1º TRIM/2016
(Lc
17.24-30)
INTRODUÇÃO
Jesus garantiu que voltaria para buscar o seu povo (Ap
22.12). Todavia, ensinou que este dia e hora ninguém sabe (Mt 24.36). Por isso,
exortou diversas vezes os seus seguidores a estarem alertas em constante
vigilância a fim de não serem pegos de surpresa (Mc 13.33). Nesta lição
definiremos a palavra vigiar; destacaremos que tanto Jesus como seus discípulos
exortaram os cristãos a estarem em constante vigilância; pontuaremos pelo menos
três causas que justificam o porque da necessidade de estarmos vigilantes;
veremos ainda de que forma devemos aguardar o arrebatamento; e por fim,
trataremos da parábolas dos dois servos, proferida por Jesus para exortar-nos a
preparação para a sua vinda.
I – O QUE SIGNIFICA A PALAVRA VIGIAR
O verbo “vigiar” segundo o Aurélio quer dizer: “observar atentamente; estar atento a; tomar cuidado” (FERREIRA,
2004, p. 2061). No hebraico o verbo é “shamar”
que significa: “vigiar, guardar”.
No grego o termo é “gregoreo”
que significa literalmente “vigiar”
e é encontrado em 1 Ts 5.6,10 e em mais 21 outros lugares nos quais ocorre no
Novo Testamento (por exemplo, em 1 Pe 5.8).
É usado acerca de: (a) “manter-se
acordado” (Mt 24.43; 26.38.40.41): (b) “vigilância espiritual” (At 20.31; 1 Co 16.13; Cl 4.2; 1 Ts
5.6.10; 1 Pe 5.8; Ap 3.2.3; 16.15) (VINE, 2002, p. 323 – acréscimo nosso). A
palavra “vigiar” tem conotação exortativa, visando chamar a atenção dos
ouvintes a estarem prontos para o retorno do Messias. Jesus e os apóstolos exortaram
a vigilância, como veremos a seguir:
1.1 Exortação de Cristo. Diversas vezes Jesus chamou a atenção dos seus seguidores quanto à
importância de estarem vigilantes para o seu retorno (Mt 24.22; 25.13; Mc
13.33,35; 37; Lc 21.36; Ap 3.3; 16.15). Muitas dessas exortações se percebem
através das parábolas, tais como: das dez virgens (Mt 25.1-13); do senhor que
confiou o cuidado das coisas que lhe pertenciam aos seus servos, prometendo
voltar em breve (Mc 13.34-37); dos servos que aguardam o seu senhor quando
voltar das bodas (Lc 12.36-37). “O chamado à vigilância, no entanto, não foi
dirigido apenas a eles, mas a todos nós (Mc 13.37)” (ADEYEMO, 2010, pp.
1222,1223).
1.2 Exortação dos apóstolos. Os apóstolos de Cristo, seguindo a mesma linha escatológica do Mestre,
exortaram aos cristãos nas suas epístolas, quanto à necessidade da vigilância,
pois a vinda do Senhor está próxima (I Co 16.13; I Ts 5.6; I Pe 4.7). Para
Paulo, a volta era tão iminente que ele tinha a expectativa de ainda em vida
participar do arrebatamento
(I Ts 4.17). Tiago, o irmão do Senhor também falou da proximidade deste
Dia (Tg 5.8); bem como o apóstolo João (I Jo 2.18); e, o apóstolo Pedro (II Pe
3.9).
II – QUAIS AS CAUSAS DA EXORTAÇÃO A
VIGILÂNCIA PARA A VOLTA DE JESUS
2.1 A fragilidade humana. Sabendo da fragilidade humana, Jesus exortou os apóstolos a estarem
vigilantes, para vencerem as tentações (Mt 26.41; Mc 14.38). Fomos perdoados e
libertos dos nossos pecados (I Jo 2.12; Rm 6.22), todavia, ainda não estamos
livres da presença do pecado na nossa natureza humana. Isto somente se dará
quando nosso corpo for glorificado, por ocasião do arrebatamento da Igreja (I
Co 15.51-54). Até este acontecimento, precisamos viver vigilantes, afim de não
sermos vencidos pelo pecado (Rm 6.11,12; I Co 15.34). “Quem quiser ter um
discipulado produtivo, precisa disciplinar o corpo para não ceder às paixões”
(ADEYEMO, 2010, p. 1192).
