Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife /
PE
Superintendência das
Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton
José Alves
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(Lc 2.1-7)
INTRODUÇÃO
Nesta
lição, veremos algumas profecias do AT que tratam do nascimento de Jesus,
estudaremos alguns aspectos relacionados quanto ao local de sua natividade e a
observância da Lei pelos seus pais. Ainda analisaremos a doutrina do auto
esvaziamento ou kenosis e também da união das duas naturezas que conhecemos
como união hipostática.
I - O NASCIMENTO DE JESUS E AS PROFECIAS DO AT
Muitas pessoas duvidam que Jesus
tenha realmente nascido e existido, mas muitos historiadores escreveram sobre
Ele como os historiadores romano Tácito,
Plínio, o historiador judeu Flávio Josefo e até o Talmude se refere a
Jesus de Nazaré como uma pessoa histórica. Os dois primeiros capítulos do
Evangelho de Lucas preocupam-se com as circunstâncias do nascimento de Jesus e
indicam claramente que a vinda do Salvador foi uma intervenção direta de Deus
nos negócios humanos. Há mais de trezentas referências do AT que se
cumpriram em Jesus. Vejamos algumas:
PROFECIA
|
PROFETIZADO
EM:
|
CUMPRIDO EM:
|
O Messias seria filho
da mulher
|
Gn 3.15
|
Gl 4.4
|
O Messias seria
descendente de Abraão, Isaque e Jacó
|
Gn 12.3; 17.19;
28.14
|
At 3.25; Lc
3.23; Mt 1.1-13
|
O Messias descenderia
da tribo de Judá
|
Gn 49.10; Sl
2.6-9
|
Lc 3.33,34; Mt
1.2-3
|
O Messias descendente
de Davi e herdeiro do trono
|
II Sm 7.12-13;
Sl 132.11; Jr 23.5
|
Mt 1.1,6
|
O Messias nasceria de
uma virgem
|
Is 7.14
|
Mt 1.18 Lc
1.26-35
|
O Messias seria chamado
do Egito
|
Os 11.1
|
Mt 2.15
|
O Messias nasceria em
Belém
|
Mq 5.2
|
Mt 2.1-2
|
II – O NASCIMENTO DE JESUS, LOCAL E O TEMPO
Sete
séculos antes de Cristo, já havia profecia sobre seu nascimento. O profeta
Miqueias é bem explícito em indicar o lugar desse acontecimento de forma
peremptória (decisiva, incontestável) e inegável dando-lhe seu antigo nome
aramaico Efrata, além do nome hebraico Belém, ambos significando “casa de
pão”. Tanto a divindade como a humanidade de Cristo são claramente
apresentadas neste versículo: como
Homem, nasceu na estrebaria em Belém; como Deus, existia “desde os tempos
antigos, desde os dias da eternidade” (Is 7.13,14; 9.6,7) (SHEDD, 1997,
p. 1287 – acréscimo nosso). Lucas é o único autor dos Evangelhos que data o seu
material relacionando-o com o imperador reinante da época (Lc 3.1). Analisemos:
3.1 “E aconteceu naqueles dias que saiu um decreto da parte
de César Augusto, para que todo o mundo se alistasse” (Lc 2.1). A expressão “Todo o mundo...”
significa todo o império romano, e não todo o mundo conhecido. Augusto ordenou
que se fizesse um alistamento do império, o qual serviria de base para o
lançamento dos impostos. O decreto foi assinado cerca de 8 a.C., mas
provavelmente não entrou em vigor senão alguns anos mais tarde (MOODY, sd, p.
13).
3.2 “Este primeiro alistamento foi feito sendo Quirino
presidente da Síria” (Lc 2.2). Sulpicius
Quirinius foi eleito governador da Síria em 6 d.C., e realizou um recenseamento
na Judéia naquela ocasião. Há boas evidências de que ele foi governador duas
vezes, e que o seu primeiro governo foi de 4 a.C. a 1 d.C. O recenseamento
anterior devia estar terminando quando ele assumiu o governo pela primeira vez
(MOODY, sd, p. 14).
