Igreja Evangélica Assembleia de Deus –
Recife / PE
Superintendência das
Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton
José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP. 50040 –
000 Fone: 3084 1524
(Fp 1.12-21)
INTRODUÇÃO
Paulo escreveu a epístola aos
Filipenses quando estava preso em Roma. Porém , não lemos nesta carta o apóstolo
queixando-se do sofrimento, nem lamentando a sua prisão. Pelo contrário, ele
externa constantemente a sua alegria, mesmo em meio a adversidade, e também
declara que a sua prisão serviu de benefício para o evangelho. Seu exemplo nos
ensina que devemos aproveitar as oportunidades para pregar o evangelho, mesmo
nos momentos mais difíceis da vida. Nesta lição, veremos a definição de
esperança e adversidade; como as adversidades de Paulo contribuíram para a
expansão do evangelho; as motivações para pregar as boas novas; e a esperança
de Paulo em meio a adversidade.
I - DEFINIÇÕES
1.1
Esperança. Aurélio define
esperança como “o ato ou efeito de esperar o que se deseja”, “expectativa”,
“fé em conseguir o que se deseja”. Esperança é uma das virtudes cristãs,
através da qual o crente é motivado a crer no impossível. É a certeza de
receber as promessas feitas por Deus através de Cristo Jesus (Rm 15.13; Hb
11.1) e uma sólida confiança em Deus (Sl 33.21,22). O termo deriva-se do grego “elpis”
e significa “expectativa favorável e confiante” (Rm 8.24,25).
1.2
Adversidade. De acordo com Aurélio,
adversidade é o mesmo que “contrariedade”, “infortúnio”, “aborrecimento”,
“infelicidade” ou “revés”. O termo hebraico é “hovah”
que também pode ser traduzido por “ruína” e “desastre” (Sl 10.6; 27.5; 35.15; 90.15; 107.39; Pv 27.10; Ec 7.14). O termo grego é “kakopatheõ” que quer dizer: “sofrimento”, “adversidade” ou “padecer”
(2Tm 1.8; 2.9; 4.5; Tg 5.13).
II – AS
ADVERSIDADES E A EXPANSÃO DO EVANGELHO
Escrevendo
aos filipenses, o apóstolo Paulo diz que as coisas que lhe aconteceram, contribuíram
para maior proveito do evangelho. Vejamos, então, alguns bons resultados de sua
prisão:
2.1 “...
as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho”
(Fp 1.12). A expressão “... as coisas
que me aconteceram” dizem respeito a sua prisão em Roma (Fp 1.7,13,14).
Conforme a narração de Lucas, a prisão de Paulo lhe permitia uma certa
liberdade. Ele podia receber visitas, pregar o evangelho, ensinar a Palavra de
Deus e também escrever cartas às igrejas, como escreveu as epístolas de prisão,
que são: Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemon (At 28.30,31).
2.2 “...
as minhas prisões em Cristo foram manifestas por toda guarda pretoriana e por
todos os demais lugares” (Fp 1.13). A guarda
pretoriana, também chamada de guarda imperial, era composta de um grupo de soldados
especiais, uma espécie de “tropa de elite” que guardavam não só o imperador,
mas, também, os prisioneiros romanos. Com certeza, os soldados daquela guarda
puderam ouvir a mensagem do evangelho por intermédio de Paulo. Quanto a
expressão“demais lugares”, possivelmente, refere-se as pessoas
que, mesmo estando distantes, procuraram ouvir as palavras daquele prisioneiro
de Cristo.
2.3 “E
muitos dos irmãos... ousam falar a palavra mais confiadamente, sem temor”
(Fp 1.14). Vemos nesse texto um verdadeiro paradoxo,
ou seja, um fato contrário ao comum. Em vez de os irmãos se sentirem ameaçados
ou amedrontados com a prisão de Paulo, e deixarem de pregar a Cristo, eles se
sentiram ainda mais motivados para anunciar o evangelho. Sem dúvida, foi a ação
do Espírito Santo na vida dos cristãos que lhes deu condições de levar as boas
novas de salvação sem temer as perseguições. Há inúmeros exemplos na Bíblia de
servos de Deus que pregaram com ousadia, mesmo em meio às ameaças, tais como: Pedro e João (At 4.21-24); os apóstolos (At 5.40-42);
Estêvão (At 7.58-60); e Paulo (At 21.13; II Co 11.24-33).