2.2 A astúcia do Diabo. Além da fragilidade humana, o crente precisa vigiar também porque “[...] o diabo, vosso adversário, anda em
derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (I Pe 5.8).
Toda tentação é proveniente da própria natureza humana (I Co 10.13; Tg
1.13-15), todavia, o principal agente da tentação é Satanás (Mt 4.3; Lc 4.2; I
Ts 3.5; Tg 4.7). Precisamos estar vigilantes e fortalecermo-nos no Senhor a fim
de vencer as batalhas espirituais, que somos submetidos (Ef 6.10-18). Jesus
exortou os crentes de Esmirna a serem fiéis até a morte, mesmo diante das
tentações do diabo (Ap 2.10). Da mesma forma, falou aos crentes de Filadélfia,
dizendo: “Eis que venho sem demora;
guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11).
2.3 A vinda do Senhor será
repentina. A necessidade da vigilância para o
retorno de Cristo se dá também pelo fato de ser um evento repentino. Diversas
vezes, Jesus exortou os seus discípulos sobre isso (Mt 24.36,42,44; 25.13; Mc
13.33; Lc 12.46). Infelizmente, não são poucos aqueles que têm a promessa do
Senhor como tardia, ao ponto de desacreditarem dela (II Pe 3.4). Todavia, Jesus
nos assegurou que viria sem demora (Ap 3.11; 22.12,20). Estejamos vigilantes
para não sermos pegos de surpresa e sermos achados dormindo naquele dia (Mc
13.36; Lc 21.34). Jesus e os apóstolos usaram algumas figuras que retratam
muito bem que a imprevisibilidade do seu retorno, como veremos na tabela a
seguir:
FIGURAS
QUE RETRATAM A REPENTINA VOLTA DO SENHOR
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EXPLICAÇÃO
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Ladrão
(Mt 24.43-44; I Ts 5.2-4; II Pe 3.10;
Ap 16.15)
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O que aprendemos aqui é que, como um ladrão que aparece de forma inesperada, assim será a volta de
Cristo para buscar Sua Igreja. Por isso, o cristão deve estar sempre
vigilante para o retorno do Senhor.
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Relâmpago
Mt 24.27
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Um relâmpago é um fenômeno repentino.
De forma parecida, sucederá o súbito dia do Filho do Homem. Quando o Senhor
retornar, Ele virá de forma instantânea.
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Abrir
e fechar de olhos
I Co 15.52
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Paulo ensinou que “num momento” (grego atoma), num abrir
e fechar de olhos, ante a última trombeta, nós seremos transformados. De imediato, o corruptível se revestirá
de incorruptibilidade.
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III – DE QUE FORMA DEVEMOS ESPERAR A
VOLTA DE JESUS
3.1 Vigiando em oração. A Bíblia nos exorta a aguardarmos o Senhor vigiando em oração (I Pe
4.7). É por meio desta prática constante (I Ts 5.17) que o cristão mantém
contato com Deus (Jr 33.3; Tg 4.8). Ela expressa uma atitude de sujeição e
inteira dependência da sua graça, ou seja, quem ora reconhece que precisa da
ajuda divina para vencer as batalhas e dificuldades da vida (Is 38.1-5; II Cr
20.3,4). Faz-se necessário entender que, os últimos dias da Igreja de Cristo
aqui na terra, serão dias de esfriamento espiritual na vida de alguns cristãos
(Mt 24.12; Ap 3.15,16). Portanto, devemos ter cuidado para não sermos cristãos
superficiais, mas de profunda comunhão com Deus. “O mundo está se movendo em
direção ao seu objetivo final. Diante dessa realidade, os cristãos devem manter
um relacionamento próximo com Deus em oração” (ADEYEMO, 2010, p. 1561).
