Texto Bíblico:Atos 27 e 28
Objetivo
Professor ministre sua aula de forma a conduzir seu aluno a compreender
que a todos somos chamados para fazer algo para Deus. Paulo foi
incansável em seus trabalhos e cabe a nós dar continuidade ao trabalho
que iniciou na igreja Primitiva, anunciando as Boas Novas de Salvação a
todas as pessoas.
Exercitando a memória
“Cumpra a sua missão com fidelidade, para que ninguém possa
culpá-lo de nada, e continue assim até o dia em que o Nosso Senhor Jesus
Cristo aparecer.” (1 Tm 6.14 – NTLH).
Crescendo no conhecimento
Na escuridão da noite, um navio com 276 pessoas a bordo aproxima-se de
uma ilha no Mediterrâneo. A tripulação e os passageiros estão exaustos
de serem jogados de um lado para o outro pelas águas agitadas por uma
tempestade que já dura 14 dias. Ao amanhecer, avistam uma baía e tentam
levar o navio para a praia, mas a proa fica encalhada, totalmente
imóvel, e as ondas despedaçam a popa. Todos abandonam o navio e
conseguem chegar ao litoral de Malta, nadando ou boiando agarrados a
pranchas de madeira ou a outros objetos. Exaustos e com frio, eles se
arrastam para fora das ondas agitadas. Entre os passageiros encontra-se o
apóstolo cristão Paulo, que está sendo levado para Roma, a fim de ser
julgado (At 27.27-44).
Esse naufrágio na ilha de Malta não foi a primeira vez que Paulo correu risco de vida no mar. Poucos anos antes, ele escreveu: “Três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no profundo.” Disse
também que havia corrido “perigos no mar”. (2 Co 11.25-27) As viagens
marítimas o ajudaram a cumprir a função que Deus lhe deu como “apóstolo para as nações”. — Romanos 11.13.
Qual era o volume do tráfego marítimo no primeiro século? Que papel
desempenhava na disseminação do cristianismo? Era seguro viajar de
navio? Que tipos de embarcações eram usadas? E como os passageiros eram
acomodados?
Roma dependia do comércio marítimo
Os romanos chamavam o Mediterrâneo de Mare Nostrum — Nosso
Mar. O controle das rotas marítimas era fundamental para Roma não apenas
por razões militares. Muitas cidades do Império Romano eram portuárias
ou eram servidas por portos. Roma, por exemplo, tinha seu porto marítimo
na vizinha Óstia, ao passo que Corinto usava Lecaion e Cencréia, e a
Antioquia da Síria era servida pela Selêucia. As boas conexões marítimas
existentes entre esses portos garantiam a rápida comunicação com
cidades-chave e facilitavam a administração eficiente das províncias
romanas.
Roma também dependia da navegação para seus suprimentos de alimentos.
Com uma população de aproximadamente um milhão de pessoas, havia uma
enorme demanda de cereais — algo entre 250.000 e 400.000 toneladas por
ano. De onde vinham todos esses cereais? Flávio Josefo cita Herodes
Agripa II como tendo dito que a África do Norte alimentava Roma durante
oito meses por ano, enquanto que o Egito enviava uma quantidade de
cereais suficiente para abastecer a cidade pelos outros quatro meses.
Milhares de embarcações marítimas eram usadas no transporte de cereais
para aquela cidade.
Para atender ao gosto romano pela suntuosidade, o próspero comércio
marítimo fornecia todos os tipos de mercadorias. Minerais, pedras e
mármore eram despachados de Chipre, da Grécia e do Egito, e madeira era
trazida do Líbano. O vinho era trazido de Esmirna, as castanhas vinham
de Damasco, e as tâmaras da Palestina.
Unguentos e borracha eram embarcados na Cilícia, lã em Mileto e
Laodicéia, tecidos na Síria e no Líbano, tecidos roxos em Tiro e Sídon.
