(Fp 3.17-21)
INTRODUÇÃO
Nesta lição definiremos o termo “confrontar”. Veremos também, a importância de estarmos preparados para defender a nossa fé com “mansidão e respeito” (I Pe 3.15). Destacaremos quem eram os “inimigos da cruz” de
quem se refere o apóstolo Paulo e quais eram as características que
identificavam estes tais, como opositores do verdadeiro evangelho. Por
fim, pontuaremos o que significa ser inimigo da cruz a fim de que
possamos hoje distinguir estes hereges e assim “batalharmos pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 1.3).
I - DEFINIÇÃO DO TERMO “CONFRONTAR”
O Aurélio define a palavra “confrontar” como: “pôr frente a frente”. Já a expressão “confronto” por sua vez significa: “ato ou efeito de confrontar. Paralelo, comparação”.
O sentido é de comparar a tradução com o original para verificar se
estava fiel. Na Teologia, a prática de defender a fé é chamada de “apologia”. Em si esta palavra também significa “confrontar”, visto que o sentido é de “comparar a interpretação bíblica com o seu sentido original”.
O Dicionário Teológico de Claudionor de Andrade define a apologia da fé
cristã como a ciência que tem por objetivo defender as verdades
centrais da fé cristã, mostrando, de forma sistemática, racional e
lógica, a veracidade, a singularidade, a supremacia e a origem divina
das Sagradas Escrituras como a Palavra de Deus e como a nossa única
regra de fé e prática (CLAUDIONOR, 2006, p. 56). O apóstolo Pedro
exorta-nos dizendo “estai sempre PREPARADOS para RESPONDER com MANSIDÃO e TEMOR a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (I Pe 3.15-b).
II - O QUE SIGNIFICA SER INIMIGO DA CRUZ
As palavras do apóstolo definem estes homens hereges como “inimigos da cruz de Cristo”.
Esta acusação feita por Paulo indica a corrupção tanto de doutrinas
como da prática diária. Eles interpretavam mal a liberdade cristã,
considerando-a liberdade de toda restrição moral (Rm 6.1). Isto
significa dizer que, um grupo desses gentios libertinos não eram diretamente opositores da pessoa de Cristo, e sim, das doutrinas que ensinavam os cristãos a terem uma vida piedosa. Portanto, “ser inimigo da cruz”,
significa querer um cristianismo sem três coisas fundamentais exigidas
pelo próprio Jesus, àqueles que querem segui-lo (Mt 16.24,25).
· Renúncia. “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo” (Mt
16.24-a). Os gnósticos libertinos desejavam conciliar seguir a Cristo e
viver segundo os prazeres carnais. Mas, ser cristão é estar disposto a
renunciar as obras da carne para viver uma vida no Espírito (Rm 6.12-19;
8.1,4; I Pe 1.13-16).
· Sacrifício. “tome sobre si a sua cruz” (Mt
16.24-b). De acordo com a Lei, ao sacrificar um animal, o sacerdote
deveria matá-lo, cortá-lo em pedaços e colocar sobre o altar. Na
perspectiva paulina, o culto cristão consiste em apresentar os nossos
corpos em “em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12.2-b).
· Morte. “Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á” (Mt
16.25). Essa morte a que Jesus se refere, pode ser tanto a morte do
“eu” quanto, se preciso for, por causa da lealdade a Cristo, sofrer o
martírio (Lc 14.26; Gl 2.20; Ap 2.10). O batismo nas águas, uma das
ordenanças de Cristo, é um símbolo da morte e ressurreição que cada
discípulo se submete numa confissão pública de fé da parte daquele que
está disposto “a morrer para o mundo e viver para Deus” (Rm 6.4; Cl 2.12).
III - QUEM ERAM OS INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO EM FILIPOS
3.1 “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando” (Fp 3.18-a). Segundo Paulo eram muitos aqueles que procuravam perverter o evangelho. Deve-se ressaltar também que esses “inimigos da cruz” eram
crentes professos que viviam no seio da igreja. A Bíblia na versão ARA
(Almeida Revista e Atualizada) traduz (Fp 3.18-a) da seguinte forma: “Pois muitos andam entre nós”. Pela
palavras do apóstolo, percebemos que ele já havia advertido os crentes
filipenses a respeito desses homens que propagavam heresias “dos quais muitas vezes vos disse” (Fp
3.18-b). Infelizmente, tanto externa quanto internamente se levantariam
hereges que iriam tentar desfocar o rebanho com interpretações errôneas
do evangelho. Isto fazia o apóstolo Paulo derramar lágrimas pelo
cuidado que tinha com a Igreja de Deus “e agora também digo, chorando” (Fp 3.18-c). Confira também (At 20.31).
3.2 “Que são inimigos da cruz de Cristo” (Fp 3.18). Dois grupos se pessoas se destacam aqui como os “inimigos da cruz de Cristo” os judaizantes e os gentios gnósticos. Vejamos algumas informações sobre esses no que eles acreditavam:
3.2.1 Os judaizantes. Movimento surgido nas primeiras
décadas da Igreja Cristã, cujo objetivo era forçar os crentes gentios a
observar a Lei de Moisés, principalmente a Lei cerimonial, que incluía: a
prática da circuncisão, a abstinência de alguns alimentos e a guarda do
sábado e dias tidos como especiais (Cl 2.16-23). Por isso Paulo se
refere a estes como:
“guardai-vos da circuncisão” (Fp 3.2-c). Na
verdade, esse movimento pretendia reduzir o Cristianismo a uma mera
seita judaica. Contra esta perspectiva errônea, Paulo se interpôs
veementemente em suas cartas (Rm 3.28; Gl 2.16; 3.11; 3.24), mostrando
que o verdadeiro sentido espiritual da circuncisão é o despojar-se
(tirar de sobre si) da carne (Fp 3.3; Cl 2.11).
