INTRODUÇÃO
Ageu é o primeiro de três livros pós-exílicos do AT (os
outros dois são Zacarias e Malaquias). Ele é chamado de “o profeta” (Ag
1.1; 2.1,10; Ed 6.14) e embaixador do Senhor (Ag 1.13). A profecia de
Ageu tinha por objetivo encorajar os desanimados judeus que retornaram
do exílio a reconstruir o templo, depois dos setenta anos do cativeiro
babilônico.
I – INFORMAÇÕES SOBRE O PROFETA AGEU
1.1 Nome. Do hebraico Haggai significa “festividade” ou “festivo”.
Provavelmente ele recebeu este nome porque o seu nascimento coincidiu
com uma das festas judaicas. Seu nome está ligado ao maior objetivo de
sua profecia, que era completar o templo para reiniciar as festividades
religiosas. A tradição judaica sustenta que ele nasceu na Babilônia e
estudou sob a orientação do profeta Ezequiel. Evidentemente veio para
Jerusalém após o retorno do primeiro grupo de exilados em 537 a.C., pois
o seu nome não consta da lista dos que retornaram (Ed 2.2) (ELISSEN,
2004, p.329).
1.2 Livro. O livro de Ageu contém dois capítulos e quatro mensagens, cada uma delas introduzida pela frase “a Palavra do Senhor”
como veremos a seguir: (1ª) Ageu repreende os judeus por estarem tão
interessados em suas próprias casas, revestidas de cedro por dentro,
enquanto a Casa de Deus permanecia em desolação (Ag 1.4). (2ª) Poucas
semanas depois, a reação dos judeus, que haviam visto a glória do
primeiro templo e que consideravam como nada o segundo, começava a
desanimar o povo (Ag 2.3). Ageu, então, exorta os líderes a se mostrarem
corajosos, porque seus esforços faziam parte de um quadro profético
mais amplo (Ag 2.4-7); e “a glória desta última casa será maior do que a da primeira”
(Ag 2.9). (3ª) A terceira mensagem de Ageu conclama o povo a viver uma
vida de santa obediência (Ag 2.10-19); e (4ª) A última mensagem prediz
que Zorobabel representaria a continuação da linhagem e da promessa
messiânica (Ag 2.20-23).
1.3 Contemporâneos. Zacarias, um profeta mais jovem,
foi contemporâneo de Ageu. Os dois tornaram-se os principais
incentivadores dos trabalhos de restauração, ao apressarem o povo
recém-chegado do exílio a reiniciar a construção do Templo (ELISSEN,
2004, p.329).
1.4 Contexto histórico e político do livro. Em 538
a.C., Ciro rei da Pérsia, promulgara um decreto, permitindo aos judeus
exilados voltarem à pátria para reconstruir Jerusalém e o templo,
cumprindo, assim, as profecias de Isaías e Jeremias (Is 45.1-3; Jr
25.11,12; 29.10-14), e a intercessão de Daniel (Dn 9). O primeiro grupo
de judeus a voltar a Jerusalém, havia lançado os alicerces do novo
templo em 536 a.C., em meio a muita emoção e expectativa (Ed 3.8-10). No
entanto, os samaritanos e outros vizinhos opuseram-se fisicamente ao
empreendimento, desanimando aos trabalhadores de tal maneira, que a obra
acabou por ser interrompida em 534 a.C. A indiferença espiritual
generalizou-se, induzindo o povo a voltar à reconstrução de suas
próprias casas. Em 520 a.C., Ageu, acompanhado pelo profeta Zacarias,
conclama Zorobabel e o povo a retornar a construção da casa de Deus.
Quatro anos mais tarde, o Templo foi completado e dedicado ao Senhor (Ed
cap. 4-6). Elissen (2004, p.330), nos relata as datas e os
acontecimentos relativos ao contexto do livro:
DATA
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ACONTECIMENTO
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538 a.C.
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Decreto de Ciro para o retorno dos judeus a fim de reconstruírem o Templo (Ed 1.1).
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537 a.C.
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Retorno dos primeiros cativos sob governo de Sesbazar (Ed 2.1); o
altar foi erguido e as ofertas foram reiniciadas em Jerusalém (Ed 3.6).
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536 a.C.
