Texto Áureo: Rm. 14.17 – Leitura Bíblica: II Co. 8.1-9
Pb. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
Em
lição anterior estudamos a prosperidade no Antigo Testamento. Na aula
de hoje, atentaremos para a doutrina da prosperidade no Novo Testamento.
A princípio, definiremos o que significa prosperidade à luz do hebraico
e do grego bíblico, em seguida, analisaremos o conceito de prosperidade
neotestamentário, ressaltando a abordagem deste em relação ao dinheiro.
Ao final, mostraremos qual a verdadeira fonte de prosperidade para a
Igreja do Senhor Jesus Cristo.
1. DEFINIÇÃO BÍBLICO-TEOLÓGICA DE PROSPERIDADE
Existem
diferentes termos hebraicos, no Antigo Testamento, para prosperidade,
destacamos tsalach, no sentido de prosperidade material e econômica (Gn.
24.21; 39.2; Jr. 12.1) e o verbo sakal, que ocorre sessenta vezes, este
no sentido de desfrutar das bênçãos prometidas para Israel em Canaã
(Dt. 19.9; Js. 1.7). Mas no Novo Testamento, as alusões à prosperidade
são reduzidas, isso porque essa não é uma das prioridades da igreja
cristã, contrariando o que costuma acontecer nos arraiais
neopentecostais (ou pseudopentecostais). O termo euporia, que
ocorre em At.19.25, tem o significado de prosperidade, bem como o de
riqueza, e é apresentado em um sentido negativo, em que religiosos se
aproveitam das pessoas para fazer fortuna. Em sentido positivo, esse
termo se encontra em At. 11.29, ao registrar que os irmãos decidiram, de
acordo com suas posses, ajuda para os irmãos da Judéia. Em I Co. 16.1,
Paulo orienta aos irmãos de Corinto para que façam uma coleta para os
santos da Galileia, conforme a cada um tenha prosperado (euodoo em
grego) ao longo da semana. A doutrina da prosperidade, como propalada
nos dias atuais, não tem fundamento bíblico-teológico no Novo
Testamento. A ganância desenfreada, inclusive nos contextos
eclesiásticos, é resultante de uma cosmovisão mundana em relação ao
dinheiro. A sociedade contemporânea tem sido solapada pelo consumismo,
as pessoas querem ter cada vez mais para gastarem com coisas que não
precisam. Existe uma indústria, sustentada pela propaganda midiática,
que fomenta esse tipo de comportamento social. Ao invés de serem
avaliadas pelos que são, as pessoas são julgadas pelo que têm. No modelo
equivocado de espiritualidade do movimento neopentecostal, as pessoas
são “abençoadas” não pelo relacionamento que têm com Deus, mas pelos
bens que conseguem acumular.
2. PROSPERIDADE E DINHEIRO NOS EVANGELHOS
O
modelo de prosperidade do neopentecostalismo não encontra respaldo
bíblico neotestamentário, por isso, seus adeptos preferem citar
passagens descontextualizadas do Antigo Testamento. A abordagem de Jesus
em relação ao dinheiro é radical, Ele se posiciona contra o acúmulo de
riquezas na terra, orienta as pessoas a entesourarem no céu (Mt.
6.19-21). Essa é a resposta de Jesus a ansiedade que assola a sociedade
moderna. Ao invés de estarem preocupados com muitas coisas, ansiosos
pelas vicissitudes da vida, devemos aprender a confiar em Deus, na Sua
providência (Mt. 6.25). Por isso, quando se encontrou com o jovem rico,
orientou para que esse entregasse seus bens materiais aos pobres, mas
ele foi incapaz de fazê-lo (Mt. 19.16-22). A conclusão de Jesus, em
virtude do apego daquele jovem às riquezas foi a seguinte: “Em verdade
vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus. E ainda vos
digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que
entrar um rico no reino de Deus” (Mt. 19.23,24). Algumas parábolas de
Jesus, tal como a de Lc. 12.15-21, mostram o perigo de colocar o foco
nas riquezas materiais. O rico da parábola é denominado de louco, pois
se tornou escravo dos seus bens. Estas palavras fazem eco à declaração
do Senhor a João, no Apocalipse, dirigindo-se à igreja de Laodicéia que
ostentava sua riqueza, como sinônimo de espiritualidade. A essa igreja, e
tantas outras que somente investem nas fundações materiais, a Palavra
do Senhor continua firme: “Dizes: estou rico e abastado, e não preciso
de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre,
cego e nu” (Ap. 3.17). Muitas igrejas, como a de Laodicéia, não adoram
mais a Deus, mas a Mamom, o deus das riquezas, a essas diz o Senhor:
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um, e amar o
outro; ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a
Deus e a Mamom” (Mt. 6.24). Ao invés de enfocar demasiadamente as
riquezas, Jesus ensina que devemos buscar, em primeiro lugar, o reino de
Deus e a sua justiça e que as demais coisas – apresentadas no contexto,
e não todas como dizem alguns – serão acrescentadas (Mt. 6.33).
