Texto
Áureo: Ef. 5.25 – Leitura Bíblica: Ef. 5.22—28. 31.33
Pb. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
Conforme temos estudado ao longo das primeiras
lições, o casamento cristão está fundamentado na Bíblia, a Palavra de Deus. Na
aula de hoje trataremos, especificamente, a respeito das bases que sustentam o
casamento. A primeira delas é a graça, o favor imerecido, a disposição de
aceitar o outro, com suas diferenças e particularidades. E não com menor
importância, o amor que se sacrifica, que não busca apenas os interesses
individuais.
1. O
CASAMENTO CRISTÃO
Existe muito idealismo em relação ao casamento, até
mesmo entre os cristãos, na maioria das vezes isso se concretiza em um
romantismo exacerbado, que, ao invés de ajudar, atrapalha a relação conjugal. O
casamento cristão é a união de duas pessoas, um homem e uma mulher, que não são
perfeitas, por isso, precisam administrar cada situação, principalmente as mais
adversas. Não podemos esquecer que existe uma propensão à carnalidade no ser
humano, tanto no homem quanto na mulher (Gl. 5.17), por isso, ambos carecem de
arrependimento, e sobretudo, das orientações do Senhor Jesus (Lc. 5.31,32). O
casamento cristão, que está pautado em Cristo, busca, na Bíblia, e não nos
padrões midiáticos, seu alicerce de sustentação (Jo. 14.6). Em Ef. 5, Paulo
destaca que Cristo é a referência, não a sociedade, para as atitudes no
casamento. As esposas devem submeter-se ao marido, “como ao Senhor” (v. 22). Os
maridos, por sua vez, devem amar a esposa “como também Cristo amou a igreja e a
si mesmo se entregou por ela” (v. 25). Os maridos devem cuidar de sua esposa
“como também Cristo o faz com a igreja” (v. 29). Em todas as circunstâncias,
devemos considerar que se trata de um mistério, que está diretamente
relacionado a Cristo e à igreja (v. 32). É um equívoco da nossa sociedade
tentar fundamentar o casamento no sexo e no romantismo. Mesmo na igreja muitos
cristãos foram contagiados por essa tendência. Evidentemente o sexo é
necessário, e importante dentro do matrimonio (Hb. 13.4), mas não é uma base
para o casamento. As pessoas envelhecem, a beleza física se esvai, o fervor
sexual arrefece. O romantismo não deve ser desconsiderado, as palavras afáveis
contribuem para o crescimento conjugal, mas nem só de romantismo vive o
casamento. As pessoas podem perder o bom humor de vez em quando, principalmente
nos momentos difíceis, quando filhos adoecem, e as contas chegam à caixa do
correio. O casamento cristão é composto por um casal de pessoas pecadoras, uns
mais ou menos espirituais, que são desafiados a permanecerem juntas, até que a
morte as separe (I Tm. 1.15, 16).
2. SEM
GRAÇA, É UMA DESGRAÇA
Diante das adversidades, o casamento precisa de
graça, caso contrário, permitam-me o trocadilho, se transformará em uma
desgraça. Quanto mais espirituais forem os cônjuges, maior será a propensão de
andarem no Espírito, de não satisfazerem as concupiscências da carne (Gl.
5.17). Um casamento centrado apenas no eu, nos interesses individuais de apenas
um dos cônjuges, resulta em sofrimento para o outro. Há uma tendência,
alimentada pela mídia, de fazer com que as pessoas passem a vida inteira
procurando uma alma gêmea. Por causa disso, muitos casamentos se desfazem, pessoas
passam a vida inteira na busca pelo príncipe encantado. Essas pessoas que
querem encontrar uma alma gêmea põem o foco demasiado em seus desejos, entram
nas relações querendo sempre autossatisfação, que resulta em frustração (Tg.
4.1-3). Essa é uma tendência da natureza caída, que fará de tudo para minar o
casamento, já que tem o egocentrismo como base. Se essa lei do pecado não for
controlado pelo Espírito, a vida conjugal poderá ser arruinada (Rm. 7.21-23).
