2º TRIMESTRE
DE 2016 (Rm 9.1-5; 10.1-8; 11.1-5)
INTRODUÇÃO
Veremos
nesta lição que Romanos 9-11 é uma trilogia do povo de Israel e dos gentios,
onde, o capítulo 9 olha para o passado e mostra a soberana
eleição divina sobre Israel; o capítulo 10 vê o presente e
aborda a responsabilidade humana; já o capítulo 11 vislumbra o futuro
e trata da bênção universal. Assim, falaremos sobre Israel no plano divino para
a salvação; estudaremos sobre sua eleição; pontuaremos sobre o sentimento de
tristeza de Paulo em relação aos judeus, e concluiremos falando sobre os
privilégios de Israel como nação escolhida por Deus.
I - ISRAEL NO PLANO
DIVINO PARA A SALVAÇÃO
1.1 A eleição de
Israel no passado (Rm 9.6 -29). Em
Romanos 9.6-13, Paulo afirma que a promessa de Deus a Israel não falhou, pois
a promessa era só para os fiéis da nação e visava somente o verdadeiro Israel,
aqueles que eram fiéis à promessa (Gn 12.1-3; 17.19), pois “sempre há um
Israel dentro de Israel, que tem recebido a promessa” (Rm 9.6). Nos
versículos 14-29, Paulo chama a nossa atenção para o fato de que Deus tem o
direito de rejeitar a Israel, se desobedecerem a Ele e o direito de usar de
misericórdia para com os gentios, oferecendo-lhes a salvação (STAMPS, 1995, p.
1715 – grifo nosso).
1.2 A rejeição presente do evangelho por Israel (Rm 9.30 a
Rm 10.21). O erro de Israel de não
voltar-se para Cristo, não se deve a um decreto incondicional de Deus,
mas à sua própria incredulidade e desobediência (At 4.11; Rm 10.3). O estado
espiritual de perdido, da maioria dos israelitas, não fora determinado por um
decreto arbitrário de Deus, mas, resultado da sua própria recusa de se
submeterem ao plano divino da salvação mediante a fé em Cristo (Rm 10.3;
11.20). Inúmeros gentios, porém, aceitaram o caminho de Deus, e se tornaram “filhos
do Deus vivo” (Rm 9.25,26).
1.3 A rejeição de Israel é apenas parcial e temporária (Rm
11.1-36). As Escrituras estão repletas de
promessas de uma futura restauração de Israel ao aceitarem o Messias.
Tal restauração terá lugar ao findar-se a Grande Tribulação, na iminência da
volta pessoal de Cristo (Is 11.10-12; 24.17-23; 49.22,23; Jr 31.31-34; Ez
37.12-14; Rm 11.26; Ap 12.6). O apóstolo Paulo deixa claro que Israel por fim
aceitará a salvação divina em Cristo por algumas razões: (a) Deus não
rejeitou o Israel verdadeiro (Rm 11.1-6);
(b) Deus transformou a transgressão de Israel numa
oportunidade de proclamar a salvação a todo o mundo (Rm 11.11,12, 15), e por
fim, (c) O propósito sincero de Deus é ter misericórdia de todos, tanto
dos judeus como dos gentios, e incluir no seu reino todas as pessoas que creem
em Cristo (Rm 11.30-36; Rm 10.12,13; 11.20-24) (STAMPS, 1995, p. 1715 – grifo
nosso).
II - ISRAEL E SUA
ELEIÇÃO
2.1 A eleição de
israel não é superior a dos gentios (Rm 9.24). Havia na igreja de Roma dois grupos distintos, um
formado por judeus, e outro por gentios (Rm 1.13; 7.1). Os judeus não
aceitavam o ensino de Paulo quanto à salvação pelo fato do apóstolo apresentar
o novo pacto (a graça), como capaz e superior ao velho pacto (a
Lei) para salvar o homem. O judeu cria que Deus havia eleito seu povo e
por isso a sua salvação estava pré -ordenada e pré-determinada. No entanto,
Deus jamais escolhe alguém com parcialidade, pois Ele não faz acepção de
pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef. 6.9; 1Pe 1.17).
2.2 A eleição de
Israel não é genética, mas espiritual (Rm 9.6-9). Nem todos os descendentes físicos de Abraão são filhos
espirituais de Abraão (Rm 9.6). Os verdadeiros filhos de Abraão não são os
que têm o sangue de Abraão correndo nas veias (filiação carnal),
mas os que têm a fé de Abraão em seu coração (filiação espiritual).
