Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
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(Tg
1.2-4, 12-15)
INTRODUÇÃO
Veremos nesta lição as definições das palavras
provação e tentação, analisaremos as diferenças entre ambas e estudaremos os
canais que “provocam” tanto uma como a outra. Perceberemos também, que em
português utilizamos duas palavras diferentes: “provação e tentação”, mas no
original grego o termo é o mesmo. Por fim, concluiremos vendo o que a Bíblia
nos diz para suportarmos as provações e também como vencermos as tentações que
nos sobrevém.
I – DEFINIÇÕES DAS PALAVRAS TENTAÇÃO E PROVAÇÃO
Os
termos empregados na Bíblia para tentação e provação são no hebraico “massah”
e no grego “peirasmos” que significam respectivamente: “prova,
provação, teste da fé, juízo”. Já
o verbo correspondente, “peirazein” é traduzido por
“tentação dirigida para um fim proveitoso”, em alusão as tentações
com propósitos e efeitos benéficos (Lc 4.1-11). A expressão pode estar também
relacionada ao conflito moral, isto é, a uma incitação aos desejos da carne, ou
seja, o ato de pecar (VINE, 2002, p.1014 – grifo e acréscimo nosso). A
idéia não é nos seduzir para que peca, mas sim para nos fortalecer, nos
purificar e nos provar. (BARCLAY, sd. p. 52). Assim, a palavra “peirasmos”
tem dois significados em Tiago que são: "adversidades externas,
provações, processo de testar, provar",
no versículo 2. Já nos versículos 13 e 14 ela significa "impulso íntimo
para o mal, tentação" (MOODY, sd, p. 5). Logo, A palavra pode ter conotação tanto positiva
quanto negativa, dependendo do contexto (ver Sl 95.8; Mt 6.13; Lc 8.13; 11.4; Gl 4.14; Ap. 3.10)
II – A DIFERENÇA ENTRE A
PROVAÇÃO E A TENTAÇÃO
2.1 O ASPECTO
POSITIVO – A Provação. Havia uma grande necessidade de Tiago nos tempos da Igreja primitiva
trazer um ensinamento sobre os
sofrimentos por causa das sucessivas ondas de perseguição (At 8.13; 5.17,18,40;
7.59). “Meus amados irmãos, considerai motivo de júbilo o fato de passardes por diversas provações” (Tg 1.2 – Bíblia King
James). O fruto da
provação é a perseverança do grego “hypomone” (MOODY, sd,
p. 5). O próprio Jesus disse:
“...no mundo tereis aflições...” (Jo 16.33); e, o apóstolo Paulo sabia
muito bem o que era padecer, pois enfrentou diversas aflições e tribulações (II
Co 11.23-29). Mas, ele tinha a convicção que, em meio às aflições, podia contar
com o consolo divino. Por isso, ele diz: “Em
tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não
destruídos” (II Co 4.8,9). Ainda disse: “...para que também possamos consolar os que estiverem em
alguma tribulação...” (II Co 1.4b). Nossas
angústias têm um propósito, e nossas feridas tornam-se fontes de consolo: “... com a consolação com que nós mesmos somos consolados por
Deus” (II Co 1.4c). A Bíblia mostra que Deus nos consola em toda a nossa tribulação (II Co1.4a). A palavra “consolar” aqui é “paraklesis” e
significa “colocar-se ao lado de uma pessoa, encorajando-a e ajudando-a em
tempos de aflições”.
