INTRODUÇÃO
- A família, como obra-prima de Deus, sempre foi o principal alvo do inimigo de nossas almas.
- Nos dias em que vivemos, dias de multiplicação da iniquidade, a família, como nunca, tem sido atacada pelo adversário.
I – O INIMIGO ATACA A FAMÍLIA DESDE OS PRIMÓRDIOS DA HISTÓRIA HUMANA
- Na sequência do estudo sobre a
família, hoje estaremos a estudar a realidade dos ataques que o inimigo
de nossas almas realiza contra esta instituição, máxime nos dias em que
vivemos, dias que Jesus disse que seriam como os dias de Noé (Mt.24:37;
Lc.17:26), dias caracterizados, entre outras coisas, pelo menosprezo à
instituição familiar.
- Conforme vimos na primeira lição do
trimestre, a família é a obra-prima de Deus, pois é através dela que o
Senhor propiciou ao ser humano, coroa da criação terrena (Sl.8:5),
tivesse condições de cumprir todos os propósitos divinos a ele
estabelecidos (Gn.1:28), a fim de manter uma vida de comunhão permanente
com o seu Criador, a cuja imagem e semelhança fora criado (Gn.1:26,27).
- A família constituiu-se, assim, no
ambiente propício para que se tivesse a comunhão entre Deus e a
humanidade, o local especialmente criado para que se desenvolvesse a
amizade entre Deus e os homens.
-
Evidentemente, diante de tal quadro, o inimigo de nossas almas,
Satanás, palavra hebraica que significa precisamente “adversário”, não
tinha outra coisa a fazer senão se voltar contra este local, contra esta
estrutura moldada por Deus para estabelecer a comunhão com a
humanidade, criação que é detestada pelo adversário, exatamente porque é
o ser que foi criado por Deus para desfrutar de uma posição da qual o
diabo foi excluído por sua iniquidade.
- Não é, portanto, difícil entender
porque o diabo deseja tanto a destruição da família. Por primeiro, vemos
que, em sendo a família a obra-prima de Deus, é evidente que o inimigo,
cujo papel é matar, roubar e destruir (Jo.10:10), tenha por prioridade a
destruição desta instituição que é a principal criação feita pelo
Senhor na ordem terrena.
- Por segundo, temos que, como toda a
consecução do plano divino para o homem foi estatuído com base na
instituição familiar, que é a que dá condições para que se cumpram os
desígnios divinos ao homem, com a destruição da família, temos, por via
de consequência, que não há como o homem poder cumprir, a contento, tudo
quanto lhe foi ordenado por Deus.
- Não é por outro motivo, aliás, que
temos afirmado constantemente que, com a destruição da família, o diabo
mata “vários coelhos com uma só cajadada”, pois, ao destruir a família,
também promove a destruição de cada um de seus componentes, visto que é
no ambiente familiar que se pode promover não só o correto
desenvolvimento de cada ser humano, mas que se podem cumprir os
propósitos estabelecidos por Deus aos homens.
- Como se não bastasse isso, temos que
a família é base para a construção de grupos sociais maiores, como o
clã, a tribo, a nação, e, por fim, a própria comunidade internacional,
de sorte que, estando a família destruída, também serão inevitavelmente
atingidos todos os demais grupos sociais, gerando um caos generalizado,
como, aliás, temos observado nos dias difíceis que estamos a viver.
- Por terceiro, temos que, em sendo
destruída a família, atingido é o próprio povo de Deus, visto que a
Igreja, como qualquer outro agrupamento social, tem por base as
famílias. Desde os primórdios da igreja, vemos que a sua base se
encontra nas famílias dos crentes (Rm.16:5). Um dos principais fatores
que tem causado a frieza espiritual, a apostasia que hoje vivemos é a
destruição das famílias por parte do inimigo de nossas almas.
- Desde os primórdios, notamos bem
esta estratégia maligna para levar o homem à perdição eterna. Sob a
mentira de que o homem poderia viver independentemente de Deus, que era o
cerne da tentação que levou à queda do primeiro casal, temos que o
diabo conseguiu a ruptura da comunhão que havia entre Adão e Eva.
- Se, num primeiro instante, pareceu
que o pecado não tenha abalado a comunhão do primeiro casal, pois,
afinal de contas, ambos haviam comido do fruto proibido, logo em
seguida, vemos que esta aparência não correspondia à realidade. Senão
vejamos.
