Igreja
Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas
Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
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(Tg 2.14-26)
INTRODUÇÃO
Neste terceiro trimestre de 2014 estudaremos uma preciosa lição que tem
como título: Fé e Obras – Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica.
A epístola de Tiago, apesar de ter sido escrita no primeiro século da era
cristã, contém preciosos ensinamentos que são imprescindíveis para os cristãos
em todo tempo. Nesta primeira lição traremos informações a respeito da autoria,
data, lugar, destinatário, curiosidades e características especiais dessa carta.
E, por fim, trataremos da suposta controvérsia entre Tiago e Paulo acerca da
doutrina da justificação.
I – INFORMAÇÕES SOBRE A EPÍSTOLA DE TIAGO
1.1 Autor. O autor desse livro se identifica na
saudação inicial como Tiago (Tg 1.1). Seu nome no grego é “Yakobos”
é uma transliteração do conhecido nome hebraico do Antigo Testamento “Jacó”.
A maioria dos estudiosos da Bíblia aponta este Tiago como o meio irmão do
Senhor Jesus Cristo (Mt 13.55; Mc 6.3; Gl 1.19). A princípio, Tiago não creu em Jesus como Messias (Jo 7.2-5), todavia, após a
ressurreição, ele aparece subitamente com os demais irmãos de Jesus, entre os
discípulos, no cenáculo, orando antes da recepção do Espírito (At 1.14). É
Paulo quem nos dá a razão dessa mudança radical: Jesus apareceu a Tiago, após a
ressurreição, antes de aparecer ao grande grupo apostólico e esse encontro
resultou na conversão de Tiago (I Co 15.7). “Ele era chamado de “o Justo” por causa de sua estrita
aderência à santidade cerimonial judaica e de sua austera maneira de viver. A
tradição diz que sofreu martírio por apedrejamento, pelas mãos do sumo
sacerdote judeu Anano em 61 d.C.” (CHAMPLIN, 2004, p. 426 – acréscimo nosso).
“Eusébio de Cesaréia, um dos pais da igreja, diz que por Tiago ter vivido como
nazireu e orado tanto no templo que seus joelhos se tornaram tão calejados
quanto os de um camelo” (DUCK, sd, p. 02).
1.2 Provas da autoria de
Tiago. Considerando que “Jacó” ou “Tiago” era um nome judeu muito comum
no primeiro século, a questão foi obviamente levantada em relação à precisa
identidade de quem escreveu esta carta. Destacaremos abaixo algumas evidências
que apontam para Tiago o irmão do Senhor: (a) O
fato de que nenhum outro indicador vai junto com Tiago na epístola (Tg 1.1),
provavelmente indica que ele era “o” Tiago que todos conheciam – o líder da
igreja de Jerusalém; (b) Ele se inclui entre os mestres da igreja (Tg 3.1). Tiago
irmão do Senhor foi pastor da igreja em Jerusalém (At 12.17; 15.13; 21.18). Foi chamado
por Paulo como
uma das colunas
da igreja (Gl 2.9); e
(c) A semelhança da linguagem da epístola com as
palavras de Tiago em Atos 15 (At 15.23; Tg 1.1; At 15.17; Tg 2.7), a forte
dependência do escritor da tradição judia, e a consistência do conteúdo de sua
carta com as notícias históricas que o Novo Testamento dá em relação a Tiago, o
irmão do Senhor, tudo tende a apoiar a autoria tradicional (MOODY, sd, p.
01).
1.3 Data e Lugar. Muitas
são as opiniões sobre a data que Tiago escreveu esta carta. Aqueles que aceitam
a autoria tradicional costumam datá-la entre o meio dos anos quarenta e o
começo de sessenta (exatamente antes da morte de Tiago). Quanto ao lugar,
poucas são as dúvidas de que Tiago a escreveu na Palestina. Especialmente pelo
colorido sugerido, o escritor indica que ele é um palestiniano (Tg 1.10, 11;
3.11, 12;5.7) (MOODY, sd, pp. 01,
03).
