Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco
Superintendência das
Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton
José Alves
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1º
TRIMESTRE DE 2016
(I Co 3.11-15)
INTRODUÇÃO
Veremos que o tribunal
de Cristo é o julgamento dos servos de Deus quanto às suas obras na Terra (2Co
5.10; Rm 14.10); é o tempo em que a Igreja permanecerá no céu com o Cordeiro e
depois voltará com Ele a fim de inaugurar o Reino Milenar. Analisaremos que
neste julgamento não seremos julgados quanto à nossa posição e condição de
salvos, e sim, quanto ao nosso desempenho como servos do Senhor. Pontuaremos
ainda que nesse grande julgamento da Igreja, todos hão de prestar contas de sua
administração (Lc 16.2; 19.13), e que naquele dia, o Senhor requererá o nosso
“relatório” (Ml 3.16-18). E por fim, concluiremos mostrando que o Senhor nos
julgará quanto à mordomia daquilo que nos entregou (Lc 12.16-20; 1Ts 5.23; 1Co
6.12; Ef 5.16; 1Pe 4.10).
I - O SIGNIFICADO DO TERMO “TRIBUNAL DE CRISTO”
Tribunal de Cristo é o primeiro dos eventos
depois do Arrebatamento da Igreja. Paulo refere-se ao Tribunal como o “bema”
(2Co 5.10). O bema era um estrado ou plataforma, utilizado por oradores
(púlpito) e atletas (pódio). Os bemas históricos eram plataformas elevadas em
que governantes ou juizes se sentavam para fazer discursos (At 12.21) ou julgar
casos (At 18.12-17). O Tribunal de Cristo é visto por alguns apenas como um
lugar de recompensas (LAHAYE, 2009, p.
462). Paulo, entretanto, chama-o de um lugar de compensação do grego “komizo”.
O Senhor atenta para o que fazemos, seja bom “aghathos” ou mau “phaulos”
e seremos compensados de acordo com nossas obras (1Co 3.10-15) (Ídem,
2009, pp. 204, 205).
II - DIFERENÇA ENTRE O TRIBUNAL DE CRISTO E O GRANDE
TRONO BRANCO
A
Bíblia diz que Jesus é o “justo juiz”, de modo que todos os julgamentos serão
justos e irrecorríveis (2Tm 4-8; 1Pe 1.17) Deus julgará tanto crentes quanto
ímpios. O julgamento dos ímpios será diante do Grande Trono Branco um
evento descrito em Apocalipse 20.15, o qual ocorre após o reino milenial de
Cristo que será o último
julgamento antes da eternidade futura. O julgamento dos iníquos levará
a um sofrimento proporcional à sua iniquidade (Mt 10.15; 11.23-24; Lc 19.27).
Já o julgamento dos justos levará a recompensas maiores ou menores, em
proporção à fidelidade de cada um (Lc 19.11-27). Os ímpios comparecerão perante
o Grande Trono Branco que se dará depois do Milênio, os crentes comparecerão
perante o Tribunal de Cristo que se dará antes do Milênio. E neste Tribunal, os
crentes serão recompensados tomando-se por base o quão fielmente serviram a
Cristo (1Co 9.4-27; 2Tm 2.5; Mt 28.18-20; Rm 6.1-4; Tg 3.1-9; 1Co 9.4-27; 2Tm
2.5; 2Tm 2.4-8; Tg 1.12; 1Pd 5.4; Ap 2.10) (LAHAYE, 2009, p. 462).
III - QUEM
SERÁ JULGADO NO TRIBUNAL DE CRISTO
A doutrina do julgamento
do crente trata-se do Tribunal de Cristo, isto é, o julgamento da igreja após o
seu arrebatamento (2Co 5.10; Rm 14.10; 1Jo 4.17). É o dia da prestação de conta
da nossa vida; da nossa mordomia cristã, da nossa diaconia. Segundo a Palavra
de Deus, o julgamento do crente é tríplice. No passado, o crente
foi julgado em Cristo, no Calvário, como pecador (2 Co 5.21). No presente,
ele é julgado como filho de Deus, durante a sua vida (1Co 11.31). No futuro,
será julgado como servo de Deus, quanto à sua fidelidade no serviço prestado a
Deus (1Co 4.2-6; 2Co 5.10). Não será um julgamento de pecados do crente (Rm
8.1; Jo 5.24), mas das obras do crente (Ap 22.12; 14.13). Todos os salvos serão
julgados, e não apenas alguns (Rm 14.10; 2Co 5.10). Neste
contexto, está claro que se referem aos cristãos, não aos não-crentes. O
Tribunal de Cristo, desta forma, envolve crentes dando contas de suas vidas a
Cristo. Não devemos olhar para o Tribunal de Cristo como Deus julgando nossos
pecados, mas sim como Deus nos galardoando por nossas obras (ZIBORDI, 2009, p. 376 – acréscimo nosso).