2.2 O ASPECTO
NEGATIVO – A Tentação. No aspecto
negativo, a tentação é totalmente diferente da provação. Enquanto àquela visa o
aperfeiçoamento e o crescimento do crente, esta, visa a queda, destruição e o
afastamento de Deus. É importante lembrar que este tipo de tentação jamais tem
origem em Deus, mas no próprio homem (Tg 1.13; 2Pe 2.9). Quando o desejo do mal se
levanta na mente, não pára aí. A cobiça dá à luz o pecado, e o pecado produz a
morte. "A morte é assim o produto amadurecido ou terminado do
pecado" (MOFFATT, apud MOODY, p. 7). A morte aqui é a morte
espiritual em contraste com a vida que Deus dá àqueles que o amam (Tg
1.12). O ponto que o apóstolo Tiago quer
explicar é que Deus, em vez de ser a fonte da tentação (do mal), como alguns
estavam defendendo, ELE é a fonte de todo o bem na experiência dos homens. “Devemos
considerar que todo mal procede de nós e que todo bem vem de Deus” (HENRY,
sd, p.1).
III – O CANAL DA PROVAÇÃO
É Deus quem permite o sofrimento na
vida de seus filhos e podemos dizer que é o responsável pelas nossas provações
(Tg 1.3; 1Pe 1.7; 4.12-14). “Porque, assim como os sofrimentos de Cristo se manifestam em
grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação transborda por
meio de Cristo” (II Co 1.5). Paulo
ainda diz: “Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne
cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja”
(Cl 1.24). O apóstolo já havia suportado muitas provações e sofrimento (At 13.45; 14.5; 14.19,20; 16.22,23).
Por isso, ele tinha convicção que é Deus que nos livra no sofrimento e nos
socorre. “Mas, se somos atribulados, é
para o vosso conforto e salvação...” (II Co 1.6). Não estamos isentos do sofrimento, mas temos a convicção do consolo
divino. “A
nossa esperança a respeito de
vós está firme, sabendo que como sois participantes dos sofrimentos, assim o
sereis da consolação” (II Co 1.7). Por isso ele ainda
diz “Grande é a ousadia da minha fala para convosco, e grande a minha
jactância a respeito de vós; estou cheio de consolação; transbordo de gozo em
todas as nossas tribulações” (II
Co 7.4). A provação deve até ser acolhida com prazer (Rm 5.3). Tais provações
têm algumas finalidades. São elas:
·
Mostrar ao homem a sua própria fraqueza e conscientizá-lo de
sua dependência divina (Dt 8.3,16);
·
Aperfeiçoar
o seu caráter (Is 48.10);
·
Aprofundar o seu conhecimento em relação a Deus (Jó 42.5);
·
Conceder-lhe experiências (Rm
5.3; II Co 1.3);
·
Provar e aperfeiçoar a sua fé (I Pe 1.7);
·
Corrigir os erros cometidos (Sl 119.67,71; Dt 8.5; Hb 12.6).
IV - OS CANAIS DA TENTAÇÃO
Em Tiago nos versos 12 e 13 o apóstolo fala sobre
as provações internas, isto é, as tentações. A palavra tentação na versão
Almeida e Corrigida carrega a ideia de seduzir ao pecado. Tiago provavelmente
tinha em mente a doutrina judia do “Yetzer ha ra'”, que é
o "impulso do mal". “Alguns judeus arrazoavam
que tendo Deus criado tudo, devia também ter criado o impulso do mal, e
considerando que é o impulso do mal que tenta o homem ao pecado. Em última
análise é Deus que o criou, e por isso é o autor e responsável pelo mal”(BARCLAY,
sd. p. 52). Tiago aqui REFUTA essa ideia afirmando que “Deus não
pode ser tentado pelo mal, e ele mesmo a ninguém tenta”. Em
vez de acusar Deus pelo mal, o homem deve assumir a responsabilidade pessoal
dos seus pecados. É a sua própria cobiça que o atrai e o seduz (Tg 1.14,15).
Vejamos os agentes da tentação:
4.1 O Diabo. Do grego “diablos”, é o principal agente da tentação
(Mt 4.3; Lc 4.13; 1Ts 3.5). Logo nos primeiros capítulos da Bíblia vemos ele
tentando os nossos primeiros pais (Gn
3. 1-7). Em Mt 4.3
vemo-lo tentando a Cristo. Paulo escrevendo aos Tessalonicenses diz: “temendo que o tentador vos tentasse”
(I Ts 3.5). Aos coríntios
escreveu dizendo que: “temia que eles fossem enganados pela
serpente” (II Co 11.3);
Pedro diz que o tentador “anda em
derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (I Pe 5.8).
