Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco Superintendência das Escolas
Bíblicas Dominicais Pastor
Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP.
50040 – 000 Fone: 3084 1524
2º TRIMESTRE DE 2016 (Rm 12.1-12)
INTRODUÇÃO
A partir do capítulo
12 da Epístola aos Romanos,
Paulo passa de uma exposição
doutrinária para uma exposição
prática, a fim de transformar a doutrina cristã em ação. Quando uma pessoa é
alcançada pelo poder do evangelho, ela deve
ter uma vida consagrada diante de Deus; e, como consequência seu relacionamento diante do mundo, da igreja e dos seus
opositores devem ser condizentes com a nova vida em Cristo.
I
– A
POSTURA DO CRISTÃO EM RELAÇÃO A DEUS
O apóstolo roga aos cristãos romanos
que se consagrem ao Senhor, apoiando o seu pedido no amor que Ele tem por nós.
Paulo utiliza-se aqui da linguagem do “sacrifício” remetendo-nos ao AT. Em Levítico, são listados quatro
tipos de sacrifícios (Lv 1.3-17; 2.1-16; 3.1-17; 4.1-5; 5.14-16). Todos estes sacrifícios podem ser reduzidos
a somente dois: (a) o primeiro, abrangendo aqueles sacrifícios oferecidos antes da reconciliação e os que visavam obtê-la; e, (b) o segundo,
os sacrifícios oferecidos depois da reconciliação e para celebrá-la. Isto aponta para uma verdade bem clara no NT. O sacrifício pelo pecado foi efetuado
por Cristo (Gl 1.4; 2.20; Ef 5.2,25; I Tm 2.6; Tt 2.14;
Hb 9.14); o sacrifício por gratidão pela absolvição é feita pelo pecador redimido. “O sacrifício da expiação oferecido
por Deus na pessoa do seu Filho agora
deveria encontrar a sua resposta
no crente no sacrifício de uma completa
consagração e de uma íntima comunhão ” (BEACON apud GODET, 2006, p. 158).
1.1 O cristão a oferta de gratidão (Rm 12.1). Paulo apela aos cristãos Romanos, que tenham a
consciência que, antes seus corpos que eram servos
do pecado para a morte,
agora, que foram comprados por Cristo, devem
ser consagrados a Ele
“[...]apresenteis os vossos corpos em sacrifício
vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” . “O termo grego para
apresentar usado por Paulo em Romanos 12 é 'parastesai'. Em Rm 6.13,16,19, ele é traduzido como entregar e também apresentar, e é usado
para expressar a ideia de colocar o corpo à disposição de Deus ou do pecado
dependendo da nossa escolha (2 Co
4.14; 11.2; Ef 5.27; Cl 1.22, 28)” (BEACON, 2006, p. 159 – acréscimo nosso).
ASPECTOS DO SACRÍCIO
DO CRENTE
|
DEFINIÇÃO
E EXPLICAÇÃO
|
Vivo
|
O sacrifício do corpo do cristão é
descrito como “vivo” em
contraste com os sacrifícios
realizados na Antiga Aliança cuja vida era tirada antes de ser apresentada
sobre o altar (Lv 1.5- 9). Antes
da nossa conversão oferecíamos os membros do nosso corpo ao pecado (Rm 6.12-14). Agora, na Nova Aliança, oferecemos nosso corpo
como sacrifício vivo
a Deus (Rm 12.13-b).
|
Santo
|
A palavra “santo” quer dizer “separado”.
Em suas epístolas, o apóstolo Paulo sempre
exortou as igrejas sobre
a necessidade e o dever
de terem uma
vida santificada, ou seja, separada do pecado e consagrada a Deus (Rm 6.19,22; 12.1;
I Co 1.30; 6.11; I Ts 4.3-7;
II Ts 2.13; I Tm 2.15;
II Tm 2.21).
|
Agradável
|
Segundo Aurélio (2004, p. 71) a
palavra “agradável” quer
dizer: “aprazível, deleitável”. A Bíblia nos orienta a agradarmos a Deus
(Ef 5.10; Cl 1.10; I Ts 4.1; II Tm 2.4). “Nenhum culto é agradável a Deus quando é unicamente interior, abstrato e
místico; nossa adoração deve
expressar-se em atos concretos de serviço manifestados em nosso corpo” (LOPES apud STOTT, 2010, p. 399). Confira: (Mt 5.16; Hb 13.16).
|
II - A POSTURA DO CRISTÃO EM RELAÇÃO AO MUNDO
Depois de rogar aos cristãos de Roma sobre qual deveria ser a postura do servo de Deus diante dEle (Rm 12.1).
