INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre o último dos profetas Menores
- Malaquias. Destacaremos algumas informações a respeito desse profeta,
e também a situação em que se encontrava o povo a quem ele profetizou.
Veremos qual a mensagem que Deus pronunciou através do seu mensageiro, e
que as doutrinas por ele defendidas, aplicam-se ainda hoje para a
Igreja.
I – INFORMAÇÕES SOBRE O PROFETA MALAQUIAS
1.1 Nome. Seu nome hebraico é Malakhyah, que significa “anjo” ou “mensageiro de Jeová”. Sua forma abreviada é Maleachy, “meu mensageiro”.
Durante muito tempo não se soube se “Malaquias” era o nome do profeta
ou se era uma referência a um mensageiro de Jeová. Mas, é evidente que
se trata de um nome próprio, pois nenhum livro dos profetas deixa de
trazer seu nome no início da obra (SOARES, 2003, p. 220). Além do seu
nome, nada é mais conhecido, pois este profeta não relata em seu livro
quem são seus pais, cidade natal ou data do ministério (Ml 1.1).
Atradição nos conta que Malaquias era membro da “Grande Sinagoga” e que
ele era um levita nascido em Sufa de Zebulom(MOODY, sd, p. 26).
1.2 Livro. O livro do profeta Malaquias é o último do Antigo Testamento e também dos profetas menores.Ele
se divide em seis partes. Cada uma começa com uma declaração, seguida
de uma objeção na forma de pergunta introduzida por “vós dizeis”ou
“perguntais” (Ml 1.2,6 2.14,17; 3.7,13), para depois refutar a objeção. O
livro se constitui numa série de censuras contra o povo por causa da
ingratidão a Deus e contra a irreverência quanto às coisas sagradas. A
infidelidade dos sacerdotes (Ml 1.12,13) e as advertências continuam no
capítulo 2, até o versículo 9. A crise social diz respeito aos
casamentos mistos, e o grande índice de divórcio também é parte da
censura. É parte da crise espiritual o desprezo pelos dízimos e ofertas
(Ml 3.7-11). O capítulo 4 reacende a esperança messiânica com o
aparecimento do “Sol da Justiça” (Ml 4.2), precedida pela vinda de Elias (Ml 4.5,6). O livro é citado no Novo Testamento. O profeta anunciou a vinda de Elias, identificado com João Batista, o precursor do Messias, (Ml 3.1; 4.6; Mc 1.2; Mt 11.10,14;17.11). A célebre frase: “amei a Jacó e aborreci Esaú” (Ml 1.2,3) reaparece em Romanos 9.13 (SOARES, 2003, p. 221).
1.3 Período que profetizou. Quando Malaquias, cem anos
ou mais já haviam decorrido desde a volta dos judeus a Jerusalém, após o
cativeiro na Babilônia (MEARS, 1997, p.295).Não há menção dos muros de
Jerusalém e nem da construção da Casa de Deus, nem de Esdras e nem de
Neemias. Tudo isso nos leva a concluir que a mensagem de Malaquias veio
numa época em que o Templo já estava construído.Parece que seu
ministério coincide com o período em que Neemias havia retornado à
metrópole, “no ano trinta e dois de Artaxerxes” (Ne 13.6,7), uma referência a Artaxerxes I, conhecido como Longímano, rei da Pérsia que reinou entre 465 e 425 a.C. A Ausência de Neemias na Judéia aconteceu por volta de 433 a 425 a.C. A denúncia do profeta reflete as irregularidades religiosas desse período (SOARES, 2003, p. 220).
II – A SITUAÇÃO DE JUDÁ NO PERÍODO DE MALAQUIAS
2.1 Situação política. Embora Zorobabel tivesse sido
designado governador da Judéia em 537 a.C. e a data do seu falecimento
seja incerta, nenhum dos seus filhos foi designado para substituí-lo.
Neemias, burocrata judeu da corte de Artaxerxes I, foi designado
governador em 444 a.C. e exerceu o cargo até voltar à Pérsia em 432 a.C.
(Ne 5.14) (ELISSEN, 2004, p. 344).
