(Fp 4.14-23)
INTRODUÇÃO
Na última lição deste trimestre, destacaremos o motivo principal pelo qual Paulo escreveu esta carta aos filipenses: GRATIDÃO.
Os crentes de Filipos haviam dado mais de uma vez a poio financeiro ao
apóstolo, demonstrando assim ser uma igreja que tinha, empatia, amor e
generosidade, pois tinham Paulo como seu pai espiritual. Diante disso,
veremos como o apóstolo reagiu a esse gesto nobre de liberalidade, por
parte dos crentes filipenses.
I - A PERSPECTIVA PAULINA EM RELAÇÃO AO SUSTENTO DO OBREIRO
No dicionário Aurélio a palavra “perspectiva”, significa: “aspecto sob o qual uma coisa se apresenta”; “ponto de vista”. Sendo assim, vejamos, sob qual ponto de vista o apóstolo trabalhava seu entendimento daquilo que vinha a ser “o sustento do obreiro”.
1.1 Procurava sustentar-se através do próprio trabalho.
O apóstolo Paulo tinha como profissão fabricar tendas (At 18.3), e
continuou a desempenhá-la mesmo realizando a obra missionária (1 Co
4.12; I Ts 2.9; II Ts 3.7-9). Na cidade de Corinto, por exemplo, Paulo
fez questão de trabalhar e não receber sustento da igreja (I Co 9.6-12).
Se Paulo aceitasse sustento financeiro, talvez alguns
imaginassem ser ele um “ministro profissional”, que trabalhava somente
por causa do dinheiro que recebia. Isso o cercaria de má reputação,
capaz de aniquilar a utilidade de qualquer ministro da Palavra,
porquanto criaria inimigos tanto para si mesmo como para o evangelho de
Cristo (CHAMPLIN, 2002, p. 136).
1.2 Ensinou que o obreiro deveria ser sustentado pela igreja. Embora Paulo abrisse mão do sustento que deveria receber da igreja por “direito” (I
Co 9.6). Ele não reprova tal ação, muito pelo contrário, ele ensinou as
igrejas por onde passou sobre a responsabilidade de dar sustento aos obreiros que vivem exclusivamente para a obra (I Co 9.6-12). Paulo cita o exemplo do agricultor que é o primeiro que experimenta dos frutos, e do criador de gado que se alimenta do seu leite (I Co 9.7). Na visão paulina não é diferente no âmbito espiritual, pois o sacerdote da antiga aliança que ministrava no altar dele também se alimentava (I Co 9.13; Lc 6.4), e de acordo com a Lei, os dízimos deveriam ser entregues aos sacerdotes e levitas constituídos para o ministério do culto (Nm
18.21-32). Por fim, o apóstolo apoia esta prática sob o ensinamento de
Moisés (I Co 9.9; Dt 25.4) e também do próprio Senhor Jesus (I Co 9.14;
Mt 10.9,10).
II - O PERFIL DA IGREJA DE FILIPOS
2.1 Uma igreja que sofria com o seu pastor. As palavras do apóstolo mostra-nos que suas aflições também eram as da igreja em Filipos “Todavia fizestes bem em tomar parte na minha aflição” (Fp 4.14). A expressão “tomar parte” no grego sunkoinoneo, que quer dizer “associar-se com”, “compartilhar”, “ser sócio em”, deixa evidente que, os cristãos filipenses sentiam comunhão com Paulo, em uma aflição comum.
Sentiam a tensão da situação do apóstolo e fizeram o que estava ao
alcance deles, como se eles mesmo estivessem sendo afligidos, pois como
Corpo de Cristo, quando um membro sofre, todos sofrem igualmente (I Co
12.26).
2.2 Uma igreja que sustentava o seu pastor. Paulo com
gratidão relembra o apoio que os crentes filipenses lhe concederam, e
isto mais de uma vez (Fp 4.15,16). E agora, aprisionado em Roma,
observamos que a preocupação dos crentes de Filipos com Paulo, não se
resumiu a estar ciente de suas aflições, nem apenas em orar pelo
apóstolo, mas principalmente em obras, enviando-lhe uma oferta para
sustentar o seu pastor a fim de aliviar o seu sofrimento (Fp 4.18).
Naquela época, as prisões não eram como as de nossos dias. Os presos
eram responsáveis por seu próprio sustento dentro das prisões. Aqueles
que não tivessem o apoio de familiares e amigos estavam sujeitos a
morrer de fome ou por enfermidades, pois os cuidados médicos também não
eram fornecidos (APLICAÇÃO, 2009).
2.3 Uma igreja que exercia a liberalidade. Pelas
palavras de Paulo percebemos o quanto a igreja de Filipos destacava-se
entre as igrejas que o apóstolo fundou, como uma comunidade cristã que
praticava a liberalidade “nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a receber, senão vós somente” (Fp 4.15). Segundo o Aurélio a palavra “liberalidade” significa: “donativo feito por alguém generoso”. Para o apóstolo exercer a generosidade é “fazer bem” (Fp 4.14), que também pode ser traduzido como “agir com nobreza”.
Por isso nesta carta aos filipenses Paulo louva esta ação bela, que
está completamente de acordo com os mandamentos do Senhor Jesus Cristo e
dos seus santos apóstolos (At 20.35; Rm 12.13; Gl 2.10; 6.10; Hb 13.2;
Tg 1.27; I Jo 3.16-18).