IV - QUANDO
E ONDE SERÁ ESSE JULGAMENTO
O Tribunal de Cristo
acontecerá depois do arrebatamento da Igreja. Será realizado nos céus. A Bíblia
ensina que este julgamento será exclusivamente para os salvos arrebatados na
vinda de Jesus. A questão da salvação já foi resolvida. Não será um julgamento
para condenação ou salvação, será um julgamento para receber galardão conforme
o que prometeu o Senhor Jesus: “E eis que cedo venho, e o meu galardão está
comigo para dar a cada um segundo a sua obra” (Ap 22.12).Se Jesus virá com o
galardão, o julgamento se dará logo após o Arrebatamento, ainda nos ares (1Ts
4.16,17; 2Ts 2.1; Mt 16.27; Ap 22.12; 1Pe 5.4), antes das Bodas do Cordeiro —
nesta Ceia, a Igreja já estará coroada (1Pe 5.4), vestida de linho fino, puro e
resplandecente (Ap 19.7-9). Os salvos de todas as épocas participarão dessa
reunião nos ares. Jesus disse que haverá recompensa na ressurreição dos justos
(Lc 14.14). Os heróis do AT que, tendo o testemunho pela fé, morreram sem
alcançar a promessa (Hb 11.39), ressuscitarão (1Co 15.51,52) para receber de
Cristo, o Justo Juiz, a coroa da justiça, pois, como Paulo, combateram o bom
combate, acabaram a carreira e guardaram a fé (2Tm 4.7,8). Todos os salvos
arrebatados serão julgados pelas suas obras, para receber ou não galardão (2Co
5.9,10; Rm 14.10-12; 1Jo 4.17). Assim, após o Senhor voltar para a Igreja e
antes que possa voltar à terra para reinar, todos os santos comparecerão
perante o bema de Cristo para serem julgados e recompensados (LAHAYE, 2009, p.
463).
V - O QUE
SERÁ JULGADO
As más ações do cristão,
quando ele arrepende-se, são perdoadas no que diz respeito ao castigo eterno
(Rm 8.1), mas são levados em conta quanto a sua recompensa (2Co 5.10; Ap
14.13); isto é, tudo o que fizemos fica registrado no Céu (Ml 3.16-18). No
Arrebatamento, Jesus que conhece as nossas obras (Ap 2.2,9,13,19; 3.8,15),
trará consigo o resultado, a avaliação de nosso trabalho. Existem cinco critérios deste julgamento que envolvem: 1º) a
“lei da liberdade cristã” (Tg 2.12); 2º) a qualidade do trabalho que
fazemos para Deus (Mt 20.1-16); 3º) o “material” empregado no trabalho
feito para Deus (I Co 3.8,12-15); 4º) a conduta do crente por meio do
seu corpo (2 Co 5.10) e 5º) os motivos secretos do nosso coração (I Co
4.5; Rm 2.16) (ZIBORDI, 2009, p. 376). O propósito do julgamento dos crentes diante do
Tribunal de Cristo é determinar se as obras de cada um foram dignas ou não. A
avaliação incluirá as obras em si, o zelo com que foram realizadas e o que as
motivou (LAHAYE, 2009, p. 464). Vejamos:
·
As Obras. Aquilo que uma pessoa faz por Deus é registrado em um
memorial diante do Senhor dos Exércitos (Ml 3.16-18). As Escrituras prometem
recompensas específicas para obras específicas (Mt 5.11-12; Lc 6.21-22;
14.12-14). Deus recompensará os crentes por todas as ações que tiverem mérito
ou valor eterno.
·
Boas obras. Boas obras do grego “agathos” podem ser
definidas como aquelas que têm sido “manifestas, porque feitas em Deus” (Jo
3.21; Ef 6.7-8; 1Ts 1.3). As boas obras são representadas por ouro, prata e
pedras preciosas. As boas obras também são chamadas de “fruto de justiça, o
qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus” (Fp 1.11; 2.13).
·
Obras más. Paulo falou sobre a possibilidade de ser “reprovado”
ao não conseguir viver fielmente (1Co 9.24-27). Más ações do grego “phaulos”
são desprezíveis aos olhos de Deus. Podem ser chamadas de “obras mortas” ou
“obras da carne”. O perigo de produzir obras da carne reside no fato de que o
trabalho do crente acaba sendo em vão, inútil ou vazio (1Co 15.58; 1Tm 6.20;
2Tm 2.16; G1 4.9; Tt 3.9; Tg 1.26). Obras más não possuem qualidade, por isso
são caracterizadas como madeira, feno e palha materiais de pouco valor ou
durabilidade. Estas são as ações produzidas a partir de motivações erradas (1Jo
2,28 versão atualizada).