1.4 Destinatário. A
única indicação direta no livro que possivelmente sugere quem foram os leitores
encontra-se no prefácio: “Tiago, servo de Deus, e do Senhor Jesus Cristo,
às doze tribos que se encontram na dispersão, saudações” (Tg 1.1). Tradicionalmente
a frase, “às doze tribos”, era usada para indicar toda a
nação judia (At 26.7). Mas considerando que toda a nação judia, por mais
espalhada que estivesse na Diáspora (dispersão), não poderia ser considerada
como existindo fora da Palestina, parece indicar que o significado da frase é
simbólico. Tiago estava escrevendo a toda a igreja, considerada como o Novo
Israel (Gl 3.7-9; 6.16; Fp 3.3), dispersa por um mundo estranho e hostil (I Pe 1.1,17;
2.11; Fp 3.20; Gl 4.26; Hb 12.22; 13.14) (MOODY, sd, p. 03 – acréscimo nosso).
1.5 Curiosidades acerca dessa epístola. É muito provável que ela
tenha sido o primeiro livro do NT a ser escrito. Embora contenha apenas duas
referências nominais a Cristo, há nela mais alusões aos ensinos de Jesus do que
todas as demais do NT. A carta de Tiago possui fortes semelhanças com o
Sermão do Monte e outras pregações de Jesus (Tg 1.22 e Mt 7.21,26; Tg 2.10 e Mt
5.19; Tg 2.13 e Mt 5.7; Tg 3.18 e Mt 5.9; Tg 4.5 e Mt 6.24; Tg 4.12 e Mt 7.1;
Tg 5.2 e Mt 6.19; Tg
5.12 e Mt 5.34,37). É bom conferir
também a posição semelhante de Jesus e Tiago em relação a pobres e ricos
(Lc 6.24s; 16.19-25). O autor é considerado como o profeta Amós do NT por
tratar com firmeza a injustiça e as desigualdades sociais (Tg 2.1-9; 5.1-6).
II – CARACTERÍSTICAS
ESPECIAIS DA EPÍSTOLA DE TIAGO
2.1 É um livro muito
prático. Apresenta uma
orientação muito prática para a vida cotidiana do cristão. As mensagens e ordens são claras
e sem rodeios. É o livro mais prático do NT – sempre lida com problemas da vida
cristã com o propósito de desenvolver cristãos teocêntricos (Deus no centro). O
cerne da carta é um chamado para um compromisso total com Cristo, de forma
consistente, sem fazer concessões. Tiago exorta aos crentes a
suportarem com alegria as suas provações e a tirarem proveito delas (Tg
1.2-11), exorta-os a resistirem às tentações (Tg 1.12-18), a serem praticantes
da Palavra e não apenas ouvintes (Tg 1.19-27) e a demonstrarem uma fé ativa, e
não uma profissão de fé vazia (Tg 2.14-26). Adverte solenemente contra a
pecaminosidade de uma língua indomável (Tg 3.1-12; 4.11,12), a sabedoria carnal
(Tg 3.13-16), a conduta pecaminosa (Tg 4.1-10), a vida presunçosa (Tg 4.13-17),
e a riqueza egocêntrica (Tg 5.1-6). Tiago encerra ressaltando a paciência, a
oração e a restauração dos desviados (Tg 5.7-20).
2.2 É um livro conciso.
Os temas abordados são curtos e diretos. Os estudiosos lutam para
estruturar a carta de maneira clara, já que apresenta muitos temas, sem uma
ligação clara e direta entre eles. Aquilo que preocupa os estudiosos
é uma virtude para muitos leitores. A carta é tão clara que qualquer
leitor logo percebe o que Tiago está querendo dizer. Nesse sentido, o livro é
parecido com os livros de sabedoria do AT, como Provérbios (Tg 1.2-16; 19-27;
2.1-13; 14-26; 3.1-12; 13-18; 4.1-12; 13-17; 5.1-6; 7-12; 13-20).
2.3 É um livro que usa
muitas ilustrações. As metáforas e
ilustrações ajudam a
entender e lembrar
do seu ensino.
