Texto Bíblico: Mt 18.21-35.
Texto bíblicos Mt 13.24-30
Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?
Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete.
Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos;
E, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos;
E, não tendo ele com que pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse.
Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei.
Então o Senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida.
Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves.
Então o seu companheiro, prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei.
Ele, porém, não quis, antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.
Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito, e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara.
Então o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste.
Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?
E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que lhe devia.
Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas.
Objetivos da Lição
Após a aula seu aluno deverá: Compreender o valor do bom relacionamento, especialmente entre irmãos. Praticar o perdão gracioso de Deus.
Introdução
Estudaremos nesta lição a parábola do perdão, ou como é mais conhecida a parábola do credor incompassivo, registrada no evangelho de São Mateus cap. 18. Esta parábola tem como propósito mostrar a aplicação do perdão, tanto de Deus para conosco, quanto de nós para com o nosso próximo. Esta parábola nos mostra a necessidade de usarmos de misericórdia e perdão como os nossos devedores, assim como Deus nos perdoa também. Esta parábola iniciou-se mediante a pergunta de Pedro; Quantas vezes devo perdoar meu irmão,sete ?
Pedro pensava ser sete vezes o suficiente, mas o Senhor lhe diz setenta vezes sete. É claro que o Senhor não estava falando em uma regra totalizando em 490 vezes, mas para melhor entendimento o Ele lhes falou uma parábola para lhes mostrar como deveria ser o relacionamento entre os irmãos.
Vejamos antes de tudo o que é perdão!
I - O que é o Perdão?
Em termos populares podemos entender o perdão como:
- Um processo mental ou espiritual de cessar o sentimento de ressentimento ou raiva contra outra pessoa, decorrente de uma ofensa percebida, diferença ou erro, ou cessar a exigência de castigo ou restituição.
- O perdão é o esquecimento completo e absoluto das ofensas, vem do coração, é sincero, generoso e não fere o amor próprio do ofensor. Não impõe condições humilhantes tampouco é motivado por orgulho ou ostentação. O verdadeiro perdão se reconhece pelos atos e não pelas palavras.
Biblicamente a palavra grega traduzida como "perdoar" significa literalmente cancelar ou remir. Significa a liberação ou cancelamento de uma obrigação e foi algumas vezes usada no sentido de perdoar um débito financeiro. Já no conceito bíblico precisamos entender que o pecador é um devedor espiritual. Uma pessoa se torna devedora quando transgride a lei de Deus (1 João 3:4).
Quando o Senhor Jesus ensinou os seus discípulos a orar, Ele usou esta linguagem ilustrativa:
"e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores" (Mt 6:12).
O perdão, então, é um ato no qual o ofendido livra o ofensor do pecado, liberta-o da culpa pelo pecado. Este é o sentido pelo qual Deus “esquece” quando perdoa (Hebreus 8:12). Não que a memória de Deus seja fraca. Por exemplo, Deus lembrou-se do pecado de Davi a respeito de Bate-Seba e Urias muito tempo depois que Davi tinha sido perdoado (2 Samuel 12:13; 1 Reis 15:5). Ele liberta a pessoa perdoada da dívida do seu pecado, isto é, cessa de imputar a culpa desse pecado à pessoa perdoada (veja Romanos 4:7-8).
A boa nova do evangelho é que Jesus pagou o preço por nossos pecados com sua morte na cruz. Quando aceitamos o convite para a salvação através de nossa obediência aos mandamentos de Deus, ele aceita a morte de Jesus como o pagamento de nossos pecados e nos livra da culpa por nossas transgressões. Não ficamos mais na posição de infratores da lei ou devedores diante de Deus. Somos perdoados!
II – Elementos da parábola
Embora a parábola seja um conjunto, podemos dividi-la em duas partes, para assim entendermos melhor a sua aplicação:
- A atitude do rei para com o seu servo.
- A atitude do servo para como o seu conservo.
1) A atitude do rei para com o seu servo
Nesta primeira parte podemos analisar quatros pontos:
a) um ajuste de conta
O versículo declara que certo rei resolveu fazer um acerto de contas com os seus servos, um deles devia dez mil talentos, foi chamado para pagar a sua conta, segundo alguns cálculos, isso equivale hoje a 30 milhões de reais.
Falamos acima que ao transgredimos a lei de Deus nos tornamos pecadores e portanto devedores a Deus, e certamente Deus nos chamara para prestarmos conta a ele.
Alegra-te, mancebo, na tua mocidade, e anime-te o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas Deus te trará a juízo (Ec 11.9)
- b) a imensa divida contraída
Embora a divida deste servo fosse muito maior do que ele poderia pagar, o generoso rei cancelou todo o debito. Assim mesmo Deus também faz ao nos perdoar, ele cancela toda a nossa divida, Deus nos perdoa através de seu filho Jesus, pois ele pagou pelos nossos pecados.
Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados são como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que são vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como a lã. (Is 1.18)
- c) a divida é impagável
O versículo diz que o servo não tendo com o que pagar apela para a compaixão do seu senhor, assim como o servo não tinha meios para pagar a sua divida, nós como pecadores jamais poderíamos para a nossa divida para com Deus.
Pois a justiça divida exige a reparação do erro. A Bíblia diz que o salário do pecado é a morte!
Assim entendemos que o destino inevitável para nós seria a morte eterna.
