região
costeira da Ásia, tendo adquirido a máxima extensão de seus domínios no
século II a.C. Possuiu uma importante biblioteca e sua importância é
tanta que dela surgiu a palavra “pergaminho”, o suporte usado para
vários documentos escritos a partir da pele do carneiro. Pérgamo
tornou-se um centro religioso pagão, que, inclusive, competia com Éfeso
no século I d.C., o tempo em que foi escrita a carta do Senhor Jesus
àquela igreja. O reino de Pérgamo acabou sendo doado ao Império Romano
em 133 d.C. Dentre os cultos que havia em Pérgamo, havia ali uma espécie
de adoração ao diabo, tendo Pérgamo se tornado sede das mágicas
babilônicas após a destruição de Babilônia. Pérgamo é atualmente a
cidade turca de Bergama, uma cidade que tem cerca de 55.000 habitantes,
um terço do que teve Pérgamo no seu esplendor.
- Não há como identificar quem era o anjo da igreja de Pérgamo.
A Bíblia é silente a este respeito e este silêncio é eloquente, visto
que, uma vez mais, a Bíblia mostra que o Senhor não quer envergonhar
aquele cujo arrependimento quer incentivar ou estimular, uma importante
lição que os crentes hodiernos devem aprender. Jesus não identifica este
anjo, nem permitiu que isto se fizesse pela história, para que não
houvesse humilhação ante os seus graves erros cometidos. A única coisa
que se sabe é que ele era o sucessor de Antipas, este, sim, identificado
pelo Senhor Jesus, que havia sofrido o martírio e foi chamado pelo
Senhor de “minha fiel testemunha” e alguém que “não negara o nome de
Jesus” (Ap.2:13).
- O pastor da igreja de Pérgamo, que sucedera a Antipas, mantinha a mesma linha do seu antecessor,
pois o Senhor Jesus diz que ele “retinha o nome do Senhor”, apesar de
viver num lugar tenebroso, que o Senhor denominou de “trono de Satanás” e
do “lugar onde Satanás habita”, porque, como já dissemos, se tratava de
uma cidade repleta de seitas pagãs, que competia, mesmo, com Éfeso em
termos de feitiçaria e idolatria. No entanto, apesar de ser,
pessoalmente, um servo fiel a Deus, estava a descuidar do rebanho,
permitindo a infiltração de seguidores da doutrina de Balaão e dos
nicolaítas. Ao contrário do pastor da igreja de Éfeso, o pastor de
Pérgamo apresentava-se omisso, negligente e leniente.
- Infelizmente, nos dias em que vivemos, há muitos “pastores de
Pérgamo” em nossas igrejas locais. Pessoas devotas, que servem a Deus
sinceramente, mas que têm sido negligentes na invasão do mundanismo no
meio do povo do Senhor. São pessoas que honram os seus antecessores na
direção das igrejas locais, pessoas que, não raras vezes, morreram por
causa do Evangelho, mas que, ao contrário deles, nos dias em que vivemos
estão sendo permissivos, têm deixado o mundo se infiltrar na igreja.
São pastores que têm deixado os lobos ingressarem no meio do rebanho e
matarem a muitas ovelhas, sem que tenham qualquer ação para extirpar
estes males. Tomem cuidado, “senhores pastores de Pérgamo”, porque os
senhores terão de dar conta das almas que têm placidamente deixado que
sejam exterminados por estes lobos devoradores (Hb.13:17)!
- O Senhor Jesus Se identifica para a igreja de Pérgamo como sendo “Aquele que tem a espada aguda de dois fios”.
Esta identificação do Senhor, por primeiro, indica a “guerra
espiritual” que há entre a Igreja e o mundo. “…Espada na simbologia
profética das Escrituras Sagradas representa castigo ou guerra. Ela
distingue vencidos de vencedores…” (SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo.
3. ed., p.38). Vemos, portanto, que a Igreja não deve jamais se
esquecer que está em permanente guerra com o mundo e com o pecado e que,
portanto, é impossível haver alguma trégua ou acordo com o sistema
maligno no qual o mundo está imerso (I Jo.5:19).
- Esta circunstância é extremamente importante e deve ser levada em consideração em nossos dias, onde há uma tendência de muitos em confundir “tolerância religiosa” com acordos com o mundo.
Não são poucas as lideranças sedizentes cristãs que têm defendido um
“ecumenismo” ou um “diálogo interreligioso”, movimentos que ganharam
corpo a partir da segunda metade do século XX. O “ecumenismo” é a
proposta de “união dos segmentos cristãos”, dentro do pressuposto de que
a “divisão entre os cristãos é um escândalo para o mundo que prejudica a
pregação do Evangelho”, enquanto que o “diálogo interreligioso” é a
proposta de “o encontro de um espaço comum entre as diversas religiões
do mundo, para que se promova a paz mundial”.
- O “ecumenismo”, que foi adotado como comportamento
oficial da Igreja Romana a partir do Concílio Vaticano II, que completa,
neste ano de 2012, cinquenta anos, mas que tem suas raízes algumas
décadas antes, tendo dado origem ao Conselho Mundial das Igrejas, é uma
atitude que busca fazer com que “diferenças doutrinárias” sejam
desconsideradas e que haja uma união em torno da pessoa de Cristo, como
se isto fosse possível abrindo-se mão da verdade, da Palavra de Deus.
Nada mais é que a nítida rendição da verdade diante das inúmeras
inovações que representaram significativos desvios doutrinários ao longo
dos séculos na história da Igreja. Mas, ao contrário do que propõe o
ecumenismo, devemos seguir o que fez Antipas, ou seja, “não negar o nome
de Jesus”.
- O “diálogo interreligioso”, por sua vez, é uma
tentativa de se encontrar um “lugar comum entre as religiões”, como se o
Evangelho fosse apenas mais uma religião e não “o poder de Deus para a
salvação de todo aquele que crê” (Rm.1:16). Não há outro nome pelo qual
se alcance a salvação a não ser pelo nome de Jesus (At.4:12). Assim,
também, se quisermos ter o mesmo testemunho de Antipas, não podemos
participar de tal movimento.
OBS: Por isso, vemos com muita suspeita, para não dizer o mínimo,
movimentos que algumas lideranças têm feito “em prol da paz mundial”,
associando-se com pessoas que, decididamente, não creem em Jesus Cristo,
como é o caso de alianças forjadas ultimamente entre alguns líderes e o
falso cristo Reverendo Moon no Brasil e entre alguns líderes e os
muçulmanos nos Estados Unidos.
