INTRODUÇÃO
Sofonias profetizou durante o reinado de Josias, o último governante
piedoso de Judá (Sf 1.1). O objetivo de Sofonias foi advertir Judá e
Jerusalém quanto ao juízo divino iminente e ameaçador. O juízo divino é
chamado, neste livro, de “o grande Dia do Senhor” (Sf
1.14). Embora percebesse um castigo vindouro em escala mundial, sobre
outras nações (Sf 1.2; 3.8), Sofonias focalizava, especialmente o
julgamento que viria contra Judá (Sf 1.4-18; 3.1-7). Ele faz um apelo à
nação para que se arrependa e busque ao Senhor em humildade, antes que o
decreto entre em vigor (Sf 2.1-3). Nesta lição, veremos que Deus tem
reservado um Dia específico para fazer juízo e justiça a todas as
nações.
I – INFORMAÇÕES SOBRE O PROFETA SOFONIAS
1.1 Nome. Seu nome no hebraico Tsephan-Yah significa “Jeová esconde”. O verbo do qual seu nome deriva ocorre frequentemente com a ideia de ser escondido por Yahweh do
mal (Sl 27.5; 31.20), ou seus santos serem tesouros protegidos (Sl
83.3). Foi um dos principais profetas de sua geração e o único Profeta
Menor pertencente a família real, pois era filho de Cusi, tataraneto de
Ezequias (Sf 1.1). Como podemos ver, ele também é o único profeta do
Antigo Testamento que abre o livro de sua profecia apresentando uma
longa árvore genealógica (Sf 1.1). E, conforme o registro bíblico, ele
profetizou para o Reino do Sul (Judá-Jerusalém) (Sf 1.1-c).
1.2 Livro. Sofonias, é o nono livro dos Profetas Menores, e nele o profeta apresenta um Deus amoroso e severo (Sf 1.2; 3.17).
O primeiro capítulo do seu livro anuncia juízos iminentes sobre Judá em
consequência de sua injustiça, hipocrisia e idolatria (1.1-2.3); o
segundo, os castigos divinos sobre diversas nações (Sf 2.4-15); e, no
terceiro, há uma censura à cidade de Jerusalém e da restauração do
remanescente fiel (Sf 3.1-20). Não há citação direta de Sofonias no Novo
Testamento, no entanto, temos o seu tipo de linguagem e se suas
expressões proféticas como o “Dia da Ira” (Sf 1.15,18; Rm 2.5; Ap 6.17);
também o derramamento da “indignação” divina (Sf 3.8; Ap 16.1). E ainda
uma profecia que encontra respaldo nas Palavras de Jesus, que assevera
que “um dia o homem poderia adorar a Deus em qualquer lugar não só em Jerusalém” (Sf 2.11; Jo 4.21).
1.3 Período que profetizou. A informação biográfica
transmitida pelo Livro de Sofonias é que o profeta desenvolveu a sua
atividade durante o reinado de Josias, rei de Judá (640-609 a.C) e antes
da queda de Nínive em (612 a.C) (Sf 1.1; 2.13).
1.4 Contemporâneos. A tradição diz que Sofonias foi
contemporâneo do profeta Jeremias, pois ambos profetizaram durante o
reino de Josias (Sf 1.1; Jr 1.2,3) (MEARS, 1997, p. 285). A única
diferença entre ambos é porque Sofonias profetizou no início do reinado de Josias,
pois ele protestou contra a idolatria que foi removida em seguida, numa
grande reforma religiosa (Sf 1.2- 6; 3.1-7); e o profeta Jeremias
iniciou seu ministério no final de reinado de Josias (Jr 1.2).
II – A SITUAÇÃO DE ISRAEL NO PERÍODO DE SOFONIAS
2.1 Situação política. Já vimos que Sofonias começou o seu ministério nos primeiros tempos do reinado de Josias “...nos dias de Josias...” (Sf
1.1). Porém, os dois reis que o antecederam, Manassés e Amom (696 a 640
a.C), foram reis perversos que causaram grandes malefícios a Judá, o
Reino do Sul (II Re 21.2,3; II Re 21.20,21).