Corantes eram enviados de Tiatira e vidro de Alexandria e de Sídon.
Seda, algodão, marfim e especiarias eram importados da China e da Índia.
O que se pode dizer do navio que naufragou em Malta com Paulo a bordo? Era um navio para transporte de cereais, “um barco de Alexandria, que ia navegar para a Itália”.
(At 27.6) As frotas de navios para transporte de cereais eram
propriedades particulares de gregos, fenícios e sírios, que as
comandavam e equipavam. Contudo, os navios eram alugados pelo Estado.
“Como no caso da coleta de impostos”, diz o historiador William M.
Ramsay, “o governo achou mais fácil contratar terceiros do que organizar
por si mesmo o enorme mecanismo, em questão de mão-de-obra e
equipamentos, necessário para aquele grande serviço”.
Paulo terminou sua viagem a Roma num navio que tinha como figura de
proa os “Filhos de Zeus”. Esse navio também era de Alexandria. Atracou
em Putéoli, no golfo de Nápoles, o porto em que os navios que
transportavam cereais normalmente aportavam. (At 28.11-13) De Putéoli —
atual Pozzuoli — a carga era transportada em direção ao norte, por
terra, ou em barcos menores que seguiam a costa e subiam o rio Tibre,
para dentro de Roma.
Passageiros em navios de carga: Por que Paulo e os soldados que o
escoltavam viajavam num navio de carga? Para responder a essa pergunta,
precisamos saber o que significava ser passageiro de um navio naquela
época.
No primeiro século EC, não existiam navios de passageiros. Os viajantes
usavam navios mercantes. Todo tipo de pessoas — incluindo funcionários
do governo, intelectuais, pregadores, feiticeiros, artistas, atletas,
mercadores, turistas e peregrinos — podem ter viajado nesses navios.
Obviamente, havia barcos menores que transportavam passageiros e cargas
pelas águas costeiras. Paulo pode ter usado uma dessas embarcações para
‘passar de Trôade à Macedônia’. Ele pode ter feito mais de uma viagem
em navios pequenos, tendo Atenas como ponto de partida e de chegada.
Paulo pode também ter usado uma embarcação pequena mais tarde em sua
viagem de Trôade a Pátara, ao longo das ilhas próximas à costa da Ásia
Menor. (At 16.8-11; 17.14, 15; 20.1-6, 13-15; 21.1) O uso dessas
embarcações pequenas economizava tempo, mas elas não podiam correr o
risco de se distanciar muito da costa. Por esse motivo, os navios em que
Paulo viajou a Chipre e depois à Panfília, e de Éfeso para Cesaréia, e
de Pátara para Tiro, devem ter sido consideravelmente maiores. (At 13.4,
13; 18:21, 22; 21.1-3) O navio que naufragou na ilha de Malta com Paulo
a bordo também devia ser considerado grande.
De que tamanho eram esses navios?
Fontes literárias levaram um erudito a afirmar: “O [navio] de menor
capacidade, geralmente considerado útil pelos povos antigos, era de
cerca de 70 a 80 toneladas. Um tamanho bastante comum, pelo menos no
período helenista, era o de 130 toneladas. Embora fosse comum ver um
navio de 250 toneladas, esse tamanho estava definitivamente acima da
média. Os navios a serviço do transporte imperial, na época do Império
Romano, eram ainda maiores, sendo que a capacidade ideal era 340
toneladas. Os maiores navios em circulação chegavam a 1.300 toneladas,
ou talvez um pouco mais.” De acordo com uma descrição redigida no
segundo século EC, o navio Isis, de Alexandria, usado para o transporte
de cereais, media mais de 55 metros de comprimento por cerca de 14
metros de largura, tinha um porão de aproximadamente 13 metros de
profundidade, e provavelmente tinha capacidade para transportar mais de
1.000 toneladas de cereais e talvez algumas centenas de passageiros.