- Como servos de Deus, devemos, sim, defender a “tolerância religiosa”,
a “liberdade religiosa”, pois o Evangelho é uma proposta que Deus faz
ao homem, proposta esta que esbarra no livre-arbítrio que o próprio Deus
deu ao homem. Não podemos impor a fé em Cristo a qualquer homem, mas
pregar o Evangelho para que este homem possa ser salvo, mas deixando o
homem completamente livre para crer, ou não, no Evangelho. É esta a
postura que devemos ter com relação a outros credos religiosos e a
segmentos cristãos apartados da sã doutrina, inclusive com eles se
unindo para o bem-estar da sociedade, mas jamais admitirmos uma comunhão
de princípios e crenças, pois isto seria negar o Senhor Jesus.
Lembremo-nos disto!
- Mas a identificação do Senhor como “Aquele que tem a espada aguda de
dois fios”, também nos fala a respeito de qual a arma de ataque que
temos nesta “guerra espiritual” que existe contra o mundo e o diabo. A “espada aguda de dois fios” é a Palavra de Deus (Ef.6:17; Hb.4:12).
- Quando o Senhor Jesus orava pelos Seus discípulos, a chamada oração
sacerdotal, fez questão de pedir ao Pai que Sua Igreja fosse santificada
na verdade, i.e., na Palavra de Deus (Jo.17:17). Na “armadura de Deus”
descrita pelo apóstolo na carta aos efésios, a única arma de ataque é a
“espada do Espírito”, que é a Palavra de Deus (Ef.6:17).
- A única arma que a Igreja tem para atacar as hostes espirituais da maldade é a Palavra de Deus.
A infiltração do mundo na igreja, permitida pelo pastor da igreja de
Pérgamo, era devida ao não-uso desta arma de ataque. Quando a Palavra de
Deus deixa de ser utilizada nas igrejas locais, o mundo nela entra,
pois não há como se impedir o avanço do maligno, que não é fustigado,
atacado por esta poderosa arma que o Senhor deixou para o Seu povo. Não
há como nos mantermos separados do pecado eficazmente senão pela
meditação e ensino da Palavra de Deus.
- Uma das principais armadilhas do inimigo de nossas almas nestes dias é
o de retirar a Palavra de Deus da vida dos que cristãos se dizem ser.
Até mesmo as reuniões das igrejas locais têm tido supressão do tempo da
Palavra. Vivemos hoje um crescente analfabetismo bíblico entre os servos
do Senhor, o que permite a infiltração do mundo e toda heresia e falso
ensino.
- A negligência com a Palavra de Deus faz com que não haja qualquer
ataque aos movimentos do adversário no meio do povo de Deus, visto que
todas as demais armas postas à disposição dos crentes são defensivas
(cinto da verdade, couraça da justiça, calçados da preparação do
evangelho da paz, escudo da fé, capacete da salvação-Ef.6:13-17). O
pastor da igreja de Pérgamo estava bem defendido contra as hostes
espirituais da maldade, mas, ao contrário do seu colega de Éfeso, não
atacava o trabalho deletério que o inimigo estava a fazer no meio de seu
rebanho, já que não se utilizava da Palavra de Deus (Ap.2:2).
- Há uma preocupante tendência em nossos dias entre as
lideranças das igrejas locais em ter um comportamento passivo diante do
crescente mundanismo que tem tomado conta dos que cristãos se dizem ser.
Em nome de uma “modernidade”, de uma “adaptação aos tempos de hoje”,
tem-se permitido a invasão do pecado e do mundo em nossas igrejas. São
os “pastores de Pérgamo” de nossos dias. Não podemos concordar com esta
conduta, pois ela foi severamente repreendida pelo próprio Senhor Jesus!
- Há um abismo entre o que é cultural e, portanto, humano, passageiro e
mutável e a sã doutrina, que é divina, eterna e imutável. A Palavra de
Deus permanece para sempre (Is.40:8; Mt.24:35; Lc.21:33; I Pe.1:23). O
que a Bíblia Sagrada condenava quando foi escrita, continua a condenar
em nossos dias. Não podemos “flexibilizar” as Escrituras, como muitos
têm feito e como deixava fazer o anjo da igreja que estava em Pérgamo.
- O fato de “a espada aguda” ter “dois fios”, isto mostra, com clareza, que a Palavra de Deus deve ser a regra de fé e prática tanto para os ministros, que a ensinam, como para os demais crentes.
Não há qualquer “autoridade” da parte dos ministros em relação às
Escrituras. Todos estão sujeitos à Palavra de Deus, que foi posta acima
do próprio Deus, como nos ensina o Sl.138:2. A Palavra é o próprio
Cristo (Jo.1:1; Ap.19:13), que foi posto acima de todo o nome (Fp.2:9).
Assim, a nenhum ministro do Evangelho, a nenhuma liderança na Igreja foi
dado o poder de se sobrepor às Escrituras. O chamado “Magistério da
Igreja”, ou seja, o ensino que as lideranças postas por Cristo na Igreja
dá ao povo de Deus jamais pode contradizer ou deixar de levar em conta o
que está na Bíblia, pois lhe é inferior.
II – O EXAME DAS QUALIDADES DA IGREJA DE PÉRGAMO PELO SENHOR JESUS
- O Senhor Jesus repete, nesta carta, a expressão “Eu sei as tuas
obras”, para demonstrar que é a cabeça da Igreja (Ef.1:22; 5:23), Aquele
que vê tudo quanto se faz no meio do Seu povo. Ele é onisciente, tem
conhecimento de tudo quanto sucede em Seu corpo, de sorte que não há
como querer enganá-l’O. Não há maior tolice do que tentar ludibriar o
Senhor Jesus.
- O Senhor, como sempre faz, começa realçando as qualidades daquele
ministro do Evangelho. Sabia que, apesar de aquele pastor estar num
lugar espiritualmente tenebroso, local onde estava “o trono de Satanás”,
este pastor retinha o nome de Jesus e não negava a fé cristã, desde os
dias de Antipas, seu antecessor, que havia morrido por causa do
Evangelho (Ap.2:13).
- O pastor de Pérgamo demonstrou ser um crente sincero, um crente que não temia a morte.