- A primeira consequência da
desobediência foi marido e mulher notarem que estavam nus e, assim
passaram a ter vergonha um do outro, o que, antes, não ocorria (Gn.3:7 e
2:25). Este pudor, “…essa vergonha é quase a primeira origem de se
manifestar no homem — em ambos, varão e mulher — aquilo que «não vem do
Pai, mas do mundo».…” (JOÃO PAULO II. Audiência geral de 30 de abril de
1980: a concupiscência é o fruto da ruptura da aliança com Deus.
Disponível em:
http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/audiences/1980/documents/hf_jp-ii_aud_19800430_po.html
Acesso em 18 fev. 2013).
- Assim, houve a quebra da comunhão
entre homem e mulher, o primeiro casal passou a ter vergonha um do
outro, vergonha esta que nada mais era senão um distanciamento entre
ambos, consequência de um distanciamento maior que havia ocorrido, a
separação entre eles e Deus, que se evidenciaria na chegada do Senhor ao
jardim do Éden naquele dia, quando ambos se esconderam da presença
divina (Gn.3:8).
- Esta quebra da comunhão entre marido
e mulher se demonstraria explicitamente quando Adão culpou Eva pela
queda (Gn.3:12), revelando, assim, a perda da comunhão entre ambos. A
inimizade com Deus, decorrência do pecado, trouxera a instabilidade do
relacionamento familiar, instabilidade esta que passaria a existir
perenemente no seio da humanidade, com a pretensão de superioridade do
homem sobre a mulher determinada como juízo divino à humanidade pecadora
(Gn.3:16).
- Mas não ficaria apenas no
relacionamento conjugal as consequências deletérias do pecado sobre a
família. Logo na geração seguinte, vemos o episódio de Caim e de Abel a
mostrar que o mal também tencionava gerar conflitos entre os irmãos. O
primeiro homicídio da humanidade deu-se dentro do lar, foi um
fratricídio, a demonstrar como o objetivo do inimigo era o de destruir a
instituição familiar, a fim de impedir que o homem pudesse usufruir do
amor divino e da comunhão eterna pretendida por Deus para com este ser
que criara de forma diferenciada dos demais seres vivos terrenos.
- A civilização de Caim, o primeiro
homicida, construída em total inobservância aos mandamentos divinos
(Gn.4:16), teve de ser construída sob base familiar, tanto que Caim se
casou, mas, diante de sua desobediência ao Senhor, logo se viu que tipo
de família se desenvolveu naquela sociedade.
- Lameque, o sétimo depois de Caim, é o
primeiro polígamo registrado na história da humanidade (Gn.4:19). Temos
aqui mais uma ação maligna com o objetivo de desfigurar a instituição
familiar criada por Deus, que tinha no casamento monogâmico a sua base
(Gn.2:24). Com a poligamia, temos o desvirtuamento do casamento enquanto
promovido por Deus, mal este que nem mesmo Israel, o povo de Deus, pôde
extirpar, como nos dá conta o Senhor Jesus (Mt.19:4-8).
- Como se isto fosse pouco, ao lado da
poligamia, também se inseriu a prostituição, conhecida como “a mais
antiga das profissões”, outro elemento que conspurca a família e cria
inúmeros obstáculos para tal instituição. A tradição judaica entende que
a menção feita a Naamá em Gn.4:22 é, precisamente, a alusão à
instauração da prostituição, visto que Naamá significa “agradável” e
teria sido ela a primeira prostituta registrada na história.
- Quando se chega aos dias de Noé,
então, estamos em estado de corrupção generalizada da humanidade e a sua
principal característica foi a destruição da instituição familiar, como
nos atesta o próprio Senhor Jesus, quando afirmou que, naqueles dias,
as pessoas “casavam-se e davam-se em casamento” (Mt.24:38; Lc.17:27).
- Ao lermos a descrição deste terrível
período da história da humanidade que nos deixou Moisés, vemos que o
início de tudo se deu com a concupiscência generalizada que passou a
existir nos relacionamentos, a ponto de terem os descendentes de Sete,
que serviam a Deus, se aparentado com a descendência de Caim, que era
corrompida (Gn.6:1,2).
- Estas uniões, baseadas única e
exclusivamente na atração física, descompromissadas e animadas de um
sentimento perverso, fez com que se gerasse uma sociedade voltada para o
prazer desregrado, para a perversidade, que cedo levou à humanidade a
uma situação de corrupção e de violência que levaram o Senhor a decidir
pela destruição de toda a carne através do dilúvio (Gn.6:5-7).
