Texto Áureo: Ne. 12.43 – Leitura Bíblica: Ne. 12.27-43
Pb. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
Objetivo:
Mostrar aos alunos que o serviço em prol do Reino de Deus somente terá
validade se o dedicarmos ao Senhor em adoração e louvor.
INTRODUÇÃO
O
compromisso com a Palavra de Deus envolve uma disposição espiritual
para a adoração ao Senhor. Na aula de hoje, estudaremos a respeito da
organização do culto religioso nos tempos de Neemias. A princípio,
destacaremos o significado bíblico-teológico da adoração, em seguida,
ressaltaremos a importância da adoração, e ao final, atentaremos para o
tipo de adoração aceita pelo Senhor.
1. ADORAÇÃO, DEFINIÇÃO BÍBLICO-TEOLÓGICA
A palavra hebraica para adoração é hawa
e significa, basicamente, se prostrar. O povo de Deus é convocado a
adorar ao Senhor, no esplendor da Sua santidade (Sl. 29.2; 96.9). O
salmista nos exorta a dobrarmo-nos em adoração perante o Senhor nosso
Deus (Sl. 95.6) e a exaltá-LO (Sl. 95.6). A adoração, no Antigo
Testamento, envolvia o louvor, isto é, cânticos de adoração (II Cr.
29.20; II Cr. 29.28-30). Profeticamente Isaias declarou que viria o
tempo em que povos de outras nações viriam adorar ao Senhor em Jerusalém
(Is. 27.13). O termo hebraico hawa, em todas as suas passagens,
refere-se à adoração ao Senhor, jamais a qualquer pessoa, somente o
Senhor é digno de toda honra e glória. Outra palavra hebraica para
adoração, que está associada à idéia de serviço, é abad e diz
respeito à adoração sacrificial a Deus (Is. 19.21). A adoração, para o
povo judeu, é parte constitutiva do concerto, nenhum outro deus pode ser
adorado (Dt. 4.19; 5.9), somente o Senhor (Ex. 4.23; Dt. 6.13; I Sm.
7.3; Sl. 100.2; Jr. 2.20). No Novo Testamento, os principais verbos
gregos para adoração são latreuõ, que se refere ao serviço ou adoração
religiosa (Rm. 1.25; 12.1,2; At. 7.7, 42) e prokyneõ que diz respeito à
adoração a Deus ou a Cristo. Jesus declara a Satanás que somente o
Senhor Deus é digno de adoração e serviço (Mt. 4.10). Na conversa com a
mulher samaritana, o Mestre orienta a respeito da verdadeira adoração
(Jo. 4.20-24). Em Jo. 9.38, fica evidente que a adoração é resultado de
um coração que se dispôs a crer na Palavra do Senhor.
2. A IMPORTÂNCIA DA ADORAÇÃO AO SENHOR
Conforme
destacamos na definição bíblico-teológica anterior, o termo adoração é
mais amplo que o de louvor, este último está diretamente relacionado aos
cânticos, e mais propriamente à música. Todo louvor, necessariamente,
depende da disposição para a adoração. Um cântico sem adoração não passa
de música, e esta, somente chega ao trono de Deus, se for conduzida em
genuína adoração. A partir do texto de Ne. 12 aprendemos que a adoração a
Deus demonstra gratidão pelas vitórias alcançadas (Ne. 12.27). A esse
respeito, lembremos do que ensina Tiago em sua Epístola: “Está alguém
alegre? Cante louvores” (Tg. 5.13). Os louvores a Deus precisam levar em
conta a coletividade, para tanto, a união é condicional (Ne.
