Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife /
PE
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Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton
José Alves
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2º
TRIMESTRE 2015
(Lc 4.1-13)
INTRODUÇÃO
Em Lucas 4.1-13 encontramos o registro da tentação de Jesus. O Filho do
Homem foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto, a fim de ser tentado pelo
diabo. Neste ambiente hostil e sobre fortes e sedutoras tentativas diabólicas,
o nosso Senhor conseguiu vencer as artimanhas do Maligno utilizando-se da
espada do Espírito – a Palavra de Deus.
I – A TENTAÇÃO DE JESUS
SEGUNDO O EVANGELHO DE LUCAS
Após ser batizado por João Batista no Jordão (Lc 3.21,22), Jesus foi
conduzido pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado. Mas alguém pode
perguntar: como
era possível que o Jesus sem pecado fosse tentado? Devemos antes de mais nada
observar que o que foi tentado foi sua natureza humana. Jesus não só era Deus;
ele era também homem. O episódio da tentação está registrado nos três evangelhos sinóticos (Mt 4; Mc 1.13; Lc 4). No
entanto, o registro lucano nos fornece alguns detalhes a respeito desse fato
que abaixo iremos destacar:
1.1
O lugar da tentação (Lc 4.1). O
referido texto nos mostra que Jesus foi tentado no deserto “E Jesus […]
foi levado [...] ao deserto”. A palavra deserto no grego “eremía”
e “éremus” significam, ambos, “deserto” ou “lugar
ermo”, ou seja, não somente um verdadeiro deserto, mas também um lugar
desabitado ou escassamente habitado. “A zona
desabitada da Judéia ocupava a parte central que era o espinho dorsal da parte
sul da Palestina. Entre esta zona e o Mar Morto havia um deserto terrível, de
cinquenta quilômetros por vinte e cinco. As colinas eram como acumulações de
pó; a pedra calcária parecia amolada e descascada; as rochas nuas e trincadas;
o solo parecia oco sob os cascos dos cavalos; brilhava com o calor como uma
grande fornalha e terminava em precipícios de quatrocentos metros de altura,
que se precipitavam ao redor do Mar Morto. Nesta aterradora desolação Jesus foi
tentado” (BARCLAY, 1955, p. 39).
1.2
O tempo da tentação (Lc 4.2-a). O relato de Mateus indica que foi “após os quarenta dias de jejum”
que a tentação teve inicio (Mt 4.1). Mas Lucas diz especificamente que a tentação durou todo esse tempo “e quarenta
dias foi tentado pelo diabo”. Isso é muito mais vívido e perturbador. A
tentação foi prolongada e severa. Contudo, Jesus, apesar da tensão e da fome,
mostrou-se vitorioso. É interessante destacar que as tentações que Cristo
sofreu não resumiram-se ao deserto (Lc 22.28). O diabo deu uma trégua
temporária depois do episódio no deserto, mas logo retornaria para importunar o
Mestre (Lc 4.13). Como podemos ver, o Salvador viveu
constantemente sob a pressão do diabo, que é uma personalidade real, embora não
seja necessariamente visível.
1.3
O agente tentador (Lc 4.2-b). O
referido texto nos informa que quem tentou Jesus foi o próprio diabo “e
quarenta dias foi tentado pelo diabo”. Os outros evangelistas também
asseveram isso (Mt 4.3; Mc 1.13). A Bíblia nos mostra que ele é o
principal agente da tentação (Gn 3.1; II Co 11.3; I Ts 3.5; I Pe 5.8). O
registro lucano informa quais as artimanhas do Inimigo para esse fim: (a)
o diabo chegou-se a Jesus no deserto valendo-se de que ele estava sozinho (Mt
4.1; Lc 4.1); (b) aproveitou um momento que o Mestre se encontrava
debilitado fisicamente (Mt 4.2; Lc 4.2); (c) com a expressão “se” talvez quisesse colocar dúvida na mente de
Cristo (Lc 4.3); (d) tentou três vezes, pois entendia que a insistência
podia fazer o Filho de Deus ceder (Lc 4.3); e, (e) usou a Palavra de
Deus de forma distorcida para ludibriar (Lc 4.10,11).