III –
MOTIVAÇÕES PARA PREGAR O EVANGELHO
Em
(Fp 1.15-17) o apóstolo Paulo menciona dois tipos de motivações para pregar o
evangelho e externa também o seu regozijo pelo fato de Cristo estar sendo
anunciado. Vejamos:
3.1
Motivações incorretas. Paulo faz menção a um grupo de
cristãos que pregavam o evangelho por “inveja e porfia” (Fp 1.15)
e outros por “contenção” (Fp 1.17); ou seja, àqueles que
pregavam, não por amor a Cristo, e nem por amor as almas; mas, por ciúme,
contenda e rivalidade. Sem dúvida, não era esta a atitude que Cristo, e o
próprio apóstolo, esperava dos servos de Deus, principalmente, para os
anunciadores das boas novas (Rm 13.13; I Co 3.3; Gl 5.20,21; II Co 12.20; Ef
5.18; Fp 2.3,14).
3.2
Motivações corretas. Paulo menciona também àqueles que
pregavam “de boa mente” (Fp 1.15), ou seja, de boa vontade; e
outros “por amor” (Fp 1.16); que são as principais motivações
para pregar o evangelho. A Bíblia descreve a evangelização como (1) um
mandamento (Mt 28.19,20; Mc 16.15-18; I Pe 2.9); (2) uma obrigação
(Rm 1.14; I Co 9.16); (3) um dever de todo crente (Mt 10.8; 14.16); mas,
também, como (4) um privilégio, pois somos
cooperadores de Cristo, e seus embaixadores (Mc 16.20; I Co 3.9; II Co
5.19,20).
3.3 O
regozijo de Paulo. Depois de descrever as motivações
pelas quais Cristo estava sendo pregado, o apóstolo diz: “Mas, que
importa? Contanto que Cristo seja anunciado... nisto me regozijo e me
regozijarei ainda” (Fp 1.18). Com isto, Paulo não estava concordando
com as falsas motivações, mas, afirmando que o mais importante era que o
evangelho pudesse ser pregado. Vejamos, então, alguns motivos para pregar o
evangelho: (1) porque a humanidade
está perdida (Rm 3.23; 6.23); (2) por
amor ao próximo (At 20.19-24; Fp 1.16);
(3) porque somente Jesus pode salvar (Jo 14.6; At 4.12; I Tm 2.5); (4) por causa da nossa
responsabilidade (Rm 10.13-15); e (5) por
obediência a Cristo (Mt 28.18-20; Mc 16.15; At 1.8).
IV -
MOTIVAÇÕES DE PAULO PARA PREGAR O EVANGELHO
Em
suas cartas, o apóstolo Paulo demonstra claramente o seu profundo amor pelas
almas e o desejo de ganhá-las para Cristo. Vejamos:
4.1 Paulo não se envergonhava do
Evangelho de Cristo. Após a sua conversão, ele tornou-se um autêntico pregador do
evangelho. Seu maior desejo era levar as
boas novas de salvação à toda criatura. Por isso, jamais se envergonhou do
evangelho (Rm 1.16); e, onde chegava, procurava sempre uma ocasião para falar
de Cristo, quer seja nas sinagogas (At 13.5; 14.1); nas casas (At 20.20); no
templo (At 5.42); e, de cidade em cidade (At 14.6,7; 15.35). Nem mesmo a prisão
era impedimento para ele pregar (Fp 1.12,13; II Tm 2.9).
4.2 Paulo sentia-se um devedor. O desejo de
pregar o Evangelho era tão grande na vida de Paulo, que ele chegava a ter um
sentimento de dívida para com os homens. Ele diz: “Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto
a sábios como a ignorantes” (Rm 1.14).
Este “sentimento de dívida”, não era restrito apenas aos que estavam perto, mas
também, para com aqueles que estavam mais distantes. Por isso, colocou-se à
disposição de Cristo para pregar o evangelho; realizou três viagens missionárias (At 13.1-14.28;
15.36-18.22; 18.23-20.38); e, ficou conhecido como o apóstolo dos gentios (Rm
11.13; I Tm 2.7).
