Texto Áureo: II Co. 9.6 – Leitura Bíblica: Rm.
10.8-14
Pb. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
A
prosperidade material tem seus propósitos, as pessoas querem possuir muito
dinheiro por razões diversas. Na aula de hoje, faremos a distinção entre a
verdadeira e a falsa prosperidade. É fundamental sabermos distinguir, nesses
dias voltados ao consumismo, o que significa ser realmente próspero e suas
implicações. Ao final da aula, destacaremos que a verdadeira prosperidade não
conduz à ostentação, mas ao serviço a Deus e ao próximo.
1. A FALSA
PROSPERIDADE
Nos dias
atuais, marcados pelo materialismo e consumismo, as pessoas querem ter cada vez
mais. Conseqüentemente, testemunhamos a crise do ser, as pessoas valorizam cada
vez menos o que as pessoas realmente são. A partir de tal cosmo visão,
costuma-se avaliar as pessoas não pelo que elas são, mas pelo que conseguem
acumular. As pessoas são julgadas pelo local onde conseguem morar, pelos
restaurantes que pode freqüentar, pelos amigos que é capaz de ter e pela marca
de veículo que dirigem. Esses objetos têm valor na sociedade e as pessoas,
nessa conjuntura, são vistas através dos aparatos que utilizam. Essa é uma
percepção equivocada de prosperidade, tendo em vista que, na maioria dos casos,
as pessoas que muito têm são as mais tristes. As pessoas mais ricas costumam serem
as mais fúteis, gastam boa parte do seu dinheiro em supérfluos. Elas, em sua
grande parte, não demonstram interesse pelas verdades espirituais, já que o
dinheiro costuma ocupar lugar central em suas existências. Na maioria dos
casos, os ricos somente conseguem ver cifras, são incapazes de vislumbrar o
valor da arte. Eles não conseguem sequer entender um filme com um enredo
complexo ou um livro que exija maior reflexão. A riqueza costuma transformar as
pessoas em escravas de uma lógica que lhes nega a criatividade. Como resultados
se alimentam de modismos, passam a viver em função da ostentação, e mais que isso
acaba se tornando insensíveis em relação às realidades sociais. Justificam que
os pobres são assim porque merecem, ou porque nada fazem para mudar o quadro em
que se encontram. Como resultando, não se interessam pela causa dos mais
necessitados, vive em um mundo a parte, distante das carências dos outros. É
raro encontrar um rico que invista em filantropia, a menos que receba algum
incentivo fiscal. O receio de ficar pobre, para eles, é uma neurose, por isso,
a obsessão pela riqueza os consome. Ter cada vez mais, nesse contexto, se torna
uma paranóia, o acúmulo se torna um fim em si mesmo.
2. A
VERDADEIRA PROSPERIDADE
A
verdadeira prosperidade não está centrada no ter, mas no ser, uma pessoa
próspera não tem o dinheiro como valor maior em sua existência. Evidentemente
este é necessário a fim de suprir algumas necessidades fundamentais, não
podemos nos eximir da realidade do consumo. Principalmente em uma sociedade que
vende tudo, especialmente quando o Estado não consegue garantir direitos
básicos como educação, saúde e segurança de qualidade. Aqueles que podem
pagar estudam nas melhores escolas, tem os planos de saúde com maiores
coberturas, moram em lugares privilegiados. Por outro lado, os mais pobres
dependem de um serviço público precário, resultante inclusive de uma política
que tem como objetivo o sucateamento a fim de que algumas pessoas se beneficiem
dessa precariedade. A verdadeira prosperidade, no entanto, não é ter muito, mas
ser, e principalmente, ser para Deus, pois somente nele encontramos a
realização plena. O encontro com Deus concretiza no ser humano a verdadeira
riqueza, somente Ele nos é suficiente, ainda que tudo nos falte (Sl. 23) Na
medida em que a riqueza toma conta das igrejas evangélicas, os crentes se
tornam menos cristãos e mais adeptos do materialismo e consumismo, por
conseguinte, menos espirituais. Os hinos evangélicos atuais já não falam mais
dos tempos em que os crentes eram pobres, que eram humilhados por aqueles que
tinham riqueza material. Isso porque os bens materiais se tornaram o propósito
de muitos crentes. Hoje queremos mostrar ao mundo, e principalmente aos
políticos, que somos influentes, que temos os templos mais suntuosos, que agora
estamos repletos de prata e ouro. O estilo de vida dos evangélicos em nada se
diferencia dos não evangélicos. Eles valorizam as mesmas coisas, querem
usufruir das mesmas coisas que os ricos possuem, e justificam dizendo que são
filhos do Rei, e que devem determinar e “tomar posse da benção".