- Tudo, pois, começou pela
desintegração da família e, do mesmo modo, estamos a viver dias muito
semelhantes, em que a destruição da instituição familiar tem degenerado a
humanidade, sendo notório que o nível extremado de pecado e de
corrupção, bem como de violência e criminalidade, tem sua raiz
precisamente nos ataques sofridos pela instituição familiar, hoje
totalmente desfigurada do modelo bíblico.
- Como atesta o sábio Salomão, “nada
há novo debaixo do sol” (Ec.1:9 “in fine”), de sorte que o que o inimigo
fez no período antediluviano, está a fazer ainda hoje, gerando as
mesmas nefastas consequências para a humanidade.
II – OS ATAQUES CONTRA O CASAMENTO
- Tendo visto como o diabo agiu nos
primórdios da humanidade para termos conhecimento de sua estratégia, que
é sempre a mesma, vejamos, ainda que de modo sucinto, quais tem sido os
principais ataques promovidos pelo inimigo contra a instituição
familiar nos dias hodiernos.
- Por primeiro, conforme temos visto, o
diabo procura, por primeiro, atacar o casamento, que é o elemento
fundante de uma família segundo o modelo estabelecido pelo Senhor, o
Criador da família.
- Vimos que, no passado, o primeiro
elemento utilizado pelo inimigo para afrouxar o casamento foi a retirada
da comunhão entre marido e mulher. Adão e Eva viram-se nus após terem
comido do fruto proibido e procuraram fabricar aventais com folhas de
figueiras para esconderem-se um do outro, pois tiveram vergonha um do
outro, distanciaram-se um do outro por conta de sua diversa sexualidade
(a palavra original para “aventais” significa mais propriamente
“cintas”, “cinturões”, a indicar que a vestimenta produzida era bem um
“tapa-sexo”).
- A primeira arma utilizada pelo
diabo, portanto, em relação à família é a criação de condições que façam
com que marido e mulher busquem ter vidas individuais, não se entreguem
um ao outro, não formem, com Deus, o “cordão de três dobras”, que não
se quebra mais depressa (Ec.4:12).
- O individualismo, o egoísmo é, sem
dúvida alguma, uma terrível arma que o inimigo tem usado para destruir
as famílias. O relacionamento conjugal, figura que é do relacionamento
entre Deus e o homem, deve ser desenvolvido sob o signo do altruísmo (I
Co.7:3,4; Ef.5:22-27).
- Hoje em dia, há uma mentalidade de
que o casamento deve ser um meio pelo qual alguém possa melhorar seu
padrão de vida na sociedade mediante a ajuda daquele com quem vai
contrair núpcias, ou seja, o cônjuge é visto como um instrumento para a
realização própria. Nos dias de Noé, era este o móvel de toda união
conjugal, pois “se tomaram para si mulheres de todas as que escolheram”
(Gn.6:2).
- O casamento passou a ser visto como
um meio de transformar o cônjuge em um instrumento, uma alavanca para a
sua própria realização. O cônjuge é visto como um mero objeto, um mero
fator para a realização pessoal, o que é um pensamento aviltante e sem
qualquer base bíblica, pois se trata, sobretudo, de negação ao cônjuge
da dignidade da pessoa humana, da sua condição de imagem e semelhança de
Deus.
- É por causa dessa lógica que se tem
conceitos como o da “incompatibilidade de gênios”, que serve de
justificativa para inúmeros divórcios na atualidade. Que é
“incompatibilidade de gênios”? É a confissão pura e simples de que se
buscava usar o cônjuge para a sua realização pessoal, mas como não houve
tal subserviência aos interesses pessoais, não há mais razão de se
ficar casados, já que um não cedeu aos interesses do outro.
- Entretanto, nada disso corresponde
ao modelo bíblico de casamento, onde se tem a entrega de um ao outro,
onde se busca o bem-estar do outro e não de si próprio e, nesta atitude
de entrega, de negação de si mesmo em prol do outro, constrói-se a
unidade, a comunhão prevista para ser o alicerce de toda a família. É
nesta comunhão, ademais, que também participa o Senhor, Ele próprio o
modelo da entrega em favor do homem, fazendo com que se crie o “cordão
de três dobras”, que vence as tentações e ataques do inimigo,
construindo, desde já, um “cantinho do céu” sob a face da Terra.
- Mas, além deste individualismo e
egoísmo, o casamento é atacado pela prostituição, pela “porneia”, ou
seja, pela impureza sexual, pela imoralidade sexual. O casamento,
diz-nos o apóstolo Paulo, é o antídoto para a imoralidade sexual (I
Co.7:2), mas o inimigo faz de tudo para que ele seja desrespeitado, seja
pelo adultério, seja impureza sexual (Hb.13:4).