III - A OFERTA DA IGREJA DE FILIPOS PARA PAULO
Já vimos que, embora o apóstolo Paulo tivesse o direito de receber
sustento das igrejas que fundava, ele não exigia, mas quando estas lhe
ofertavam voluntariamente, ele também não recusava, porque via essa
contribuição sob uma ótica espiritual “Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que cresça para a vossa conta” (Fp 4.17). Como podemos ver, Paulo não queria deixar a impressão de que cobiçava a ajuda financeira deles “Não que procure dádivas”.
Ele não cobiçava o dinheiro de quem quer que fosse (At 20.33). Mas, o
que realmente desejava era o que seria lançado no crédito celestial dos
cristãos filipenses por sua generosidade “procuro o fruto que cresça para a vossa conta”.
Na concepção paulina, os filipenses estavam, de fato, armazenando para
si mesmos tesouros no céu (Mt 6.20), pois as ofertas que eles deram para
Paulo estavam acumulando dividendos para crédito espiritual deles (Pv
11.24,25; Lc 6.38; II Co 9.6).
3.1 “Mas bas tante te nho rece bido, e te nho abundância” (Fp 4.18 -a). Os termos “bastante”, “abundância” e “cheio” usados
pelo apóstolo neste versículo nos mostram que a oferta enviada pelos
cristãos filipenses foi generosa e o suficiente para suprir as suas
necessidades por um bom tempo. Isto nos conduz a lição de como devemos
contribuir na obra de Deus “E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará” (II Co 9.6).
3.2 “Che io estou, de pois que rece bi de Epafrodito o que da voss a parte me foi e nviado” (Fp 4.18 -b). Como
podemos ver, o obreiro Epafrodito obteve êxito em sua missão, levando
para o apóstolo a provisão enviada pelos cristãos filipenses. Mesmo
tendo adoecido, ou no percurso da ida a Roma ou na chegada, esse nobre
cooperador fez todo o possível por Paulo, demonstrando assim o que os
próprios filipenses desejavam fazer (Fp 2.26-30).
3.3 “Como che iro de suavidade e s acrifício agradáve l e aprazíve l a De us” (Fp 4.18 -c). Ao
contrário do que pensavam alguns, que Paulo não desfrutava do direito
de ser sustentado pela igreja por orgulho, ele demonstra em suas
palavras o quanto se sentiu feliz com a provisão enviada pelos cristãos
de Filipos, recebendo essa oferta como um sacr ifício espiritual que
agradou a Deus “sacrifício agradável e aprazível a Deus”.
Paulo chega a comparar essa contribuição a oferta que era oferecida no
AT, que não era uma oferta pelo pecado, mas sim uma oferta de paz em
caráter de ação de graças (Lv 7.12-15). Esta nobre atitude dos
filipenses deve ser reproduzida por todos aqueles que abraçam a fé em
Cristo (Rm 12.1; I Pe 2.5).
IV – A RETRIBUIÇÃO DE PAULO AO GESTO DA IGREJA DE FILIPOS
Pelas palavras do apóstolo em (Fp 4.10-20), percebemos que não foi a
oferta em si enviada pela igreja de Filipos que chamou a sua atenção,
mas as nobres virtudes que impulsionaram esta comunidade cristã a tomar
esta atitude. Aqueles crentes filipenses, na concepção paulina, haviam
demonstrado a regra da preocupação fraternal, a lei do amor, o princípio
que rege a família de Deus (Rm 12.10; I Pe 1.22). A missiva enviada aos
filipenses é também uma “carta de agradecimento” em retribuição ao gesto daqueles cristãos.
4.1 “O meu Deus , segundo as s uas rique zas” (Fp 4.19-a). Para
Paulo competia agradecer a generosidade dos cristãos filipenses o que
ele fez de forma destacável (Fp 4.14-18). No entanto, o apóstolo estava
por causa da prisão e de suas condições, impedido de recompensá-los por
seu feito, mas o Senhor de Paulo poderia pagá-los “segundo as suas riquezas”.
Por certo, aquela comunidade cristã de Filipos ofertara ao apóstolo o
que pudera, pois também tinham limitações. Paulo, sabedor disto, lhes
diz que Deus não tem estas limitações, porque é dono de tudo (I Cr
29.14; Sl 24.1).
4.2 “Suprirá todas as voss as necessidades em glória, por Cris to Jesus” (Fp
4.19-b). O apóstolo garante aos crentes filipenses a atitude deles em
seu benefício seria recompensada por Deus, que iria supri-los nas suas
necessidades. A expressão suprir, no grego é “epichoregeõ” que quer dizer “fornecer completamente, prover abundantemente” . Esta provisão “em glória” indica tanto um salário PRESENTE “de maneira gloriosa”, quanto ESCATOLOGICAMENTE, “no glorioso século futuro”,
no Tribunal de Cristo, que ocorrerá logo após o arrebatamento da
Igreja, onde cada crente receberá suas recompensas e galardões segundo o
seu envolvimento, trabalho e esforço na proclamação do Evangelho e na
expansão do Reino de Deus (I Co 3.11-15; 2 Co 5.10).
CONCLUSÃO
A atitude da igreja de Filipos nos ensina como devemos nos comportar
com os santos obreiros da Seara do Senhor e com a obra missionária. Tudo
o que fizermos em prol da obra de Deus estará sendo creditado na nossa
conta celestial e no Tribunal de Cristo receberemos a devida recompensa
por termos investido no difusão do evangelho.
REFERÊNCIAS
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
MACARTHUR. Bíblia de Estudo. SBB.
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
COMENTÁRIOS - SUPERINTENDÊNCIA DAS EBD'S DA ASSEMBLEIA DE DEUS EM RECIFE/PE
Fonte: http://www.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/ Acesso em 24 set. 2013.
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