II
– AS PROPOSTAS DO INIMIGO NA TENTAÇÃO
Lucas
apresenta uma sequência de tentações diferente da do evangelho de Mateus,
contudo o relato de Lucas não afirma ser cronológico. Não sabemos por que Lucas
inverte a ordem das duas últimas tentações, e não há proveito em especular a
respeito disso. O que deve ser destacado é que a tentação foi uma realidade. “Jesus
é colocado em teste para determinar se possui as qualidades necessárias para
ser o Salvador, o Cristo e o Senhor. O diabo, seu arqui-inimigo, confronta
Jesus e tenta seduzi-lo antes do inicio de seu ministério. Seu objetivo é
frustrar o plano de salvação de Deus logo no principio, induzindo Jesus a
faltar com sua palavra para com Deus” (TOKUMBOH, p. 1241).
2.1
Duvidar da revelação recebida (Lc 4.3).
No batismo, Jesus ouvira do céu a declaração do Pai dizendo: “Tu és o meu
Filho amado, em ti me comprazo” (Lc 3.22-b). No entanto, no deserto, o
diabo o tentou a duvidar dessa declaração, quando o quis incitar a transformar
as pedras em pão como evidência de sua filiação divina (Lc 4.3). Em primeiro
lugar, Jesus não precisava provar para Satanás que ele era o Filho de Deus,
pois Satanás sabia disso (Mc 5.7; Lc 8.28). Em segundo lugar Jesus
não compôs a sua própria resposta para o tentador, mas extraiu a sua resposta
da revelação das Escrituras (Dt. 8.3; Lc 4.4). O homem precisa de pão,
mas o pão não serve para todas as necessidades. A gratificação material dos
apetites não pode nunca satisfazer os mais profundos anseios do espírito
humano.
2.2
Apossar-se de forma prematura dos direitos de Messias (Lc 4.5-8). Lucas
enfatiza o fato de que o Maligno fez aparecer diante de Jesus toda a pompa
deste mundo, alegando ser dele (Jo 12.31; 14.30; 16.11). Na verdade Cristo
Jesus é herdeiro de tudo (Rm 8.17; Hb 1.2). Todavia, a Escritura nos mostra que
todas as coisas lhe estariam sujeitas no devido tempo (Hb 10.13; Ap 11.15).
Querer tomar posse dos reinos antes de passar pela cruz era contrariar o plano
divino. Mas, Jesus estava comprometido plenamente com a vontade divina (Jo
4.34; 5.30; 6.38; Hb 10.7).
2.3
Testar a revelação recebida (Lc 4.9-12).
“A tentação pode ter sido no sentido de
operar um milagre espetacular mas sem razão de ser, a fim de compelir a
maravilha e a crença de certo tipo. A tentação pode ter sido, conforme a
resposta de Jesus parece indicar, a de ser presunçoso com Deus ao invés de
confiar nele humildemente. O Maligno nesta ocasião cita a Escritura (Sl
91.11-12) para assegurar Jesus que Ele ficaria bastante seguro. Este, porém, é
um emprego errôneo da Bíblia. E torcer um texto para servir um propósito. Jesus
rejeita esta tentação, conforme fizera com as outras duas, ao apelar para o
significado verdadeiro da Bíblia (Dt 6.16). Não cabe ao homem submeter Deus ao
teste, nem sequer quando o homem é o próprio Filho de Deus encarnado” (MORRIS,
2007, p. 98,99).