- Já vimos que, na civilização
caimita, surgiram tanto a prostituição quanto a poligamia, duas máculas
que têm, por finalidade, macular e desrespeitar o casamento. Nos dias de
Noé, “casavam-se e davam-se em casamento”, ou seja, os homens não
respeitavam mais o caráter sagrado do matrimônio, “tomando para si
mulheres de todas as que escolheram”.
- O que notamos, de pronto, é que a
instituição da poligamia e a prostituição têm, como primeira
característica, o desprestígio da mulher. Com efeito, a poligamia e a
prostituição têm, quase sempre, as mulheres reduzidas à condição de
meros “objetos sexuais” e isto se dá, precipuamente, porque os homens
são mais propícios ao estímulo sexual pela visão, são mais levados ao
sexo casual, pela sua própria estrutura física e mental.
- Poderão alguns objetar afirmando que
pesquisas antropológicas têm descoberto sociedades primitivas em que
existe a “poliandria”, ou seja, a situação em que uma mulher tem vários
maridos, como também, nos dias hodiernos, a promiscuidade tem, também,
atingido as mulheres e tem crescido o número de “prostitutos”, o que,
aliás, não é novidade alguma, já que, na Antiguidade, já havia os
“rapazes escandalosos” (I Rs.14:24; 15:12; 22:46), homens que se
prostituíam, normalmente em relações homossexuais, com fins religiosos,
como nos cultos aos deuses da fertilidade.
- Tais episódios são exceções que
confirmam a regra. Os casos de “poliandria” são infinitamente inferiores
aos de “poligamia”, como também o de “prostitutos” em relação às
“prostitutas”, sem falar que os casos de “prostituição masculina” estão a
aumentar precisamente em razão da disseminação da promiscuidade em
nossos dias, sendo mais um alastramento do que ocorre naturalmente do
que infirmar do que é usual e natural em seu início, algo que não
desconhecido da história da humanidade, como podemos ver em Sodoma.
- A chamada “liberação feminina” que é
propalada no Ocidente a partir do término da Segunda Guerra Mundial e
que alcançou seu ponto máximo a partir da década de 1960, traz-nos a sua
verdadeira face — o completo desprestígio da mulher, que se tornou em
mera mercadoria da indústria do sexo, hoje o maior e mais poderoso
negócio da humanidade. Voltamos, inclusive, a uma situação de verdadeira
reinstalação da escravidão, só que agora a escravidão sexual, com o
famigerado tráfico de mulheres que aumenta a cada dia. E quem alimenta
tudo isto? A pornografia que, disseminada, destrói os valores familiares
e morais das sociedades neste triste e corrompido planeta.
- A poligamia e a prostituição
destroem o ambiente familiar preconizado por Deus, gerando um sem-número
de distorções, entre os quais se destaca o surgimento de “órfãos de
pais vivos”, pessoas que, resultantes destas uniões descompromissadas e
sem qualquer estrutura, desenvolvem-se sem o carinho e o afeto dos pais,
são lançados ao mundo sem qualquer formação moral e social, pessoas que
externarão toda a sua revolta e crueldade contra a sociedade.
- Mas são precisamente estes
pseudovalores que têm sido propagandeados e divulgados pelo mundo onde
vivemos nos dias hodiernos. Cada vez mais há quem defenda a criação de
famílias com base em “afetividade”, ou seja, em uniões
descompromissadas, estabelecidas por atrações físicas e impulsivas,
temporárias e fugazes, como se isso pudesse trazer à sociedade a
necessária estruturação e estabilidade.
- Assim, surgem medidas de
disseminação e adesão das pessoas a excrescências como a “união
estável”, o “concubinato”, as “uniões livres”, as “uniões de pessoas do
mesmo sexo”, o “casamento aberto”, a “produção independente” e tantas
outras mazelas que são prestigiadas pelo mundo como “evolução”,
“modernidade”, mas que são a mesma miséria do pecado que tem levado a
humanidade a situações de extrema precariedade e destruição e, como se
não bastasse isso, ao inevitável e inexorável juízo divino.
- Triste é constatar que entre pessoas
que cristãs se dizem ser também já tenha chegado tal mentalidade, em
defesa de “novas formas de família”, em afirmações de que “o modelo
bíblico de família está ultrapassado”, porque não vivemos mais no
“patriarcalismo”.
