(Fp 4.1-7)
INTRODUÇÃO
Veremos nesta lição a definição da palavra alegria e qual sua aplicação
para vida dos salvos. Analisaremos também, quais as admoestações
enviadas pelo apóstolo Paulo para os crentes de Filipos quanto a sua
postura frente as adversidades da vida cristã. E por fim, estudaremos
quais aplicações podemos extrair para nossa vida com Cristo.
I - DEFINIÇÃO DA PALAVRA ALEGRIA
De acordo com o dicionário exegético Vine (2002, p. 385) a palavra equivalente para alegria no grego é “chará” que significa: “gozo, deleite, prazer, alegria” (Mc 4.16; At 12.14; Fp 2.29). Também no texto grego aparece a palavra “agalliasis” indica uma alegria mais exultante e diz respeito a: “exultação, alegria exuberante” (Lc 1.14,44; At 2.6; Hb 1.9; Jd 24). Existe ainda a expressão grega “euphrainô” que fala sobre: “alegrar, ficar contente, estar feliz, regozijar-se, tornar-se alegre” (Lc 12.19; 15.23,24,29,32).
II – ADMOESTAÇÕES AOS FILIPENSES
Pode-se observar que todas as epístolas paulinas terminam com uma seção
de conselhos práticos, ou seja, uma mistura de saudações com noticias
pessoais e agradecimentos. Portanto, Paulo lhes mostra aqui no capítulo
4, quais são seus sentimentos, mas ao mesmo tempo, procura fazer algumas
admoestações finais aos filipenses (CHAMPLIN, 2002, p.59).
Vejamos:
2.1 “Portanto, meus amados […]” (Fp 4.1-a). O presente
versículo é ao mesmo tempo a conclusão do capitulo três como uma
introdução do seguinte. Neste verso o apóstolo usa o termo “agapetoi” que significa: amados. Paulo queria que aquela igreja soubesse que a despeito de ter ele advertido-a por causa de “muitos” que procuravam perverter o evangelho (Fp 3.18) o seu amor em nada havia diminuído.
2.2 “[…] e mui queridos irmãos [...]” (Fp 4.1-a). Paulo
revela o seu profundo amor pelos cristãos filipenses. O termo grego
para queridos se refere a uma profunda dor por estar separado das
pessoas amadas. Nos originais o termo “epipothetos” quer
dizer: desejado, querido, ansiado. Essa palavra usada aqui indica a
profunda emoção e sentimento que o apóstolo tinha por aquela igreja.
2.3 “[…] minha alegria e coroa [...]” (Fp 4.1-b). O termo para coroa no grego “stephanos” refere-se
a alegria como também à coroa de louros recebida pelo atleta que vencia
uma competição (1Co 9.25), era também usada com referência à grinalda
do grego “diadema” colocada sobre a cabeça dos
reis e imperadores como também dos convidados em um banquete e
significava triunfo como símbolo de uma vitória. Os crentes de Filipos
eram sua “coroa”, ou seja, a prova de que os esforços de Paulo havia
sido bem-sucedidos (1Co 9.2-3).
2.4 “[…] estai assim firmes no Senhor” (Fp 4.1-c). Esta
palavra grega para “estar firme” era usada com frequência para
descrever um soldado em pé em seu posto. O apóstolo ensinara com estas
palavras, que os crentes daquela congregação deveriam permanecer “firmes no Senhor” (Sl
125.1), preservando a própria fé e defendendo a doutrina pura. Deveriam
mostrar-se inabaláveis, a fim, de resistirem aos ataques do mal.
Deveriam fincar os pés, como bons soldados de Cristo (Ef 6.10,11).
III – ADMOESTAÇÕES CONTRA POSSÍVEIS CONFLITOS
Paulo não tinha nesta carta como já vimos em lição anterior, o objetivo
primário de prevenir a igreja de Filipos contra erros doutrinários, mas
de agradecer pala ajuda recebida e também tratar de alguns problemas de
relacionamento entre alguns membros (MACARTHUR, 2010, p. 1622). A
advertência de Paulo nestes dois versos marca uma ocorrência incomum em
suas cartas. Vejamos:
3.1 “Rogo a Evódia e rogo a Síntique que sintam o mesmo no Senhor” (Fp 4.2). O termo grego para palavra “rogo” do grego “parakaleo” denota um sério apelo e significa: “exortar, pedir, insistir”.
Essas duas mulheres eram proeminentes membros daquela igreja, as quais,
possivelmente, estavam reunidas para orar quando Paulo pregou o
evangelho pela primeira vez em Filipos (At 16.13,14). Aparentemente elas
estavam enfrentado um conflito de ordem pessoal e o apóstolo tenta
resolver este problema quando diz: “sintam o mesmo no Senhor”,
ou seja, aquelas mulheres deveriam estar em perfeita harmonia (Fp 2.2),
pois muitas vezes é possível crer em Jesus, trabalhar pelo seu Reino,
ser útil na obra do Senhor e ainda assim, ter algum desentendimento com
companheiros que estão envolvidos na mesma causa (At 15.2; At 15.7; At
15.39). Mas não existe desculpas para continuar sem a RECONCILIAÇÃO (2Tm 4.11).
3.2 “E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro” […] (Fp 4.3-a). Na versão ARA (Almeida Revista e Atualizada) aparece a expressão “fiel companheiro de jugo[...]”. A palavra grega para “jugo” retrata dois bois em uma canga, puxando a mesma carga dando a ideia de unidade e união. Este “fiel companheiro de jugo” de
Paulo que a Bíblia não menciona seu nome, provavelmente, era um dos
presbíteros daquela igreja que compartilhava da mesma tarefa (Fp 1.1).