Os ricos que amontoam apenas para si mesmos estão preparando o
combustível para a destruição deles mesmos (Tg. 5.3).
3. O
PROPÓSITO DA PROSPERIDADE
A
Teologia da Ganância se instaurou no Brasil com facilidade porque,
diferentemente de alguns países, os crentes não se envergonham de possuírem
bastante enquanto outros padecem necessidade. Neste país as pessoas aplaudem os
jogadores de futebol que fazem fortuna e ostentam seu dinheiro adquirindo
carros luxuosos e iates para se ladearem de mulheres “atraentes”. Enquanto
isso, os professores trabalham em condições precárias, recebendo míseros
salários. A cultura da ostentação tem a ver com uma falsa percepção do que seja
prosperidade e o seu propósito. Ter prosperidade financeira não deve ser motivo
de ostentação, mesmo os que muito têm precisam aprender a viver com
simplicidade. O ter não pode substituir o ser, além disso, o dinheiro precisa
ser investido apropriadamente. Paulo orienta aos crentes da Galácia para que
esses se lembrem dos pobres (Gl. 2.10), bem como os de Corinto (II Co. 9.1-3).
Evidentemente os crentes vivem em sociedade e precisam arcar com as despesas
normais do cotidiano, é preciso ter cuidado para honrar compromissos, e antes
de tudo, evitar endividamento desnecessário. Para tanto, recomendamos cautela
para avaliar se o dinheiro não está sendo investido indevidamente (Is. 55.1,2).
A compra de moradias luxuosas, carros vultosos não é compatível com o estilo de
vida de um cristão. Até mesmo o modo de vestir deva ser levado em consideração,
ternos e vestidos de alto custo, apenas por causa da marca, e a fim de agradar
a alguns, pode se tornar pecado. Pessoas que investem demasiadamente no
exterior, na maioria das vezes, ocultam uma ausência de conteúdo, e muita
superficialidade, é uma forma de compensação. O cristão não pode viver de
aparências, deve valorizar o ser, e menos o ter. Além disso, sempre vale a pena
repetir que ter dinheiro é uma grande responsabilidade. Depois de supridas as
necessidades básicas, o investimento deva ser na necessidade das pessoas,
incluindo os de casa (II Co. 8.6,7), sem esquecer que o homem bondoso faz o bem
a si mesmo (Pv. 11.17).
CONCLUSÃO
A
verdadeira prosperidade não leva a pessoa à ostentação, antes a
responsabilizar-se pelo Reino de Deus (Mt. 6.33). Algumas igrejas supostamente
evangélicas, contaminadas pela ganância, estão incitando seus membros ao
consumismo e à ostentação. Os fariseus dos tempos de Jesus davam esmola com uma
mão e tocavam trombeta com outra (Mt. 6.2-4), Ananias e Safira quiseram usar o
dinheiro que tinham para a ostentação (At. 5.1-11). A Palavra de Deus, porém,
nos instrui a fazer boas obras, não para a salvação, mas porque já somos salvos
(Ef. 2.8-10), em observância à Palavra do Senhor: “Mais bem-aventurado é dar
que receber” (At. 20.35).
BIBLIOGRAFIA
LOPES, H.
D. Dinheiro: a prosperidade que vem de Deus. São Paulo: Hagnos, 2009.
FOSTER,
R. A liberdade da simplicidade. São Paulo: Vida, 2008.
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