- Conforme vimos, o que é trazido como
“modernidade”, como “evolução”, são as mesmas coisas ruins que o
inimigo apresentou ao homem e que levou, no passado, à corrupção
generalizada e ao juízo divino. Como se isto fosse pouco, são estes
“novos arranjos familiares” que têm promovido a deterioração crescente
da vida humana e o caos que nos está levando à própria destruição de
nossa civilização.
- Por causa destas armas satânicas
contra o casamento, exsurgem efeitos colaterais que também vão contra o
projeto divino para o homem e para a família, tais como a defesa do
aborto, do divórcio, do planejamento familiar entre outros.
III – OS ATAQUES CONTRA A COMUNHÃO FAMILIAR
- Mas, conforme vimos, os ataques do
inimigo não se resumem tão somente às investidas contra o casamento, mas
também se voltam contra a comunhão familiar.
- Já vimos que a mentalidade egoística
e individualista promove a falta de comunhão entre marido e mulher,
pois o que deveria ser entrega de um ao outro passa a ser competição e
disputa para submissão do outro a seus próprios interesses, o que está
na raiz da violência doméstica, cada vez mais presente no mundo, que o
digam as estatísticas crescentes de casos de violência nos lares nos
últimos anos em todos os países, mui especialmente o Brasil.
- Este clima individualista e
egoístico faz com que se tenha, à evidência, a retirada da “terceira
dobra” do ambiente familiar, ou seja, há uma perda cada vez maior do
caráter sagrado da família, do próprio casamento, e o resultado disto é
que se tem, já no seio familiar, um ambiente distante de Deus e, o que é
mais grave, inclusive nas famílias que cristãs se dizem ser.
- Há total falta de referência ao
sagrado nas famílias que, assim, deixam de ser verdadeiros “lares”, já
que “lar” era o nome dado pelos romanos ao compartimento da casa em que
se efetuava o culto às divindades familiares, aos antepassados. A
família deve ser um “lar”, ou seja, um local onde se cultue a Deus, onde
se adore ao Senhor.
- Entretanto, o inimigo tem conseguido
levantar altares a outros deuses nos seios familiares, o que leva à
degeneração completa da sacralidade da família, à destruição da
espiritualidade que é ínsita à família e que torna o que deveria ser um
“cantinho do céu” na Terra em um verdadeiro “pedaço do inferno”.
- Em Israel, notamos bem esta
investida maligna que levou à quase destruição daquela nação, à sua
dispersão. No livro de Juízes, lemos que a geração da conquista, a
geração de Josué deixou Deus de lado em suas famílias, de modo que o
Senhor passou a ser um ilustre desconhecido da geração seguinte
(Jz.2:10). O resultado disso foi que, diante da ausência de Deus nas
casas, o espaço foi preenchido por deuses estranhos (Jz.2:11-13).
- A situação era tão grotesca que,
mesmo na casa de Gedeão, que havia sido escolhido por Deus para libertar
o povo, havia um altar de Baal (Jz.6:25), que teve de ser destruído
como primeiro passo para a libertação do povo, pois não havia como
Gedeão libertar Israel se, antes, não cuidasse da sua própria casa.
-
Hoje em dia, não é diferente. As famílias têm sido levadas a erigir
altares a deuses estranhos, que impedem a comunhão com Deus e tornam o
ambiente em local destinado à realização de tragédias e catástrofes,
visto que passam a ser ambientes dominados pelas hostes espirituais da
maldade.
- Em vez de um local de adoração a
Deus, temos, nas famílias, atualmente, ambientes moldados e formados
pelo conteúdo maligno da mídia, que dita o comportamento a ser seguido
pelos integrantes da família. Pesquisa recente, aliás, mostra que as
famílias brasileiras têm se distanciado do modelo bíblico por uma
“engenharia social” montada a partir das telenovelas, onde há uma
apologia do adultério, da promiscuidade e de tudo quanto contraria a
doutrina das Escrituras Sagradas (vide As novelas e a engenharia social.
Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=xok9aMtwFnQ Acesso em 18
fev. 2013).
- A falta de convivência entre os
familiares é também uma arma que tem sido utilizada habilmente pelo
inimigo de nossas almas para destroçar a comunhão familiar. Os cônjuges
têm pouca convivência, já que ambos trabalham para o sustento do lar (e
do consumismo desenfreado que resulta da mentalidade materialista que
adotam), o que faz com que, mais e mais, surjam terceiros que
desempenham muitas das atividades que os cônjuges deveriam desempenhar
no cotidiano (confidência, companheirismo, afeto etc,), que, não raro,
desembocam em situações de infidelidade conjugal.