Ele utiliza o mar revolto (Tg 1.6), o fogo na floresta (Tg 3.5), o espelho (Tg
1.23), o leme do navio (Tg 3.4), entre outros (Tg 1.11;3.3,11,12). Mesmo que
essas imagens sejam claras para quase
todas as pessoas,
não podemos esquecer que precisamos entendê-las no
contexto que Tiago as usou a fim de entendermos a mensagem de Deus para o seu
povo nos dias de hoje.
III – A SUPOSTA
CONTROVÉRSIA ENTRE O ENSINO DE TIAGO E DE PAULO SOBRE A JUSTIFICAÇÃO
O
livro de Tiago nos fala da fé e das obras (Tg 2.14-26). Ele diz que Abraão foi
justificado pelas obras (Tg 2.21), ao passo que Paulo ensina que ele foi
justificado pela fé (Rm 4.9-b). Alguns estudiosos creem que Tiago estivesse
refutando Paulo o que não é verdade. Apenas ambos os apóstolos estão tratando
da mesma doutrina sob aspectos diferentes. A abordagem de Paulo se dá no
sentido vertical (diante de Deus) onde o homem é inocentado por fé e não por
obras (Rm 5.1). Já
o ponto de vista de Tiago se dá no sentido horizontal (diante dos homens),
visto que as obras que o salvo pratica são um claro testemunho diante dos
homens de sua real transformação (Mt 5.16). Abaixo
destacaremos qual a perspectiva de Paulo e de Tiago quanto a essa importante
doutrina que faz parte da soteriologia (doutrina da salvação), mostrando
claramente que não há divergência teológica, mas que ambos pontos de vista se
harmonizam:
A DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO
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PERSPECTIVA DE PAULO
(sentido vertical)
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Paulo ensinou que o homem é justificado pela fé
independente das obras (Rm 3.28; 5.1; Gl 2.16). Embora o apóstolo enfatizasse a fé como
base para justificação, ele não está menosprezando as obras que evidenciam a
salvação (Fp 2.12,13). Logo, fica claro que, embora tais obras em nada
contribuíssem para a justificação de uma pessoa diante de Deus (Rm 3.28; Ef 2.8,9), a verdadeira fé opera pelo amor resultando
em boas obras (Gl 5.6; Ef 2.10).
|
GRUPOS LIBERTINOS
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Certos grupos libertinos que vieram depois de Paulo,
levaram seus ensinamentos ao extremo. Estes afirmavam que, desde que uma
pessoa tivesse fé em Cristo (isto é, cresse nas coisas certas a respeito de
sua divindade e em sua obra realizada para conceder perdão), não importaria
se os atos dela fossem bons ou maus. O próprio Paulo havia previsto este
abuso, repudiando-o completamente
(Rm 6.1,2).
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PERSPECTIVA DE TIAGO
(sentido horizontal)
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Tiago ensinou que o homem é justificado pelas obras
e não somente pela fé (Tg 2.24). O
apóstolo está ensinando que embora a pessoa seja salva pela fé somente, a fé
que salva não é algo único (Tg 2.22-26). Tiago declara que a “fé sem
obras é morta” (Tg 2.14-16). A fé, para a salvação, é uma fé tão
vital que deve ser evidenciada diante dos homens, em amor e obediência para
com o Salvador e no serviço ao próximo (Tg 1.27; 2.1-9; 14-20).
|
CONCLUSÃO
Como
pudemos ver, a epístola que Tiago, o irmão do Senhor escreveu, tem em seu
conteúdo ensinamentos práticos para todos os cristãos de todas as épocas. O
conteúdo doutrinário nela contido é abundante, visto que o apóstolo
conclama-nos a sermos cumpridores da palavra e não apenas ouvintes (Tg 1.22).
REFERÊNCIAS
·
STAMPS, Donald C.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
·
CHAMPLIN, R. N. Dicionário
de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
·
ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico
Pentecostal. CPAD.
Fonte:http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/baixar-licao/cod/328
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