(Fp 4.5-9)
INTRODUÇÃO
A fim de termos uma vida cristã equilibrada e frutífera,
precisamos ocupar nossa mente com tudo aquilo que é agradável a Deus. Na
lição em apreço, veremos a definição da palavra equilibrio; estudaremos
os conselhos paulinos para a igreja de Filipos sobre como viver através
do autocontrole; e veremos como a moderação e o equilíbrio na mente do
crente é importante.
I - DEFINIÇÕES
A palavra equivalente para “equilíbrio” no grego é “enkráteia” que significa literalmente “temperança, autocontrole”, derivado de “kratos” (At 24.25; Gl 5.22; 2 Pe 1.6). Temos também a palavra grega “enkrates” que denota “alguém que exerce autocontrole” (Tt 1.8). Pode-se ainda citar a palavra “sõphrõn”
que denota “alguém de mente sã, controlado, com autodomínio, sóbrio,
equilibrado, moderado” (1Tm 3.2; Tt 2.2; 2.5). Já a palavra “sõphronizõ” diz respeito a “alguém de mente pura” (Fp 4.8).
II - A MODERAÇÃO E O EQUILÍBRIO NA VIDA VIDA CRISTÃ
2.1 Seja a vossa equidade notória a todos os homens […] (Fp. 4.5).A palavra equidade no original é “eiekes”
que significa “moderação, autocontrole”. Moderação, autocontrole ou
equidade diz respeito a estar contente com os outros e ser generoso para
com eles. Pode se referir também a misericórdia e brandura para com as
faltas e transgressões alheias. Pode até se referir a paciência de
alguém que suporta a injustiça ou maus-tratos sem revidar. A exortação
paulina parece combater posições obstinadas e demonstrações de
severidade demasiada sobre qualquer coisa. Devemos ter um espírito
tolerante e misericordioso que afasta a obrigação de cobrar todos os
direitos, ou vingar-se de todas as injustiças.
2.2 […] Perto está o Senhor (Fp. 4.5).O termo “epieikes”,
que é traduzido no português por “moderação”, na ARC (Almeida Revista e
Corrigida) indica “uma docilidade que não revida”. O motivo para esta "doce moderação" é a iminente volta de Cristo. A expressão “Perto está o Senhor” pode
se referir a proximidade no espaço ou no tempo. O contexto sugere no
espaço; pois o Senhor rodeia todos os crentes com sua presença (Sl
119.151). Esta expressão também servia como palavra de alerta da igreja primitiva (I Co. 16.22).
2.3 Não estejais inquietos […] (Fp 4.6-a).A
hostilidade do paganismo (Fp. 1.28) poderia produzir ansiedade em alguns
irmãos. Por isso, o apóstolo trás esta palavra. Afligir-se ou
preocupar-se indica falta de confiança na soberania do Senhor. Paulo
sabia muito bem oque era padecer, pois, ele enfrentou diversos tipos de
aflições. No entanto, tinha convicção que jamais seria desamparado: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos”(II Co 4.8,9).
2.4 […] por coisa alguma […] (Fp 4.6-a).Não é
fácil estar contente no sofrimento, mas isto é o que o cristão é chamado
frequentemente a fazer. O cristão que está lutando contra Satanás
sofrerá nesta vida (2 Tm 3.12). Mas, podemos regozijar-nos, não importa
quão dura seja a situação. Se simplesmente nos mantivermos perto do
Senhor, em oração, e pelo nosso próprio comportamento moderado, até
mesmo no sofrimento poderemos conhecer a paz "que excede todo o
entendimento" (Fp 4.7). Paulo está escrevendo com experiência (At
16.19-25).
2.5 […] antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus […] (Fp 4.6-b).Paulo
ensina aos filipenses que orar é tornar nossos pedidos conhecidos
diante de Deus. É compartilhar com Ele tudo o que está em nosso coração,
sabendo que Ele se importa com a nossa vida e todas as nossas
necessidades. Temos muitos exemplos disto em toda a Bíblia (I Sm 1.9-11;
Ne 2.4; Dn 6.10; Jo 11.41,42; At 12.5).
2.6 […] pela oração e súplica, com ação de graças (Fp 4.6-c).A palavra oração vem do hebraico “tefilah”, e do grego “proseuchomai”.
Segundo o Dicionário Teológico de Claudionor Corrêa de Andrade, oração é
uma “prece dirigida pelo homem ao seu Criador com o objetivo de: 1)
Adorá-lo como Criador e Senhor de tudo quanto existe; 2) Pedir-lhe
perdão pelas faltas cometidas; 3) Agradecer-lhe pelos favores
imerecidos; 4) Buscar proteção e uma comunhão mais íntima com Ele;
Colocar-se à disposição de seu reino”. Em síntese, podemos dizer que a
oração é o antídoto contra à ansiedade e descontentamento. Com a oração
colocamos “cercas” nas entradas da nossa mente e do nosso coração, para
impedir a penetração de pensamentos oriundos do tentador.
2.7 E a paz de Deus, que excede todo o entendimento […] (Fp 4.7-a).Segundo
o dicionário Aurélio, paz significa “ausência de lutas, violências ou
pertubações sociais”, “tranquilidade pública”, “concórdia” ou
“harmonia”. O termo hebraico para paz é “shalom” que pode significar “bem, feliz, tranquilo, saúde e prosperidade”. O termo grego é “eirene” que
tem as idéias de “paz, harmonia, acordo, descanso e quietude”.