- Pais e filhos têm pouco convívio,
por causa desta ausência, o que faz com que a educação seja
“terceirizada”, com a assunção de valores discrepantes por parte dos
filhos, que, como se fora pouco já serem moldados pela “babá eletrônica”
(televisão e internet), com o conteúdo maligno já aludido, têm ainda
reforçados tais malévolos ditames por conta destes “terceiros” (creches,
organizações criminosas, vizinhos etc).
- Os valores propagados por estes
novos “educadores”, via de regra, são totalmente contrários à sã
doutrina e formam pessoas degeneradas, rebeldes contra a Palavra de
Deus, amantes de si mesmos, que levam à proliferação do individualismo,
do egoísmo, do hedonismo e que resultam nas atrocidades que temos visto
com cada vez maior frequência como a pedofilia, o aumento da violência
doméstica e a total falta de respeito e obediência.
- Para resolver este estado de coisas,
então, vêm propostas de intervenção do Estado na intimidade familiar,
de supressão da própria educação dos filhos pelos pais, propostas que
estão bem de acordo com filosofias como o marxismo-leninismo, que
buscava eliminar a família em prol do Estado, como se tentou, sem êxito,
nos primeiros anos da União Soviética no século XX.
- Propostas como a chamada “lei
anti-palmada”, que se tenta aprovar no Brasil, seguem esta linha de
pensamento, em que se quer destruir, por completo, a autoridade dos
pais, impedindo, assim, que possam eles criar seus filhos segundo os
seus valores, como se o Estado tivesse sido criado para subtrair a
independência familiar, até porque é a família que gera o Estado e não o
contrário.
- Há um esfacelamento completo da
comunhão familiar, pois, na verdade, não se desenvolve a vida
comunitária, havendo, tão somente, o desenvolvimento de uma perspectiva
individualista, materialista, egoística e hedonista entre os integrantes
do núcleo familiar que, fragilizado, não raro se desfaz pelo divórcio e
pelos subsequentes casamentos, gerando figuras como a “família
mosaico”, onde não se tem mais qualquer referência, fazendo da família
um ambiente de desorientação com graves consequências na formação dos
filhos. Mais uma das invenções produzidas pelo homem, que foi, a
princípio, criado reto pelo seu Criador (Ec.7:29)
OBS: “…Com a mulher dona do seu próprio
nariz, a liberdade para se divorciar e, conseqüentemente, ter outros
casamentos, um novo organograma das famílias está em franco crescimento.
Agora é comum ouvir o ‘marido da mãe’, a ‘mulher do pai’, os ‘filhos do
marido’, os ‘filhos da mulher do pai’, o ‘irmão por parte de mãe’ e por
aí vai. Uma rede de parentes e meio-parentes que lembra um patchwork
ou, para citar um termo usado pelos especialistas, família mosaico. Mas
como lidar com os desafios que surgem ao juntar famílias? Pode ser
natural para pais e filhos? …” (FERREIRA, Rosana. ‘Família mosaico’ é o
retrato do século XXI. Disponível em:
http://mulher.terra.com.br/familia-mosaico-e-o-retrato-do-seculo-xxi,45286ee9f9e27310VgnCLD100000bbcceb0aRCRD.html
Acesso em 18 fev. 2013).
- A família, portanto, que deveria
nortear toda a vida social, acaba sendo um fator de desorientação, o que
muito contribui para o esfacelamento de todos os tecidos da sociedade,
para a construção deste ambiente caótico e perverso que tem se tornado o
mundo hodierno.
- O resultado disso tudo é aquele já
descrito por Moisés no livro do Gênesis com relação ao mundo
antediluviano: a multiplicação da maldade do homem sobre a terra, a
contínua maldade de toda a imaginação dos pensamentos do homem, a
corrupção generalizada e a pletora da violência (Gn.6:5,11,12).
- A multiplicação do pecado em nossos
dias está diretamente relacionada a esta corrupção da instituição
familiar. Se o individualismo, egoísmo e hedonismo guiam os
relacionamentos familiares, como podemos considerar como surpreendente o
aumento da infidelidade conjugal, dos abusos sexuais entre familiares,
dos crimes entre cônjuges e entre pais e filhos, cada vez mais
corriqueiros em nossos dias?
