Texto Áureo: II Cr. 7.14 – Leitura Bíblica: Ne. 9.1-36
Pb. José Roberto A. Barbosa
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Twitter: @subsidioEBD
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Objetivo: Mostrar
aos alunos que quando o povo de Deus se arrepende de seus pecados, além
de receber o perdão divino, começa a conhecer melhor o Seu Deus.
INTRODUÇÃO
A
principal condição para se aproximar de Deus é o arrependimento, desde a
Antiga Aliança o Senhor determinou que: “se o meu povo, que se chama
pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter
dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus
pecados, e sararei a sua terra” (II Cr. 7.14). Partindo desse requisito,
estudaremos, na lição de hoje, sobre a necessidade do arrependimento.
No início da aula, apontaremos as definições bíblico-teológicas, a
partir do hebraico e do grego bíblico. Em seguida, com base em Ne. 9,
mostraremos o que acontece quando o povo se arrepende dos seus pecados.
Ao final, destacaremos a importância do concerto com o Senhor, a fim de
que possamos crescer no conhecimento do Senhor.
1. ARREPENDIMENTO, DEFINIÇÃO BÍBLICO-TEOLÓGICA
Existem, no hebraico e grego bíblico, palavras distintas para definir o termo arrependimento. Em hebraico, destacamos: naham,
que apresenta os sentidos de “confortar e consolar”, bem como o de
“mudar de mente, sentir tristeza”, essa palavra é usada inclusive
enquanto atribuição humana às atitudes divinas (antropormofismo), quando
o texto bíblico diz que Deus se arrepende (Jn. 3.10). Outra palavra
hebraica para arrependimento é ana, que denota contrição, em
alguns casos com conotações de violência, demonstrada através do jejum e
oração (Lv. 16.31; 23.27; Sl. 35.13). O termo mais específico para
caracterizar arrependimento em hebraico é sub, cujo sentido é o
de voltar atrás, retornar, o ato humano de abandonar o pecado ou
idolatria e de se voltar para Deus. No Novo Testamento, o substantivo
metanoia e o verbo metanoeõ denotam um direcionamento radical e
moral da pessoa ao se distanciar do pecado e se voltar para Deus. Essas
palavras são derivadas de meta (após) e nous (mente, compreensão), do
substantivo noeõ (compreender, perceber). Mas a revelação do
arrependimento no Novo Testamento vai além da sua etimologia, pois
aponta para uma mudança de vida (At. 8.22), comprovada através de ações
(Mt. 3.8; At. 26.20). Por isso, Paulo expressa, em II Co.
12.21, o desejo de arrependimento e a mudança de vida para algumas
pessoas da igreja de Corinto. Em Apocalipse 16.9, está escrito que serão
lançados no fogo aqueles que não quiseram se arrepender e dar glória a
Deus. Nesse sentido, João Batista admoesta o povo ao arrependimento dos
pecados (Mt. 3.2,3), tendo em vista a iminência do Reino (Mc. 1.15).
Essa é uma das doutrinas fundamentais da fé cristã, por isso, deva ser
pregada a todas as nações (Lc. 24.47), tendo em vista que a vontade de
Deus é que todos se arrependam para a salvação em Jesus Cristo (Rm. 2.4; II Pe. 3.9).
2. QUANDO O POVO SE ARREPENDE DOS SEUS PECADOS
Em
Ne. 9.1-3 lemos que a fome pela Palavra de Deus resultou na consciência
do pecado e isso causou quebrantamento no povo. Consequentemente, houve
uma confissão em massa, como sinal do arrependimento (Pv. 28.13). Além
de confessar seu pecado, o povo se voltou à prática do jejum. Mas o povo
não se absteve apenas da comida, ele também se distanciou das práticas
condenadas pelo Senhor. Antes de se alegrarem, ele chorou, e esse é um
princípio importante, principalmente nos dias atuais, em que muitos não
querem mais ter consciência do pecado, em alguns púlpitos essa mensagem
não é mais pregada. Antes de mostrar a graça suficiente de Deus, os
pregadores devem apresentar a condição de pecado e condenação daqueles
que estão distantes do Senhor. Em virtude da consciência do pecado e da
misericórdia de Deus, os judeus dedicaram o vigésimo quarto dia do mês
para jejuar, meditar e orar, e dar lugar para a Palavra de Deus. Jejum
não é a mesma coisa que greve de fome, trata-se de uma disposição
espiritual, um exercício de renúncia, para meditar nas Escrituras e orar
ao Senhor. Infelizmente muitos crentes modernos não mais jejuam, eles
acham que isso de nada adianta. Ora, se muitos deixaram de orar, não se
poderia esperar menos do jejum, uma prática tão importante observada
pelos crentes mais antigos. O jejum e a oração devam servir de motivação
para olharmos para trás, como fizeram os judeus, refletindo a respeito
da sua história. Eles atentaram para a condenação que sobreveio sobre
aqueles que desobedeceram no deserto, que quiseram retornar para o Egito
e se prostraram perante o bezerro de ouro. Refletir sobre a nossa
história é necessário a fim de avançarmos, principalmente para não
recairmos sobre os mesmos erros. Por outro lado, não podemos continuar
remoendo as culpas, conscientes do perdão de Deus, devemos prosseguir,
adorando ao Senhor (Ne. 8.5), em espírito e verdade (Jo. 4.24). Para
tanto, é preciso reconhecer a natureza eterna de Deus (Ne. 9.5), Sua
singularidade, pois o Senhor é o Único Deus (Dt. 6.4), e que é Poderoso
para cumprir as Suas Promessas. Ele é o Criador, Aquele que
soberanamente escolheu o Seu povo (Ne. 9.6-8) e que o liberta da
aflição, operando milagres e guiado-o por meio da Sua Palavra (Ne.