Mesmo tendo sucedido a Antipas, que havia morrido por causa da fé, não
mudou a sua conduta de serviço sincero ao Senhor Jesus. Era um crente
fiel que reteve a sua fidelidade ao Senhor mesmo num momento difícil, de
perseguição e de aparente vitória do inimigo com a morte de Antipas.
- Uma grande qualidade deste pastor é que o fato de ter se tornado o
pastor daquela igreja não mudou a sua maneira de ser, a sua maneira de
viver. Quantos, infelizmente, quando galgam posições na igreja local
mudam seu comportamento, mudam seu modo de ser e de viver. Antes de se
tornarem líderes, eram humildes, prestativos, amorosos, educados e
cordatos. Depois que são consagrados ou assumem posições de relevância
na estrutura hierárquica da igreja local, passam a ser arrogantes,
querem apenas ser servidos, são truculentos, estúpidos e ríspidos.
Alguém já disse que se quiser saber quem verdadeiramente é alguém,
dê-se-lhe poder.
- Este pastor, porém, não era um hipócrita, nem tampouco um
dissimulado. Como era nos dias de Antipas, continuou a ser quando foi
levado ao pastorado daquela igreja. Se somos imitadores de Cristo (I
Co.11:1), temos de ser como o Senhor, ou seja, o mesmo em qualquer
situação ou circunstância (Hb.13:8). Podemos dizer, amados irmãos, que
estamos no mesmo grupo do pastor de Pérgamo?
- O pastor de Pérgamo também manteve a mesma conduta espiritual pessoal
de seu antecessor. Antipas havia morrido por causa da fé, mas tinha
sido uma fiel testemunha. Quando Jesus assim Se refere a Antipas, fala
que era tinha sido um verdadeiro cristão, pois o cristão é um “pequeno
Cristo”, alguém “semelhante a Cristo”. Ora, ao chamar Antipas de “fiel
testemunha”, o Senhor Jesus está a dizer que ele era um verdadeiro
cristão, pois o próprio Jesus Se identificou como sendo “ a fiel
testemunha” (Ap.1:5).
- O pastor de Pérgamo prosseguia esta jornada de fidelidade de seu
antecessor. Será que temos este mesmo comportamento por parte das novas
lideranças que têm assumido as igrejas locais neste centenário das
Assembleias de Deus, em que vivemos uma nítida mudança de geração? Será
que a quarta geração de líderes de nossa denominação vai seguir os
passos de piedade deixados pelas gerações anteriores?
- Para sermos “fiéis testemunhas”, uma das coisas que devemos fazer é
não nos deixar influenciar pelo ambiente que nos cerca. O pastor de
Pérgamo reteve o nome de Jesus apesar de estar numa cidade que o próprio
Jesus chama de “o trono de Satanás”, ou seja, um local onde havia o
domínio absoluto do inimigo de nossas almas, pois, como já vimos, era um
centro de adoração explícita ao diabo, sem falar em todas as demais
atividades religiosas demoníacas que lá se realizavam. Pérgamo era uma
“cidadela”, uma “fortaleza” do inimigo no mundo greco-romano, o centro
dos poderes malignos.
- Apesar disto, o pastor de Pérgamo não tinha deixado de ser menos
crente, nem tampouco havia se deixado influenciar pelo ambiente. Hoje em
dia, existe uma crença generalizada de que “a pessoa é produto do meio
onde vive”, crença esta que deve ser rechaçada pela Igreja, pois é
antibíblica. O meio, sem dúvida alguma, influencia a pessoa, mas ela não
é produto do meio onde vive. Fosse assim, jamais a Igreja existiria,
pois o Senhor Jesus diz que ela está no mundo, embora do mundo não seja
(Jo.17:11,16). Se assim é, vemos, claramente, que estar no mundo não
implica em ser influenciado por ele.
- O pastor de Pérgamo, apesar de todas as mazelas que existiam
em Pérgamo, não se deixou influenciar por aquilo e se mantinha fiel ao
Senhor Jesus. Ele retinha o nome de Jesus, ele não negava a sua
fé em Jesus, apesar de toda a movimentação demoníaca e diabólica que
havia em Pérgamo. Ele era “um dos sete mil que não dobraram seus joelhos
a Baal nem com suas bocas o beijaram” (I Rs.19:18). Há sempre um
remanescente fiel ao Senhor neste mundo de tanto pecado e impiedade
(Is.1:9; Sf.3:13; Rm.9:27).
- Amados irmãos, temos tido o mesmo comportamento do pastor de Pérgamo,
ou já “entramos na onda” da maioria que se deixa influenciar pelo
mundo? Temos retido o nome de Jesus, ou já estamos a negar a fé em
Cristo adotando como referência aquilo que nos é oferecido pelo mundo,
principalmente através da mídia? Temos como modelo o Senhor Jesus e, por
conseguinte, a Bíblia Sagrada, ou nossos padrões são estabelecidos pelo
que vemos e ouvimos todos os dias nos meios de comunicação de massa?
- Outro precioso ensino que nos dá o pastor de Pérgamo é que a sua guerra espiritual independia de qualquer “conquista territorial espiritual” da cidade de Pérgamo.
Nos últimos anos, temos assistido a diversos ensinamentos da chamada
“teologia da batalha espiritual” em que se defende que os crentes devem
“guerrear contra os espíritos territoriais” e “dominar os territórios
espirituais dominados pelo diabo e seus demônios”. Já houve até quem
contratasse helicópteros para “ungir com óleo” cidades e bairros, sem
falar em pessoas que têm urinado para “demarcar territórios” para o
Senhor Jesus também em cidades e bairros. Nada mais falso e tolo, amados
irmãos!
- Pérgamo, diz o Senhor Jesus, era “o trono de Satanás”, “a habitação
de Satanás”. Não havia dúvidas de que as hostes malignas tinham em
Pérgamo o seu quartel-general, que ali estava o comando de todo o
paganismo, de toda a atividade maligna daqueles dias. Isto, porém, não
levou o pastor de Pérgamo a iniciar uma “batalha espiritual contra os
espíritos territoriais”. Não, não e não! Com sua vida piedosa e sincera
diante de Deus, com seu fiel testemunho, o pastor de Pérgamo não estava,
em absoluto, debaixo do poder das potestades, nem deveria fazer
qualquer “ação de batalha espiritual”, que não fosse a pregação do
Evangelho, o real e genuíno poder de Deus. Temos uma guerra constante
contra o mal, que será vencida por nós se formos fiéis ao Senhor até a
morte e nos santificarmos a cada dia. É assim que venceremos o maligno,
não com simpatias ou ações que mais parecem feitiçaria do que qualquer
outra coisa. Acordemos, amados irmãos!