- Se os valores familiares são moldados
por uma cultura forjada no prazer a todo custo, no egoísmo desmedido,
na utilização do outro como mero instrumento para sua própria
satisfação, como entender que seria surpreendente o crescente número de
divórcios bem como a fuga do casamento como meio de institucionalização
da convivência entre as pessoas, bem assim o surgimento de figuras como o
“casamento aberto” ou “a produção independente”, sem falar na filosofia
“dinks” (“double income, no kids” – renda dobrada, nenhum filho) que
criou a figura do casamento sem filhos?
- Se os valores familiares hoje
cultivados deixam de lado a referência a Deus e à Sua Palavra, como se
admirar diante da consideração do casamento como um mero contrato, que
pode ser desfeito a qualquer momento, ou, mesmo, que seja este
casamento, por envolver comprometimento, deixado de lado, para que
uniões descompromissadas se estabeleçam, a fim de deixar cada convivente
completamente livre para, quando quiser ou achar interessante, cesse a
convivência, pouco se importando com o sentimento alheio, inclusive de
filhos?
- Se as famílias deixaram de ser
verdadeiros altares de adoração a Deus, como se surpreender se temos
igrejas espiritualmente frias, onde crianças, adolescentes e jovens não
têm qualquer formação doutrinária nas Escrituras e são doutrinados pela
mídia, fazendo com que, certamente, a próxima geração da Igreja seja
idêntica à geração israelita que se seguiu à geração de Josué, portanto
pronta a ser dominada pelo mundo e pelo pecado?
IV – REAÇÃO AOS ATAQUES CONTRA A FAMÍLIA
– Diante de tantos ataques forjados
contra a instituição familiar, como reagir a este estado de coisas, a
fim de que não haja a vitória do maligno sobre a humanidade?
- Por primeiro, ainda tomando o exemplo
do período antediluviano, vemos que Deus, mesmo tendo decidido destruir
a humanidade, preservou uma família para repovoar a Terra, a família de
Noé, pois aos olhos do Senhor Noé havia achado graça (Gn.6:8).
- Esta iniciativa divina mostra-nos que
o Senhor, mesmo diante do juízo inevitável, ama a instituição familiar.
Noé achou graça aos olhos do Senhor, mas o Senhor preservou toda a sua
família (Gn.7:1).
- Deus ama a família, não quer nem vai
destruí-la, de sorte que, mesmo diante da situação caótica em que nos
encontramos, podemos confiar em Deus, que é imutável (Ml.3:6), que Ele
nos ajudará a preservar a instituição familiar, a preservar a nossa
própria família.
- Jesus nos prova isto quando, mesmo
vivendo em uma família incrédula (Jo.7:5), cujos integrantes eram os
Seus primeiros inimigos (Mt.10:36; Mq.7:6), não subiu aos céus enquanto
não promoveu a salvação de Seus familiares, a partir da aparição a Seu
irmão Tiago (I Co.15:7), de tal modo que toda a sua família, agora
convertida, foi revestida de poder no dia de Pentecostes (At.1:14).
- O primeiro passo para reagirmos a
estes ataques do inimigo contra nossas famílias é nós mesmos acharmos
graça aos olhos do Senhor. De nada adianta querermos ter famílias que
sejam verdadeiros lares se nós mesmos não estivermos em comunhão com
Deus, se nós mesmos não formos autênticos e genuínos servos do Senhor.
Noé obteve a salvação de sua família porque, primeiro, achou graça aos
olhos do Senhor (Gn.6:8).
- Este mesmo princípio vemos
estabelecido na lei de Moisés. Primeiro, era necessário que o israelita
tivesse as palavras do Senhor em seu coração (Dt.6:6), para, então,
depois, transmiti-la a seus familiares (Dt.6:7-9).
- Já vimos, no exemplo que nos deixou o
Senhor Jesus, que, primeiro, o Senhor fez toda a vontade do Pai,
inclusive morrendo por nós na cruz do Calvário, para, então, depois,
obter a salvação de Sua família.
- O segundo passo é o de levar aos
nossos familiares a Palavra de Deus. Não há como obtermos a salvação de
nossa família, a construção de um verdadeiro lar, se não construirmos o
ambiente conforme a Palavra de Deus. A família de Noé foi salva numa
arca que foi construída consoante a Palavra que o Senhor dirigiu a Noé.
Certamente, seus filhos ajudaram-no na construção, prova de que o
patriarca transmitiu a eles o modelo que havia recebido da parte de
Deus.