Se a fé de Abraão não estiver nos corações, de nada lhes
adiantará ter o sangue de Abraão em suas veias, pois, a descendência natural de
Abraão não é garantia de um parentesco espiritual com Abraão. Deus não se deixa
enquadrar como um Deus nacionalista, assim, não são judeus todos os que são
judeus, nem são circuncisos todos os que são da circuncisão (Rm 2.28,29). Os
verdadeiros filhos de Abraão são aqueles que
“também andam
nas pisadas da fé que teve Abraão” (Rm 4.12) (MURRAY
apud LOPES, 2010, p. 328).
2.3 A eleição de Israel não é meritória, mas graciosa (Rm
9.10-13). A graça não é concedida por
critério étnico, cultural ou religioso, pois Deus chama dentre os
judeus, mas também dentre os gentios (Rm 9.24). Portanto, a salvação não é
endereçada apenas aos filhos de sangue de Abraão, mas também aos que se tornam
filhos de Abraão pela fé (Gl 3.7).
2.4 A eleição de Israel não é uma predestinação fatalista
(Rm 9.26,27). Paulo está tratando do
modo como Deus lida com nações e povos do ponto de vista histórico, a
partir do seu direito de usar povos e nações conforme Ele quer. Por exemplo,
sua escolha de Jacó em lugar de seu irmão Esaú (Rm 9.11) teve como propósito
fundar e usar as nações de Israel e de Edom, oriundas dos dois. Nada tinha que
ver com seu destino eterno quanto a sua salvação ou condenação
como indivíduos como ensinam alguns
teólogos fatalistas
(STAMPS, 1995, p. 1715).
III - ISRAEL E O
SENTIMENTO DE TRISTEZA DE PAULO
Paulo declara seu
amor por sua gente, os judeus (Rm 9.12-3). Visto que era conhecido como judeu
zeloso, sua conversão a Cristo o tornou antipático para os judeus, que o viam
como “um traidor de sua gente”. Entretanto, Paulo garante que
seus sentimentos são sinceros e que sua consciência tinha o testemunho do
Espírito Santo (Rm 9.1).
3.1 A incredulidade dos judeus e a tristeza de Paulo (Rm
9.1,2). Paulo passa da exultação do
final do capítulo 8 para a profunda tristeza do começo do capítulo 9. A
confissão de amor de Paulo por seus compatrícios não é uma retórica vazia nem
uma declaração hipócrita, dissimulada e fingida, mas uma realidade. Os judeus,
irmãos e compatriotas de Paulo segundo a carne, ainda estavam aferrados à sua
tradição religiosa, sem Cristo e sem salvação, e isso provocou no apóstolo
grande tristeza e dor (Rm 9.2) (LOPES, 2010, pp. 323,324).
3.2
A profunda dor
do apóstolo em relação aso judeus (Rm 9.3). Paulo
desejou ser apartado de Cristo para que seus irmãos fossem reconciliados
com Cristo, desejou ser maldito para que seus compatriotas fossem benditos,
desejou ir ao inferno para que os seus irmãos fossem ao céu. Paulo se
mostrou disposto a ficar fora do céu por amor aos salvos e a ir ao inferno por
amor aos perdidos. Paulo estava pronto a ir às últimas
consequências para ver seus compatrícios salvos. O
sentimento de Paulo nos lembra
de Judá que, como
substituto de seu irmão Benjamim (Gn 44.33), recorda-nos as palavras
emocionantes de Moisés ao interceder pelo povo (Êx 32.32), e o agonizante
clamor de Davi por seu filho (2Sm 18.33). Porém, acima de tudo, ele fixa nossa
atenção naquele que realmente se fez o substituto de seu povo (Rm 3.24,25;
8.32). “Parece inacreditável que um homem se disponha a ser
amaldiçoado a fim de que os malditos possam se salvar” (STOTT apud
LOPES, 2010, p. 324).
IV - OS PRIVILÉGIOS
DE ISRAEL
Nenhuma
nação no mundo recebeu as bênçãos que Israel recebeu. Vejamos os privilégios
para Israel apresentados por Paulo nesta Carta (STAMPS, 1995, p. 1715):
4.1 A descendência “Que são israelitas...” (Rm
9.4). Como promessa divina, visto que
foram feitos filhos ou povo peculiar de Deus, tirado do meio das nações
(Êx 4.22; Os 11.1).
4.2 A adoção “.... dos quais é a adoção de filhos” (Rm
9.4). A “adoção” se refere à sua eleição teocrática, pela
qual eles foram separados das nações pagãs para se tomarem os
primogênitos de Deus (Êx 4.22), sua possessão particular (Êx 19.5), seu filho
(Os 11.1), seu povo escolhido (Is 43.20).