- O pastor de Pérgamo não negou a fé em Cristo Jesus,
ou seja, apesar do nítido risco de vida que estava a correr, pois seu
antecessor tinha sido martirizado, não quis contemporizar com os
moradores daquela cidade, nem tampouco mudar seu estilo de vida diante
da presença de tantos e poderosos credos pagãos e satânicos. Manteve a
sua conduta de acordo com as Escrituras, não abriu mão do Evangelho nem
de Cristo. Não procurou “deixar de ser radical” como muitos têm feito
nos dias de hoje. Não procurou se “modernizar”. Não, não e não! Manteve
sua fé na Palavra de Deus, naquilo em que havia crido no início de sua
vida com Jesus. Podemos dizer que estamos a fazer o mesmo?
- Quem não negar a fé em Cristo Jesus, quem O confessar diante dos
homens também não será negado por Cristo diante do Pai, também terá seu
nome confessado pelo Senhor Jesus diante do Pai (Mt.10:32; Lc.12:8).
Quem confessa que Jesus é o Filho de Deus, ou seja, que Jesus é o único e
suficiente Senhor e Salvador, que é Deus e que não há como se admitir
outro meio de se chegar ao Senhor, este mostra, com sua atitude, que
Deus está nele e ele em Deus (I Jo.4:15). Podemos dizer que estamos a
fazer o mesmo?
OBS: “…Alguns gostariam de colocar hoje entre parênteses o dogma da
Trindade para facilitar o diálogo com as outras grandes religiões
monoteístas. É uma operação suicida. Seria como tirar a espinha dorsal
de uma pessoa para fazê-la caminhar mais facilmente! A Trindade está tão
impressa na teologia, liturgia, espiritualidade e toda a vida cristã
que renunciar a ela significaria iniciar uma outra religião,
completamente diferente. O que deve ser feito é, antes, como os Padres
nos ensinam, tirar esse mistério dos livros de teologia e colocá-los na
vida, de modo que a Trindade não seja só um mistério estudado e
formulado corretamente, mas vivido, adorado, gozado. A vida cristã se
desenvolve, do começo ao fim, no sinal e na presença da Trindade.…”
(CANTALAMESSA, Raniero. São Gregório Nazianzeno: mestre de fé na
Trindade. Segunda pregação da Quaresma 2012. 16 mar. 2012. Disponível
em: : http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=285609Acesso
em 19 mar. 2012). Quando lemos estas palavras do pregador do Papa e
notamos que já há escritos de lideranças sedizentes cristãs que aceitam
que o Deus dos cristãos é o mesmo deus dos muçulmanos (Cfr. TOMBERS,
Dave. Jornal pega Rick Warren contando mentiras? Trad. de Júlio Severo.
Disponível em: http://juliosevero.blogspot.com.br/2012/03/jornal-pega-rick-warren-contando.htmlAcesso em 19 mar. 2012) , vemos como se está caminhando, a passos largos, para a apostasia generalizada…
III – O EXAME DOS DEFEITOS DA IGREJA DE PÉRGAMO PELO SENHOR JESUS
- Mas, apesar das importantes qualidades pessoais apresentadas pelo
pastor de Pérgamo, vemos que o Senhor Jesus, dentro de Sua natural e
essencial imparcialidade, também aponta alguns graves defeitos que
possuía aquele pastor, defeitos que o Senhor Jesus disse serem “algumas
poucas coisas”, mas que era algo mortal para a Igreja.
- Embora pessoalmente o pastor de Pérgamo fosse uma pessoa sincera, com
vida espiritual louvável e elogiável, enquanto líder era uma lástima.
Sua pusilanimidade saltava aos olhos do Senhor, pois disse que aquele
pastor “tens lá os que seguem a doutrina da Balaão”, como também “tens
também os seguem a doutrina dos nicolaítas” (Ap.2:14,15).
- Embora fosse um verdadeiro e genuíno cristão, o pastor de
Pérgamo tinha permitido que, no meio de seu rebanho, existissem tanto os
balaamitas quanto os nicolaítas. Aquele pastor tinha permitido
que, no seio da igreja de Pérgamo, houvesse já um grupo numeroso de
crentes que haviam se desviado espiritualmente e, apesar disto, nenhuma
atitude havia sido tomada por aquele pastor. “…Pérgamo representa
decadência espiritual para a igreja, bem como todos os cristãos que
seguem seus princípios doutrinários. A palavra de ordem para esta igreja
paganizada, que está mais para política do que para cumprir suas
finalidades e compromissos com o Evangelho, é que existe contra ela uma
espada afiada de dois gumes, que ferirá o pastor e toda a comunidade, se
não se arrependerem…” (SILVA, Osmar José da. Reflexões filosóficas de eternidade a eternidade, v.7, p.44).
- Com relação à “doutrina de Balaão”, assim se manifesta o pastor
Severino Pedro da Silva: “…Na epístola de Judas (Jd.11), há referência a
três homens caídos do Antigo Testamento: ‘Caim…Balaão…Coré’ (cf.
Gn.4:1-24; Nm.16,22,23,24). Nos dias neotestamentários, seus nomes são
tomados como figuras expressivas dos falsos ensinadores que, segundo se
diz, entrariam no ‘seio’ da Igreja Cristã (cf. II Pe.2:15). No texto em
foco, é-nos apresentada ‘a doutrina de Balaão’. (…). A doutrina de
Balaão, que também se transformou no seu erro era que, raciocinando
segundo a moralidade natural, e assim vendo erro em Israel, ele supôs
que Deus, justo que era, teria de amaldiçoá-lo. Era cego para com a
moralidade da cruz de Cristo, mediante a qual Deus reforça a autoridade,
de tal modo que vem ser justo e o justificador do pecador que olha para
Cristo…” (Apocalipse versículo por versículo. 3.ed., p.40).
- A “doutrina de Balaão” é o ensino de que não há mal algum em
se comer dos sacrifícios da idolatria e de se prostituir com o mundo.