·
A Motivação. Deus sonda a nossa mente e o nosso coração a fim de
nos determinar a recompensa. A motivação de nossas obras também será revelada
no Tribunal de Cristo (Lc 12.2-3). O propósito ou motivação de um coração
legitima ou invalida os atos de uma vida (Mt 5.16; 6.1-21). Quando as obras são
feitas para que outros as vejam, perdem-se as recompensas, pois, os desígnios
do coração do homem serão manifestos. (1Co 4-5; Ap 2.23). Embora um serviço
exercido por motivos errados possa resultar na perda de recompensas, ele ainda
pode ter efeitos eternos (Fp 1.14-19)
VI - QUAIS SERÃO OS CRITÉRIOS DESSE JULGAMENTO
Jesus
não galardoará apenas o crente apóstolo, pastor, bispo, missionário, reverendo,
teólogo, cantor etc. O prêmio da soberana vocação (Fp 3.14) será dado aos “servos
bons e fiéis” (Mt 25.21,23). A base do julgamento serão “as
obras”, e não “os títulos” (1Co 3.10-15; Rm 14.12; Ap
22.12). Este texto mostra que as obras aprovadas são as realizadas em Cristo, o
fundamento. Os elementos ouro, prata e pedras preciosas representam o
trabalho feito com humildade, amor e temor, para a glória do Senhor (1Co 10.31).
Já os materiais madeira, feno e palha facilmente consumíveis pelo
fogo, falam das obras feitas por vaidade, motivações erradas e egoísmo, para
receber glória e ser visto apenas pelos homens (Mt 6.2,5). Somente serão
galardoados aqueles cujas obras resistirem ao fogo da presença do Senhor (Hb
12.29). Não existe aqui nenhuma margem para o falso ensinamento romanista do
purgatório, visto que, após a morte, segue-se o juízo (Hb 9.27). A expressão “o
tal será salvo” não denota que a salvação só acontecerá após esse
julgamento, pois, existirem obras que, apesar de inconvenientes, não
interferem, até certo ponto, na salvação (1Co 6.12; 10.23; Hb 12.1; 1Ts 5.22).
Este julgamento será baseado em tudo o que tivermos feito por meio do corpo (Rm
14.10; 2Co 5.10; Hb 4.13; Mt 10.26).
VII - AS RECOMPENSAS DESSE JULGAMENTO
Precisamos
saber de antemão que o nosso primeiro julgamento já ocorreu no Calvário. Neste
julgamento Jesus foi julgado em nosso lugar, sofrendo o castigo do nosso
pecado, a morte, para que pudéssemos ser salvos. Agora, no Tribunal de Cristo,
o crente será julgado como servo, isto é, quanto ao seu serviço prestado a Deus
e o seu testemunho (Ap 22.12). Não se trata de julgamento dos pecados do
crente, pois, nossos pecados já foram julgados em Cristo (2Co 5.21; Gl 3.13). A
nossa salvação é pela graça e pela obra redentora que Jesus consumou por nós
(Hb 7.27). Haverá diferentes tipos de galardões simbolizados por coroas e as
Escrituras mencionam quatro dessas coroas. Vejamos:
·
A Coroa da
Vida. Esta coroa é concedida àqueles
que perseveram em meio às provações (Tg 1.2-3,12; Ap 2.10; 3.11). Os crentes
devem alegremente perceber as provações como oportunidades dadas pelo Senhor
para que cresçam e amadureçam. Sua motivação deve também proceder do amor que
sentem por Deus.
·
A Coroa da
Justiça. Esta coroa está reservada
àqueles que ansiosamente aguardam o retorno do Senhor (2Tm 4.6-8). Amar a vinda
do Senhor supõe uma vida de obediência. Tamanha fidelidade proporciona certo
grau de segurança enquanto o fiel aguarda o breve retomo do Senhor.
·
A Coroa da
Glória. Esta coroa é prometida
àqueles que apascentam o rebanho do Senhor pelos motivos certos (1Pe 5.2-4; Fl
4.1; Dn 12.3;1Ts 2.19; Pv 11.30). Os obreiros piedosos, dignos de recompensa,
são aqueles que servem de coração, e não por obrigação. São exemplos de uma
vida piedosa para o rebanho. Reconhecem a obrigação pela qual prestarão contas
ao supremo Pastor (Ez 34-2-4).
CONCLUSÃO
No
Tribunal de Cristo haverá muitas surpresas. Coisas encobertas, positivas ou
negativas, virão à tona naquele grande Dia (1Co 4.5; 2Co 10.17,18; Pv 25.27;
27.2). As obras que ninguém vê aqui serão expostas pelo Senhor, naquele Dia,
para que todos tomem conhecimento (Hb 4.13). Sejamos fiéis a Jesus Cristo até
ao fim (Ap 2.10; 3.11), para que tenhamos confiança no dia do juízo (1Jo 4.17)
e recebamos a coroa incorruptível (1Co 9.25).
REFERÊNCIAS
·
CHAMPLIN, R. N. O
Antigo Testamento Interpretado – Gênesis a Números. HAGNOS.
·
ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. CPAD.
·
PENTECOST, J.
Dwight. Manual de Escatologia. Vida.
·
HOWARD, Rick. O Tribunal de Cristo. CPAD.
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