Ao invés de sempre querer julgar o outro, o cristão deve antes olhar para si
mesmo (Mt. 7.4,5). Muitos maridos e esposas encontram facilmente defeitos nos
seus cônjuges, mas têm dificuldade de fazer o mesmo quando olham para eles
mesmos. É bom lembrar que não conhecemos os outros, nem mesmo a nós mesmos em
completude, apenas em parte (I Co. 13.12). Por isso, ao invés de julgar o
outro, precisamos aprender antes a nos avaliar, isso porque se julgássemos a
nós mesmos não seríamos julgados, mas quando somos julgados pelo Senhor, é para
não sermos condenados com o mundo (I Co. 11.32). Quando abordado pelo Senhor,
Adão quis, imediatamente, colocar a culpa sobre a sua esposa, fugiu da sua
responsabilidade pela desobediência (Gn. 3.12). Davi precisou de um Natã para
reconhecer o seu pecado e se voltar para o Senhor (II Sm. 12.13). Portanto, o
casamento cristão deve basear-se na graça – charis em grego – que é um favor
imerecido. Fomos alcançados pela graça e misericórdia de Deus, por isso devemos
agir de igual modo em relação ao nosso cônjuge (Lc. 6.36; Tt. 2.11-14). Jesus
compadeceu-se das nossas fraquezas, por isso devemos fazer o mesmo (Hb. 4.15),
e lembrar que a misericórdia poderá triunfar sobre o julgamento (Tg. 2.13).
Para o bem do casamento, todo cristão deve fortificar-se na graça que está em
Cristo Jesus (II Tm. 2.1).
3. NÃO SÓ
COM PALAVRAS, MAS COM AMOR SACRIFICIAL
A supervalorização do sexo na sociedade
contemporânea tem causado muitos males ao casamento. O sexo foi criado por
Deus, não apenas para reprodução, mas também para o prazer. O problema é que
ele tem sido usado indiscriminadamente, e às vezes, confundido com amor. A
expressão “fazer amor” tornou-se sinônima de fazer sexo, ainda que fora dos
padrões bíblicos. Deus criou o sexo para a realização dos casais, e este é por
ele estimulado (I Co. 7.1-5), mas ninguém deve basear o casamento
exclusivamente no sexo. A palavra-chave do casamento, e o seu principal
fundamento, é o amor. Isso não diz respeito a qualquer tipo de amor, mas ao agape
– o amor sacrificial. Um casamento somente alcançará maturidade quando os
cônjuges dependerem menos do eros – o sexo, e mais do agape – o amor
desinteressado. É o amor agape que supera as incompatibilidades, pois,
definitivamente, o casamento é uma composição de pessoas incompatíveis, ainda
que essas possam ser atenuadas se os jovens forem sábios antes da decisão de
dizer “sim” (Gn. 24). As imperfeições ficam evidentes antes mesmo da celebração
do casamento. Aqueles que dizem “sim” devem estar cientes que precisam fazer
concessões. E para ser mais realista, dificilmente as mudanças acontecerão de
forma significativa depois do casamento. Por isso, como se costuma dizer aos
jovens, “abram bem os olhos antes do casamento, mas feche-os um pouco depois de
casados”. Isso porque o casamento é um pacto de sujeição, de disposição para
viver não para si mesmo, mas para o outro (Ef. 5.22-25). Jesus é o maior
exemplo, tendo em vista que não agradou a Si mesmo (Rm. 15.2,3). O casamento é
plano de Deus, e um glorioso ministério, mas o alvo central não é a busca da
felicidade. A meta do casamento não é a felicidade, ainda que essa, de uma
maneira misteriosa, possa ser encontrada, mesmo na adversidade. O casamento é
um ambiente de amor, no qual atitudes de paciência, benignidade, sacrifício,
entrega e perdão são manifestas, elementos do fruto do Espírito (Gl. 5.21,22; I
Co. 13.4,5). Dizer que se ama não é difícil, e mostrar interesses pelos outros para
“fazer amor” também, mas a base cristã para o casamento é o amor-agape, que não
se revela apenas em palavras, mas, sobretudo, em obras e em verdade (I Jo.
3.18).
CONCLUSÃO
O casamento cristão é um mistério, tão sublime como
a relação entre Cristo e a Igreja, cujo fundamento é a graça e o amor. Como
cristãos, não podemos nos deixar influenciar pelos valores que tentam sustentar
o casamento, tais como o individualismo romântico e a sexualidade
descompromissada. Um casamento genuinamente cristão aceita o cônjuge com as
suas diferenças, e está disposto a sacrificar-se pelo outro, assim como Cristo
amou e se entregou a Sua Igreja.
BIBLIOGRAFIA
HARVEY, D. Quando
pecadores dizem “sim”. São
Paulo: Fiel, 2011.
KELLER, T., KELLER, K. O significado do casamento. São Paulo: Vida Nova, 2012.
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