4.3 Paulo sentia-se na obrigação de
pregar o evangelho. Para o apóstolo Paulo, pregar o Evangelho, não era uma
tarefa qualquer. Era uma obrigação! Por isso, ele diz: “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me
gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o
evangelho!” (I Co 9.16).
Pelo menos duas lições, Paulo nos ensina neste texto: 1ª) Ninguém deve
gloriar-se por pregar o Evangelho, pois é nosso dever. É nossa
responsabilidade! 2ª) Pregar o Evangelho é uma obrigação: A Grande Comissão não
é um pedido. É uma ordem! (Mt 28.18-20; Mc 16.15).
4.4 Paulo estava disposto a sofrer
por amor a Cristo e ao evangelho. Quando Paulo se despediu dos
presbíteros de Éfeso, disse: “Mas em
nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha
carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do
evangelho da graça de Deus” (At 20.24).
Em outra ocasião, um profeta por nome Ágabo, tomou a sua cinta, ligando os
seus próprios pés e mãos, e profetizou
que Paulo seria preso, ele respondeu: “...eu
estou pronto não só a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do
Senhor Jesus” (At 21.11-13).
V – A
ESPERANÇA DE PAULO EM MEIO ÀS ADVERSIDADES
Paulo enfrentou
diversos tipos de aflições e adversidades, tais como: insulto (At 13.45); apedrejamento
(At 14.19,20); açoites e prisões (At 16.22,23); naufrágio, fome,
sede, frio e nudez (II Co 4.8-9; 11.16-33). Mas, sempre demonstrou em suas
epístolas o seu regozijo em meio ao sofrimento (II Co 1.5; 4.8,9; 7.4; Fp 1.4,18;
2.2,17; 3.1; 4.1,4,10; Cl 1.24). Na epístola aos Filipenses, ele externa
também a sua esperança, como veremos a seguir:
5.1 “Segundo a minha intensa expectação e esperança
(...) Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja
pela vida, seja pela morte” (Fp 1.20). Paulo tinha
convicção que, quer vivesse, quer morresse, Cristo seria glorificado por meio
dele. Isto porque, caso ele vivesse por mais tempo, poderia continuar pregando;
mas, caso fosse condenado e morto, estaria com o Senhor (Fp 1.23), e a mensagem do evangelho
continuaria sendo pregada por outros cristãos.
5.2 “Porque para mim o
viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp 1.21). O
verdadeiro crente, estando no centro da vontade de Deus, não precisa ter medo
da morte, porque sabe que a morte é o fim de sua missão terrestre e o início de
uma vida mais gloriosa com Cristo (I Co 15.53-57; II Co 4.17; II Co 5.1-5; I Ts
4.13-18). Por isso, ele diz: “Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo
desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor”
(Fp 1.23). Nas suas cartas, o apóstolo Paulo ainda faz menção a esperança da
ressurreição (I Ts 4.13); da salvação (I Ts 5.8); da volta de Cristo (Tt 2.13);
da vida eterna (Tt 1.2; 3.7) e das bênçãos celestiais (Cl 1.5).
CONCLUSÃO
Como
pudemos ver, esperança é uma das
virtudes cristãs na qual o crente é motivado a crer no impossível. E, o
apóstolo Paulo demonstra sua esperança, mesmo em meio a adversidade. Sua prisão
em Roma, por exemplo, serviu
de benefício para o evangelho, pois, muitos cristãos passaram a pregar com mais
ousadia, embora que outros pregassem por rivalidade e inveja. Mas, o apóstolo
Paulo descreve as corretas motivações para anunciar o evangelho; mostra-se como
exemplo para nós de um autêntico ganhador de almas; e, acima de tudo, revela
que ele tinha esperança que, estando vivo, continuaria pregando; mas, caso
viesse a morrer, o evangelho continuaria sendo anunciado por outros irmãos.
REFERÊNCIAS
·
Bíblia de
Estudo Aplicação Pessoal. CPAD.
·
CABRAL, Elienai. Filipenses,
a humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. CPAD.
·
CHAMPLIN, R. N. Dicionário
de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
·
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
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