III – A IMPECABILIDADE DE
JESUS CRISTO
“A
impecabilidade de Cristo, pois, deve significar mais do que a rejeição de atos
pecaminosos; ele nunca favoreceu a atitude do pecado; não pecou em seus desejos
e em seus motivos, muito menos em suas ações. Ele mesmo deixou claro que o pecado
reside nos desejos e motivos dos homens, e não apenas em atos pecaminosos”
(CHAMPLIN, 2006, p. 523). A respeito de
Cristo o escritor aos Hebreus diz que ele “em tudo foi tentado” (Hb
4.15-a). Como Deus ele não podia ser tentado, mas como homem passou por
diversas tentações (Lc 22.28; Hb 2.18). A tentação na vida de Cristo nos ensina
que ele era perfeitamente homem (Jo 1.14; Fp 2.7). Foi tentado a fim de se
identificar com a raça humana e ser constituído o nosso sacerdote (Hb 2.17;
4.15; 5.2). Diz ainda a Bíblia apesar de em tudo ser tentado, permaneceu
“sem pecado” (Hb 4.15-b). Tanto no Antigo quanto o Novo
Testamento ensinam claramente a impecabilidade do Messias (Jr 33.16; Is 53.6; II Co
5.21; Hb 4.15; 7.26; 9.14; I Pe 1.19). Ele nasceu sem pecado (Lc 1;.26-35).
Viveu de forma irrepreensível durante toda a sua vida (Mt 27.19; Lc 23.47; Jo
18.38). Por isso, sendo perfeito, tornou-se o sacrifício perfeito pelos pecados
do mundo (Is 53.12; Hb 7.26-28).
IV – O CONTRASTE ENTRE
ADÃO E CRISTO
A queda do homem se deu
quando o primeiro Adão, como representante da humanidade, cedeu à tentação do
diabo (Gn 3). Assim começou o pecado (Rm 5.12). Do mesmo modo agora, quando o
ministério público de Jesus estava para ter início, era oportuno que ele, como
o segundo Adão, resistisse à tentação do diabo e prestasse obediência perfeita
a Deus.
Na tabela abaixo destacaremos os contrastes entre Adão e Cristo.
ADÃO
|
CRISTO
|
Sendo homem queria ser Deus (Gn 3.5,6)
|
Sendo Deus se fez homem (Fp 2.6)
|
Foi tentado no Éden e caiu (Gn 3.6)
|
Foi tentado no deserto e venceu (Lc
4.1-2)
|
Trouxe o pecado ao mundo (Rm 5.12)
|
Tira o pecado do mundo (Jo 1.29)
|
Prejudicou toda a raça humana com seu
pecado
(Rm 5.12,19-a)
|
Beneficiou toda a raça humana com sua
justiça
(Rm 5.17-19)
|
Nele morremos (I Co 15.22-a)
|
Nele somos vivificados (I Co 15.22-b)
|
Herdamos a natureza pecaminosa (Ef 2.3)
|
Herdamos a natureza divina (II Pe 1.4)
|
V
– APRENDENDO COM JESUS A VENCER AS TENTAÇÕES
·
Vivendo cheio do Espírito Santo (Lc 4.1-a).
·
Orando sempre (Lc 4.2; Mt 26.41).
·
Praticando regularmente o jejum (Lc 4.2).
·
Vigiando (Lc 4.3-13; Mc 14.34).
·
Usando a Palavra, a espada do Espírito (Lc 4.4,8,12).
CONCLUSÃO
Que Cristo tornou-se perfeitamente
homem, Lucas deixa evidente pela sua genealogia até Adão e pela tentação no
deserto. Jesus, como o segundo Adão, venceu o diabo e mostrou ser o homem
perfeito apto para ser o nosso sacerdote e o sacrifício perfeito pelos nossos
pecados.
REFERÊNCIAS
·
ADEYEMO, Tokunboh. Comentário Bíblico Africano.
MUNDO CRISTÃO.
·
BARCLAY, William. Comentário do Novo Testamento. PDF.
- CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
- MORRIS,
Leon, L. Lucas: Introdução e Comentário. VIDA NOVA.
- STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Fonte: http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/baixar-licao/cod/373
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