quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Lição 10 - Ioga Prática Religiosa Disfarçada

Por Ciro Sanches Zibordi

Para os defensores do evangelho ecumênico – do grego oikoumenikós, “aberto para o mundo inteiro” -, todas as religiões possuem pontos de concórdia, que devem ser considerados mais importantes que os de discórdia. Tal principio, difundido pela Igreja Católica Romana, pelas filosofias orientais e pela Nova Era (crença que prega a paz mundial mediante a união de todas as crenças), vem ganhando força entre alguns segmentos considerados evangélicos.

Ao apoiar tal pensamento, ainda que de forma sutil, alguns teólogos da atualidade – que Pedro preferiria chamar de falsos doutores (2 Pd 2.1-2) – afirmam que não há tanta diferença entre cristianismo e esoterismo, sendo possível uni-los mediante práticas supostamente comuns a ambos, como a meditação.

Para enfatizar quão impossível é, do ponto de vista bíblico, conciliar verdade e mentira, luz e trevas, cristianismo e esoterismo (2 Co 6.15-18), farei uma breve abordagem sobre a meditação, mostrando como ela é entendida por esotéricos e evangélicos, e qual a diferença entre ambas as formas de praticá-la.

Meditação transcendental

O que é meditação, a luz do esoterismo? Trata-se de prática oriunda dos hindus e budistas, por meio da qual se obtém uma compreensão sobre a “verdade”. Segundo o budismo, mente e coração são “recipientes de águas barrentas”, agitadas pela as atividades do dia-a-dia. Através da ioga (do sânscrito yoga, “união, conexão”), essas águas deixam de ser remexidas e ficam claras.

Meditar implica sentar-se ao chão com a coluna ereta, braços esticados, pernas quase entrelaçadas e permitir, através da quietude, que haja calma mental. Isso também pode ser praticado enquanto a pessoa estiver em pé, ou andando, ou ainda envolvida nas atividades cotidianas, desde que haja preparo psicologia para isso. O objetivo final é despertar a fonte do poder espiritual existente no “eu interior”.

Na yoga, a meditação constitui-se em se esvaziar de pensamentos, sentimentos e vontades. Acredita-se que, mediante tal prática, se pode vencer a dor e qualquer outra influencia negativa, bem como se alcançar um estado “iluminado” ou transcendência. Daí ser chamada de meditação transcendental.

O segmento zen – meditação -, surgido na China, ensina que a “iluminação” deve vir de dentro, tendo a sua origem no coração do individuo. Não há nenhuma fórmula fixa para se alcançá-la; pode ocorrer de repente, como um raio. Seria como uma piada que súbito se compreende. Os zen-budistas crêem que Buda trouxe a iluminação para seu discípulo mais promissor simplesmente segurando uma flor diante dele, sem nada dizer!

Meditação bíblica

O que significa meditação para os salvos em Cristo, que têm a Bíblia Sagrada como a sua fonte máxima de autoridade? Não se esvaziar! Ao contrário, o crente deve estar cheio da Palavra de Deus, pois esta é a base para sua meditação (Cl 3.16; Js 1.8 e Sl 119.15). E meditar na Palavra resulta em bênçãos (Sl 1.1-3; 119.99).

Quando viajo de avião, costumo avistar as cidades onde já estive. E vejo também outras que só conheço por cima. Para saber de seus detalhes, como igrejas, pontos turísticos, nomes de ruas, restaurantes, o comportamento das pessoas etc, precisaria de mais tempo, esforço, paciência e, o principal, estar em terra.

O que quero dizer com isso? Não devemos apenas ler a Palavra de Deus. Isso equivale à viagem de avião, pela qual se obtém uma visão panorâmica; tudo é visto por cima. Mas, ao viajar de ônibus, carro, a cavalo ou a pé, vemos de perto muitos outros detalhes. Isso representa a meditação.

Conheço pessoas que já leram a Bíblia por dezenas de vezes, porém não retiveram quase nada. Por quê? Fizeram apenas leituras superficiais, para se estabelecer recordes, ignorando que a leitura mais necessária é aquela com meditação, isto é, devagar, em oração, refletindo sobre tudo o que se lê e fazendo apontamentos (Sl 119.48,78,148).

Em meditação, na presença de Deus, você pode levar meses lendo e estudando apenas um livro das Escrituras! E, se fizer isso, com certeza a Palavra não ficará apenas em sua mente (Dt 6.6), quer dizer, então, que a leitura rápida e sequencial não tem valor? É claro que sim, pois contribuiu para a síntese da mensagem da Palavra de Deus. No entanto, pela meditação descobrindo pormenores, verdades profundas do texto sagrado (Hb 5.12-14).

É possível conciliar?

Diante das antagônicas definições acima, haveria alguma semelhança entre a meditação esotérica e a cristã? O vocábulo, na língua portuguesa, é igual. Porém, à luz da Palavra de Deus, meditar é refletir, em oração, como o espírito submisso a Jesus Cristo, sobre o que está escrito nas Escrituras, a fim de se compreender a revelação do Senhor (Sl 25.14 e 1 Co 2.14-15).

A meditação esotérica consiste, como vimos, em esvaziar-se de tudo, para, depois disso, receber as instruções que brotarão do coração, do “eu interior”. Nesse caso, consideremos o seguinte:

1) Exclui-se completamente a dependência de Deus, pois o indivíduo acredita que o seu próprio “eu iluminado” lhe servirá de guia. De acordo com a Bíblia, no entanto, é a Palavra de Deus que deve iluminar o nosso coração (Sl 119.11,105,130).

2) Não há espaço no coração de um esotérico, budista ou qualquer outra pessoa que busque esse tipo de transcendência para Jesus o u Espírito Santo. Entretanto, as Escrituras mostram claramente que a experiência da salvação faz daquele que a recebe uma morada do Deus-trino (Ef 2.22; Jo 14.23 e 1 Co 6.19-20).

3) Pensar que o ser humano pode ser guiado por seu próprio coração é uma atitude perigosa: “Enganoso é o coração, mas do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?, Jr 17.9. Por isso, o Senhor adverte: “Maldito o homem que confia no homem”, Jr 17.5).

Diante do exposto, a chamada meditação transcendental, como elimina qualquer auxílio divino, contraria o que a Palavra de Deus ensina: “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que ao seu tempo vos exalte”, 1 Pd 5.6.

Como, pois, alguém que se diz teólogo cristão, pregador, ensinador ou seguidor de Cristo ousa defender o pensamento de que a meditação é uma prática comum a evangélicos e esotéricos? Não há possibilidade alguma de se conciliar cristianismo e esoterismo. Que façamos nossas as palavras do salmista: “Oh! Quanto eu amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia”, Sl 119.97.

Ciro Sanches Zibordi é pastor na AD em Cordovil, Rio de Janeiro; articulista, escritor e editor de Obras Nacionais da CPAD.

Fonte: Jornal Mensageiro da Paz, Outubro de 2005 – Pág. 14 
Link externo: Ensinando e aprendendo

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