Espiritualmente falando, Paz é uma cultivação (fruto) do Espírito (Gl
5:22) que produz tranquilidade a despeito das circunstâncias. “A paz de Deus” cria
uma harmonia entre Deus e o homem (Rm 5:1; Col 1:20 :Fl 4:7). Essa paz
emana da segurança absoluta de que todas as circunstâncias que surgem na
vida, especialmente as que estão fora de nosso controle, mas que estão
no controle de Deus, cooperam para o nosso bem. Lancemos Nele toda a
nossa ansiedade, porque ele tem cuidado de nós (I Pe 5.7).
2.8 […] guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus (Fp 4.6-b).Paulo ensina também que é possível o crente regozijar-se, mesmo em meio ao sofrimento:“Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja”
(Cl 1.24). A Epístola aos Filipenses, por exemplo, foi escrita quando
Paulo estava preso em Roma (Fp 1.12,14). No entanto, ele não demonstra
angústia, tristeza ou frustração; pelo contrário, é nesta carta em que
ele mais demonstra o seu regozijo e alegria (Fp 1.4,18; 2.2,17; 3.1;
4.1,4,10).
III – A MODERAÇÃO E O EQUILÍBRIO NA MENTE DO CRENTE
Neste "parágrafo da saúde mental" (Fp 4.8), Paulo apresenta
uma lista de virtudes que poderiam muito bem ter saído da pena de um
moralista grego. Duas, das oito virtudes não aparecem em nenhum outro
lugar do NT; e, de todas as cartas de Paulo, uma só ocorre aqui. As
virtudes listadas neste texto, todas elas fazem parte do Fruto do
Espírito Santo (Gl 5.22,23).
A Bíblia nos ensina que devemos ter “a mente de Cristo” (I
Co 2.16). Devemos ser pessoas maduras, que, pela renovação da nossa
mente, rejeitamos ter uma mente moldada segundo “este século”, para que
possamos “experimentar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm
12.2). Sujeitando-nos ao poder do Espírito, podemos levar cativo todo
pensamento à obediência de Cristo. Vejamos:
3.1 “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro […] (Fp 4.8-a).O termo grego para “verdadeiro” é “alethinos”
e significa: “lidar fielmente ou verdadeiramente com alguém”. Refere-se
a tudo que é “genuíno, sincero, fiel”. Pode-se afirmar que tudo que é
verdadeiro se encontra em Deus (2Tm 2.25), em Cristo (Ef 20.11), no
Espírito Santo (Jo 16.13) e na Palavra de Deus (Jo 17.17).
3.2 […] tudo o que é honesto […] (Fp 4.8-b).A palavra para “honesto” no grego é “kalos”
que diz respeito aquilo que é: “bom, admirável, conveniente, decente,
decoroso, correto, honrável, conduta que merece estima” (Lc 8.15; Rm
12.17; 2Co 8.21; 13.7). O termo significa “digno de respeito”. Os
crentes devem meditar em tudo aquilo que é digno de respeito e adoração,
ou seja, o sagrado em oposição ao profano.
3.3 […] tudo o que é justo […] (Fp 4.8-c).Para o termo “justo” no grego a expressão é “díkaios”
que diz respeito ao que é “certo, direito, íntegro” (Mt 1.19; Lc 1.6;
Rm 1.17; 2.13; 5.7). O crente deve pensar em harmonia com o padrão
divino de santidade.
3.4 […] tudo o que é puro […] (Fp 4.8-d).A palavra nos originais para “amável” é a expressão grega “hagnos”
que quer dizer: “não contaminado, santo, limpo de contaminação” Isso
refere-se a tudo o que é moralmente limpo e imaculado. Pode-se dizer
ainda o termo “eilikrines” que significa: “sem mistura, genuíno, puro, pureza moral e ética”.
3.5 […] tudo o que é amável […] (Fp 4.8-e).O termo grego “prosphilês”
quer dizer: “agradável, afável, aprazível, adorável”. Por inferência,
os crentes devem concentrar-se no que é bom e agradável.
3.6 [...] tudo o que é de boa fama […] (Fp 4.8 -f).A
palavra Fama vem do termo grego “pheme” que significa: “declaração,
relatório” palavra cognata de “phemi” que quer dizer: “estar claro,
brilhar, esclarecer” dando a ideia que uma boa fama, é a mesma coisa que
estar em lugar onde todos podem ver. É alguém altamente respeitado ou
de boa intenção. Refere-se ao que é, em geral, bem-conceituado no mundo.
3.7 […] se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Fp 4.8-g).Para a palavra “virtude” no grego aparece o termo “areté”, que denota tudo aquilo que obtém estimação por uma pessoa, bondade moral, virtude. A palavra “louvor” é o termo grego “ainos” que significa “louvor”. Já a expressão grega “epainos” quer dizer: “elogio, aprovação”.
CONCLUSÃO
Estudamos sobre as virtudes que acompanham aqueles que já
experimentaram o novo nascimento. Vimos algumas virtudes daqueles cujas
vidas foram transformadas pelo Evangelho de Jesus. E, por fim, estudamos
que o pensamento é o pai da ação, e, pode nos motivar a louvar a Deus
com nossas ações ou não.
REFERÊNCIAS
· Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal.CPAD.
· STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
· ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
· CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. vol. 5. HAGNOS.
· MACARTHUR. Bíblia de Estudo. SBB.
· VINE, W.E, et al. Dicionário Vine: o significado exegético e expositivo das palavras do AT e do NT.CPAD.
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COLABORAÇÃO PARA O PORTAL ESCOLA DOMINICAL - PROF. PAULO AVELINO
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