3.3 “E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade” (Lc 2.3). Na Judeia cada homem voltava à cidade dos
seus ancestrais onde ficavam guardados os registros de sua família. Tanto José
quanto Maria (que estava prestes a dar à luz) eram descendentes de Davi e,
portanto, foram para a capital da sua tribo para serem registrados, uma viagem
difícil de mais de 112 quilômetros através de um terreno montanhoso (MACARTHUR,
2011, p. 11).
III – O
NASCIMENTO DE JESUS E A OBSERVÂNCIA DA LEI
Lucas
passa a nos contar algo acerca do menino Jesus (Lc 2.21-40). Sua coletânea de
informações é maior do que em qualquer dos demais Evangelhos. A circuncisão (Lc
2.21). Jesus foi circuncidado no oitavo dia de acordo com a lei judaica (Gn
17.12). Nasceu “sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei”
(G1 4.4-5) e foi, portanto, sujeitado às exigências da lei. Lucas dá ênfase à
nomeação do menino, como lhe chamara o anjo. A apresentação no Templo (Lc
2.22-24). Duas cerimônias bem separadas são envolvidas aqui: a apresentação do
menino e a purificação da mãe. A apresentação do menino segue-se do fato de que
todo primogênito ao Senhor será consagrado (Êx 13.2, 12, 15; Nm 18.15). Embora
Lucas não mencione o fato, sem dúvida os cinco siclos usuais foram pagos para
“redimir” o primogênito (Nm 18.15-16).
A lei
levítica estipulava que, depois do nascimento de um filho, uma mulher ficaria
impura durante os sete dias até a circuncisão do menino, e que, por mais trinta
e três dias, devia manter-se afastada de todas as coisas sagradas num total de
40 dias de purificação (para uma filha, o tempo era dobrado Lv 12.1-5). Na
ocasião, devia sacrificar um cordeiro e uma pomba ou pombo. Se fosse pobre demais
para um cordeiro, bastaria uma segunda pomba ou pombo (Lv 12.6-13). A oferta de
Maria, portanto, foi a dos pobres.
IV - O NASCIMENTO DE JESUS E O “AUTO-ESVAZIAMENTO” OU
KENOSIS
O
vocábulo “kenosis”, é oriundo do verbo grego, “kenoun”, que significa
“esvaziar”. Talvez ele tenha relação com expressões do AT na Septuaginta
(Tradução do Antigo Testamento para o hebraico), que descreve o ato de
“derramar” (Gn 24.20), “esvaziar” (Is 53.12). A expressão “ekenôsen” não
tem a intenção de falar do sentido metafísico, isto é, que Cristo tenha se
despojado de seus atributos divinos, mas é uma expressão da totalidade de sua
autorrenúncia. Ele não quis usar de todos os seus direitos pessoais e seus
interesses a fim de assegurar o bem-estar dos outros (MOODY, sd, p. 15). Abaixo
destacaremos duas interpretações da kenosis para melhor nosso melhor
entendimento:
4.1 A maneira errada desta doutrina. A
kenosis ou Teoria Kenótica ou ainda Teologia Kenótica surgiu quando vários
teólogos interpretaram Filipenses 2.5-7 erroneamente ensinando que Jesus deixou
de ser Deus no seu auto esvaziamento. Essa opinião da doutrina da kenosis
postula que Jesus se “esvaziou da forma de Deus”, retendo apenas
os atributos éticos de sua divindade como amor, misericórdia, paz etc, e abriu
mão dos atributos infinitos como onipotência, onipresença, onisciência
assumindo qualidades humanas.
4.2 A maneira correta desta doutrina. Concordamos com a ideia do “auto esvaziamento de
Cristo”, mas não com a noção de que ele deixou de ser divino, como alguns
teólogos afirmam. A kenosis foi mais uma aquisição de atributos humanos
do que uma desistência dos atributos divinos. O Logos se tornou carne
e, enquanto nesta forma, assumiu uma subordinação temporária. Em outras
palavras, sendo o Deus encarnado, ele livremente deixou de usar seus atributos
(não deixou de tê-los) especialmente os atributos incomunicáveis, como
onipresença ou onipotência, embora estes atributos ainda fizessem parte de sua
natureza divina. [...] ao retornar ao trono celestial, ele assumiu novamente a
plena igualdade, em todos os sentidos, com o Pai (FERREIRA, 2010, pp. 529,530).