2.2 Situação social. Tanto a o cenário internacional
quanto o nacional passavam por profundas transformações. A Assíria
estava em declínio, a Babilônia ascendia ao poder sob Nabopolassar, pai
de Nabucodonosor; e o Egito penetrava na Palestina, mas não de modo
eficiente. Judá tinha se enfraquecido durante o longo reinado de
Manassés e era praticamente um escravo da Assíria. Josias começou seu
reinado de 31 anos em (640 a.C) com 8 anos de idade, diante de uma nação
muito enfraquecida.
2.3 Situação espiritual. Josias começou a reinar após
55 anos de derramamento de sangue e corrupção moral sob Manassés e Amom
(II Rs 21). Foi em seu reinado que o culto a Deus foi restaurado, e,
freou-se o grave deterioramento que a religiosidade judaica havia
sofrido; e foi também então que, tendo se descoberto, em 622 a.C., o “Livro da Lei”,
Josias empreendeu a reforma do culto em Jerusalém (2 Rs 22.3; 23.25;
2Cr 34.8; 35.19). Sofonias pode ser considerado o profeta que
influenciou Josias a voltar-se para o Senhor e o ajudou nas fases dessa
reforma, apresentando ao povo um dos quadros bíblicos mais aterradores
do julgamento (II Rs 22.10-13; Sf 1.2-4). O reinado de Josias pode ser
dividido em diversos períodos:
• (640 a 632 a.C) - Princípio do reinado até buscar o Senhor aos 16 anos.
• (632 a 629 a.C) - Período do reinado depois de buscar o Senhor, antes da reforma.
• (628 a 621 a.C) - Primeira purificação da idolatria em Jerusalém e todo Israel.
• (621 a 609 a.C) - Posterior purificação depois do Livro da Lei ser
encontrado no templo e o povo ter-se reunido para renovação da aliança.
III - A MENSAGEM DO JUÍZO DE DEUS ATRAVÉS DE SOFONIAS
No livro de Sofonias encontramos diversas vezes a expressão “Dia do Senhor” (Sf 1.1,7,8,9,10,14,18; 2.2,3;3.8,20).
Este “DIA” diz respeito a ocasião em que Deus, com
base em sua justiça e santidade, julgará a humanidade por haver
desprezado a sua vontade. No Velho Testamento o “Dia do Senhor” é usado para descrever julgamentos históricos que já foram cumpridos (Is 13.6-22; Ez 30.2-19; Jl 1.15; 3.14; Am 5.18-20; Sf 1.14-18), e em outras passagens se refere a julgamentos divinos que vão acontecer no fim dos tempos (Jl
2.30-32; Zc 14.1; Ml 4.1,5). Portanto, o termo “Dia do Senhor”
significa um juízo presente que alude ao tempo em que Deus trataria o
seu povo com punição e cativeiro, mas também diz respeito ao futuro, que
é o período da Grande Tribulação (Ap 6.1-17).
3.1 Juízos iminentes sobre Judá em consequência de seus pecados (Sf 1.1-2.3).
O profeta observa que Jeová está no meio da terra para julgar (Sf 1.7;
3.5). Ele relata uma série de pecados cometidos pelos habitantes de
Judá, tais como: idolatria (1.4-6); avareza (1.11); indiferença total a
Deus (1.12; 3.2); rebelião, violência e crime (3.1); lideres que seguem
costumes pagãos (1.8- 9); juízes como lobos famintos, que não deixam nem
sinal de sua presa (3.3). Por estas práticas eles seriam punidos
severamente: “E estenderei a minha mão contra Judá, e contra todos os habitantes de Jerusalém...” (Sf
3.5-a). Esta sentença aconteceria, se porventura, eles não atendessem a
voz divina e se voltassem para o Senhor com arrependimento (Sf 2.1-3).
3.2 Castigos divinos sobre diversas nações (Sf 2.4-15).
Agora, o profeta Sofonias, volta-se para as cinco nações pagãs:
Filístia, Moabe, Amom, Etiópia e Assíria, profetizando que elas seriam
visitadas pela ira de Deus (Sf 2.10). Como se pode ver a desolação de
Nínive (capital da Assíria) é descrita em termos admiravelmente precisos
(Sf 2.13-15). Os juízos aqui profetizados recaiu sobre os inimigos
próximos a Israel, de forma LITERAL naqueles dias (Sf 2.4-15). Porém, o julgamento dos inimigos de Israel espalhados por este mundo ainda aguarda julgamento FUTURO
“...porque o meu decreto é ajuntar as nações e congregar os reinos,
para sobre eles derramar a minha indignação, e todo o ardor da minha
ira...”. (Sf 3.8-b).