A Bíblia, ao relatar a vida de Balaão, é muito sucinta quanto a este
ensino do profeta que se desviou para angariar vantagens
econômico-financeiras. Após o fracasso de suas tentativas de amaldiçoar o
povo, as Escrituras apenas dizem que Balaão foi despedido por Balaque
(Nm.24:25). Todavia, logo em seguida, Moisés nos dá o relato de que
muitos israelitas se prostituíram com moças moabitas (Nm.25) e, quando
da notícia da morte de Balaão, ficamos a saber que esta estratégia de
atração dos israelitas pelas mulheres de Moabe, que os fez participar de
sacrifícios em honra a Baal-Peor tinha sido ideia do próprio Balaão
(Nm.31:16).
- Balaão, então, querendo, de qualquer maneira, ter acesso aos tesouros
que lhe haviam sido prometidos pelo rei Balaque, aconselhou o rei a
usar mulheres para seduzir os israelitas pois, se eles deixassem a Deus e
se prostituíssem e sacrificassem a Baal-Peor (e o culto a Baal-Peor
envolvia rituais de prostituição, de relacionamentos sexuais, pois era
um típico “culto de fertilidade”), poderiam ser amaldiçoados, como era o
desejo de Balaque.
- A “doutrina de Balaão”, portanto, é o ensino, feito por falsos
mestres, comprometidos com o inimigo, no sentido de estimular e
incentivar o povo de Deus a ter uma vida de mistura com o mundo e com o
pecado. É o ensino de rendição às atrações trazidas pelo inimigo. É o
ensino de que não se faz necessária a santificação, de que a separação
do pecado é algo que não deve ser “radical”, que “não faz mal” o contato
com os prazeres do mundo e com o que o mundo oferece.
- Em Pérgamo, onde havia diversos cultos pagãos, inclusive o “culto ao
imperador”, a adoração a César como deus, que encontrava naquela cidade
uma de suas principais sedes, a “doutrina de Balaão” era, nitidamente, o
ensino de que não fazia mal aos crentes participarem de tais cultos,
que isto não comprometia a sua fé em Jesus. A participação no culto do
imperador, aliás, era uma exigência do governo romano para não perseguir
os cristãos.
- Quantos hoje não estão, também, a ensinar esta doutrina em nossos
dias? Quantos não são os que entendem que os crentes não precisam ser
“radicais”, que “não faz mal” que tenham costumes e práticas mundanos,
que “Deus só quer o coração”? Quantos, hoje em dia, não estão a viver
assim como as demais pessoas, sem qualquer diferença de linguagem,
padrões morais, condutas e mentalidade, apenas se “diferenciando” porque
comparecem periodicamente a uma igreja dita evangélica? Não é
precisamente o que se procura difundir com o chamado “modo gospel de
viver”, onde tudo é igual ao mundo, apenas com o acréscimo do rótulo
“gospel”? Não é à toa que, nos dias hodiernos, já temos algumas
excrescências tais como o “samba gospel”, o “pagode gospel”, o “metal
gospel”, a “cerveja gospel”, o “ficar gospel” e, pasmem os amados, até
“filme pornô gospel”! É a “doutrina de Balaão” angariando adeptos entre
os que cristãos se dizem ser…
- A “doutrina de Balaão” não passa de um estratagema do inimigo para
lançar tropeços diante dos filhos de Deus para que comam dos sacrifícios
da idolatria e se prostituam, ou seja, não passa de ensinos para levar o
povo de Deus a ter comunhão com o pecado, com o mundo, a ser infiel a
Deus, adotando outros deuses que não o Senhor Jesus. Tomemos cuidado,
amados irmãos!
- A “doutrina de Balaão” leva os incautos ao pecado porque, sem a
Palavra de Deus, não nascem raízes na vida espiritual de alguns e eles
são facilmente levados pela aparência enganosa e atrativa que se
constrói na fronteira entre a Igreja e o mundo. Sem ter raízes, os
crentes superficiais são facilmente levados pela beleza e atração do
mundo e do pecado, não suportando a perseguição, a provação e o
sofrimento, sucumbindo a uma mentalidade baseada no prazer e na emoção.
Sem que deixemos germinar em nós, de modo profundo, a Palavra de Deus,
que é a semente (Mt.13:20,21), seremos seduzidos pelo colorido enganador
do diabo e passaremos a comungar com o pecado, cometendo tanto o pecado
da idolatria (pois substituiremos Deus por outrem) quanto o pecado da
infidelidade espiritual (passaremos a nos relacionar com outrem e não
mais exclusivamente com o Senhor).
- Mas, além da “doutrina de Balaão”, o pastor de Pérgamo tinha
permitido surgir, no meio de seu rebanho, aqueles que “seguiam a
doutrina dos nicolaítas”. Já falamos desta doutrina ao analisarmos a
carta à igreja de Éfeso. Ali, o pastor de Éfeso, diligente e zeloso com a
doutrina, não tinha permitido que os nicolaítas entrassem em seu
rebanho. Aqui, porém, eles não só tinham entrado como também já tinham
ali os seus seguidores.
- Já vimos que os “nicolaítas” eram os que defendiam que o
corpo para nada valia, que tentavam introduzir no meio do povo de Deus o
gnosticismo, a doutrina segundo a qual a matéria é essencialmente má e
deve ser completamente desconsiderada em nossa vida espiritual.
É uma doutrina muito próxima a “doutrina de Balaão”, mas que dela se
diferenciava ao defender que o acesso à espiritualidade dependia de
“mediadores”, de “seres iluminados”, algo que não era exigido pelo
ensino balaamita.
- O pastor de Pérgamo tinha permitido que, no seio da igreja, surgissem
aqueles que criam que seu acesso a Deus dependia de “mediadores”, de
uma “casta superior de crentes”. Começaram a surgir, portanto, na igreja
de Pérgamo, aqueles que se intitulavam “detentores do acesso dos
crentes a Cristo”, “iluminados”, o que causava intensa fragmentação no
corpo de Cristo.
- Em nossos dias, não tem sido diferente. Muitos têm assumido a
necessidade de “mediadores” entre Cristo e os crentes, criando um
verdadeiro “sacerdócio” que leva o povo ao encontro de Jesus,
esquecendo-se de que só há um mediador entre Deus e os homens, Jesus
Cristo homem (I Tm.2:5; Hb.8:6). Não é porventura o que temos visto no
chamado “movimento celular”, onde os “líderes de células” são tidos como
verdadeiros “pais espirituais” dos demais membros das células, a quem
os crentes devem irrestrita submissão e obediência? Tudo isto contraria
visceralmente as Escrituras que são categóricas ao nos ensinar que a
ninguém devemos chamar de Rabi ou de Pai, a não ser a Nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo e ao nosso Pai que está nos céus (Mt.23:7-10),
como também que não devemos ser escravos de homens (I Co.7:23).