CIRCUNCISÃO NA CARNE
Ritual da Lei (Lv 12.3; Gl 5.3)
Involuntária (Gn 17.12-14)
Ato físico e humano (Lv 12.3; Gn 17.11-a)
Simbolizava a separação do pecado (Gn 17.11-b)
Identidade do povo de Israel (Gn 17.10-14; Êx 12.44-49)
BATISMO ESPIRITUAL
Doutrina da graça (Rm 6.3-5)
Voluntário (Rm 4.11)
Ato espiritual e divino (Cl 2.11)
Simboliza o sepultamento de uma criatura irregenerada e seu
novo
nascimento (Cl 2.12)
Identidade da Igreja de Cristo (Gl 6.15; Fp 3.3)
3.2.2 Os gnósticos. Uma heresia dos primórdios do cristianismo. O termo “gnose” do grego gnônis, significa:
“conhecimento, sabedoria”. Portanto, diz respeito a um “pretenso conhecimento da divindade que, esotericamente, se transmite através da tradição e mediante vários ritos de iniciação”. Esse
movimento surgiu a partir de filosofias pagãs mais antigas que o
próprio cristianismo, que floresceram na Babilônia, Egito, Síria e
Grécia. Assim, o gnosticismo uniu a filosofia pagã com as doutrinas
apostólicas do cristianismo, tornando-se uma forte influência na igreja.
Vejamos os dois grupos gnósticos e seus pontos de vista e a perspectiva
paulina quanto as suas doutrinas:
PONTOS DE VISTA DOS GNÓSTICOS X PERSPECTIVA PAULINA
1) A libertinagem exaltada. Certos mestres gnósticos
ensinavam que “a libertinagem era a lei de Deus”. Como o corpo era mau,
devia ser entregue desenfreadamente aos
seus desejos, pois isto não afetaria em nada o espírito.
Na visão de Paulo o homem é corpo, alma e espírito (I Ts 5.23). Logo,
não há possibilidade de pecar com o corpo e não prejudicar o espírito
(Rm 8.8; II Co 7.1). Ademais, o nosso corpo é templo e morada do
Espírito Santo (I Co 6.19,20).
2) O ascetismo exaltado. Eles ensinavam que, por ser o
corpo essencialmente mau, deveria ser tratado com severidade, regras
rígidas, flagelamento, privações, isolamento, jejuns forçados, desprezo
pelo casamento e pelo mundo material.
Para Paulo a salvação é pela graça independente das obras da Lei (Rm
3.28; Ef 2.8); De modo que apesar de ensinar os cristãos a viverem no
Espírito, dominando a sua natureza caída (Rm 8.1;Gl 5.16), não lhes
proibia casar para se satisfazerem sexualmente com o seu cônjuge (I Co
7.1-4,7,9). O apóstolo não ensinava que a vida do cristão deveria estar
isolada do mundo (I Co 5.9-11; Fp 2.15).
IV – CARACTERÍSTICAS DOS INIMIGOS DA CRUZ
Paulo exortou os cristãos filipenses a seguirem seu exemplo e dos que
procedem como ele (Fp 3.17). No entanto, a cerca dos hereges, Paulo cita
as indicações de como eles agem, a fim de que aqueles servos de Deus
soubessem fazer a diferença entre o verdadeiro e o falso. Eis algumas
características dos inimigos da cruz: (1) “cujo Deus é o ventre” (Fp 3.19-b) - como podemos ver , seu deus, ou seja, o objeto supremo de sua preocupação, era o ventre. A referência não foi feita apenas à glutonaria, mas os excessos sexuais; (2) “e cuja glória é para confusão deles” (Fp
3.19-c) - A glória dessa gente não consiste de algum lugar nos lugares
celestiais (Ef 1.3) e nem na cruz (Gl 6.14) tampouco de Cristo e de Deus
Pai (I Co 1.30,31). Antes, gloriam-se em si mesmos, no seu próprio
intelecto ou em alguma realização que consideram ser de extremado valor,
mas que na opinião paulina “é para confusão deles”; (3) “que só pensam nas coisas terrenas” (Fp
3.19-d) – Faltava a estes homens o desejo intenso pela aquisição das
coisas espirituais, pois faziam do próprio “eu” e das coisas terrenas o
grande alvo da sua existência. Paulo diz que o fim destes “é a perdição” (Fp 3.19-a).
CONCLUSÃO
Não são poucos aqueles que têm se levantado contra o verdadeiro
evangelho de Cristo, pregando heresias e tentando reduzir o cristianismo
a dois perigosos extremos: legalismo e a libertinagem. Diante destes
dois desafios devemos como cristãos estar preparados para defender a
nossa fé e nos conservarmos “irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (I Ts 5.23).
REFERÊNCIAS
· CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
· STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
· ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
COMENTÁRIOS - SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DA ASSEMBLEIA DE DEUS EM RECIFE/PE
Fonte: http://www.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/cod/280 Acesso em 26 ago.2013.
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