9.9-15). A Sua misericórdia se estende de geração em geração (Ne. 9.19),
Ele provê aquilo que necessitamos, ainda que não mereçamos (Ne. 9.20).
Ele nos dá o necessário (Ne. 9.21), o pão nosso de cada dia (Mt. 6.11),
que não deva ser confundido com prosperidade, nos termos defendidos pela
famigerada teologia da ganância. Devemos dar graças pela família que
Ele nos deu, já que os filhos são dádivas do Senhor, por isso,
precisamos investir neles, não apenas materialmente, mas, sobretudo,
espiritualmente (Ne. 9.23).
3. A NATUREZA DO CONCERTO COM DEUS
O
concerto de Deus está estabelecido nos céus, não por causa da
fidelidade do homem, mas da bondade do próprio Deus. Esse concerto não
se fundamenta em quem nos somos, mas em quem Deus
é (Ne. 9.17). No contexto bíblico, o concerto sempre teve importância
fundamental, haja vista que Deus fez diferentes concertos com Noé (Gn.
6.18; 9.8-17), Abraão (Gn. 15.18; 17.1-22;), e mais tarde com o Seu
povo, através de Moisés (Ex. 19.5; 24.1-8). Mas o povo também precisa
responder aos termos do Concerto, obedecendo a Torah, líderes como Josué
(Js. 24.25-27) e reis como Ezequias e Josias chamaram a atenção do povo
em relação ao pacto com Deus (II Cr. 29.10; 34.29-32). A estrutura do
Concerto com Deus pode ser apreendida a partir dos capítulos 9 e 10 de
Neemias, cujo fundamento é a misericórdia de Deus. Ela é a causa de não
sermos consumidos, e nos inspira à obediência (Ne. 10.29), e a
continuarmos na presença do Senhor (Ne. 10.39). A interpretação do
Concerto de Deus com Israel apresenta especificidades para aquele povo,
mas alguns princípios podem ser aplicados à Igreja. A graça de Deus,
manifestada em Jesus Cristo
(Tt. 2.11), nos instiga a viver para Ele. O Senhor Jesus ensinou que a
obediência aos seus mandamentos é uma demonstração do nosso amor por Ele
(Jo. 14.21,24). O Concerto de Jesus com a Sua Igreja está baseado em
Seu sacrifício vicário. Por ocasião da Ceia do Senhor, celebramos, nesse
ato memorial, o que Ele fez por nós (Mt. 26.26-30; I Co. 11.23-30). A
família inteira é conclamada a renovar Sua aliança com o Senhor, como
fizeram nos tempos de Esdras e Neemias (Ne. 10.28,29). Os pais precisam
orientar seus filhos nos caminhos do Senhor, para que, não apenas no
futuro, mas desde já, se conduzam em conformidade com a Sua palavra, e a
se lembrarem dos feitos do Senhor
CONCLUSÃO
O
avivamento, resultante da exposição da Palavra de Deus, conduziu o povo
à renovação do Concerto com o Senhor. Tal concerto implicava no
reconhecimento da misericórdia de Deus e na disposição para obedecê-lo em amor. Do
mesmo modo, a igreja do Senhor deve lamentar os seus pecados, os
crentes cujas mentes estão cauterizadas precisam buscar imediatamente o
arrependimento. Portanto, em consonância com as palavras do profeta
Isaias, declaremos: “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o
enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os
seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele;
torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar” (Is. 55.6,7).
BIBLIOGRAFIA
LOPES, H. D. Neemias. São Paulo: Hagnos, 2006.
PACKER, J. I. Neemias: paixão pela fidelidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
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