- O Senhor Jesus, pela segunda vez nestas cartas, diz que aborrece a
doutrina dos nicolaítas (Ap.2:6,15). Esta insistência do Senhor em
afirmar que aborrece tal doutrina deve ser um grande alerta para nós, a
fim de que não permitamos, em momento algum, a criação de “mediadores”
que neguem o sacerdócio universal de todos os crentes, uma reivindicação
histórica da Reforma Protestante mas que tem sido, perigosamente,
deixada de lado em nossos dias, basta ver que já há, em nosso meio, quem
defenda que os pecados sejam confessados apenas para o ministro…
IV – AS PALAVRAS DO SENHOR JESUS PARA A IGREJA DE PÉRGAMO
- Diante deste quadro, o Senhor Jesus Se dirige ao pastor de Pérgamo com a seguinte mensagem: “Arrepende-te pois, quando não, em breve virei a ti e contra eles batalharei com a espada da Minha boca” (Ap.2:16).
- O pastor de Pérgamo deveria se arrepender, ou seja,
mudar a sua mentalidade, passando não só a ter uma vida sincera diante
de Deus, como também combater os seguidores da doutrina de Balaão e do
nicolaísmo que existiam no seu rebanho, através do ensino da Palavra de
Deus e do exercício da autoridade que lhe fora dada pelo Senhor Jesus
como ministro do Evangelho, liderando eventual disciplina no meio do
povo.
- Caso o pastor de Pérgamo mantivesse a sua atitude passiva, a sua
negligência, o Senhor disse que, pessoalmente, batalharia com a espada
da Sua boca contra aqueles que estavam a infectar o rebanho, ou seja,
por meio do Espírito Santo, que é a Pessoa Divina que glorifica a Cristo
Jesus e que nos faz lembrar de Seus ensinamentos (Jo.16:14; 14:26),
levantaria outros para fazer o trabalho que o pastor de Pérgamo se
negava a fazer. Temos aqui o aviso de uma verdadeira rejeição do
ministério daquele pastor.
- O pastor de Pérgamo sofreria a mesma rejeição de Saul que, posto como
rei sobre Israel, desobedeceu ao Senhor, o que fez com que Deus se
providenciasse um outro rei, “in casu”, Davi (I Sm.15:26-28). O pastor
de Pérgamo, se se mantivesse desobediente, rebelde ao Senhor, acabaria
por cometer o mesmo pecado dos pergamitas, ou seja, a feitiçaria, pois a
rebelião é como o pecado de feitiçaria (I Sm.15:23).
- Vemos que grande risco correm os “pastores de Pérgamo” de nossos
dias, que são negligentes com a sã doutrina, com o ministério da palavra
e que têm permitido grassar, no meio dos que cristãos se dizem ser, os
seguidores da “doutrina de Balaão” e da “doutrina dos nicolaítas”.
Embora sejam alguns destes, como era o anjo da igreja em Pérgamo,
pessoas devotas, sinceras diante do Senhor, sua omissão e tolerância
passiva com o predomínio do pecado os farão rebeldes contra o Senhor e,
assim como Saul, acabarão tendo um triste fim, terão o mesmo destino dos
feiticeiros, que é o de ficar de fora da cidade santa (Ap.22:15).
Acordem, ministros negligentes, antes que seja tarde demais!
- Dentro do ponto-de-vista que vê nas igrejas da Ásia Menor os períodos da história da Igreja, temos que a
igreja de Pérgamo representa a chamada “igreja imperial”, a Igreja que,
a partir de 312 e até por volta dos anos 800, gozou de liberdade de
culto no Império Romano, desde a promulgação do Édito da Tolerância no
governo de Constantino.
- Esta “igreja imperial” caracterizou-se pela sua mistura com o mundo. A
partir do momento em que o governo romano liberou o culto cristão,
paulatinamente a cúpula da Igreja começou a se envolver com o poder
romano, vez que passou a ser privilegiada e “mimada” pelos imperadores a
partir de Constantino que, com a exceção de Juliano (que reinou de 361 a
363), eram todos cristãos. Este “mimo” se consolidará em 380, quando o
imperador Teodósio I torna o cristianismo a religião oficial do Império
Romano.
- Este envolvimento da Igreja com o Estado romano terá consequências
nefastas para a pureza doutrinária. Milhares e milhares de pessoas, a
partir de então, passaram a se “converter” ao Cristianismo por
interesses meramente políticos e sociais, uma vez que a Igreja passou a
receber vultosas quantias do governo romano e a tomar para si
patrimônios que antes pertenciam a cultos pagãos, fazendo da Igreja uma
poderosa instituição, inclusive de assistência aos mais desafortunados.
- Este ingresso de “conversos” sem o devido preparo doutrinário como
também sem uma genuína conversão fez com que, aos poucos e
paulatinamente, diversos costumes e crenças pagãos fossem
“cristianizados”, o que representou a paganização da Igreja. Era o
surgimento, no meio da Igreja, dos seguidores da “doutrina de Balaão”.
- Entre vários desvios doutrinários que passaram a ser tolerados e aceitos,
temos os cultos dos mártires, o culto dos mortos, que logo evoluiu para
uma idolatria que caracteriza até hoje segmentos cristãos como a Igreja
Católica Romana e a Igreja Ortodoxa Grega.
OBS: Eis aqui uma pequena lista dos desvios doutrinários deste período histórico:
Ano 310 -Dentre as mais antigas tradições humanas criadas pela ICAR, se encontram a oração pelos mortos e o sinal da cruz, as quais apareceram quase 300 anos, após a morte de Cristo.
Ano 320 -Introdução do uso de velas.
Ano 375 -Veneração aos anjos e santos falecidos.
Ano 394 -Início da celebração da Missa.
Ano 431 -Adoração a Maria, mãe de Jesus, com a invenção do termo “Mãe de Deus”, conforme o Concílio de Éfeso.
Ano 500 -Adoção das vestes especiais para os sacerdotes.
Ano 526 -Adoção do rito chamado “Extrema Unção”.
Ano 593 -Invenção da doutrina do Purgatório.
Ano 600 -Papa Gregório I adota o Latim na celebração da Missa.