3.2 Vigiando em santidade. Jesus anunciou que antecipadamente que os dias que antecedem a sua
vinda, serão de extrema corrupção moral, comparando com o período antediluviano
e geração de Sodoma e Gomorra (Mt 24.37; Lc 17.28). Os apóstolos
também fizeram a mesma afirmação (II Tm 3.1-5; II Pe 3.3). Sabedores disto, nós
cristãos, devemos no meio desta geração pervertida, vigiar em santidade, a fim
de não contaminarmos com o pecado (Fp 2.15). A santidade é tipificada na Bíblia
como vestes (Ap 19.8,14). Por sua vez, a falta de santidade pode ser retratada
como vestes sujas ou a nudez (Zc 3.3,4; Ap 3.18; 16.15). A exortação bíblica é
que devemos estar vestidos e com vestes limpas em todo tempo (Ec 9.8; Ap 3.4).
3.3 Vigiando em todo tempo. Já vimos que a palavra “vigiar”
significa: “estar atento”. O
contrário da palavra “vigiar”
é justamente “dormir” (Mc
14.37; Ef 5.14; Rm 13.11). Do ponto de vista bíblico, o sono espiritual, tem
conotação negativa, pois leva o homem a um estado de invigilância. Jesus falou
disto quando disse: “Vigiai, pois,
porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à meia-noite, se
ao cantar do galo, se pela manhã, para que, vindo de improviso, não vos ache
dormindo” (Mc 13.35,36). Foi quando as dez virgens cochilaram que
chegou o esposo “E, tardando o esposo,
tosquenejaram todas, e adormeceram” (Mt 25.5). A “demora” da volta de
Cristo se constitui num teste de resistência e fidelidade para aqueles que
professam segui-lo. Por isso, somos exortados a perseverança (Mt 24.13; Lc
8.15; Rm 2.7; I Tm 4.16; Ap 3.10-11). Devemos também exorta-nos uns aos outros
(Hb 10.25).
IV – A PARÁBOLA DOS DOIS SERVOS
“Em Mateus 24.45-51 encontramos uma
parábola, falada por Jesus, denominada de “os dois servos”. Nessa ilustração o
Mestre tem uma exortação para todos os seus servos. Nela, como sempre, Cristo
liga a fé ao comportamento. Se cremos em sua vinda, devemos nos portar de
acordo com o que acreditamos. Não podemos viver como desejamos, se
verdadeiramente cremos que ele pode vir a qualquer momento. Essa esperança deve
governar a nossa vida no lar e impedir-nos de viver uma vida sem moderação e
sem disciplina. Se nos conscientizarmos da volta do Mestre, e deixarmos que
essa conscientização impere em todos os aspectos da nossa vida, então
viveremos. Quando o servirmos de maneira a honrá- lo, teremos verdadeira
comunhão uns com os outros, santidade de vida e estaremos vigilantes. Para
aqueles servos maus que escarnecem da verdade de sua vinda e arrogantemente
destratam os outros, e se associam com os glutões, há uma condenação repentina
e veloz. Que a graça nos seja concedida para que possamos viver de tal maneira
que não sejamos envergonhados perante ele em sua vinda!” (LOCKYER, 2006, p. 300
– acréscimo nosso).
CONCLUSÃO
A Vinda do Senhor é certa. Disto nos
garantiu, Jesus e os apóstolos em seus ensinamentos. Diante desta verdade, só
nos resta estarmos alertas e vigilantes em oração e santidade para que naquele
Dia possamos estar aptos para adentar as mansões celestiais.
REFERÊNCIAS
·
LOCKYER, Herbert. Todas as parábolas da Bíblia. VIDA.
·
RADMACHER, Earl D. et al. O Novo
Comentário Bíblico: AT. CENTRAL GOSPEL.
·
TOKUMBOH, Adeyemo. Comentário
Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
- VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.
Fonte: http://portal.rbc1.com.br/licoes-biblicas/baixar-licao/cod/416
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