3.3 Censura à cidade de Jerusalém e da restauração do remanescente fiel (Sf 3.1-20).
Depois de predizer a destruição das nações circunvizinhas, Sofonias
retornou ao problema mais imediato – o pecado de Jerusalém. A cidade de
Deus e o povo do Senhor tornaram-se poluídos e tão pecadores quanto seus
vizinhos pagãos (Sf 3.1-5). Através do profeta, o Senhor repreendeu a
diferentes líderes de Jerusalém (Sf 3.3,4). No entanto, apesar desta
situação caótica, Deus assegura através do profeta que ainda estava no
meio do seu povo (Sf 3.5,11,15,17,). Isto significa dizer que Ele iria
restaurar o remanescente judeu. Esta restauração se dará de forma
tríplice:
1. Restauração física. Deus os faria voltar dos lugares para onde foram dispersos, e finalmente irão habitar seguros em Jerusalém: “Dalém
dos rios da Etiópia, meus zelosos adoradores, que constituem a filha
dos meus dispersos, me trarão sacrifício. Naquele dia não te
envergonharás de nenhuma das tuas obras, com as quais te rebelaste
contra mim; porque então tirarei do meio de ti os que exultam na tua
soberba, e tu nunca mais te ensoberbecerás no meu monte santo”
(Sf 3.10,11).
2. Restauração moral. Embora muitas vezes os judeus
foram humilhados diante das nações circunvizinhas, Deus haveria de
julgar as nações que os oprimiram, dando atenção especial ao Seu povo “Canta
alegremente, ó filha de Sião; rejubila, ó Israel; regozija-te, e exulta
de todo o coração, ó filha de Jerusalém. O SENHOR afastou os teus
juízos, exterminou o teuinimigo; o SENHOR, o rei de Israel, está no meio
de ti; tu não verás mais mal algum” (Sf 3.14,15).
3. Restauração espiritual. Embora a nação houvesse se
corrompido, havia nos dias de Sofonias (passado) e haverá um grupo
“remanescente” (futuro), que preservou a Sua fidelidade com Deus “Mas
deixarei no meio de ti um povo humilde e pobre; e eles confiarão no
nome do SENHOR. O remanescente de Israel não cometerá iniqüidade, nem
proferirá mentira, e na sua boca não se achará língua enganosa; mas
serão apascentados, e deitar-se-ão, e não haverá quem os espante” (Sf 3.12,13).
IV – A ATUALIDADE DA MENSAGEM DE SOFONIAS PARA A IGREJA
O livro de Sofonias nos deixa a mensagem de que Deus executa juízo
sobre os ímpios no tempo presente; mas também nos últimos dias, Ele
convocará todos os homens para um acerto de contas, conforme anunciado
pelos profetas (Is 13.6,9; Ez 13.5; Jl 1.15; 2.1). Todavia, antes que
isto aconteça, a Igreja de Cristo tem a responsabilidade de anunciar a
todos os homens em todos os lugares que se arrependam das suas más obras
(At 17.30), e passem a crer no Unigênito Filho de Deus a fim de que
sejam salvos (Jo 3.16; 5.24) e possam estar livres da Ira que está por
vir (I Ts 1.10).
CONCLUSÃO
Aprendemos com o profeta Sofonias, que o “Dia do Senhor” refere-se ao
pronunciamento de um julgamento específico sobre a nação de Judá (Sf
1.4), e ao julgamento universal do pecado que acontecerá nos últimos
dias, onde Deus aplicará seu Juízo sobre a Terra depois que a Igreja for
arrebatada (Sf 3.8). Devemos lembrar que diante dessas mensagens,
Sofonias convoca o povo a um arrependimento antes da sentença de Deus
ser executada, porque Deus é justo e deseja perdoar (Sf 2.3).
Da mesma forma o Senhor chama ao arrependimento todo aquele que necessita aceitá-lo como Salvador.
REFERÊNCIAS
• MEARS, Henrietta C. Estudo Panorâmico da Bíblia. VIDA.
• ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
• Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. CPAD.
• ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD
Fonte: http://www.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 06 dez. 2012.
Fonte: PortalEBD
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