Paulo orienta-os também quanto ao procedimento destes
diante do mundo
(Rm 12.2). Para o apóstolo, não bastava ser consagrado a Deus, senão houvesse demonstração pública desta consagração. Precisamos manifestar a fé que abraçamos
diante do mundo. Mas, segundo
Paulo, qual deveria
ser a postura do cristão
diante desta era:
2.1 O cristão não deve conformar-se (Rm 12.2-a). A palavra
“conformar” segundo o Aurélio (2004,
p.522) significa: “adequar,
moldar”. Segundo a Bíblia de Palavra Chave (2009, p. 2416) a palavra conformar
no grego “syschematidzo”
significa: “moldar de modo semelhante, isto é, em conformidade com o mesmo padrão”. O apóstolo está exortando aos cristãos romanos a não se ajustarem
ao modo corrupto de viver do mundo. O termo mundo aqui refere-se ao mundo dos homens em rebelião contra Deus, e assim caracterizado por tudo o que está em oposição
a Ele. Envolve os valores
do mundo, seus prazeres, suas atividades e aspirações. “O mundo tem uma fôrma. Essa fôrma é
elástica e flácida. A fôrma do mundo é a fôrma do relativismo moral, da ética situacional e do desbarrancamento da virtude. O crente é alguém que não
põe o pé nessa fôrma” (LOPES, 2010, p. 401).
2.2 O cristão deve transformar-se (Rm 12.2-b). A Bíblia não só mostra o que devemos evitar “não vos conformeis”, mas o que devemos praticar “mas, transformai-vos”. A palavra “transformar” segundo Aurélio (2004,
p. 3338) significa: “dar nova
forma, feição ou caráter”. Segundo
a Bíblia de Palavra Chave (2009, p. 2416) a palavra transformar no grego “metamorphoõ” significa: “mudar, transfigurar, transformar”. A ideia do apóstolo é que ao invés de nos moldarmos
ao mundo, devemos nos transformar
pela renovação da
mente. Enquanto o
diabo age cegando
a mente dos incrédulos
(II Co 4.4) e o pecado obscurecendo (Ef 4.18). O Espírito
Santo age renovando
o entendimento (Rm 12.2).
III - A POSTURA DO CRISTÃO EM RELAÇÃO A IGREJA
Quando um homem é transformado pela ação do evangelho seus relacionamento são também transformados. Segundo Lopes (2010, p. 398) “não podemos
ter um relacionamento vertical correto
se os relacionamentos horizontais estão errados”. Paulo diz como deve ser o comportamento dos salvos entre
si, como veremos abaixo:
3.1
Humildade
(Rm 12.3). Segundo
Aurélio, humildade significa: “ausência
completa de orgulho, rebaixamento
voluntário por um sentimento de fraqueza ou respeito”. No presente versículo Paulo orienta os
cristãos a serem humildes, combatendo
abertamente o sentimento nocivo de complexo da superioridade “não pense de si mesmo além do que convém”. O próprio apóstolo
diz que o que ele possui é pela graça “Porque
pela graça que me é dada”. A humildade
está associada a uma consciência de que tudo que temos ou somos vem do Senhor (Sl 24.1; I Cr 29.14).
Por isso, a Bíblia nos exorta a trilhar o caminho
da humildade (Pv 15.33; 18.12;
22.4; Ef 4.2; Fp 2.3; Cl 3.12;
I Pe 5.5).