Que tipo de tratamento era dispensado aos passageiros dum navio
cargueiro? Uma vez que os navios destinavam-se principalmente ao
transporte de cargas, os passageiros eram de preocupação secundária. Não
havia nenhum serviço de bordo, exceto o fornecimento de água. Tinham de
dormir no convés, talvez em abrigos em forma de tendas montadas à noite
e desmontadas pela manhã. Embora os viajantes pudessem ser autorizados a
usar a cozinha do navio, tinham de levar todo o equipamento necessário
para cozinhar, comer, tomar banho e dormir — desde panelas a roupas de
cama.
A navegação era segura: Sem instrumentos — nem mesmo
uma bússola — os navegadores no primeiro século orientavam-se
estritamente pela vista. Assim, a viagem era mais segura quando havia
melhor visibilidade — normalmente do fim de maio a meados de setembro.
Nos dois meses antes e depois desse período, os mercadores talvez se
arriscassem a navegar. Mas durante o inverno, os nevoeiros e as nuvens
geralmente obscureciam os pontos de referência e o sol durante o dia, e
as estrelas à noite. A temporada de navegação era considerada encerrada
(em latim, mare clausum) de 11 de novembro a 10 de março,
exceto em casos de absoluta necessidade ou urgência. Aqueles que
viajavam no fim da temporada corriam o risco de ter de passar o inverno
num porto estrangeiro. — Atos 27.12; 28.11.
Apesar de arriscada e sazonal, será que a navegação oferecia alguma
vantagem em relação às viagens por terra? Sem dúvida! Navegar era menos
cansativo, mais barato e mais rápido. Quando os ventos eram favoráveis,
um navio podia percorrer talvez 150 quilômetros em um dia. A média
normal de percurso para uma viagem longa a pé era de 25 a 30 quilômetros
por dia.
A velocidade do navio dependia quase que inteiramente do vento. A
viagem do Egito para a Itália era uma luta constante contra os ventos de
proa, mesmo durante a melhor época da temporada. A rota mais curta era
normalmente via Rodes, Mirra ou outro porto na costa da Lícia, na Ásia
Menor. Depois de enfrentar tempestades e de perder-se, o navio Isis, em
certa ocasião, ancorou em Pireu 70 dias após partir de Alexandria.
Empurrado por fortes ventos do noroeste, esse navio provavelmente
levaria de 20 a 25 dias para fazer a viagem de retorno da Itália. Seriam
necessários mais de 150 dias, com boas condições de tempo, para fazer a
mesma viagem por terra, em quaisquer das direções.
As boas novas levadas muito além dos mares: Paulo
evidentemente sabia dos perigos de navegar fora da temporada. Ele até
avisou contra navegar no fim de setembro ou início de outubro, dizendo: “Homens, percebo que a navegação vai ser com dano e com grande perda, não só da carga e do barco, mas também de nossas almas.” (At 27.9, 10)
Mas o oficial do exército que estava no comando ignorou essas palavras, o que resultou no naufrágio em Malta.
Aplicação da lição
Paulo sofreu pelo menos quatro naufrágios durante sua carreira
missionária. (At 27.41-44; 2 Co 11.25) Ainda assim, a indevida ansiedade
por causa dessas eventualidades não impediu que os primitivos
pregadores das boas novas viajassem de navio. Eles fizeram pleno uso de
todos os meios de transporte disponíveis, a fim de divulgar a mensagem
do Reino de Deus. E em obediência à ordem de Jesus, deu-se um testemunho
em toda a parte (Mt 28.19, 20; At 1.8) Graças ao zelo que demonstraram,
à fé daqueles que seguem seus exemplos, e à orientação do Espírito
Santo de Deus, as boas novas chegaram aos pontos mais distantes da Terra
habitada.
Hoje esta tarefa é nossa. Esforcemo-nos para levar adiante a missão confiada a toda igreja.
Colaboração para Portal Escola Dominical – Profª. Jaciara da Silva
Fonte: PortalEBD
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