Observação:Paulo proíbe orações em línguas estranhas e
a Bíblia ensina que as orações só devem ser feitas a Deus, nunca aos
anjos ou santos. (Ver Mateus 11:28; Lucas 1:46; Atos 10:25; Atos
14:14-18).
Ano 610 -Foi criado o papado, usando-se o título de
origem pagã (Maximus Pontifex), dado ao bispo de Roma pelo maligno
imperador Focas, com o objetivo de desacatar o bispo Ciríaco, de
Constantinopla, o qual o havia excomungado, por ter ele assassinado o
seu predecessor Maurício. Gregório I, então Bispo de Roma, recusou o
título de Papa, o qual seria aceito pelo seu sucessor, Bonifácio III.
Observação -Jesus nunca nomeou Pedro como líder dos
apóstolos, tendo apenas ordenado que ele apascentasse as Suas ovelhas -
os judeus - do mesmo modo como iria entregar Suas outras ovelhas - os
gentios - ao apóstolo Paulo. (Ver Gálatas 2:14-15; Lucas 22:24-26;
Efésios 1:22-23; Colossenses 1:18 e 1 Coríntios 3:11). Não existe relato
algum de que Pedro tenha estado em Roma e ali permanecido por 25 anos. O
terceiro bispo de Roma, Clemente, afirmou que não existe evidência
alguma de que Pedro tenha estado em Roma, no Século I.
Ano 709 -Teve início a prática pagã de beijar os pés
dos papas, copiada do costume de beijar os pés dos imperadores. (A
Bíblia proíbe tal prática, conforme Atos 10:25-26; Apocalipse 19:10;
22:9).
Ano 750 -Foi criado o poder temporal dos
papas. Quando o imperador Pepino tomou posse do trono da França, vindo
da Itália, ele convocou o Papa Estevão II para lutar contra os
lombardos. Estes foram derrotados e Pepino presenteou o papa com uma
parte da cidade de Roma, uma colina chamada ??? onde se faziam
vaticínios, cujo nome daria origem ao nome “Vaticano”. Jesus recusou as
glórias do mundo que Lhe foram oferecidas por Satanás, mas o papa as
aceitou. (Mateus 4:8-9; 20:25-26; João 18:38).
Ano 788 -Começou a prática de adorar a cruz e as
relíquias dos santos falecidos. A grande mentora desta prática pagã foi a
monstruosa imperatriz Irene, que mandou furar os olhos do próprio
filho, Constantino VI, temendo que este lhe tomasse o poder. Logo
depois, ela convocou um concílio da igreja, a pedido de Adriano I, então
Papa de Roma. Irene foi canonizada como santa pela ICAR, onde começou a
ser venerada. (A IDOLATRIA é um pecado condenado na Bíblia, conforme
Êxodo 20:4; 3:17; Deuteronômio 27:15 e Salmo 115).…” (TESTA, Stephen L.
Lista dos desvios doutrinários da Igreja Católica Romana. Disponível em:
http://ibb.nbrasil.net/index.php?option=com_content&view=article&id=1023:lista-dos-desvios-doutrinarios-da-igreja-catolica-romana&catid=59:varios&Itemid=154Acesso em 19 mar. 2012).
- Como se não bastasse isso, paulatinamente, também, até por força da
concessão de poder temporal aos bispos, que passaram a ter nacos de
poder do governo romano, começou a existir uma diferenciação entre o
“clero”, ou seja, os ministros, que passaram a ser considerados
“sacerdotes” e os demais crentes, chamados de “leigos”. Tinha-se, assim,
a consolidação do nicolaísmo, pois os “sacerdotes” passaram a ser os
“mediadores” entre Cristo e o restante da Igreja. Era o início da
chamada “doutrina dos sacramentos”, segundo a qual há a necessidade de
um sacerdote para que se possa ministrar a graça de Deus aos fiéis.
- Tem-se, aliás, neste período, o surgimento do Papado,
a ideia de que o “bispo de Roma” é o “Vigário de Cristo”, o “sucessor
de Pedro” que teria sido constituído por Cristo como “a cabeça visível
da Igreja”. O Papa é chamado de “Pontífice”, título que era, nada mais,
nada menos do que o do sumo sacerdote do culto babilônico existente na
cidade de Pérgamo. “…Pérgamo era centro de feitiçaria, magia negra e
bruxaria. Diz a história universal que, no ano 133 a.C., quando os
persas receberam asilo do rei Atalo, a cidade ainda recebeu a fama de
ser a retentora dos templos da Ásia. O sumo sacerdote dos magos era
chamado de supremo construtor de pontes, o que significa ‘aquele que
liga as brechas entre os mortais e Satanás com suas hostes’…” (OLIVEIRA,
José Serafim de. Desvendando o Apocalipse: o livro da
revelação, p.18). “…Também se estabeleceu ali o culto dos Magos, de
origem babilônica. O sacerdote deste culto era chamado de Pontifex
Maximus, ou, então, de ‘Principal Construtor da Ponte’ e sua suposta
tarefa era preencher o vácuo entre o homem e os poderes superiores…”
(CHAMPLIN. R.N. Pérgamo: In: Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia,
v.5, p.223). “…Em 378, Damaso, então bispo de Roma, apercebido do
título vacante [i.e., o título de Sumo Sacerdote da Ordem Babilônica,
que havia sido transferido de Pérgamo para Roma em 133 a.C. e que passou
a ser usado por todos os imperadores romanos, a partir de Júlio César,
até 375, quando o imperador Graciano a ele renunciou – observação nossa]
e querendo amealhar prestígio para o seu bispado, assumiu-se como Sumo
Pontífice da Ordem Babilônica…”(COSTA, Carlos. Eu, Babilônia, uma rota
de confusão. Disponível em: http://davidguiomar.blogspot.com.br/2010/03/eu-babilonia-uma-rota-de-confusao.htmlAcesso em 19 mar. 2012).
- Nota-se, pois, que, a partir de 312 e até os idos de 800, a chamada
“igreja imperial” irá cristalizar o seu “casamento com o mundo”, a sua
comunhão com a “Babilônia”, este sistema mundano gentílico que foi
retratado no sonho de Nabucodonosor que foi interpretado por Daniel
(Dn.2) e que só será destruído ao término da Grande Tribulação, quando o
Senhor Jesus vier livrar Israel das mãos do Anticristo (Ap.17-19).