A grande verdade é que Deus não perdoa meramente o pecado, mas a sua justiça exige que o erro seja reparado, assim ela fica plenamente satisfeita mediante o sacrifício do Senhor Jesus, na cruz do calvário, pois ele morreu em nosso lugar.
e a vós, quando estáveis mortos nos vossos delitos e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-nos todos os delitos;
e havendo riscado o escrito de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz; (Cl 2.13,14)
- d) a compaixão graciosa perdoa toda a divida
Desesperado o servo apela ao rei para prolongar a sua divida, porem o rei compadecido da sua situação, com compaixão e misericórdia perdoa-lhe a divida.
Assim somos nos , nunca jamais poderíamos pelos nossos próprios méritos expiar a nossa culpa; pagar a nossa divida. Assim como o rei se compadeceu, Deus se compadeceu de nós, pelo seu amor e misericórdia.
Alguns definem a misericórdia de Deus da seguinte forma, mais do que uma compaixão é:
Quando Deus não nos dá o que merecemos: a morte, por causa de nossos pecados
Quando Deus nos dá o que não merecemos: a sua graça, o seu amor, o seu perdão
2) A atitude do servo para com o seu conservo
Embora o texto bíblico da lição vai apenas ate o versículo 27, a parábola prossegue, detalhando a segunda parte, ou seja, após ser perdoado pelo seu senhor, aquele servo encontra um de seus conservos,vejamos:
Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem denários; e, segurando-o, o sufocava, dizendo: Paga o que me deves.
Então o seu companheiro, caindo-lhe aos pés, rogava-lhe, dizendo: Tem paciência comigo, que te pagarei.
Ele, porém, não quis; antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.
Vendo, pois, os seus conservos o que acontecera, contristaram-se grandemente, e foram revelar tudo isso ao seu senhor.
Então o seu senhor, chamando-o á sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste;
não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, assim como eu tive compaixão de ti?
E, indignado, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse tudo o que lhe devia.
Assim vos fará meu Pai celestial, se de coração não perdoardes, cada um a seu irmão.
Mediante o texto, podemos extrair dois pontos importantes da parábola:
- a) a crueldade do servo do rei após ser perdoado da sua imensa divida, aquele servo encontrou um de seus conservos que lhe tinha uma divida incomparavelmente menor, apenas cem denarios.
O denario correspondia a salário de um dia de trabalho na época, isso significa que a divida que era uma divida pequena de um pouco mais de 3 meses.
Embora ele tivesse sido perdoado, não usou da mesma misericórdia e compaixão para com o seu conservo, ao contrario agiu cruelmente, pois cobrou a divida usando ate de violência.
O servo perdoado queria e recebeu misericórdia de seu senhor, porem não quis proceder da mesma forma para como o seu conservo, mesmo este lhe pedindo compaixão.
Muitos cristãos acreditam que já fizeram a sua parte, que já se arrependeram dos seus pecados, e agora estão livres para prosseguir. Querem trabalhar na obra, servir o reino, mas mantém em seu coração a sujeira da falta de perdão. Mesmo sabendo que Jesus nos perdoou, e continua nos perdoando todas as vezes que nos arrependemos diante do Pai; muitos de nós nos recusamos a resolver as nossas “pendências” com os irmãos.
E o perdão não é somente para grandes marcas, grandes afrontas, para os grandes inimigos. O perdão deve ser liberado para todas as situações, grandes e pequenas, contra inimigos ou amigos. Muitas vezes por situações tão pequenas, deixamos que aquela mágoa cresça dentro de nós, e sufoque o amor de Jesus em nosso coração. E aí, com o coração endurecido, não queremos perdoar. Muitas vezes nós mesmos pecamos, e não queremos pedir perdão.
Não reconhecemos as nossas falhas. Não achamos que o nosso próximo é digno de receber o nosso pedido de desculpas. Pensamos: “Ah! Eu não tenho muito contato com ele mesmo. Se eu me mantiver longe dele, não preciso resolver essa situação.”
Mas a palavra de Deus diz: “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta.” (Mt 5.23-24).
- b) o perdão revogado
A parábola diz que quando os demais conservos viram a atitude daquele servo que havia tido sua divida perdoada, eles se entristeceram muito, e declararam ao seu Senhor. Desta forma o rei se indignou na atitude do servo:
Então o seu senhor, chamando-o á sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste;
não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, assim como eu tive compaixão de ti?
Desta forma entregou o servo malvado a prisão para que a sua divida fosse toda paga.
Sabemos que o Senhor nos perdoa quando nos arrependemos. Vamos continuar carregando a culpa dentro de nós? Vamos deixar o nosso coração se endurecer dia após dia? Então o texto continua dizendo que o Senhor chamou o servo, e disse: “Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?”
Se compadecer é sentir a dor do outro, é colocar-se em seu lugar.
Muitas vezes queremos o perdão de Deus, mas não queremos perdoar, não queremos fazer a nossa parte.
Os anjos de Deus estão em todo o tempo ao nosso redor, anotando tudo o que fazemos. Deus é onisciente, ele sabe de todas as coisas. E Jesus diz: “E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra.” (Ap 22.12).
Conclusão
Assim vos fará meu Pai celestial, se de coração não perdoardes, cada um a seu irmão.
Assim como o rei da parábola castigou o servo que não soube perdoar o seu conservo, Deus também executara a sua justiça sobre nós, se não perdoarmos de todo o nosso coração aqueles que nos ofende,
A oração ensinada pelo Senhor é clara:
e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado
aos nossos devedores; (Mt 6.12)
Se não perdoarmos não seremos perdoados também.
Colaboração para o Portal Escola Dominical - Prof Jair Cesar S. Oliveira
Fonte: PortalEBD
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