2.2 Situação social e espiritual. O conteúdo do livro
do profeta Malaquias nos mostra que o primeiro entusiasmo do retorno da
Babilônia havia cessado. Apesar de o templo ter sido reconstruído (516
a.C.), o sistema de culto restaurado de maneira digna por Esdras (457
a.C.) e o muro da cidade reconstruído (444 a.C.), o estado espiritual dos judeus estava de novo em um nível muito baixo.
O povo tinha deixado de dar o dízimo, e em consequência as colheitas
fracassaram. Os sacerdotes, vendo-se no desamparo, tornaram-se
descuidados e indiferentes para com as funções do Templo. A moral
mostrava-se frouxa e havia frequentes contatos comprometedores com os
pagãos circunvizinhos (ELISSEN, 2004, p. 344).
III – A MENSAGEM DE DEUS ATRAVÉS DE MALAQUIAS
O profeta Malaquias inicia sua mensagem da seguinte forma: “Peso da palavra do SENHOR contra Israel, por intermédio de Malaquias” (Ml 1.1). Nos livros proféticos do Antigo Testamento, profecias e revelações são chamados de “pesos ou sentenças”, no hebraico “massa”, que nesse contexto quer dizer: “uma mensagem pesada”. Já a expressão “palavra do Senhor”
afirma a inspiração de sua mensagem e o fato de que ele foi autorizado
por Jeová como mediador ou porta-voz divino. Como tal, Malaquias se
pronuncia “contra Israel”, ou seja, em
oposição as suas práticas civis, morais e religiosas desprovidas de
justiça, santidade e sinceridade. Apesar de Deus tê-los amado (Ml
1.2-a). Os judeus chegaram ao ponto de duvidarem desse amor, por causa
das aflições que sofriam (Ml 1.2-b). No entanto, eram eles que haviam
deixado de amar e honrar a Deus, pois desobedeceram a sua Lei (Ml 1.6).
Por isso, o mensageiro do Senhor, exorta-os severamente por estarem
tratando com desprezo coisas que para Deus possuíam grande valor.
Vejamos em que pecavam os sacerdotes e os judeus da época de Malaquias:
3.1 Desprezo ao culto (Ml 1.6-8). O profeta Malaquias
apresenta uma acusação contra os sacerdotes da terra, pois eles estavam
desprezando o Senhor, oferendo-lhe animais aleijados ou doentes “Porque, quando ofereceis animal cego para o sacrifício, isso não é mau? E quando ofereceis o coxo ou enfermo, isso não é mau?”
(Ml 1.8-a). A Bíblia nos mostra que a oferta de animais a Deus tinha
que estar dentro dos requisitos bíblicos (Lv 22.17-24; Dt 15.21). O
profeta pergunta, se presentes imperfeitos apresentados a um governador
terrestre seriam ou não ofensivos. Porventura, não seria um insulto
muito maior oferecer presentes defeituosos ao Governador do universo?
(Ml 1.8-b). Ainda que não dissessem abertamente que a mesa do Senhor
fosse desprezível, ao ofertar de forma errada, sua atitude estava
dizendo isso (Ml 1.7).
3.2 Desprezo ao matrimônio(Ml 2.11-16). Malaquias
repreende os judeus por tratarem de forma leviana o matrimônio. Segundo o
relato dos profetas, eles estavam: (1) casando com mulheres pagãs (Ml
2.11), prática esta proibida pela Lei de Moisés
(Êx 34.15,16; Dt 7.3,4; I Rs 11.1-6; Ed 9.1,2; Ne 13.26, 27); (2) Muitos
deles eram infiéis as suas esposas, com as quais haviam se casado
quando ainda eram jovens (Ml 2.14). O Senhor deixa claro que DETESTA tal ação, motivado por propósitos egoístas “Porque o SENHOR, o Deus de Israel diz que odeia o repúdio, e aquele que encobre a violência com a sua roupa, diz o SENHOR dos Exércitos; portanto guardai-vos em vosso espírito, e não sejais desleais”
(Ml 2.16), pois Ele declara que, do marido e da mulher fez um só (Ml
2.15). Esse pecado é tão grave aos olhos do Senhor, que obstruía as
respostas das orações “...de sorte que ele não olha mais para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão” (Ml 2.13).