3.2 Equilíbrio (Rm 12.3; 4-8). Paulo aconselha os cristãos a serem equilibrados no
conceito que tem de si mesmos “antes, pense com moderação”, combatendo tanto o complexo
de superioridade quanto
de inferioridade quando
mostra que, embora tenhamos
diferentes dons, cada membro tem a sua importância no corpo de Cristo (Rm 12.4,5). Se faz necessário entender que pertencemos uns aos
outros, ministramos uns aos outros e precisamos uns dos outros. Pois, no corpo
de Cristo há: (a) individualidade (Rm 12.5); (b) diversidade (Rm 12.4-6-a); (c) mutualidade (Rm 12.5); e, (e) utilidade (Rm 12.6-b; 8). “Os dons espirituais são instrumentos que devem ser usados para a edificação, não brinquedos para a recreação
nem armas de destruição” (LOPES apud WIERSBE, 2010, p. 402).
3.3 Amor (Rm 12.9-10). O amor é uma virtude que predispõe alguém
desejar o bem de outrem. É a palavra que representa
o Cristianismo (Jo 13.35). É uma das virtudes do fruto do Espírito (Gl 5.22). Portanto,
deve estar presente
em nosso relacionamento com Deus e com o nosso próximo (Lc 10.27; Rm 13.9; Gl 5.14), como evidência
de que o Espírito Santo está em nós (Rm 5.5).
3.4 Hospitalidade (Rm 10.13). O Aurélio diz que a palavra hospitaleiro “é a pessoa que dá hospedagem por bondade ou caridade”. As Escrituras revelam que a hospitalidade deve se estender
aos crentes e também aqueles
que ainda estão no
mundo (Gl 6.10; Hb 13.2).
“A hospitalidade é o amor expressado” (ZUCK,
2008, p. 402). Portanto, q uem afirma
ser cristão, mas tem o coração insensível diante do sofrimento e da
necessidade dos outros, demonstra cabalmente que não tem o amor de Deus (Mt 25.41-46; I Jo 3.16-20).
IV - A POSTURA DO CRISTÃO EM RELAÇÃO AOS INIMIGOS
Seguindo o mesmo ensinamento do
Senhor Jesus Cristo, Paulo ensina que o evangelho produz uma transformação tão grande na vida do pecador,
ao ponto de orientá-lo a agir diferente até mesmo com os seus opositores (Mt 5.44; Lc 6.27,35; Rm 12.14,17-20). Vejamos detalhadamente o que nos diz o apóstolo:
4.1 Abençoai os que perseguem (Rm 12.14). Os cristãos do
primeiro século sofreram grandes perseguições por causa da fé que abraçaram. Parece ser incoerente que Paulo no presente
versículo oriente os servos do Senhor a abençoar aqueles que lhe fizeram agravo. Todavia, a orientação é abençoar até
mesmo aqueles que nos querem o mal (Mt 5.44).
4.2 A ninguém torneis o mal com o mal (Rm 12.17; 18-20). Jesus ensinou que devemos
dar a outra face, ou seja, não retribuirmos as afrontas ou os males que sofremos
(Mt 5.39). Pagar o mal com
o mal, devolver a agressão na mesma moeda, não
expressam a graça de Deus (Mt 5.46,47).
O cristão não deve vingar-se
porque esta é uma atribuição exclusivamente divina (Rm 12.19). Segundo Lopes (2010, p. 414),
“pagar o bem com o mal é demoníaco. Pagar o
mal com o mal é retribuição humana.
Pagar o mal com o bem é graça divina”.
4.3 Tenham paz com todos quando possível (Rm 12.18). Neste presente
versículo vemos que a paz é imperativa, ou seja,
a Escritura ordena que no que depender
de nós devemos ter paz com todos. Segundo o escritor aos hebreus, essa paz é tão
importante quanto a santidade (Hb 12.14).
CONCLUSÃO
Cada cristão deve seguir a
recomendação apostólica de Paulo, quanto a entrega do corpo em sacrifício vivo,
santo e agradável a Deus. Tal
devoção deve resultar numa postura consagrada em todas as áreas da nossa vida.
REFERÊNCIAS
·
APLICAÇÃO PESSOAL, Comentário do Novo Testamento. Vol. 02. CPAD.
·
HOWARD,
R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon.
Vol 08. CPAD.
·
LOPES, Hernandes dias. Comentário Exegético de Romanos.
HAGNOS.
·
ZUCK,
Roy. Teologia do Novo Testamento. CPAD.
0 comentários:
Postar um comentário