3. PROSPERIDADE E DINHEIRO NAS EPÍSTOLAS
Nas
epístolas paulinas e gerais também não há base para sustentar uma
teologia da prosperidade nos moldes comumente apresentados na mídia
pelas igrejas neopentecostais (pseupentecostais). Paulo, ao escrever aos
Coríntios, nos apresenta o modelo de Jesus em relação à riqueza e a
pobreza. Diz ele: “pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo,
que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que pela sua pobreza
vos tornásseis ricos” (II Co. 8.9). A riqueza a respeito da qual trata o
Apóstolo, nesse texto, não é material, tendo em vista que, ao escrever a
Timóteo, alerta a respeito do perigo das riquezas: “Mas
os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas
concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e
na perdição. Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se transpassaram a si mesmos com muitas dores”
(I Tm. 6.9,10). O oposto da ganância é a generosidade e esta,
infelizmente, tem sido esquecida em igrejas moldadas por um modelo
mundano que transformou o acúmulo de riqueza em um fim em si mesmo. A
orientação apostólica é a de que há maior felicidade em dar do que em
receber (At. 20.35), por isso, Deus ama a quem dar com alegria (II Co.
9.7). A moeda mais valiosa para a igreja cristã, isto é, a verdadeira
prosperidade, está no exercício da piedade, que a fonte de lucro (I Tm.
4.8). A piedade, no Novo Testamento, tem a ver com uma espiritualidade
autêntica, que não está fundamentada nas aparências. O cristão piedoso
não cultiva a ganância, mas o contentamento, que nada tem a ver com
comodismo, mas com o reconhecimento do que é necessário para viver. Não
podemos esquecer que nada trouxemos a esse mundo, e que, por
conseguinte, nada levaremos dele (I Tm. 6.7), que não podemos fixar
nossos olhos no que é transitório (II Co. 4.18), antes devemos saber que
Deus de tudo nos provê ricamente para a nossa satisfação (I Tm. 6.17),
por isso, devemos nos conservar livres do amor ao dinheiro e
contentarmo-nos com o que temos, pois o Senhor supre as nossas
necessidades (Hb. 13.5,6).
CONCLUSÃO
A
prosperidade material, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento,
implica em responsabilidade. Tiago admoesta aos ricos para que lamentem
pelo julgamento que sobrevirá sobre eles por utilizarem
irresponsavelmente suas riquezas, para oprimir ao pobre e necessitado
(Tg. 5.4-6). Para o mundo, ter dinheiro é sinal de status, e muitos
vivem ostentando riqueza enquanto muitos padecem necessidade. A igreja
do Senhor precisa agir de modo diferenciado, não pode se esquecer dos
pobres (Gl. 2.10), e deve estar ciente que a verdadeira prosperidade é
espiritual, por isso, a igreja de Esmirna, que era pobre aos olhos do
mundo, foi considerada rica por Jesus (Ap. 2.9). A piedade, e não a
riqueza material, é a maior fonte de prosperidade – porismos em grego,
que também tem o sentido de lucro – para a igreja do Senhor (I Tm. 6.5).
BIBLIOGRAFIA
INRIG, G. Cultivating a heart of contentment. Grand Rapids (MI): RBC Ministries, 2007.
WHITE, J. Dinheiro não é Deus. São Paulo: ABU, 1996.
WHITE, J. Dinheiro não é Deus. São Paulo: ABU, 1996.
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