4.3 A glória “.... e a glória” (Rm 9.4). A “glória” era o sinal visível da presença de Deus com
eles. Essa glória deve ser reputada como referência àquela que se manifestou
e permaneceu no monte Sinai (Êx 24.16,17), a glória que cobriu e encheu o
Tabernáculo (Êx 40.34-38), a glória que aparecia sobre o propiciatório, no
Santo dos Santos (Lv 16.2), a glória do Senhor que encheu o templo (lRs
8.10,11).
4.4 As alianças “... e as alianças” (Rm 9.4). As “alianças” estão no plural porque o pacto de Deus
foi progressivamente revelado. Devemos considerar o plural como
denotação das alianças abraâmica (Gn 15.18; 17.4), mosaica (Êx 24.8; 34.10; Dt
29.1); nos dias de Josué, o sucessor de Moisés (Dt 27.2; Js 8.30; 24.25); e
davídica (2 Sm 23.5; Sl 89.28).
4.5 A legislação “... e a lei” (Rm 9.4). Deus favoreceu de modo especial Israel, pela dádiva da
Lei. Deus deu preceitos e instruções a seu povo para guiá-lo no caminho
da santidade. A concretização da aliança feita com o aparecimento da Lei
concretiza a preocupação divina com a vida cotidiana do povo judeu (Êx
20.1-17).
4.6 O culto “... e o culto” (Rm 9.4). O “culto” aqui fala da adoração do verdadeiro Deus de
modo verdadeiro. Paulo diz literalmente: “deles é o culto”, no sentido
de que foi privilégio particular da nação israelita cultuar ao Deus verdadeiro,
visto que as demais nações não conheciam esse Deus verdadeiro. Hoje, pela graça
do Senhor Jesus, todos quantos o aceitam têm direito de cultuar a esse Deus.
4.7
Os patriarcas
“... dos quais são os pais” (Rm 9.5). Os
“patriarcas” se referem a Abraão, Isaque e Jacó, os pais da fé de quem
eles descendiam e podiam orgulhar-se (Êx 3.6; Lc 20.37; Is 55.1; At
13.23,32-34). A estes, Deus fez promessas, que representam toda a esperança de
Israel. É impossível deixar de reconhecer os “pais da
antiguidade”: Abraão, Isaque e Jacó, que revestiram de glória todas as gerações
dos judeus até o presente (Êx 3.6,13; Lc 20.37).
4.8 A descendência de Cristo “... e dos quais é Cristo
segundo a carne”. (Rm 9.5). Paulo completa
a sua lista dos privilégios do povo judaico mencionando o Messias
demonstrando uma honra que nunca pode ser-lhe arrebatada. Paulo deixou
por último “a Cristo” por ser o mais eminente dos privilégios dos
judeus. É indiscutível o fato de que o Cristo, o Ungido, é o
“Verbo divino que se fez carne” (Jo 1.1,14) e “habitou entre nós”.
Como Deus bendito, Cristo nasceu como homem, “segundo a carne”,
descendendo dos
judeus e sua humanização não afetou em nada a sua divindade. Paulo faz um
tributo à divindade de Cristo, quando diz que Ele é “sobre todos”
, isto é, exalta-o e o coloca em sua real posição de supremacia. Ainda mais,
Paulo o trata como “Deus bendito eternamente” . Esse tratamento é
identificado no AT, quando o salmista precede o nome de Deus com a palavra
“bendito” (Sl 68.35; 72.18). Finalmente, entende -se que Cristo descendeu dos
judeus “segundo a carne” para revelar-se ao mundo todo como o
Redentor de todos os homens (Mt 1.1; Jo 4.22; Rm 1.3; Hb 2.16; Ap 5.5).
CONCLUSÃO
Concluímos
que assim como Deus ama Israel e o escolheu como povo santo e peculiar, também,
da mesma maneira amou os gentios sem nenhuma acepção ou distinção. Não podemos
negar que os judeus são privilegiados por ser o povo eleito para ser o receptor
das bênção descritas em Romanos 9; porém, isso não os torna melhores e nem
superiores aos demais povos, pois o Senhor jamais escolhe com parcialidade, e
não faz acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef. 6.9; 1Pe 1.17).
REFERÊNCIAS
·
GILBERTO, et al. Teologia Sistemática
Pentecostal. CPAD.
·
LOPES, Hernandes dias. Comentário Exegético de
Romanos. HAGNOS.
·
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
0 comentários:
Postar um comentário