4.2 A carne. Do grego “sarx”, refere-se a natureza caída,
as paixões, os desejos e apetites desordenados que reinam em nossa natureza (I Co 10.13; Tg 1.14,15). Podemos
dizer que a carne é o mais perigoso de todos os inimigos. Pois, enquanto os
demais são externos, este inimigo reside em nós mesmos. “Cada um, porém, é tentado pelo PRÓPRIO MAU desejo, sendo por
esse iludido e arrastado. Em seguida, esse desejo, tendo concebido, faz nascer
o pecado, e o pecado, após ter se consumado, gera a morte” (Tg 1.14,15 – Bíblia King James).
4.3 O mundo. Do grego “aion”.
Escrevendo a Tito, Paulo disse
que a graça de Deus nos ensina a renunciar as paixões mundanas (Tt 2.12). Sendo assim, podemos dizer
que o mundo também é um agente da tentação (I Jo 2.15-17).
V - COMO VENCER AS TENTAÇÕES
Todo servo de Deus deve saber que
não há tentação invencível. Por duas razões dizemos isto: A primeira é que
Jesus venceu todos os nossos inimigos e nos garante a vitória (Jo 16.33; Cl 2.15). A segunda é que
quando somos tentados, Deus sempre nos dá um escape “Não
veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará
tentar acima do que podeis, antes, com a tentação dará também o escape, para
que a possais suportar” (1Co 10.13). Deus não ignora
nossa estrutura, mas se lembra que somos pó (Sl 103.14), por isto o nosso socorro é garantido pela compaixão do nosso
Deus (Hb 4.15; 2.18).
MEIOS PARA VENCER AS TENTAÇÕES
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Orando
e vigiando (Mt 26.41)
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Renunciando
a si mesmo (Gn 39.7-12)
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Tomando
toda a armadura de Deus (Ef 6.10-18)
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Refugiando-se
em Jesus (Hb 2.18)
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Evitando
a ociosidade (II Sm 11.1,2; II Pe 1.8-10)
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Sujeitando-se
a Deus (Tg 4.7a)
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Evitando
tudo que possa levar a tentação (Pv 27.12; 1Ts 5.22)
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Resistindo
ao Diabo (Tg 4.7b)
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Lendo
e meditando na Palavra de Deus (Js 1.7,8)
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Estando
cheio do Espírito Santo (Ef 5.18)
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Andar em Espírito (Gl 5:16); e ocupar a mente com o que é santo (Fp 4.8;
Cl. 3.2)
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Viver uma vida de santidade (Ef 4:22-5:1;1 Ts 5:23; 1Pe 1:16;)
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Amando a Deus e ao próximo (1 Cor 13; Col 3; 12-17; 1 Jo 4:7,8)
|
Manifestando o fruto do Espírito (Jo 15:1-5,16; Gl 5:22,23; Ef 2:10)
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CONCLUSÃO
Tiago nunca sugeriu aos crentes que o cristianismo seria
um caminho fácil. Pelo contrário, adverte-os que se encontrariam envoltos em
“várias provações” (Tg 1.2). Assim, sabemos que enfrentaremos muitas
“provas e tentações”, porém de todas nos livrará o Senhor da glória. Amém!
REFERÊNCIAS
·
STAMPS, Donald C.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
·
CHAMPLIN, R. N. Dicionário
de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
·
MOODY, D. L. Comentário Biblico de Tiago. PDF
·
HENRY, Matthew. Comentário Biblico de Tiago. PDF
·
BARCLAY, William. Comentário Biblico de
Tiago. PDF
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