V - O NASCIMENTO DE JESUS E A UNIÃO “HIPOSTÁTICA” OU A
UNIÃO DAS DUAS NATUREZAS
A
afirmação correta da plena divindade de Cristo, bem como de sua plena humanidade,
tem implicações soteriológicas fundamentais. Cristo é 100% Deus e 100% homem. A
doutrina da união “hipostática” é definida pela existência de Cristo em
duas naturezas, divina e humana, que não se fundem nem se alteram; por outro
lado, não se separam e nem se dividem, compondo e estabelecendo uma só pessoa e
uma só “subsistência” eternamente (GRUDEM, 1999, p. 454). Em suma, isso quer
dizer que Cristo é plenamente divino e totalmente humano para todo o sempre,
visto que Cristo, mesmo agora, na eternidade, possui um corpo humano (At 1.11;
Ap 5.6). Vejamos:
5.1 Jesus é plenamente Deus. Há abundante relato bíblico afirmando a divindade de
Cristo. Jesus é apresentado na Escritura como sendo preexistente (Jo 1.3; 1Co
15.47), qualidade logicamente restrita à Deidade. O Senhor também manifestou,
mesmo em sua primeira vinda, todos os atributos chamados incomunicáveis,
logicamente pertencentes somente a Deus (Jo 17.5; Hb 13.8; Mt 18.20; Jo 2.23;
Jo 5.17; etc.). Do fato de Cristo ter, ele mesmo, perdoado pecados (Mt 9.2),
aceitado adoração (Jo 13.13), exercido poder sobre demônios e realizado
milagres e sinais (Jo 5.21), além de ter declarado explicitamente sua divindade
(Jo 10.30), depreende-se também a realidade de sua natureza divina.
5.2 Jesus é plenamente homem. Tal como a Escritura declara nitidamente a divindade
de Cristo, aponta também sua plena humanidade. Esta humanidade pode ser vista
no fato de que Cristo chamava a si mesmo por nomes que designam humanidade (Lc
19.10), e foi assim chamado por seus apóstolos (1Tm 2.5). Como homem, Cristo
esteve sujeito às limitações condizentes ao ser humano: sentiu fome, sede, se
cansou, chorou etc. (Mt 4.2; Jo 19.28; 4.6; 11.35). Cristo também possuía e
possui uma natureza humana completa, isto é, ele não tinha (ou tem) apenas um
corpo humano (Lc 2.52), mas também alma e espírito humanos (Mt 26.38; Lc
23.46). Em suma, Cristo, desde sua encarnação, é um ser humano completo. Em
Cristo, Deus se fez homem e, novamente, se assim não fosse, não poderia redimir
a humanidade. Quem recebeu a promessa de morte não foi o corpo de um ser
humano, mas um homem completo, com sua constituição material e imaterial. Logo,
somente alguém que possuísse uma natureza humana completa poderia sofrer a
penalidade estipulada (MORRIS, 2007, p. 83).
CONCLUSÃO
Aprendemos
que Jesus é Deus, que há diversas profecias a seu respeito no AT que se
cumpriram cabalmente no NT, e ainda estudamos sobre duas importantes doutrinas
sobre a pessoa do Cristo, a saber, a doutrina do auto esvaziamento e a das duas
naturezas com suas inferências na ortodoxia cristã.
REFERÊNCIAS
·
FERREIRA. Franklin, MYATT. Alan, Teologia Sistemática. Vida Nova.
2008.
·
GRUDEM. Wayne. Teologia Sistemática: Atual e Exaustiva. Vida
Nova. 1999
·
MACARTHUR, John. I.ucas: Estudos Bíblicos. Editora Cultura
Cristã. 2011.
·
MORRIS, Leon L. O
evangelho de Lucas - introdução e comentário. Vida Nova. 2007.
·
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
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