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Começa a reconstrução das fundações do Templo (Ed 3.10).
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534 a.C.
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Reconstrução interrompida devido a ameça dos samaritanos (Ed 4.4-5).
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530 a.C.
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Interrupção oficial da reconstrução por ordem de Artaxerxes (Ed 4.6, 21).
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521 a.C.
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Ascensão de Dario Histaspes ao trono persa (Ed 4.5).
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520 a.C.
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Retomada da construção do Templo após a insistência de Ageu e
Zacarias (Ed 5.1,2; Ag 1.14,15); Decreto de Dario I para recomeçar a
construção do Templo, com garantia de subsidio e proteção a fim de
assegurar o seu término (Ed 4.24; 6.8).
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516 a.C.
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Templo terminado em 3 de março (Adar), possibilitando a observância da Páscoa em 14 de abril (Ed 6.19).
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1.5 Contexto religioso. Em 537 a.C. começou uma grande
era para os judeus com a volta do cativeiro e o reinício das ofertas da
aliança em Jerusalém. Mas a pausa na reconstrução esfriou o entusiasmo
de todos, e eles se voltaram para interesses pessoais. Todavia, essas
atividades resultaram em um castigo por não terem tido em alto apreço a
fundação do novo Templo (Ed 3.12-13; Ag 2.3). Após aproximadamente 14
anos de negligência na reconstrução do templo, o Senhor mandou seca e má
colheita ao povo a fim de alertá-lo. Mandou depois os profetas Ageu e
Zacarias mostrar-lhes a causa do problema econômico e sugerir que todos
cuidassem da sua responsabilidade mais importante, a reconstrução do
templo do Senhor (ELISSEN, 2004, pp.330,331).
II – A MENSAGEM DO PROFETA AGEU PARA O POVO DE JUDÁ
Após o retorno do cativeiro babilônico, os judeus tinham
uma importantíssima tarefa: reconstruir o Templo e restaurar o culto a
Jeová. Mas, além das dificuldades, a obra foi embargada por determinação
do rei Artaxerxes, da Pérsia, por causa de uma denúncia acusatória dos
vizinhos e inimigos do povo judeu (Ed 3.8,9; 4.7,8,17-24). Por causa
disso, a obra arrastou-se, o povo perdeu ânimo e tornou-se egoísta
cuidando apenas de suas moradias (Ag 1.4). Foi nesta ocasião que Deus
levantou o profeta Ageu. Vejamos o resumo de sua mensagem:
2.1 Mensagem de repreensão (Ag 1.1-11).Por causa do
descaso do povo judeu para com o Templo, Deus os castigou e lhes
sobreveio colheitas escassas, secas e miséria (Ag 1.6). Eles trabalhavam
intensamente, mas não sentiam real alegria e motivação (Ag 1.6, 9-11).
Mais do que qualquer outra pessoa, Ageu foi o responsável por conseguir
que a reconstrução recomeçasse e fosse concluída. Ele insistiu com os
líderes e o povo para atender a essa prioridade, para que Deus pudesse
derramar bençãos sobre todos os empreendimentos do povo: “Olhastes
para muito, mas eis que alcançastes pouco; e esse pouco, quando o
trouxestes para casa, eu lhe assoprei. Por quê? disse o Senhor dos
Exércitos. Por causa da minha casa, que está deserta, e cada um de vós
corre à sua própria casa. Por isso, retêm os céus o seu orvalho, e a
terra retém os seus frutos” (Ag 1.9,10).
2.2 Mensagem de ânimo (Ag 2.1-9). Enquanto o povo
edificava, novo desânimo apoderou-se deles. Os mais velhos, lembrando-se
do esplendor do Templo de Salomão, mostravam-se decepcionados com o
novo Templo, pois era inferior no tamanho e na suntuosidade da
alvenaria. Os próprios alicerces eram bem menores em extensão e os
recursos eram muito limitados. Mas Ageu veio com uma palavra de ânimo,
dizendo que Deus derramaria seus recursos naquele edifício e estaria no
meio do novo templo: “E encherei de glória esta casa, diz o Senhor dos Exércitos” (2.7). “A
glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor
dos Exércitos; e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos” (2.9).