- A proposta do “ecumenismo” significa, precisamente, a aceitação de
todo este sistema forjado neste período e implementado no período
subsequente, o que não se pode aceitar, já que é algo que foi objeto de
repreensão pelo Senhor Jesus que, inclusive, disse que rejeitaria o anjo
da igreja em Pérgamo se continuasse a permitir este estado de coisas.
Como, então, podemos aceitar tal proposta?
V – AS PROMESSAS DE VITÓRIA FEITAS À IGREJA DE PÉRGAMO
- Depois de apresentar a sua severa advertência ao anjo da igreja em
Pérgamo, o Senhor Jesus, depois de repetir a expressão que representa a
aplicação da carta não só à igreja em Pérgamo mas a todos os crentes, de
todos os tempos (“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às
igrejas”-Ap.2:17 “in initio”), apresenta, como afirma o pastor José
Serafim de Oliveira, “duas promessas preciosas ao que vencer”
(op.cit.,, p.19): “ Ao que vencer, darei eu a comer do maná escondido, e
dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito o qual
ninguém conhece senão aquele que o recebe” (Ap.2:17 “in medio” e “in
fine”).
- A primeira promessa diz respeito a “comer do maná escondido”.
Este “maná escondido” representa o “sustento espiritual oculto”, ou
seja, ao contrário das promessas dos nicolaítas, de que os “seres
iluminados” tinham acesso aos “poderes superiores”, como também de que o
contato com o mundo não representaria mal algum para os que serviam a
Cristo, como ensinava a “doutrina de Balaão”, o certo é que somente
aquele que retiver o nome de Cristo e não negar a sua fé terá o
verdadeiro “sustento espiritual”, terá acesso ao que é reservado para o
homem na eternidade, que é o próprio Cristo, o “pão que desceu do céu”
(Jo.6:32).
- O “maná escondido” prometido aos vitoriosos é o sustento da Palavra de Deus,
pois o maná, o alimento que Deus deu a Israel durante a sua
peregrinação no deserto, é a figura de Cristo, o pão espiritual de que
nos alimentamos enquanto estamos a peregrinar nesta vida, pois “nem só
de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”
(Mt.4:4).
- Tudo quanto nos foi revelado aqui na Terra, através das Escrituras
Sagradas, porém nada é em comparação ao que nos está reservado na
glória, pois “…as coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não
subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o
amam.” (Is.64:4; I Co.2:9). Aquele que se mantiver firme servindo ao
Senhor terá acesso ao não-revelado, aquilo que era somente reservado ao
próprio Deus (Dt.29:29). Por isso, o Senhor Jesus diz que não somos
apenas servos, mas Seus amigos (Jo.15:15). Por isso, como diz o pastor
José Serafim de Oliveira, “…o crente em Jesus não precisa ter saudades
das panelas de carne, dos pepinos, alhos e das cebolas do Egito…”
(op.cit., p.19), devendo, “antes ter o seu prazer na lei do Senhor e
nela meditar de dia e de noite” (Sl.1:2). Para não sermos atraídos pelo
mundo, precisamos nos debruçar na Palavra de Deus, que nos é mais doce
do que o mel (Sl.119:103).
- A segunda promessa diz respeito a “ter uma pedra branca e, na pedra, um novo nome”,
motivo por que alguns estudiosos entendem serem três e não duas as
promessas. Há muitas interpretações a respeito do significado da “pedra
branca”. Entendem alguns que esta pedra era conferida a quem fosse
absolvido num processo judicial; outros, ao escravo que era liberto e
que passava a carregar esta pedra para provar a sua libertação; a
outros, ainda, era objeto que se dava a quem vencesse corridas ou lutas;
para outros, era um símbolo de amizade entre duas pessoas, cada qual
levando metade da pedra que era partida ao meio e, por fim, um troféu
que recebia o guerreiro que voltava vitorioso da batalha.
- Em qualquer destas interpretações, nota-se, claramente, que a “pedra branca” é um sinal de vitória, liberdade e inocência.
Apesar de sermos desprezados e vilipendiados neste mundo, apesar da
intensa pressão que sofremos das hostes espirituais da maldade, o fato é
que, se nos mantivermos fiéis ao Senhor, seremos vitoriosos e
tornaremos eterna a nossa libertação do pecado, a nossa amizade com
Deus, a nossa salvação, que nos faz ter “ficha limpa” nos céus. Vale a
pena sermos crentes, amados irmãos, e não compactuarmos com o mundo!
OBS: “…Os juízes, naqueles dias, ao julgar uma pessoa, tinham por
hábito darem uma pedra preta, para os que fossem condenados à morte; e
uma pedra branca, para os que fossem inocentados e colocados em
liberdade. Não existe pedra mais branca do que Jesus, e estar
fundamentado n’Ele significa dizer que terá uma vida nova e um novo
nome. Deus conhece quem são os que já têm o novo nome, pois esse novo
nome representa a personalidade individual, obtida exclusivamente
mediante o novo nascimento.…” (SILVA, Osmar José da. op.cit., p.45).
- Mas, nesta pedra branca, diz o Senhor Jesus, será escrito um novo
nome, que ninguém conhece senão o que o recebe. Temos aqui a
demonstração de que o vencedor, que desfrutou de uma intimidade com o
Senhor durante a sua peregrinação terrena, não será “anulado” nos céus.
Muitos acham que os crentes serão verdadeiros “zumbis” nos céus, seres
que não se reconhecerão, seres que não terão noção alguma de
individualidade. Nada mais falso!
- O Senhor Jesus, aqui, mostra-nos com absoluta clareza que cada crente desfrutará de uma intimidade própria com o seu Senhor. Este
“novo nome que ninguém conhece senão o que o recebe” nada mais é que a
manutenção de nossa individualidade e de nossa intimidade com Cristo
mesmo na dimensão eterna. Cada um de nós terá um relacionamento
particular e exclusivo com o Senhor, sem deixar de ser o povo de Deus
que para sempre habitará com o Senhor (Ap.21:3).
- Quem jamais negou o nome de Jesus aqui na Terra, terá um nome
exclusivo que o aproximará de modo particular e profundamente íntimo com
o seu Senhor no céu. Perseveremos, pois se já é maravilhoso desfrutar
da intimidade com o Senhor aqui neste mundo, que não será desfrutar de
uma intimidade com o nosso querido Salvador nos novos céus e nova terra?
Aleluia!
COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - CARAMURU AFONSO FRANCISCO
Fonte: PortalEBD
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