- Nós, também, temos de construir a
“arca” em nossas famílias, ou seja, construir um “modus vivendi” de
acordo com a Palavra de Deus, com a Bíblia Sagrada. Durante cem anos,
Noé construiu a arca, não cessando de pregar a iminência do juízo
divino, palavra que foi crida pelos seus filhos, noras e mulher, tanto
que entraram com ele na arca, quando assim Deus determinou. Temos de
moldas as nossas vidas segundo a vontade de Deus, temos de tornar
conhecida a vontade de Deus em nossas famílias.
- Os israelitas, de igual modo,
deveriam ensinar a lei a seus filhos em todos os momentos, em todas as
situações, inclusive atando os mandamentos nas mãos e como testeiras em
seus olhos, além de escrevê-las nos umbrais das casas e nas portas
(Dt.6:7-9).
- Atar os mandamentos nas mãos tem o
significado de realizar obras de acordo com a Palavra de Deus. Somente
venceremos os ataques que o inimigo lança contra nossas famílias se as
nossas ações e atitudes forem de acordo com as Escrituras, estiverem
consoante a vontade do Senhor. De nada adianta se não formos exemplos de
fidelidade a nossos cônjuges e a nossos filhos. Nossa fé tem de ser
demonstrada pelas nossas obras, sem o que serem fatores de descrédito na
doutrina antes de ensinadores.
- Aqui é indispensável que demonstremos
amor aos nossos familiares, amor este que é mais do que um sentimento, é
um comportamento, o próprio fruto do Espírito Santo. Devemos amar os
nossos familiares, o que importa na nossa entrega em prol deles, na
renúncia de nós mesmos, o que elimina o individualismo e egoísmo que têm
sido cultivados na atualidade.
- O amor divino, que o Espírito Santo
derramou em nossos corações (Rm.5:5) faz desaparecer o egoísmo, a
competição, a deslealdade, a vingança e a violência, de tal sorte que se
pode, assim, construir o “cordão de três dobras” que não quebra tão
depressa. Deus é amor (I Jo.4:8 “in fine”) e, deste modo, agindo com
amor, trazemos a presença de Deus para a família e, com Ele, teremos
condições de vencer o maligno (I Jo.4:4).
- Ter os mandamentos como testeiras
entre os olhos é ter uma visão de acordo com a vontade de Deus. É
enxergar o mundo com os olhos de Deus, é ter olhos santos, ungidos, é
vermos o reino de Deus como prioridade e alvo de nossas vidas. Que temos
mostrado aos nossos familiares? Qual é a visão que nossas famílias têm a
respeito do mundo? Buscamos as coisas deste mundo, as coisas desta
vida, ou damos o devido valor àquilo que permanece, à nossa comunhão com
Deus? O que temos visto e posto ante nossos olhos e de nossos
familiares?
- Quando passamos a ter a visão dada
por Deus a nós, quando divisamos o reino de Deus, apesar da perplexidade
que sofremos ante o bramido do mar e das ondas, ou seja, da angústia
das nações (Lc.21:25), temos condição de enxergar Cristo Jesus, o autor e
consumador da nossa fé (Hb.12:2) e, portanto, de evitar tanto o pecado
quanto o embaraço, prosseguindo a nossa jornada, sabendo que nossa
redenção está próxima (Lc.21:28). Uma visão desta natureza impede-nos a
paralisia, mas aumenta a nossa fé e esperança em Deus.
- Mas os mandamentos também deveriam
ser escritos nos umbrais da casa e nas portas, ou seja, devemos proteger
a nossa família das investidas malignas, pois a Palavra de Deus é a
espada do Espírito, a nossa única arma de ataque contra as hostes
espirituais da maldade (Ef.6:13,17).
- A Palavra de Deus deve ser utilizada,
em nossos lares, como arma contra as mentalidades, os pensamentos e as
mentiras advindas do adversário de nossas almas. Não podemos nos moldar
aos valores mundanos, não devemos permitir que haja a doutrinação
maligna em nosso ambiente familiar, mas, sim, devemos sempre estar a
ensinar a sã doutrina, a mostrar a verdade diante de tudo que é
propalado e difundido pelo mundo hodierno.
- Através da Palavra de Deus, alcançamos
a santificação de nossas famílias (Jo.17:17) e o resultado é que nos
aproximamos ainda mais de Deus, fortalecemos a nossa comunhão com Ele e,
desta maneira, ficamos mais fortalecidos para enfrentar os ataques
contra a nossa família, que será um altar genuíno do Senhor, onde o fogo
jamais se apagará, arderá continuamente (Lv.613), tornando nossa casa
num “cantinho do céu”, ou como diz conhecida canção, “a esperança de um
céu aqui mesmo e depois”.
Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco
Fonte: PortalEBD
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