Alguns intérpretes ainda chegam a sugerir que este nobre obreiro poderia
ser Timóteo, Silas, Lucas ou o marido ou irmão de uma destas mulheres e
outros conjecturam que seja Epafrodito que se encontrava em posição de
resolver esta discórdia. O certo é que, não existe evidência suficiente
para indicar a probabilidade de qualquer uma destas opções (ARRINGTON;
STRONSTAD, 2004, p.1309).
3.3 “[…] que ajudes estas mulheres que trabalham comigo no evangelho” […] (Fp 4.3-b). A expressão “trabalham comigo” vem do termo grego “sunergos” que fala de “cooperadores” ou “nosso cooperador”,
ou seja, trabalhadores pertencentes ao serviço de Deus. Não há nenhuma
indicação como acham alguns teólogos da possível citação paulina de um
ministério feminino, mas sim, da referência de duas mulheres que foram
ajudadoras de Paulo na igreja de Filipos.
3.4 “[…] e com Clemente, e com os outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida” (Fp 4.3-c). Sobre
este ilustre obreiro que o apóstolo o chama de “Clemente” nada se sabe a
seu respeito a não ser seu próprio nome mencionado neste versículo.
Certamente, este cooperador de Paulo, foi um dos primeiros ajudadores do
apóstolo na fundação desta igreja.
Já em relação da expressão: “cujos nomes estão no livro da vida”,
fica evidente que Paulo estava se referindo ao costume onde as cidades
antigas mantinham o registro dos nomes de seus cidadãos (Êx 32.32; Is
4.3; Ez 13.9; Dn 12.1), e este fato foi usado metaforicamente para uma
aplicação espiritual, indicando que, na “nossa cidade celestial” (Fp
3.20), esses registros também serão conservados de forma infinitamente
mais importante no céu (Sl 139.16; Ap 3.5; 13.8; 17.8; 20.12,15; 21.19).
IV - A VERDADEIRA ALEGRIA DO SALVO EM CRISTO
A alegria é um dos aspectos do fruto do Espírito Santo (Gl 5.22). Por
conseguinte, trata-se de uma qualidade espiritual. Portanto, temos aqui
um chamamento não apenas para regozijo, mas também para um
desenvolvimento espiritual superior, o que nos confere confiança,
alegria, e o senso de bem-estar, a despeito de nossas circunstâncias
externas (CHAMPLIN, 2002, p.61). A partir do verso 4, Paulo deixa de
falar de uma situação específica e pessoal, passando a uma série de
abordagens de interesse coletivo da igreja como um todo. Vejamos:
4.1 “Regozijai-vos, sempre, no Senhor [...]” (Fp 4.4-a). Os
crentes filipenses, que naquela época já haviam enfrentado grandes
perseguições, e que já eram testemunhas dos sofrimentos do apóstolo
Paulo (At 16.9-24) precisavam de raízes espirituais profundas para
poderem enfrentar a tudo, inabaláveis, com confiança e alegria
(CHAMPLIN, 2002, p.61). Parece estranho que um homem encarcerado pudesse
estar pedindo a uma igreja que se regozijasse. Paulo estava cheio de
alegria por saber que, a despeito daquilo que lhe viesse acontecer,
Jesus Cristo estava ao seu lado.
4.2 “[…] outra vez digo: regozijai-vos” (Fp. 4.4-b). O apóstolo mais uma vez encoraja aos filipenses a: “outra vez digo:
regozijai-vos”. Além de contínua, esta
alegria deve ser independente das circunstâncias que lhes causava medo.
Não é uma alegria que aparece quando as situações são vantajosas, mas
deve ser manisfesta em todas as ocasiões “regozijai-vos, SEMPRE […] OUTRA VEZ digo: regozijai-vos”. Esta
foi a própria reação de Paulo quando encontrou oposição ao evangelho em
sua chegada a Filipos, quando ele e Silas foram injustamente e
ilegalmente açoitados e presos pelos magistrados daquela cidade (At
16.22-25), pois para Paulo a alegria era uma das principais
características do Reino de Deus (Rm 14.17).
4.3 “Não estejais inquietos por coisa alguma […]” (Fp 4.6-a). Os filipenses deveriam se regozijar em suas próprias preocupações e não “estarem inquietos por coisa alguma”,
como nas situações que afligiram a Paulo e a Epafrodito (Fp 2.25-28).
Pelo fato do Senhor estar próximo, os filipenses não deveriam estar
“inquietos”. Fica evidente, ao longo desta carta, que estes irmãos
estavam passando por um momento de ansiedade, e por isso, estes crentes
deveriam deixar de se preocupar.
4.4 “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará
os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus” (Fp 4.7). A consequência de viver livre da ansiedade é encontrada no verso 7: “a paz de Deus”.
Este é o único uso da expressão no NT. Vários comentaristas interpretam
esta paz como a grande paz experimentada na presença de Deus, a qual
significa inteireza, saúde, e completo bem estar que só o Senhor pode
dar (Ef 2.14; 2Ts 3.16).
CONCLUSÃO
Chegamos a conclusão que, na vida cristã, poderemos enfrentar muitas provações ao realizarmos a obra do Senhor.
Porém, devemos entender, que momentos de aflições poderão nos alcançar,
todavia, somos mais do que vencedores em Cristo Jesus nosso Senhor!
REFERÊNCIAS
· Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. CPAD.
· STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
· ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
· CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. vol. 5. HAGNOS.
· MACARTHUR. Bíblia de Estudo. SBB.
· VINE, W.E, et al. Dicionário Vine: o significado exegético e expositivo das palavras do AT e do NT. CPAD.
COMENTÁRIOS - SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DA ASSEMBLEIA DE DEUS EM RECIFE/PE
Fonte: http://www.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 05 set. 2013.
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