2.3 Mensagem de esperança (Ag 2.10-23).Esta mensagem
de purificação e benção foi proclamada três meses depois que o templo
foi iniciado. Por meio de perguntas e respostas, Ageu mostrou ao povo a
sua impureza e pecaminosidade (Ag 2.11-14). Mostrou-lhes que as suas
orações não eram respondidas porque tinham protelado por tanto tempo o
término do templo. Por sua culpa haviam arruinado tudo quanto tinham
feito (Ag 2.15-19). Mas, se renovassem o seu zelo, descobririam que Deus
os abençoaria: “Há ainda semente no celeiro? Nem a videira,
nem a figueira, nem a romeira, nem a oliveira têm dado os seus frutos;
mas desde este dia vos abençoarei” (Ag 2.19).
III – A ATUALIDADE DA MENSAGEM DE AGEU PARA A IGREJA
Apesar de Ageu haver profetizado há cerca de 2.500 anos atrás, sua mensagem é atual e contemporânea. Vejamos:
3.1 “É para vós tempo de habitardes nas vossas casas estucadas, e esta casa há de ficar deserta? Ora, pois, assim diz o Senhor dos Exércitos: Aplicai o vosso coração aos vossos caminhos” (Ag 1.4,5). Os
judeus que haviam retornado do cativeiro estavam tão ocupados com suas
próprias casas que haviam se esquecido da Casa de Deus. O Senhor
perguntou-lhes, então, como eles podiam viver com tanto luxo, enquanto o
templo estava em ruínas. Semelhantemente, muitos cristãos estão tão
ocupados com as coisas transitórias desta vida, que acabam esquecendo
de investir no Reino de Deus. Não esqueçamos, pois, do mandamento
divino, através do profeta Malaquias: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa...” (Ml 3.10a).
3.2 “Semeais muito, e recolheis pouco; comeis, mas não vos
fartais; bebeis, mas não vos saciais; vesti-vos, mas ninguém se aquece; e
o que recebe salário, recebe-o num saco furado” (Ag 1.6). Pelo
fato de o povo não dar a Deus o primeiro lugar em suas vidas, seu
trabalho não era frutífero, nem produtivo, e suas posses materiais não
eram satisfatórias, ou seja, a bênção de Deus foi retida. De igual modo,
podemos enfrentar um declínio de bênçãos materiais e espirituais,
quando não priorizamos a obra de Deus. Como disse o Senhor Jesus: “Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).
3.3 “Ora, pois, esforça-te, Zorobabel, diz o
Senhor, e esforça-te, Josué, filho de Jozadaque, sumo sacerdote, e
esforçai-vos, todo o povo da terra, diz o Senhor, e trabalhai; porque eu
sou convosco, diz o Senhor dos Exércitos” (Ag 2.4). Por
intermédio do profeta Ageu, Deus animou não só o povo (Ag 1.7,8), mas,
também, a liderança política e religiosa – Josué, o governador; e
Josadaque, o sumo sacerdote – para trabalhar (Ag 2.4). Ele prometeu
estar com eles, mas, exigiu esforço, trabalho e dedicação. Aprendemos
que Deus age, quando nos dispomos a trabalhar para Ele (Js 1.6-9; Mt
28.19,20; Mc 16.20).
CONCLUSÃO
Ageu foi um dos profetas mais bem-sucedidos em termos de resultados
imediatos. Suas palavras foram ouvidas, o povo reanimado, e o Templo foi
reconstruído, mesmo diante de grandes dificuldades e oposições. Mas,
não apenas isto. Ele profetizou que "A glória desta última casa será maior que a da primeira" (2:9).
E, como a glória deste Templo foi inferior a do Templo de Salomão, em
termos de tamanho e suntuosidade, cremos que esta glória não estava
baseada em termos de prata e o ouro, mas, a presença do Senhor Jesus
nele (Mt 21.12,14; Mc 11.11,15; Lc 19.45; 20.1; Jo 8.2,20,59).
REFERÊNCIAS
- ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
- MEARS, Henrieta. Estudo Panorâmico da Bíblia. VIDA.
- CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
- SOARES, Esequias. Visão Panorâmica do Antigo Testamento. CPAD.
- STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
- COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - PROF. PAULO AVELINO
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