12.27-29,43). Não existe adoração e louvor sincero onde há intriga,
disputa e contenda. Até porque a adoração a Deus gera alegria, e não há
gozo genuíno onde há inimizade (Ne. 8.10; 12. 27, 43). Isso porque
adoração tem a ver com a própria vida do adorador, não é algo que sai da
boca para fora muito menos uma atividade de final de semana. A
purificação deve ter lugar de destaque na vida daqueles que se devotam
ao ministério do louvor (Ne. 12.30). Mas é necessário salientar que a
adoração e o louvor não é uma especificidade daqueles que gravam CDs ou
se apresentam nas igrejas, todos os crentes são chamados à adoração (I
Pe. 2.9). É bem verdade que alguns têm um ministério específico do
louvor, mas é valido apontar que tais devam trabalhar suas composições
em conformidade com a Palavra de Deus, e produzirem hinos que não sejam
apenas meras repetições, sem qualquer criatividade (Ne.
12.8,9,24,27,36,42). Muitos hinos cantados nas igrejas evangélicas
atualmente não passam de desabafos das frustrações pessoais, alguns
deles, querem ter sabor de mel, mas, na verdade, projetam apenas os
complexos de inferioridades, são músicas repletas de ódio e desejo de
vingança, que insuflam e exaltam ao ego, não Aquele que digno de louvor.
3. A ADORAÇÃO QUE O SENHOR ACEITA
A
adoração que agrada ao Senhor, conforme Ne. 12, têm um propósito
específico, tributar somente a Deus (Ne. 12.27). Os cultos às
celebridades evangélicas, os supostos levitas modernos, não têm respaldo
nas Escrituras, bem como os seus shows, que servem apenas para a
promoção e enriquecimento pessoal. A natureza da adoração é integradora,
isto é, visa envolver todo o povo, não apenas alguns, o serviço ao
Senhor deva favorecer momentos de adoração que sejam congregacionais
(Ne. 12. 43). A variedade de instrumentos também é percebida nos
versículos 27, 35, 36 e 41 do capítulo 12. Não há respaldo bíblico para a
censura a determinados instrumentos da igreja, nem mesmo dos ritmos,
pois não existem instrumentos ou ritmos sagrados ou profanos, todos eles
são culturais. Os mais antigos preferem uma música suave, enquanto que
os jovens mais apressada. Ninguém deva ser censurado por um ou outro
instrumento ou ritmo com que louva na igreja. O respeito pela diferença é
uma premissa cristã, assim funcionam as orquestras. Mais importante do
que o tipo de instrumento e o ritmo da música é o embasamento bíblico e a
disposição espiritual daqueles que adoram. O genuíno louvor tem um
longo alcance, pode ir além do que os compositores possam imaginar (Ne.
12.43). Hinos evangelísticos já trouxeram, pelo Espírito e pela Palavra,
várias vidas aos pés de Jesus. A qualidade dos cânticos não pode ser
desconsiderada. Jezraías fora escolhido, certamente pelo preparo e
disposição, para ser o dirigente do louvor (Ne. 12.47). O Senhor é digno
do nosso melhor, por isso, aqueles que se identificam com tal
ministério devem demonstrar dedicação. A adoração genuína se concretiza
não apenas em louvores, mas também no desprendimento para entregarmos os
dízimos e ofertas para a obra do Senhor (Ne. 12.44-47).
CONCLUSÃO
O
Senhor é digno de adoração e louvor, essa é a premissa do serviço
dedicado a Deus. A esse respeito, a crise evangélica pode ser percebida
na tendência atual de cultuar os adoradores. Devemos ter cautela, pois a
glória do Senhor não pode ser dada a outro. Deus busca adoradores para
Si, que O adorem não do jeito que desejam, mas de acordo com as
especificações de Cristo, em espírito e verdade. Em atenção a essa
orientação, os hinos de adoração e louvor nas igrejas precisam ser mais
teocêntricos e menos antropocêntricos. Observemos, pois, o exemplo de J.
S. Bach ao concluir suas composições, tributando glória somente a Deus
(soli Deo gloria).
BIBLIOGRAFIA
KIDNER, D. Esdras e Neemias: introdução. São Paulo: Vida Nova, 1985.
PACKER, J. I. Neemias: paixão pela fidelidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
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