3.3 Desprezo aos dízimos e as ofertas (Ml 3.8-10). Os judeus estavam roubando a Deus ao deixarem de trazer os dízimos e ofertas “Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas” (Ml
3.8). Como podemos ver, a mordomia ou administração falha, do ponto de
vista divino, equivale à fraude ou roubo. O dízimo era uma prática feita
antes da Lei (Gn 14.18-20; Gn 28.18-22). Mas, foi na Lei, que Deus
estabeleceu princípios para a entrega dos dízimos, tais como: (1) o que
deveria ser dizimado (Lv 27.30-34); (2) a quem eram entregues os dízimos
(Nm 18.21-32); (3) onde deveria ser entregue os dízimos (Dt 12.1-14;
14.22-29; Ml 3.10). Descumprindo a exigência divina, eles encontravam-se
sob maldição: “com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação” (Ml 3.9).
IV – A ATUALIDADE DA MENSAGEM DE MALAQUIAS PARA A IGREJA
A mensagem de Malaquias não ficou restrita apenas ao povo
de Judá, mas serve também para a Igreja de Cristo, pois ela contém
ordenanças, ensinadas por Jesus Cristo e seus apóstolos no Novo
Testamento, os quais são:
4.1 O culto.Por meio do sacrifício de Cristo Jesus,
fomos feitos sacerdotes (I Pe 2.9; Ap 1.6; 5.10); e o apóstolo Paulo nos
orienta a ofertamos o melhor que possuímos: nossa vida inteira como
sacrifício vivo. Isto porque além de sermos os sacerdotes, somos a
oferta: “...apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”
(Rm 12.1). Portanto, antes de trazermos algum sacrifício ao Senhor,
devemos nos chegar a Ele da forma como a Sua Palavra nos exorta: “Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa” (Hb 10.22).
4.2 O matrimônio.O casamento não foi estabelecido por
uma lei humana, nem inventado por alguma civilização. Ele antecede toda a
cultura, tradição, povo ou nação, pois é uma instituição divina (Gn
1.27-31; Mc 10.6-9). No projeto de Deus, o casamento é indissolúvel.
Ninguém tem autoridade para separar o que Deus uniu. “Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem”
(Mt 19.6). Portanto, a vontade de Deus para o casamento é que cada
cônjuge seja único até que a morte os separe (Mc 10.7-9; Gn 2.24). No
entanto, Jesus cita uma exceção, a “prostituição”, palavra que no grego “porneia”
inclui o adultério ou qualquer outro tipo de imoralidade sexual (Mt
5.32; 19.9). Embora possa haver perdão e restauração do casamento, que é
sem dúvida o que Deus prefere (Ml 2.16).
4.3 Os dízimos e as ofertas.Os cristãos também têm a obrigação de contribuir com os seus dízimos e ofertas para manter a obra do Senhor, pois oSenhor Jesus não apenas reconheceu a importância da prática do dízimo, mas também a recomendou(Mt
23.23); e, o apóstolo Paulo, escrevendo aos coríntios, fez referência
ao dízimo para extrair o princípio de que o obreiro é digno do seu
salário (I Co 9.9-14; Lv 6.16,26; Dt 18.1). Não esquecendo que Deus
prometeu abençoar com: (1) multiplicação(Ml 3.10);
(2) proteção(Ml 3.11); e (3) prosperidade material(Ml 3.12).
CONCLUSÃO
Deus levantou o profeta Malaquias com a finalidade de
exortar os judeus que voltaram do exílio a fim de melhorarem seus
caminhos diante do Senhor, pois eles se tornaram indiferentes e
questionavam a justiça de Deus. Os princípios defendidos pelo profeta,
tais como: o caráter do culto verdadeiro, a união indissolúvel no
casamento, bem como a observância dos dízimos e das ofertas, tanto
deveriam ser observados por Judá como também pela Igreja de Cristo.
REFERÊNCIAS
- STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
- ELISSEN, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
- MEARS, Henrietta C. Estudo Panorâmico da Bíblia. VIDA.
- SOARES, Esequias. Visão Panorâmica do Antigo Testamento. CPAD.
- GARNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
- ADEYEMO, Tokunboh. Comentário Bíblico Africano. MC
- COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - PROF. PAULO AVELINO
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